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Informativo 973-STF
Márcio André Lopes Cavalcante
Julgamento ainda não concluído em virtude de pedido de vista. Será comentado assim que chegar ao fim: HC 161659/RJ.
ÍNDICE
DIREITO CONSTITUCIONAL
PRINCÍPIO DA IGUALDADE E SISTEMA DE COTAS
▪ É inconstitucional lei distrital que preveja percentual de vagas nas universidades públicas reservadas para alunos
que estudaram nas escolas públicas do Distrito Federal, excluindo, portanto, alunos de escolas públicas de outros
Estados da Federação.
LIBERDADE DE EXPRESSÃO
▪ A proibição da entrevista com Adélio Bispo, autor da facada contra Jair Bolsonaro, não significou censura nem
restrição indevida à liberdade de imprensa.
COMPETÊNCIAS FEDERATIVAS
▪ Além da União, os Estados/DF e Municípios também podem adotar medidas de combate ao coronavírus
considerando que a proteção da saúde é de competência concorrente; o Presidente pode definir as atividades
essenciais, mas preservando a autonomia dos entes.
COMPETÊNCIAS LEGISLATIVAS
▪ É constitucional lei estadual que autoriza a comercialização de bebidas alcoólicas nas arenas desportivas e nos
estádios.
▪ É inconstitucional lei estadual que determine aos titulares das serventias extrajudiciais que façam a microfilmagem
dos documentos arquivados no cartório.
INTERVENÇÃO
▪ A Constituição Estadual não pode disciplinar sobre intervenção estadual de forma diferente das regras previstas na
Constituição Federal.
DIREITO PENAL
PRINCÍPIO DA INSIGNIFICÂNCIA
▪ É possível aplicar o princípio da insignificância para o furto de mercadorias avaliadas em R$ 29,15, mesmo que a
subtração tenha ocorrido durante o período de repouso noturno e mesmo que o agente seja reincidente.
ARREPENDIMENTO POSTERIOR
▪ Aplica-se o arrependimento posterior para o agente que fez o ressarcimento da dívida principal antes do
recebimento da denúncia, mas somente pagou depois os juros e a correção monetária.
TRÁFICO DE DROGAS
▪ É possível que o juiz negue o benefício do § 4º do art. 33 da Lei de Drogas pelo simples fato de o acusado ser
investigado em inquérito policial ou réu em outra ação penal que ainda não transitou em julgado?
DIREITO DO TRABALHO
CONTRATO DE TRABALHO
▪ É constitucional a MP 936/2020, que autoriza a redução da jornada de trabalho e do salário ou a suspensão
temporária do contrato de trabalho por meio de acordos individuais em razão da pandemia do covid-19,
independentemente de anuência sindical.
DIREITO CONSTITUCIONAL
É inconstitucional a lei distrital que preveja que 40% das vagas das universidades e faculdades
públicas do Distrito Federal serão reservadas para alunos que estudaram em escolas públicas
do Distrito Federal.
Essa lei, ao restringir a cota apenas aos alunos que estudaram no Distrito Federal, viola o art.
3º, IV e o art. 19, III, da CF/88, tendo em vista que faz uma restrição injustificável entre
brasileiros.
Vale ressaltar que a inconstitucionalidade não está no fato de ter sido estipulada a cota em
favor de alunos de escolas públicas, mas sim em razão de a lei ter restringindo as vagas para
alunos do Distrito Federal, em detrimento dos estudantes de outros Estados da Federação.
STF. Plenário. ADI 4868, Rel. Min. Gilmar Mendes, julgado em 27/03/2020.
Sistema de cotas
Algumas universidades públicas em nosso país adotam sistemas de cotas.
Por meio deste sistema, alguns alunos, por ostentarem características peculiares ligadas à cor, etnia, classe
social ou por serem oriundos de escolas públicas têm direito a um percentual de vagas que não é
submetido à concorrência ampla.
O STF afirmou que, em regra, esse sistema de cotas é constitucional. Nesse sentido:
O sistema de cotas em universidades, com base em critério étnico-racial, é CONSTITUCIONAL.
É também constitucional fixar cotas para alunos que sejam egressos de escolas públicas.
STF. Plenário. RE 597285/RS, Rel. Min. Ricardo Lewandowski, julgado em 9/5/2012.
para os alunos que comprovem ter cursado integralmente os ensinos fundamental e médio em
escolas públicas do Distrito Federal.
O art. 3º, IV, da CF/88 proíbe o preconceito decorrente do critério de origem. Veja:
Art. 3º Constituem objetivos fundamentais da República Federativa do Brasil:
(...)
IV - promover o bem de todos, sem preconceitos de origem, raça, sexo, cor, idade e quaisquer
outras formas de discriminação.
Além disso, o art. 19, III não permite que sejam feitas discriminações entre os brasileiros:
Art. 19. É vedado à União, aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios:
(...)
III - criar distinções entre brasileiros ou preferências entre si.
Em suma:
É inconstitucional a lei distrital que preveja que 40% das vagas das universidades e faculdades públicas
do Distrito Federal serão reservadas para alunos que estudaram em escolas públicas do Distrito Federal.
Essa lei, ao restringir a cota apenas aos alunos que estudaram no Distrito Federal, viola o art. 3º, IV e o
art. 19, III, da CF/88, tendo em vista que faz uma restrição injustificável entre brasileiros.
Vale ressaltar que a inconstitucionalidade não está no fato de ter sido estipulada a cota em favor de
alunos de escolas públicas, mas sim em razão de a lei ter restringindo as vagas para alunos do Distrito
Federal, em detrimento dos estudantes de outros Estados da Federação.
STF. Plenário. ADI 4868, Rel. Min. Gilmar Mendes, julgado em 27/03/2020.
LIBERDADE DE EXPRESSÃO
A proibição da entrevista com Adélio Bispo, autor da facada contra Jair Bolsonaro,
não significou censura nem restrição indevida à liberdade de imprensa
A decisão judicial que proibiu a realização de entrevista com Adélio Bispo, autor da facada
contra Jair Bolsonaro, não significa restrição indevida à liberdade de imprensa nem
representa censura prévia.
Logo, essa decisão não configura ofensa ao entendimento firmado pelo STF na ADPF 130, que
julgou não recepcionada a Lei de Imprensa (Lei nº 5.250/67).
Reclamação
A revista ingressou, então, com reclamação, no STF, contra a decisão do TRF alegando que ela
representaria censura prévia e que, portanto, violado os arts. 5º, IX e XIV, e 220 da Constituição Federal,
além de ter afrontado o entendimento do STF proferido na ADPF 130. Obs: nesta ADPF, o STF entendeu
que a Lei de Imprensa - Lei nº 5.250/67 – não foi recepcionada pela Constituição de 1988, ocasião na qual
o Tribunal fez diversas considerações sobre a liberdade de expressão.
Vale ressaltar que, posteriormente, Adélio foi declarado inimputável, em virtude de diagnóstico de
“transtorno delirante persistente”, tendo sido a ele imposta medida de segurança de internação por prazo
indeterminado.
