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Para Jackie, Takae, André, Barbara ¢ Tong que me apresentaram Video leer A carta diz mais e mais. Ela nunca Para, ela diz, ela quer, sempre quer dizer mais, se for uma verdadeira carta. A carta de cinema é, muitas vezes, tinica. Ela designa desesperadamente & espécie de esséncia da carta, um espaco eliptico da perda em torno do qual osm. filmes construiram seu roteito (Carta de uma desconhecida, de Ophuls, 0 ex cana due s¢ desenvolve até a vertigem, ou Quem & 0 infiel?(A letter to three t Mankiewicz, em que trés cartas, enviadas por uma mulher a outras és, imprimem es mesma marca do segredo na superficie demasiadamente simples das coisas). 4 tem mao Gnica, E mesmo quando designa um interlocutor supostamente “versie? tendendo por isso a multiplicar-se, fragmentar-se ©, portanto, a relativizarse Sempre Ponta para um ponto de fuga ideal, um lugar vazio em torno do gv: Palavras poderiam se reuni, porque foi ai que nasceram (a cama abandonada de / 294 A 20 ‘A CARTA Diz MAIS” amour en Somalie, de Frédéric Miterand, por exemplo), Mesmo quando a cana se toma ainda mais ‘verdadeira’, isto &, quando produz uma verdadeira toca (ene fl, e mie, que se escrevem € se respondem, como em Neus from home, de Chant Akerman), nunca vemos na imagem e, Portanto, no ponto mais vivo da “carta” enderecada ao espectador, mais do que um dos pontos de vista (6 espaco nova-ior- ‘win, onde a garota vive o descentramento que leva &troca com a mac) © prvilégio da cara-video (devernos ver nisso apenas umn acaso?) talvez sia 0 de fessbiltar (Pelo menos uma vez) uma:troca ‘teal’. As linhas de fugn e de perda Proprias a todas as cartas se desenham aleatoriamente, ao sabor de uma cotidianidade “videntemente simulada, disfarcada, elaborada (nao se trata de uma simples correspon déncia, publicada posteriormente etc.), mas que nao € menos crucial para aproximar-se do corpo mais interno da carta Durante ©u menos) d juntos em 7, de um dos quase dois anos (1982-1983), o poeta, homem de teatro, cineasta (mais © vanguarda Shuji Terayama e o poeta Shuntaro Tanikawa elabor Squio esse video-carta que acaba triste mas *naturalmente” com a morte Comrespondentes. E Katsue Tomiyama, produtora, co-fundadora de “Ima 295 —_ gem-Forum’, que incentiva os dois homens, amigos de longa data, a experimentay yy F a 5 tama forma popularizacla no Japio pelo extraordinirio desenvolvimento do. video. yr ém a i . Para grande piblico (embora sua tentativa evoque também a antiga tradigao de tc poemas, conhecida com o nome de renga, um dos equivalentes do ritual ocilental sy correspondéncia literéria). Cada um filmou, em casa, com um equip: © eartas de imagens e de sons enviadas ao outro, assim que ficavam prontas, con, respostas. Depois da morte de seu amigo, Tanikawa fez 08 ajustes de montayen necessirios ¢ a dublagem sonora. O video € composto por 16 «: Mento mining, ascfragmientos que se encadeiam segundo um principio muito simples de alternncia, abertas cada ns por um cabecalho com o nome do remetente e do destinatario. E, no entanto, a primeira qualidade de Video letter é a de introduzir uma diivida acerca do que parece haver de mais definido numa troca de correspondéncia identidade de cada um dos correspondentes. Nao que eles sejam irreconheciveis. Nos os vemos aparecer, fisicamente, de mane muito distinta, em pelo menos duas seqiiéncias. Diversas marcas de enunciagio pontuam a troca (Terayama diz varias vezes: “Mr. Tanikawa..."). E principalmente para um espectador japonés, a quem essa obra inicialmente se enderega, as diferencas de vores, de tons, e até mesmo de registros de linguagem, dificilmente perceptiveis a0 espectador europeu, definem claramente quem fala. Duas vidas se esbocam e, por meio delas, dois estilos, dois modos de relacionar-se com o tempo: uma espécie de biografia nula, em Tanikawa, mais seco, mais desconcertante, como que concentrado no instante; em Terayama, alguns signos parcelares, mas fortes, que desenvolvem uma histéria, unt duragao: fotos de juventude e de infincia, a doenga, o envelhecimento da mie. E, no entanto, uma perturbacao subsiste (espero nao ser o tinico a experimenti-li) Encontramo-nos, por instantes, por momentos mais ou menos longos, num esteanho intervalo: j4 nao sabemos exatamente quem fala, O efeito provém qua embora suas modalidades sejam mutaveis, da faculdade de autonomia Por si s6 nao garante a divisao das identidades quando esta niio é realmente reafirmaca se inteiramente, da imagem que O deslizamento € facilitado pelo fato de que, ao contritio das correspondénciis impressas, nas quais 0 nome de cada um é repetido de pagina em pagina, como 0 titulo corrente, aqui ele o € apenas uma vez, no infcio da carta, onde mio poems encontra-lo t40 facilmente como num livro (essa disposigao nada tem de obrigtton Podemos muito bem imaginar nomes inscritos na pigina-tela-video, dotados assitt uma estabilidade andloga & do livro). Podemos, portanto, esquecer 6 nome. Nos & 296 mais nas cart as sem palavras (ha varia: “arias delas), ou com 5 aint 3 muitas delas), ja que 4 imagem se torna m ito amb n poucs ambigua, simultene aa sa as i ‘imagen pears pet 20 exces de sentido, Varias vezes vemo i 3 econheciveis, 8 aj ‘incamente 1 ‘a ‘S, " : perna fo, Mao Neatclicloe ties Cuneo epee ees las raz6es Ad que nos fa o c08 os foncentradas 08 Or da troct presos 2 nomes que fogem, 2.co » a COr] A POS que nio os sustent am. A eset é1 ito além, ati 7 sm, muito além, ati ; ne i pote atinge @ representacio em seu a vie de incenera genes a respeito do que se ecco respeito do pont ne nat oe 7 P pe o de vista que a torna visivel. A te aad em objetivarse e fechar-se em sua opacidade e, port te ae 6 Fecha , Portanto, em abrir-se a pessoa, vé-se fortemente teforcada. Nisso, ela ea , ra em image™ ai a em atribuigeo tidade que balizam a troca, Tanto que nos jnfinito» Ba as varias marcas de ident ronfito © ac nco mos 1 estranha situagao de realmente ouvir dois homens dir ‘ , irigirem-se 500, 5 também na de acreditarmos por instantes que nao pared nenh. - i i Ps ‘i 5 je duviarmos assim da identidade de quem escreve, como se eles fossem 0 _ : mesmo. erturbacao peculiar: a primeira, em que Tanika- provocam uma P' vemos porém Terayama, demoradamente, nfirma a seguir, depois que @ perturbacio jé foi reve de novo, mias vemos (como € possive?) fora de campo indefinido puns seqiiencias num dlbum de fotos wa escrever M4 qual (encontradas POF ‘Tanikawa, que © 0! jnduzida); € 4 peniiltima: Tanikawa 5 Terayama, qUe se dirige, sem que © escutemos, 4 Um enquanto uma voz feminina grita, fora de campo, cada vez mais alto. sso nos ajuda 4 entender que, num dado momento, un dos correspondentes procura nomear para se deslizamento, essa mise de identicades, além, 0 efeito si mesmo €5 proprios dessa estranha troca de cartas” fi que toca, talvez, peculiar de todas as trocas de cartas . Percebemos imagem signos de escrita; € 2 VO? S€ P Da caracteres”. Percebemos uma figura de nao passa de uma fotografi quem esctev fio, E meu nome escrit 40, 880 ). £ Terayama "Sou eu? Ni mera ecu € questio se desloct part ergunta: hhomem; aca a”. De signe em signo, 4 vor diz: “N em diversas carteiras de jdentidade, algumas em que que ele € ilegivel Gnvisivel). Ea vor inde wpalver eu 8¢h seja Shuntaro. Tanikawa./Talvez eu seja apenas um homem a ater g2020 8 mesin EDO iva: ot idades supoe um iva: © ari i subie i os Vv oo lemos que a confusio das identi ncial, lancinante ¢ muito simples, sobre 2 ne identidade é reduzictly ad ve gunda qualidade de