Em suma:
A decisão judicial que proibiu a realização de entrevista com Adélio Bispo, autor da facada contra Jair
Bolsonaro, não significa restrição indevida à liberdade de imprensa nem representa censura prévia.
Logo, essa decisão não configura ofensa ao entendimento firmado pelo STF na ADPF 130, que julgou
não recepcionada a Lei de Imprensa (Lei nº 5.250/67).
A decisão judicial impediu a entrevista com o objetivo de proteger as investigações e evitar possíveis
prejuízos processuais, inclusive quanto ao direito ao silêncio do investigado. Além disso, a decisão teve
como finalidade proteger o próprio custodiado, que autorizou a entrevista, mas cuja sanidade mental
era discutível na época, tendo sido, posteriormente, declarado inimputável em razão de “transtorno
delirante persistente”.
STF. 1ª Turma. Rcl 32052 AgR/MS, Rel. Min. Gilmar Mendes, julgado em 14/4/2020 (Info 973).
Voto vencido
Vencido o ministro Edson Fachin que deu provimento ao agravo regimental para julgar procedente a
reclamação. Entendeu que, em razão da fundamentalidade que a liberdade de expressão possui no estado
de direito democrático, não encontra amparo a decisão judicial que, sem examinar os parâmetros
reconhecidos pela jurisprudência deste tribunal, restringe, indevidamente, a imprescindível atividade
jornalística.
Para o ministro, ainda que relevantes os fundamentos da decisão reclamada, a restrição à liberdade de
expressão só poderia ser justificada se tivesse em conta os demais elementos que a resguardam.
Ressaltou que, à época, havia elevado interesse público na informação a ser obtida decorrente de fato
ocorrido durante uma campanha presidencial.
Ponderou que a entrevista sequer foi realizada, providência que, à míngua de fortes razões, contraria o
disposto no art. 13.2 do Pacto de San José da Costa Rica. Ou seja, a decisão reclamada, sem se pronunciar
sobre o elevado interesse público na realização da entrevista, impediu que ela fosse feita, coarctando
(restringindo), indevidamente, o alcance da liberdade de expressão.
Ademais, no que diz respeito à saúde mental do custodiado, assentou que o exame de sanidade para fins
de responsabilidade penal não se confunde nem substitui o procedimento de tomada de decisão. No
ponto, citou o disposto nos arts. 84 e 87 da Lei nº 13.146/2015. Frisou que esses elementos seriam ainda
mais relevantes especialmente ao considerar-se que tanto o juiz responsável pela investigação quanto o
responsável pela execução autorizaram a entrevista.
COMPETÊNCIAS FEDERATIVAS
Além da União, os Estados/DF e Municípios também podem adotar medidas de combate ao
coronavírus considerando que a proteção da saúde é de competência concorrente; o Presidente
pode definir as atividades essenciais, mas preservando a autonomia dos entes
A Lei nº 13.979/2020 prevê medidas que poderão ser adotadas pelo Brasil para
enfrentamento da emergência de saúde pública de importância internacional decorrente do
coronavírus.
A MP 926/2020 alterou o caput e o inciso VI do art. 3º da Lei nº 13.979/2020 e acrescentou os
§§ 8º a 11 ao art. 3º da Lei nº 13.979/2020.
Foi ajuizada uma ADI contra esta MP.
O STF, ao apreciar a medida cautelar, decidiu:
• confirmar a medida acauteladora concedida monocraticamente pelo Relator para “tornar
explícita, no campo pedagógico e na dicção do Supremo, a competência concorrente.” Em
outras palavras, as providências adotadas pelo Governo Federal “não afastam atos a serem
praticados por Estado, o Distrito Federal e Município considerada a competência concorrente
na forma do artigo 23, inciso II, da Lei Maior.”
• dar interpretação conforme à Constituição ao § 9º do art. 3º da Lei nº 13.979/2020, a fim de
explicitar que o Presidente da República pode dispor, mediante decreto, sobre os serviços
públicos e atividades essenciais, no entanto, esse decreto deverá preservar a atribuição de
cada esfera de governo, nos termos do inciso I do art. 198 da Constituição Federal.
STF. Plenário. ADI 6341 MC-Ref/DF, Rel. Min. Marco Aurélio, red. p/ o ac. Min. Edson Fachin, julgado
em 15/4/2020 (Info 973).
Lei nº 13.979/2020
No início de fevereiro de 2020, foi editada a Lei federal nº 13.979/2020, prevendo medidas para o
enfrentamento do coronavírus. Naquela época, os problemas causados pelo vírus já ocorriam em outros
lugares do mundo, mas a doença ainda não havia chegado no Brasil.
Bahia, Distrito Federal e demais estados em que a circulação do vírus for confirmada ou situação
de emergência decretada. A presente medida não recai sobre as operações de carga aérea.
Compete à Agência Nacional de Aviação Civil - ANAC ratificar esta determinação até o início da
vigência do presente dispositivo. O Estado do Rio de Janeiro deverá ser comunicado com
antecedência nos casos de passageiros repatriados para a adoção de medidas de isolamento e
acompanhamento pela Secretaria de Estado de Saúde.
ADI 6341
O Partido Democrático Brasileiro (PDT) ajuizou ação direta de inconstitucionalidade contra a MP
926/2020.
Decisão monocrática
O Min. Marco Aurélio foi sorteado relator da ação e, no dia 24/03/2020, proferiu decisão afirmando o
seguinte:
“3. Defiro, em parte, a medida acauteladora, para tornar explícita, no campo pedagógico e na dicção do
Supremo, a competência concorrente.”
Para o Ministro, as providências adotadas pelo Governo Federal “não afastam atos a serem praticados por
Estado, o Distrito Federal e Município considerada a competência concorrente na forma do artigo 23,
inciso II, da Lei Maior.”
Assim, o Relator entendeu que os Prefeitos e Governadores podem adotar medidas de combate ao
coronavírus considerando que são providências relacionadas com a proteção da saúde, matéria que é de
competência comum da União, dos Estados, do DF e dos Municípios, na forma do art. 23, II, da CF/88:
Art. 23. É competência comum da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios:
(...)
II - cuidar da saúde e assistência pública, da proteção e garantia das pessoas portadoras de
deficiência;
Art. 3º é constitucional e não afasta os atos que devem ser praticados pelos Estados/DF e Municípios
A MP 926/2020 é constitucional sob o ponto de vista formal porque foi editada dentro de um quadro
revelador de urgência e necessidade, tendo sido publicado este ato normativo com o objetivo de se mitigar
a crise internacional que chegou ao Brasil.
O caput do art. 3º também é constitucional porque apenas determina medidas que deverão ser tomadas
pelas autoridades, no âmbito de suas competências.
Vale ressaltar, no entanto, que as providências que ficam a cargo da União, não afastam atos a serem
praticados pelos Estados, Distrito Federal e Municípios considerando que estamos diante de “competência
concorrente*”, na forma do art. 23, II, da CF/88:
Art. 23. É competência comum da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios:
(...)