Video letter. A 297 - gugeridas Gio especidorteton pelo co formuladas (no texto) © SUR tichas (10 ©} Pelo contetide day Fe nute, poucos sigtnos espaaddos COMO ME, Ge oy ty contingéncia @ alguns feveZennenwos, Jp Proxavelmente’, pergunut se TEEVAMA en HARI yoy 1paurtanento. Subentende se que Tetayanir pice ave Cou Tinge escreven) © que HENLE dO Vistvel ne « questoe imagens, Ou seja, mnitC een Iyqumas anconnens nire a pur “Sou um homem inviste elmera percorre seu i ssmo quanto 6 oUt aA _quENd Exee 6 que se expoe na ingen, folhas cobertis de signos caem NO Cha, Teray any tun teraqueo, Quew tives movimento de ser tanto ele me nao-identidade comun é S, Quando ja mal do figadlo. Talver eu se} out sour justaposto as palav “Yalver, cu este sera que poderia me dizer 0 que east seqiiéncia (quaise no fin do video) fornecen dissolvendo, espalhando, reduvinde aun deixa cait no chio, un por uny indag; a melhor resposta seqiiéncias envolvendo Ao respost Tre: respostas € respostis que no fanikawa opacidade a apreensio do eu, Na prineit os objctos que 0 qualificam (erminando por sew p@ esquerto), nomestnde os sucess vamente Clsto 6." Hle recobre tide com-uma grind fona de plistica, ¢ diz hte poderia ser meu cu azul", E durante um fade-out, ele se pergunbe: “Quen sou eu Na segunda seqii@ncia, Tanikawa, de novo, dessa ver dinte Ho des ane is do video america Sera isto o meu poen: da cimera-tela-espelho, te 60-70 (indexagilo, confissio, most das tinicas palavras que pronuncia ( caniter de pura denotigo com que stk presengat fisica satan a innagent procduvz os gestos fundament 0 dle si mesmo); ele se vale com prizer evident ha de hortela": ele nos diz 6 que esta bebende! para situar 0 Na terceir seqii@ncia, uma voz pergunt a todos, na tae "Quen & Tantkawae provocando respostas inesperidas eum dispersar de identidades que teal por schoro, tornar opaco quando se interroge por fin unt Hor ¢ any sso cubis de ‘Tanihawa ate Lembrtmo nos dat perturba ie pr A teieeint o Dessas trés seqiiéncias, as duas prime sunilcaaw carta de Terayama, mas cujo assunto & cada pelas outras duas seqiiéncias (ja citadas) em: que vemos Tentyanu na its embora seja ‘Tanikawa que fale com ele & conosco, Ditigindo se, pois, to outta, om! se intenoga sobre a identidade do outro para definie —— ou part Siacletini” 4 Tanikawa pende mais part a nao. pesca, Teriyanna, patito sujet nostalyico Mae Hizin estaclos cle presenter que tent canny + juntos © separidamente, visin @ aly reduzir a parle imaginatia propria A subjetividade. Encontuamio nos dante che eo Pontinis, sucessivos, Lagmentados, que nao panne cle se qualitiear e de qualibict qe os atrivesse indexando vice enquanto tal, Mo 6, aU vicki posstvel nae nied le eat | 298 sem. A correspondéncia entre 0s dois ois homens, sc eee exis : x nig dticO, mantém o espaco dessa possiilidade, cu die 7 ssibilidad tant rece Video fttor€ ter sabidlo encontrar por ‘uma espécie de de insite cr yaneita perurbacor, um modo dense rumatn desesperadamente compreender reverm nagem oxpe avaliar, nigos PI ro a jmna: banal mas inevitivel ae io ; 1, o debate do sentido e do tido das palavras, 2 prindo-se sobre a questi di a a ni lo que estaria aque sent oem neo image™s 1 oO 7 oe 8 proprias P2 ent! do, aparecem™s como anteriores ao sentid a pa ener jo € 20 mlo-sentido(apesat de Bemaest® conflito), {que evidentemente sto outras imagens imponci ose i mesmas) 0 corpo doente, peculiar a uma identidade sem divisto; o animal, limite na umanidade distintiva (Terayama e Tanikawa tém cach : i 08, f cles aprox i bs — pensamos em Nietasce jgnose 20 PS deum aaa “piedade” que Barthes ressalta nesse gesto que Ihe parecia 0 gularidade individual efdenticade ‘minimna);2 mae, corpo feto; 0 afeto vindo das proprias coisas, opaco € inredutivel ado, as patavras exibem $2 presenca inquieta palavraque mio Gum Pigs um “sentido”; a palavra gue possui ua parte de corpo ¢ nha consiste em tornat ‘jsivel esse debate intermindvel, Ome que se compoem (poranto, 20 fe modo a figurar na imagem ‘teia) 0 que se vava em Pa nas também (essa € a forca desse video, que Javras como corpo € imagem. , que se situa nesse vegra” ov UMA "voz", utra de Jogica. A face no esquema de letras matéria € i mesmo tempo, como -q do sentido & towespandentes acer Javras entre OS dois do nao-sentido. meawl = owmoe ez-=- a-eer 299 em da respirag2 Aforga mais intima, no entanto, 20 dla propria imag sv ple Rao seguro mink elmer corretamente e ro consi feet que estou vive?” Esse defeito convertido em estratégia é um dos iat io, ® Modes a PrOCutaM apy peade ag Alo da idea (passa, de um a outro, “como” passimos do sentido ao nao-sentido). Uma instaly pregnante entte fixidez ¢ movimento percorre © video todo: tanto que se sabe (s6 depois € que se percebe o efcito dessa indecisio) se a j nao, como quando a respiragao de alguém € hesitante (isso nao quer nao saiba ser fixa ou mével). Enfim, terceio trago, a massa dos fade-outs que fazer desaparecer € renascer essa imagem confrontada a todo instante em se, presente, ténue € teimoso, com a conjugagio do sentido e do ndo-sentido tem de nos dizer a mesma coisa, € mais do que as palavras p passagem (Ireqiiente, insistente) do focado ao desfocado (do desfe 20 mesmo tempo a presenga do corpo e a materiali 8 rep iliac nig MUitas vege” MAEM se me dizer que Aitay, A quarta grande qualidade de Video letter é efetuar entre os Suportes de exp, 4 5 re 0 mesmo tipo de fusao (de confusao) que se cria entre as modalidades da 5 entre os enunciadores. A foto tem, aparentemente, um privilégio. Ela favorece mais “o lado de Tetyzas- Conheco poucas imagens mais perturbadoras do que aquela em que o patoinne ns olha, aninhado no corpo da mae, mas cujo olhar imével parece enlouguecer 2 Poucos porque, ao mesmo tempo, como nas fotos politicas trucadas, a parte da foto formada pelo corpo da mae se solta, recua e escorrega para fora do campo. 0 corps maternal como imagem do dispositivo video-cinema, 0 espectador abismado no o! do garoto: a representagao nos atinge com tanta forca porque se altema insisténcia de Terayama sobre as fotos de sua mie bela e jovem, dispersas sot mesma cama em que se vé a seguir a velha mulher doente entre a vida e a morte. outro lado, as primeiras imagens so todas imagens de fotos. Sabemos que é Tsnis" quem escreve, mas vemos surgir sem uma tnica palavra uma série de foros Terayama. Fotos extraidas de um lbum, que passam num movimento lento, if como fotogramas, antes que a camera os penetre. A foto tem, portanto, um p* indice do dispositivo-imagem segundo o qual se escreve a carta, ela também 61" 3 carta como objeto de perda, tornando-se assim 0 proprio indice da carta do 1 tral, pro E, no entanto, a fotografia nao desempenha realmente um papel ce nente. Ela € apenas um objeto entre outros, um signo entre signos. Mistut da qual nem sempre se distingue (tal como a imagem em que se acaba po" ada 3 pif reco! 300 aes cola flamenga, deformado por objetos no mesmo tom de azul empre; an que nas que se inscrevemn na paginas £605); cong Me conto as vores pouco delimitives neers ‘ nist alae ), aS waxes lificeis até mesmo de se ae calendarios, tin 1a} distinta, | enfim, € no entanto misturada, Buit da paisagem tino imsprovisado que sem cvida a ee Data i desse etter (pois parece conj ima ea pois PF ‘onjugar todas as outras), © a mais distinty as). ativa era P escondem @ Metatneg rontad, a com 4 repre: 5 poe™ SenNaC ees 05, eseu seul dade “ A vot que esse a oe aoa muito das obras literitia ie ent? 0° mundos da inguagem e da imagem, graca SOU Pictur que pss ado OE