II - cuidar da saúde e assistência pública, da proteção e garantia das pessoas portadoras de
deficiência;
* Obs: em seu voto, o Min. Marco Aurélio falou em competência “concorrente”. Vale ressaltar, no entanto,
que a doutrina e a própria jurisprudência do STF afirmam que o art. 23 da CF/88 traz hipóteses de
competência “comum” (competências materiais) e o art. 24 é que deve ser denominado de competência
“concorrente” (competências legislativas). Assim, o Ministro utilizou uma nomenclatura diversa daquela
que é encontrada na maioria dos livros e julgados.
O Estado garantidor dos direitos fundamentais não é apenas a União, mas também os Estados-membros,
DF e os Municípios.
Lei do SUS
O caminho mais seguro para identificação do fundamento constitucional, no exercício da competência dos
entes federados, é o que se depreende da própria legislação.
A Lei nº 8.080/90, a chamada Lei do SUS (Sistema Único de Saúde), dispõe sobre as condições para a
promoção, proteção e recuperação da saúde e assegura esse direito por meio da municipalização dos
serviços.
O caput do art. 198 da CF/88 prevê que “as ações e serviços públicos de saúde integram uma rede
regionalizada e hierarquizada e constituem um sistema único, organizado de acordo com as seguintes
diretrizes (...)”.
Quando este dispositivo fala em “hierarquizada”, ele não quer dizer que exista uma hierarquia entre os
entes federados, ou seja, a União não está acima dos Estados nem estes acima dos Municípios. O que se
está dizendo é deverá haver um comando único dentro de cada uma dessas esferas respectivas de
governo.
As normas da Lei nº 13.979/2020 são o exercício da competência própria da União para legislar sobre
vigilância epidemiológica. Vale ressaltar, contudo, que, conforme prevê a Lei do SUS, o exercício dessa
competência da União não diminui a competência própria dos demais entes da Federação na realização
dos serviços de saúde, até mesmo porque a diretriz constitucional é que ocorra a municipalização dos
serviços de saúde.
Em suma:
A Lei nº 13.979/2020 prevê medidas que poderão ser adotadas pelo Brasil para enfrentamento da
emergência de saúde pública de importância internacional decorrente do coronavírus.
A MP 926/2020 alterou o caput e o inciso VI do art. 3º da Lei nº 13.979/2020 e acrescentou os §§ 8º a
11 ao art. 3º da Lei nº 13.979/2020.
Foi ajuizada uma ADI contra esta MP.
O STF, ao apreciar a medida cautelar, decidiu:
• confirmar a medida acauteladora concedida monocraticamente pelo Relator para “tornar explícita, no
campo pedagógico e na dicção do Supremo, a competência concorrente.” Em outras palavras, as
providências adotadas pelo Governo Federal “não afastam atos a serem praticados por Estado, o
Distrito Federal e Município considerada a competência concorrente na forma do artigo 23, inciso II, da
Lei Maior.”
• dar interpretação conforme à Constituição ao § 9º do art. 3º da Lei nº 13.979/2020, a fim de explicitar
que o Presidente da República pode dispor, mediante decreto, sobre os serviços públicos e atividades
essenciais, no entanto, esse decreto deverá preservar a atribuição de cada esfera de governo, nos
termos do inciso I do art. 198 da Constituição Federal.
STF. Plenário. ADI 6341 MC-Ref/DF, Rel. Min. Marco Aurélio, red. p/ o ac. Min. Edson Fachin, julgado em
15/4/2020 (Info 973).
COMPETÊNCIAS LEGISLATIVAS
É constitucional lei estadual que autoriza a comercialização
de bebidas alcoólicas nas arenas desportivas e nos estádios
É constitucional lei estadual que autoriza a comercialização de bebidas alcoólicas nas arenas
desportivas e nos estádios.
Trata-se de legislação sobre consumo, matéria de competência concorrente (art. 24, V, da
CF/88).
O art. 13-A, II, da Lei nº 10.671/2003 (Estatuto do Torcedor) indica como “condições de acesso
e permanência do torcedor no recinto esportivo”, entre outras, “não portar objetos, bebidas
ou substâncias proibidas ou suscetíveis de gerar ou possibilitar a prática de atos de violência”.
Não há, contudo, uma vedação geral e absoluta por parte do Estatuto do Torcedor, de modo
que o legislador estadual, no exercício de sua competência concorrente complementar,
observadas as especificidades locais, pode regulamentar a matéria, autorizando, por exemplo,
a venda de cerveja e chope (bebidas de baixo teor alcóolico) nos estádios. Vale lembrar que
isso já é autorizado nos grandes eventos mundiais de futebol e outros esportes, inclusive na
Copa do mundo organizada pela FIFA e nas Olimpíadas.
STF. Plenário. ADI 6195, Rel. Min. Alexandre de Moraes, julgado em 27/03/2020.
ADI
A Procuradora-Geral da República ajuizou ADI contra esta lei afirmando que ela trata sobre “consumo”,
matéria que é de competência concorrente (art. 24, V, da CF/88).
Até aí, tudo bem.
Ocorre que, para a PGR, o legislador estadual violou as normas gerais da União. Isso porque a União editou
a Lei nº 10.671/2003 (Estatuto do Torcedor), que proibiu o porte de bebidas alcoólicas em eventos
esportivos nos seguintes termos:
Art. 13-A. São condições de acesso e permanência do torcedor no recinto esportivo, sem prejuízo
de outras condições previstas em lei:
(...)
II - não portar objetos, bebidas ou substâncias proibidas ou suscetíveis de gerar ou possibilitar a
prática de atos de violência; (Incluído pela Lei nº 12.299/2010).
Em suma:
É constitucional lei estadual que autoriza a comercialização de bebidas alcoólicas nas arenas desportivas
e nos estádios.
Trata-se de legislação sobre consumo, matéria de competência concorrente (art. 24, V, da CF/88).
O art. 13-A, II, da Lei nº 10.671/2003 (Estatuto do Torcedor) indica como “condições de acesso e
permanência do torcedor no recinto esportivo”, entre outras, “não portar objetos, bebidas ou
substâncias proibidas ou suscetíveis de gerar ou possibilitar a prática de atos de violência”.
Não há, contudo, uma vedação geral e absoluta por parte do Estatuto do Torcedor, de modo que o
legislador estadual, no exercício de sua competência concorrente complementar, observadas as
especificidades locais, pode regulamentar a matéria, autorizando, por exemplo, a venda de cerveja e
chope (bebidas de baixo teor alcóolico) nos estádios. Vale lembrar que isso já é autorizado nos grandes
eventos mundiais de futebol e outros esportes, inclusive na Copa do mundo organizada pela FIFA e nas
Olimpíadas.
STF. Plenário. ADI 6195, Rel. Min. Alexandre de Moraes, julgado em 27/03/2020.
COMPETÊNCIAS LEGISLATIVAS
É inconstitucional lei estadual que determine aos titulares das serventias extrajudiciais
que façam a microfilmagem dos documentos arquivados no cartório
O Estado de São Paulo editou lei afirmando que é “obrigatória, no território estadual, a microfilmagem
de documentos arquivados nos cartórios extrajudiciais”. Essa lei é constitucional?