fragmenta2o, de disseminagto, de Pee ee at ° ene “eatigament© © de religacao. O signo, ie le signos, produz ee ei es, de 8 dlefinigio e ganha em fara, wit, leisiad ae 30 Eom 50 "rormedidrio. Kiee, Michaux, Barthes, rea ee ena 9 que Video letter possibilita, que hesitamos em a i da morte como fim e interrup¢ao do video. E, portanto, como cua « rte é real, NAO representada, como numa verdadeira conespondéncia, palin Jen Tanikawa escreve duas cartas seguidas, rompendo assim ae que serv de regia € de fitmo a0 video. Na imagem, sem palavra alguma, a cae ‘acompanha demoradamente um trago: uma curva médica livremente reinterpretada, que se toma 20 mesmo tempo escrita e desenho. Logo percebemios que se trata de uma linha de vida; quando se torna reta, Terayama est morto. A tinica metamorfose possivel entio éa do poema. Terayama morto 1é um de seus poemas, na tiltima car de Tanikawa, em que a camera, passando do desfocado a0 focado, descortina wma folha coberta de palavras-signos, num poste, bem no meio de um terreno baldio. yarn MOTE mensagem de minha aS a eletronica uma sveja p. 168 Rolane minha secretari centemente Video letter. Ela di éincrivel M 1, Olho e, de fato, ‘ a poesia, utopia da Fingua. Bis OS™ a —Encontrei em lizlyon, a quem mostrei re por Roland Barthes, € incrivel a Japio, signos, linguagens, imagens wenesse fragmento Cintitulado “Le shil jan « wcebe ‘uma carta Jonginqua de Um amigo: ‘seg unt. 301 in ¢ sua famosa prosa (cena alia ‘Tal como Jourds Muito “bairstar, descobrir avin enunciado to simples a mares dos duplos oper Jakobson. Pois, se Jean-Louis sabe perfeltamente quem cle & ¢ ey mensigem, quando chegt até mim, € realmente imprecisa: Que FCS an, ue dig ‘4 Seguin Jean-Louis? Como 0 saberia eu que, do men ponto de vista, devo escolhe, ida J : ’ cri entre wiros Jean-Louis ¢ vis segundasteia? Apesar de coda, ey ’ Para fal dio mais conhecido cesses operadores, 0 shiler aparece como meio van tin pela propia lingua — de romper a comunicacio: eu falo (veja meu demyge 2, mas me envolvo na neblina de uma situagao enunciadora cet, permeio meu discurso com fixgas de interlocugdao (nao € isso o que sempre ee Vore, utilizamos 0 shifter por exceléncia, 0 pronome “eu"?), Dai, ele imagina ne (chamemos assim, por extensio, todos os operadores de incerteza format dim ma gues er, equ agora, amanba, segunda fir, Jean-Loni) come sabeen ea concedicis pela lingua, mas combaticlas pela sociedade A qual essas fugas de sujet m medo, e que ela sempre soterra ao impor a redugao da duplicidade dp pects (segunda, Jean-Louis) pelo ponto de referencia objetivo de uma data (segunda pa, a de margo) e pela referéncia (Jean-Louis B) Como imaginar a liberdade e, por aan dle, a fluidez amorosa de uma coletividacle que usaria apenas nomes préprios¢ sift, sempre dizendo apenas em amanba, Id, sem se referir a0 que quer que sea de legis em que a indefinigdo da diferenga Cénica maneita de respeitar a sulleza, 1 reper, infinita) seria 0 valor mais precioso da lingua?” que € desconhecics Socinis cau iidade P.S.2. — Tanikawa compés, em 1982, um livro comovente que é como uin dup (solitario) de Video letter: Solo (Daguerreo Press). Tendo alugado um apartamento pat escrever, est longe de casa, sozinho, e se pergunta quem cle é. Ele retine os signs todos os signos possiveis (portanto, apenas alguns como provas) de sua identi fugidia: imagens (principalmente fotos, muitas polardides pregadas na parede, também qualquer coisa que ele veja, dentro e fora de casa), palavras (poemas, reco de jornal, paginas de manuais). Imagens redutfveis a poucas palavras e pals enquadradas como imagens. P.S.3. — “A carta d (Gallimard 1946), es, NOI z mais” é um titulo de Henri Michaux, em Aprewtes, &° 302

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