NÃO.
Os Estados-membros não possuem competência legislativa para determinar a microfilmagem de
documentos arquivados nos cartórios extrajudiciais do Estado.
STF. Plenário. ADI 3723, Rel. Min. Gilmar Mendes, julgado em 27/03/2020.
Essa lei trata sobre registros públicos e responsabilidade civil dos notários e registros, matéria que é de
competência privativa da União, nos termos do art. 22, XXV, da CF/88:
Art. 22. Compete privativamente à União legislar sobre:
(...)
XXV - registros públicos;
Ademais, o art. 236, § 1º, da Constituição determina que lei regulamentará as atividades dos oficiais de
registro:
Art. 236 (...)
§ 1º Lei regulará as atividades, disciplinará a responsabilidade civil e criminal dos notários, dos
oficiais de registro e de seus prepostos, e definirá a fiscalização de seus atos pelo Poder Judiciário.
A matéria está regulamentada tanto pela Lei federal nº 6.015/73, quanto pela Lei federal nº 8.935/94.
O art. 25 da Lei 6.015/73 dispõe sobre o arquivamento dos papéis em cartório nos seguintes termos:
Art. 25. Os papéis referentes ao serviço do registro serão arquivados em cartório mediante a
utilização de processos racionais que facilitem as buscas, facultada a utilização de microfilmagem
e de outros meios de reprodução autorizados em lei.
Já o art. 41 da Lei nº 8.935/94 permite que os notários e oficiais de registro se utilizem de sistemas de
computação, microfilmagem e outros meios de reprodução:
Art. 41. Incumbe aos notários e aos oficiais de registro praticar, independentemente de
autorização, todos os atos previstos em lei necessários à organização e execução dos serviços,
podendo, ainda, adotar sistemas de computação, microfilmagem, disco ótico e outros meios de
reprodução.
Como a microfilmagem dos documentos arquivados nos serviços cartorários não é reputada essencial para
a segurança ou conservação dos registros públicos (Lei nº 6.015/73), nem listada como dever de notários
e registradores (Lei nº 8.935/94), não pode ser imposta por Estado-membro como medida decorrente de
seu poder organizativo deste serviço público, em seu território.
INTERVENÇÃO
A Constituição Estadual não pode disciplinar sobre intervenção estadual
de forma diferente das regras previstas na Constituição Federal
Conceito de intervenção
A intervenção é...
- uma medida de natureza política,
- excepcional,
- prevista taxativamente na CF/88,
- consistente na incursão (intromissão) de um ente superior em assuntos de um ente inferior,
- restringindo temporariamente a autonomia deste,
- com o objetivo de preservar o pacto federativo
- e fazer cumprir os demais princípios e regras constitucionais.
Princípio da não-intervenção
A regra é que um ente não pode intervir em outro. A intervenção de um ente em outro é excepcional.
Somente fatos de enorme gravidade justificam essa medida extrema.
Espécies de intervenção:
Há dois tipos de intervenção em nossa Federação:
a) intervenção da União nos Estados, no Distrito Federal ou nos Municípios localizados em Territórios
(intervenção federal): art. 34 da CF/88;
b) intervenção dos Estados nos Municípios (intervenção estadual): art. 35 da CF/88.
HIPÓTESES PROCEDIMENTO
5) A União poderá intervir no Estado/DF para Se o Poder Executivo ou Legislativo estadual que
garantir o livre exercício de qualquer dos Poderes estiver sendo coagido/impedido, deverá solicitar
nas unidades da Federação. (“pedir”) ao Presidente da República que
intervenha no Estado.
Assim, a Constituição estadual não pode trazer outras situações de intervenção estadual diferentes
daquilo que foi insculpido na CF/88 (STF. Plenário. ADI 336, Rel. Min. Eros Grau, julgado em 10/02/2010).
Veja como o tema já foi cobrado em prova:
++ (Procurador TCU 2015 CESPE) A intervenção em município localizado em estado-membro ocorrerá, em
cada caso, conforme as hipóteses estabelecidas livremente na respectiva Constituição estadual, que
definirá, entre outras coisas, os seus próprios princípios constitucionais de intervenção. (errado)
De igual modo:
Viola a Constituição Federal a previsão contida na Constituição Estadual atribuindo aos Tribunais de
Contas a competência para requerer ou decretar intervenção em Município.
Essa previsão não encontra amparo nos arts. 34 e 36 da CF/88.
STF. Plenário. ADI 3029, Rel. Min. Gilmar Mendes, julgado em 27/03/2020.
Nesse sentido:
É inconstitucional a atribuição conferida, pela Constituição do Pará, art. 85, I, ao Tribunal de Contas dos
Municípios, para requerer ao Governador do Estado a intervenção em Município. Caso em que o Tribunal
de Contas age como auxiliar do Legislativo Municipal, a este cabendo formular a representação, se não
rejeitar, por decisão de dois terços dos seus membros, o parecer prévio emitido pelo Tribunal (CF, art. 31
31, § 2º 2º).
STF. Plenário. ADI 2.631, Rel. Min. Carlos Velloso, julgado em 29/8/2002.
DIREITO NOTARIAL E
REGISTRAL
COMPETÊNCIAS LEGISLATIVAS
É inconstitucional lei estadual que determine aos titulares das serventias extrajudiciais
que façam a microfilmagem dos documentos arquivados no cartório
DIREITO PENAL
PRINCÍPIO DA INSIGNIFICÂNCIA
É possível aplicar o princípio da insignificância para o furto de mercadorias avaliadas em R$
29,15, mesmo que a subtração tenha ocorrido durante o período de repouso noturno e mesmo
que o agente seja reincidente
O que decidiu o STF sobre o tema? É possível aplicar o princípio da insignificância neste caso?
SIM.
É possível aplicar o princípio da insignificância para o furto de mercadorias avaliadas em R$ 29,15,
mesmo que o a subtração tenha ocorrido durante o período de repouso noturno e mesmo que o agente
seja reincidente.
STF. 2ª Turma. HC 181389 AgR/SP, Rel. Min. Gilmar Mendes, julgado em 14/4/2020 (Info 973).
Tipicidade material
A tipicidade penal divide-se em:
a) Tipicidade formal (ou legal): é a adequação (conformidade) entre a conduta praticada pelo agente e a
conduta descrita abstratamente na lei penal incriminadora.
b) Tipicidade material (ou substancial): é a lesão ou perigo de lesão ao bem jurídico protegido pelo tipo penal.
Verificar se há tipicidade formal significa examinar se a conduta praticada pelo agente amolda-se ao que
está previsto como crime na lei penal.
Verificar se há tipicidade material consiste em examinar se essa conduta praticada pelo agente e prevista
como crime produziu efetivamente lesão ou perigo de lesão ao bem jurídico protegido pelo tipo penal.
Primeiro se verifica se a conduta praticada pelo agente se enquadra em algum crime descrito pela lei penal.
• Se não se amoldar, o fato é formalmente atípico.
• Se houver essa correspondência, o fato é formalmente típico.
• Sendo formalmente típico, é analisado se a conduta produziu lesão ou perigo de lesão ao bem jurídico
que este tipo penal protege.
• Se houver lesão ou perigo de lesão, o fato é também materialmente típico.
• Se não houver lesão ou perigo de lesão, o fato é, então, materialmente atípico.
Princípio da ofensividade
“O princípio da lesividade ou da ofensividade (nullum crimen sine iniuria) significa que apenas condutas
que causem efetiva lesão ou perigo de lesão a bem jurídico podem ser objeto de repressão penal.” (ALVES,
Jamil Chaim. Manual de Direito Penal. Salvador: Juspodivm, 2020, p. 123).
Ao se fazer uma leitura conjunta do princípio da ofensividade com o princípio da insignificância, pode-se
concluir que haverá conduta atípica quando ela não representar, pela irrisória ofensa ao bem jurídico
tutelado, um dano (nos crimes de dano), uma certeza de risco de dano (nos crimes de perigo concreto)
ou, ao menos, uma possibilidade de risco de dano (nos crimes de perigo abstrato), mesmo que haja, de
fato, uma subsunção formal do comportamento ao tipo penal.
Em outras palavras, não haverá crime quando o comportamento não for suficiente para causar um dano,
ou um perigo efetivo de dano, ao bem jurídico.
Não é razoável que o Direito Penal e todo o aparelho estatal sejam movimentados para condenar o réu
por uma conduta como essa.
Na situação analisada, não houve sequer prejuízo material, pois os objetos foram restituídos à vítima, mais
um motivo pelo qual deve incidir, por conseguinte, o postulado da bagatela.
ARREPENDIMENTO POSTERIOR
Aplica-se o arrependimento posterior para o agente que fez o ressarcimento da dívida principal
antes do recebimento da denúncia, mas somente pagou depois os juros e a correção monetária
Arrependimento posterior
O arrependimento posterior é previsto no art. 16 do Código Penal, nos seguintes termos:
Art. 16. Nos crimes cometidos sem violência ou grave ameaça à pessoa, reparado o dano ou
restituída a coisa, até o recebimento da denúncia ou da queixa, por ato voluntário do agente, a
pena será reduzida de 1/3 a 2/3.
Trata-se de um benefício ou prêmio para estimular o agente a restituir a coisa ou reparar os danos
causados com sua conduta.
Requisitos:
1) O crime deve ter sido praticado sem violência ou grave ameaça à pessoa
Se o agente praticou violência contra a coisa: pode receber o benefício. Ex: crime de dano (art. 163 do CP).
Se o agente praticou, culposamente, violência contra a pessoa: pode receber o benefício. Ex: lesão
corporal culposa no trânsito (art. 303 do CTB).
++ (Delegado de Polícia PF 2018 CESPE) Cristiano, maior e capaz, roubou, mediante emprego de arma de
fogo, a bicicleta de um adolescente, tendo-o ameaçado gravemente. Perseguido, Cristiano foi preso,
confessou o crime e voluntariamente restituiu a coisa roubada. Nessa situação, a restituição do bem não
assegura a Cristiano a redução de um a dois terços da pena, pois o crime foi cometido com grave ameaça
à pessoa. (certo)
++ (Juiz de Direito TJ-MS 2020 FCC) Em relação à tipicidade penal, é afastada nas hipóteses de crime
impossível e arrependimento posterior. (errado)
TRÁFICO DE DROGAS
É possível que o juiz negue o benefício do § 4º do art. 33 da Lei de Drogas
pelo simples fato de o acusado ser investigado em inquérito policial ou réu
em outra ação penal que ainda não transitou em julgado?
É possível que o juiz negue o benefício do § 4º do art. 33 da Lei de Drogas com base no
fato de o acusado ser investigado em inquérito policial ou ser réu em outra ação penal
que ainda não transitou em julgado?
• STJ: SIM.
É possível a utilização de inquéritos policiais e/ou ações penais em curso para formação da
convicção de que o réu se dedica a atividades criminosas, de modo a afastar o benefício legal
previsto no art. 33, § 4º, da Lei n.º 11.343/2006.
STJ. 3ª Seção. EREsp 1.431.091-SP, Rel. Min. Felix Fischer, julgado em 14/12/2016 (Info 596).
STJ. 6ª Turma. AgRg no HC 539.666/RS, Rel. Min. Nefi Cordeiro, julgado em 05/03/2020.
• STF: NÃO.
Não se pode negar a aplicação da causa de diminuição pelo tráfico privilegiado, prevista no
art. 33, § 4º, da Lei nº 11.343/2006, com fundamento no fato de o réu responder a inquéritos
policiais ou processos criminais em andamento, mesmo que estejam em fase recursal, sob
pena de violação ao art. 5º, LIV (princípio da presunção de não culpabilidade).
Não cabe afastar a causa de diminuição prevista no art. 33, § 4º, da Lei nº 11.343/2006 (Lei de
Drogas) com base em condenações não alcançadas pela preclusão maior (coisa julgada).
STF. 1ª Turma. HC 173806/MG, Rel. Min. Marco Aurélio, julgado em 18/2/2020 (Info 967).
STF. 1ª Turma. HC 166385/MG, Rel. Min. Marco Aurélio, julgado em 14/4/2020 (Info 973).
STF. 2ª Turma. HC 144309 AgR, Rel. Min. Ricardo Lewandowski, julgado em 19/11/2018.
++ (Delegado PC/RS 2018 FUNDATEC) Aquele que pratica conduta de tráfico de drogas, descrita no caput
do artigo 33 da referida Lei, pode ter sua pena reduzida nos mesmos patamares propostos no Código Penal
para a minorante da tentativa, desde que seja primário, de bons antecedentes, não se dedique às
atividades criminosas nem integre organização criminosa. (ERRADO)
Requisitos:
Para ter direito à minorante prevista no § 4º do art. 33 da Lei nº 11.343/2006, é necessário o
preenchimento de quatro requisitos autônomos:
a) primariedade;
b) bons antecedentes;
c) não dedicação a atividades criminosas; e
d) não integração à organização criminosa.
(Promotor MP/MG 2019) São requisitos para o reconhecimento do tráfico privilegiado que o agente seja
primário, de bons antecedentes e boa conduta social, que não se dedique às atividades criminosas nem
integre organização criminosa. (ERRADO)
Se o réu não preencher algum desses requisitos, não terá direito à minorante. São requisitos cumulativos:
Jurisprudência em Teses do STJ
Tese 22: A causa de diminuição de pena prevista no § 4º do art. 33 da Lei de Drogas só pode ser aplicada
se todos os requisitos, cumulativamente, estiverem presentes.
++ (Juiz de Direito TJ-MS 2020 FCC) No que concerne à lei de drogas, cabível a redução da pena de um
sexto a dois terços para o agente que tem em depósito, sem autorização ou em desacordo com
determinação legal ou regulamentar, matéria-prima, insumo ou produto químico destinado à preparação
de drogas, desde que primário, de bons antecedentes, não se dedique às atividades criminosas nem
integre organização criminosa. (CERTO)
Tráfico privilegiado (art. 33, § 4º, da Lei 11.343/2006) não é crime equiparado a hediondo
Veja o que diz o novo § 5º do art. 112 da LEP:
Art. 112 (...)
§ 5º Não se considera hediondo ou equiparado, para os fins deste artigo, o crime de tráfico de
drogas previsto no § 4º do art. 33 da Lei nº 11.343, de 23 de agosto de 2006. (Lei nº 13.964/2019
– Pacote Anticrime)
++ (Juiz Federal TRF2 2017) Presente a causa de diminuição de pena prevista no § 4º do art. 33 da Lei
11.343/2006, por ser o agente primário, de bons antecedentes, não dedicado a atividades criminosas e não
integrante de organização criminosa, ainda assim é hediondo o crime de tráfico por ele praticado. (ERRADO)
Imagine agora a seguinte situação hipotética:
Regina foi denunciada pela prática de tráfico de drogas (art. 33, caput, da Lei nº 11.343/2006).
A defesa pediu a aplicação da causa de diminuição de pena prevista no § 4º do art. 33 da Lei de Drogas.
O juiz condenou a ré e negou o benefício do art. 33, § 4º sob o argumento de que ela responde a outro
processo criminal no qual também é acusada por tráfico de drogas. Logo, para o magistrado, está
comprovado que a acusada se dedica às atividades criminosas.
A defesa impugnou essa decisão alegando que esse segundo processo ainda não terminou, ou seja, ainda
não houve trânsito em julgado, de sorte que ela é presumivelmente inocente.
A decisão do juiz encontra amparo na jurisprudência?
• STJ: SIM
• STF: NÃO
É possível que o juiz negue o benefício do § 4º do art. 33 da Lei de Drogas com base no
fato de o acusado ser investigado em inquérito policial ou ser réu em outra ação penal
que ainda não transitou em julgado?
É possível a utilização de inquéritos policiais e/ou Não se pode negar a aplicação da causa de
ações penais em curso para formação da diminuição pelo tráfico privilegiado, prevista no
convicção de que o réu se dedica a atividades art. 33, § 4º, da Lei nº 11.343/2006, com
criminosas, de modo a afastar o benefício legal fundamento no fato de o réu responder a
previsto no art. 33, § 4º, da Lei n.º 11.343/2006. inquéritos policiais ou processos criminais em
andamento, mesmo que estejam em fase recursal,
sob pena de violação ao art. 5º, LIV (princípio da
presunção de não culpabilidade).
Aplica-se o mesmo raciocínio firmado no RE
591054/SC: a existência de inquéritos policiais ou
de ações penais sem trânsito em julgado não
podem ser considerados como maus
antecedentes para fins de dosimetria da pena.
STJ. 3ª Seção. EREsp 1.431.091-SP, Rel. Min. Felix STF. 1ª Turma. HC 166385/MG, Rel. Min. Marco
Fischer, julgado em 14/12/2016 (Info 596). Aurélio, julgado em 14/4/2020 (Info 973).
STJ. 6ª Turma. AgRg no HC 539.666/RS, Rel. Min. STF. 2ª Turma. HC 144309 AgR, Rel. Min. Ricardo
Nefi Cordeiro, julgado em 05/03/2020. Lewandowski, julgado em 19/11/2018.
DIREITO DO TRABALHO
CONTRATO DE TRABALHO
É constitucional a MP 936/2020, que autoriza a redução da jornada de trabalho e do salário ou a
suspensão temporária do contrato de trabalho por meio de acordos individuais em razão da
pandemia do covid-19, independentemente de anuência sindical
A MP prevê que existe a possibilidade de essas medidas serem implementadas por meio de
acordo individual ou de negociação coletiva aos empregados.
O § 4º do art. 11 da MP afirma que “Os acordos individuais de redução de jornada de trabalho
e de salário ou de suspensão temporária do contrato de trabalho, pactuados nos termos desta
Medida Provisória, deverão ser comunicados pelos empregadores ao respectivo sindicato
laboral, no prazo de até dez dias corridos, contado da data de sua celebração.”
Esse acordo escrito individual firmado entre o empregado e o empregador é um ato jurídico
perfeito e acabado e não está sujeito ao referendo (aprovação) do sindicato.
O STF, ao analisar o pedido de medida cautelar na ADI proposta contra a Medida Provisória,
decidiu manter a eficácia da MP 936/2020, que autoriza a redução da jornada de trabalho e
do salário ou a suspensão temporária do contrato de trabalho por meio de acordos individuais
em razão da pandemia do novo coronavírus, independentemente de anuência sindical.
STF. Plenário. ADI 6363 MC-Ref/DF, rel. orig. Min. Ricardo Lewandowski, red. p/ o ac. Min. Alexandre
de Moraes, julgado em 16 e 17/4/2020 (Info 973).
RESUMO DA MP 936/2020
NOÇÕES GERAIS
Programa Emergencial de Manutenção do Emprego e da Renda
O Programa Emergencial de Manutenção do Emprego e da Renda terá aplicação enquanto durar o estado
de calamidade pública decorrente do coronavírus.
Este programa tem o objetivo de:
I - preservar o emprego e a renda;
II - garantir a continuidade das atividades laborais e empresariais; e
III - reduzir o impacto social decorrente das consequências do estado de calamidade pública e de
emergência de saúde pública.
Medidas
São medidas do Programa:
I - o pagamento de Benefício Emergencial de Preservação do Emprego e da Renda;
II - a redução proporcional de jornada de trabalho e de salários; e
III - a suspensão temporária do contrato de trabalho.
Para os empregados não enquadrados nos dois critérios acima, as medidas somente poderão ser
estabelecidas por convenção ou acordo coletivo, ressalvada a redução de jornada de trabalho e de salário
de 25%, prevista na alínea “a” do inciso III do caput do art. 7º da MP, que poderá ser pactuada por acordo
individual.
Medidas não se aplicam para servidores e empregados públicos nem para empregados de organismos
internacionais
Essas medidas não se aplicam:
• aos órgãos da administração pública direta e indireta;
• às empresas públicas e sociedades de economia mista (inclusive às suas subsidiárias); e
• aos organismos internacionais.
Quem paga
A União. Este Benefício Emergencial de Preservação do Emprego e da Renda será custeado com recursos
da União.
Mensal
Este Benefício será pago mensalmente e começará a partir da data do início da redução da jornada de
trabalho e de salário ou da suspensão temporária do contrato de trabalho.
Primeira parcela
Se o empregador informou o Ministério da Economia no prazo de 10 dias acima explicado, o trabalhador
receberá a primeira parcela do Benefício no prazo de 30 dias, contado da data da celebração do acordo.
Duração
O Benefício será pago apenas enquanto durar a redução proporcional da jornada de trabalho e de salário
ou a suspensão temporária do contrato de trabalho.
Obs: nos casos em que o cálculo do Benefício Emergencial resultar em valores decimais, o valor a ser pago
deverá ser arredondado para a unidade inteira imediatamente superior.
Empregado com mais de um vínculo poderá receber mais do que um Benefício Emergencial?
SIM. O empregado com mais de um vínculo formal de emprego poderá receber cumulativamente um
Benefício Emergencial para cada vínculo, observado o valor previsto no caput do art. 18 da MP e a
condição prevista no § 3º do art. 18, se houver vínculo na modalidade de contrato intermitente, nos
termos do disposto no § 3º do art. 443 da CLT.
Art. 18. O empregado com contrato de trabalho intermitente formalizado até a data de publicação desta
Medida Provisória, nos termos do disposto no § 3º do art. 443 da Consolidação das Leis do Trabalho,
aprovada pelo Decreto-Lei nº 5.452, de 1943, fará jus ao benefício emergencial mensal no valor de R$
600,00 (seiscentos reais), pelo período de três meses.
(...)
§ 3º A existência de mais de um contrato de trabalho nos termos do disposto no § 3º do art. 443 da
Consolidação das Leis do Trabalho, aprovada pelo Decreto-Lei nº 5.452, de 1943, não gerará direito à
concessão de mais de um benefício emergencial mensal.
III - da data de comunicação do empregador que informe ao empregado sobre a sua decisão de antecipar
o fim do período de redução pactuado.
Restabelecimento do contrato
O contrato de trabalho será restabelecido no prazo de dois dias corridos, contado:
I - da cessação do estado de calamidade pública;
II - da data estabelecida no acordo individual como termo de encerramento do período e suspensão
pactuado; ou
III - da data de comunicação do empregador que informe ao empregado sobre a sua decisão de antecipar
o fim do período de suspensão pactuado.
Obs: isso não se aplica para as hipóteses de dispensa a pedido ou por justa causa do empregado.
Negociação coletiva
As medidas de redução de jornada de trabalho e de salário ou de suspensão temporária de contrato de
trabalho poderão ser celebradas por meio de negociação coletiva.
A convenção ou o acordo coletivo de trabalho poderão estabelecer percentuais de redução de jornada de
trabalho e de salário diversos dos previstos na MP. Se ocorrer isso, o Benefício Emergencial será devido
nos seguintes termos:
I - sem percepção do Benefício Emergencial para a redução de jornada e de salário inferior a 25%;
II - de 25% sobre o seguro-desemprego para a redução de jornada e de salário igual ou superior a 25% e
inferior a 50%;
III - de 50% sobre o seguro-desemprego para a redução de jornada e de salário igual ou superior a 50% e
inferior a 70%; e
IV - de 70% sobre o seguro-desemprego para a redução de jornada e de salário superior a 70%.
Tempo máximo
O tempo máximo de redução proporcional de jornada e de salário e de suspensão temporária do contrato
de trabalho, ainda que sucessivos, não poderá ser superior a 90 dias, respeitado o prazo máximo de 60
dias para a suspensão do contrato de trabalho.
DISPOSIÇÕES FINAIS
Durante o estado de calamidade pública:
I - o curso ou o programa de qualificação profissional de que trata o art. 476-A da CLT, poderá ser oferecido
pelo empregador exclusivamente na modalidade não presencial, e terá duração não inferior a 1 mês e
nem superior a 3 meses;
II - poderão ser utilizados meios eletrônicos para atendimento dos requisitos formais previstos no Título
VI da Consolidação das Leis do Trabalho, inclusive para convocação, deliberação, decisão, formalização e
publicidade de convenção ou de acordo coletivo de trabalho; e
III - os prazos previstos no Título VI da CTL, ficam reduzidos pela metade.
ADI proposta
Um dia após ser publicada, ou seja, em 02/04/2020, o Partido Rede Sustentabilidade ajuizou ação direta
de inconstitucionalidade contra os seguintes dispositivos da MP 936/2020:
• Art. 1º;
O autor alegou que esses dispositivos violariam os arts. 7º, VI, XIII e XXVI, e 8º, III e VI, da Constituição.
Decisão monocrática
No dia 06/04/2020, o Ministro Relator Ricardo Lewandowski, monocraticamente, deferiu em parte a medida
cautelar para dar interpretação conforme à Constituição ao § 4º do art. 11 da MP, de maneira a assentar que
“[os] acordos individuais de redução de jornada de trabalho e de salário ou de suspensão temporária de
contrato de trabalho [...] deverão ser comunicados pelos empregadores ao respectivo sindicato laboral, no
prazo de até dez dias corridos, contado da data de sua celebração”, para que este, querendo, deflagre a
negociação coletiva, importando sua inércia em anuência com o acordado pelas partes.
A MP prevê que essas medidas podem ser implementadas por meio de acordo individual ou de negociação
coletiva aos empregados:
I - com salário igual ou inferior a R$ 3.135,00; ou
II - portadores de diploma de nível superior e que percebam salário mensal igual ou superior a duas vezes
o limite máximo dos benefícios do Regime Geral de Previdência Social.
Para os empregados não enquadrados nos dois critérios acima, as medidas somente poderão ser
estabelecidas por convenção ou acordo coletivo, ressalvada a redução de jornada de trabalho e de salário
de 25%, prevista na alínea “a” do inciso III do caput do art. 7º da MP, que poderá ser pactuada por acordo
individual.
O § 4º do art. 11, por sua vez, afirma que, se essas medidas foram tomadas por meio de acordos
individuais, esse acordo deverá ser comunicado pelo empregador ao sindicato dos trabalhadores no prazo
de até 10 dias corridos. Veja:
Art. 11 (...)
(...)
§ 4º Os acordos individuais de redução de jornada de trabalho e de salário ou de suspensão
temporária do contrato de trabalho, pactuados nos termos desta Medida Provisória, deverão ser
comunicados pelos empregadores ao respectivo sindicato laboral, no prazo de até dez dias
corridos, contado da data de sua celebração.
Decisão do Plenário
Nos dias 16 e 17 de abril, o Plenário do STF se reuniu para examinar a liminar e decidiu não referendar
(não confirmar) a medida cautelar que havia sido concedida pelo Ministro Relator.
Isso significa que o Plenário do STF manteve a eficácia da MP 936/2020, que autoriza a redução da jornada
de trabalho e do salário ou a suspensão temporária do contrato de trabalho por meio de acordos
individuais em razão da pandemia do novo coronavírus, independentemente de anuência sindical.
Vale ressaltar que houve, ainda, apenas a análise da medida cautelar e que o julgamento definitivo ainda
ocorrerá no futuro.
MP deve ser interpretada segundo seu objetivo principal que é o de preservar os empregos
A medida provisória em análise tem o intuito de equilibrar as desigualdades sociais provocadas pela
pandemia, e deve ser interpretada de acordo com diversos vetores constitucionais: a dignidade da pessoa
humana, o trabalho, a livre iniciativa, o desenvolvimento nacional, a erradicação da pobreza e
marginalização e a redução das desigualdades. Nesse sentido, a garantia de irredutibilidade salarial apenas
faz sentido se existir o direito ao trabalho em primeiro lugar.
A situação de pandemia vem trazendo de forma crescente efeitos econômicos e sociais, como o
desemprego e a falta de renda. Nesse contexto, a finalidade da medida provisória é a manutenção do
emprego.
Diversas empresas, como consequência do panorama atual, provocaram demissões em massa, e a medida
provisória procura oferecer uma opção garantidora do trabalho, proporcional entre empregado e
empregador.
Salientou que a medida provisória é específica ao definir sua eficácia durante o estado de calamidade (90
dias), período no qual o empregado terá a garantia de manutenção do seu emprego (um total de 24,5
milhões de postos de trabalho), mesmo que com uma redução salarial proporcional à redução de horas
trabalhadas. Além disso, haverá complementação de renda por parte do Estado, no valor estimado de R$
51,2 bilhões.
A medida provisória também permite a manutenção de diversas empresas, que permanecerão com
empregados durante o período e continuarão funcionando futuramente.
Se houvesse a possibilidade de o sindicato alterar esse acordo haveria um descompasso com o valor do
Benefício de Preservação do Emprego pago pela União
Segundo previu a MP, uma vez assinado o acordo escrito de redução proporcional de salário e de jornada
de trabalho, há o pagamento de uma complementação por parte do Poder Público, com base em um
cálculo feito à semelhança do que ocorre com o seguro-desemprego.
É o chamado Benefício Emergencial de Preservação do Emprego e da Renda, que será pago pela União
mensalmente e começará a partir da data do início da redução da jornada de trabalho e de salário ou da
suspensão temporária do contrato de trabalho.
O valor do Benefício Emergencial terá como base de cálculo o valor mensal do seguro-desemprego a que
o empregado teria direito, observadas as seguintes disposições:
Assim, se o sindicato tivesse o poder de alterar os termos desse acordo individual que já havia sido
celebrado, poderia haver um descompasso entre essa alteração e o abono pago pelos cofres públicos.
Exigir que os sindicatos referendem o acordo individual geraria insegurança jurídica
Se fosse autorizado que os sindicatos tivessem a possibilidade de “referendar” os acordos, isso traria três
desfechos possíveis:
a) a discordância total do sindicato com o acordo celebrado;
b) a discordância parcial; ou
c) a concordância.
A última hipótese seria a única que não afetaria a segurança jurídica e a boa-fé dos acordos.
A MP prevê que existe a possibilidade de essas medidas serem implementadas por meio de acordo
individual ou de negociação coletiva aos empregados.
O § 4º do art. 11 da MP afirma que “Os acordos individuais de redução de jornada de trabalho e de
salário ou de suspensão temporária do contrato de trabalho, pactuados nos termos desta Medida
Provisória, deverão ser comunicados pelos empregadores ao respectivo sindicato laboral, no prazo de
até dez dias corridos, contado da data de sua celebração.”
Esse acordo escrito individual firmado entre o empregado e o empregador é um ato jurídico perfeito e
acabado e não está sujeito ao referendo (aprovação) do sindicato.
O STF, ao analisar o pedido de medida cautelar na ADI proposta conta a Medida Provisória, decidiu
manter a eficácia da MP 936/2020, que autoriza a redução da jornada de trabalho e do salário ou a
suspensão temporária do contrato de trabalho por meio de acordos individuais em razão da pandemia
do novo coronavírus, independentemente de anuência sindical.
STF. Plenário. ADI 6363 MC-Ref/DF, rel. orig. Min. Ricardo Lewandowski, red. p/ o ac. Min. Alexandre de
Moraes, julgado em 16 e 17/4/2020 (Info 973).
Votos vencidos
Vencidos os ministros Ricardo Lewandowski (relator), que deferiu a medida cautelar em parte, no sentido de
dar interpretação conforme à Constituição à medida provisória, de maneira a assentar que os acordos deverão
ser comunicados pelos empregadores ao respectivo sindicato no prazo de até dez dias, para que este inicie a
negociação coletiva se desejar; e os ministros Edson Fachin e Rosa Weber, que a deferiram integralmente, para
afastar o uso de acordo individual para dispor sobre as medidas tratadas no texto impugnado.
EXERCÍCIOS
11) (Promotor de Justiça – MPE/MT 2019 FCC) Assim como nos demais crimes não patrimoniais em geral, os
delitos contra a fé pública são incompatíveis com o instituto do arrependimento posterior, dada a
impossibilidade material de haver reparação do dano causado ou a restituição da coisa subtraída. ( )
12) (Delegado PC/RS 2018 FUNDATEC) Aquele que pratica conduta de tráfico de drogas, descrita no caput
do artigo 33 da referida Lei, pode ter sua pena reduzida nos mesmos patamares propostos no Código
Penal para a minorante da tentativa, desde que seja primário, de bons antecedentes, não se dedique às
atividades criminosas nem integre organização criminosa. ( )
13) É constitucional a MP 936/2020, que autoriza a redução da jornada de trabalho e do salário ou a
suspensão temporária do contrato de trabalho por meio de acordos individuais em razão da pandemia
do covid-19, independentemente de anuência sindical. ( )
Gabarito
1. E 2. C 3. C 4. C 5. E 6. C 7. E 8. C 9. E 10. E 11. C 12. E 13. C
OUTRAS INFORMAÇÕES
ADI 3.577
RELATOR: MIN. DIAS TOFFOLI
Decisão: O Tribunal, por maioria, julgou prejudicada a ação direta quanto ao pedido de declaração de
inconstitucionalidade do § 1º do art. 4º da Medida Provisória 2192-70/2001 e julgou parcialmente procedente o pedido
formulado, para declarar a inconstitucionalidade tão somente do art. 29 e parágrafo único da Medida Provisória 2192-
70/2001, nos termos do voto do Relator, Ministro Dias Toffoli (Presidente), vencidos os Ministros Edson Fachin, Ricardo
Lewandowski e Rosa Weber, que julgavam, em maior extensão, procedente a ação direta, declarando a incompatibilidade
dos incisos I, II e IV do art. 2º da Lei 9.491/97 com a Constituição Federal. Afirmou suspeição o Ministro Roberto
Barroso. Não participou deste julgamento, por motivo de licença médica, o Ministro Celso de Mello. Plenário, Sessão
Virtual de 7.2.2020 a 13.2.2020.
EMENTA Ação direta de inconstitucionalidade. Parágrafo 1º do art. 4º da Medida Provisória nº 2192-70/2001.
Exaurimento da eficácia normativa. Prejudicialidade. Incisos I, II e IV do art. 2º da Lei nº 9.491/97. Programa Nacional
de Desestatização. Normas que designam as empresas que poderão ser desestatizadas. Ausência de necessidade de lei
específica para a autorização de desestatização. Inciso I do art. 3º da Medida Provisória nº 2192-70/2001. Preceito que
permite que a União adquira o controle de instituição financeira estadual exclusivamente com o objetivo de privatizá-la
ou extingui-la. Constitucionalidade. Artigo 29 e parágrafo único da MP nº 2192-70/2001. Norma que possibilita que os
depósitos judiciais efetuados em instituição financeira oficial submetida a processo de privatização sejam mantidos, até
regular levantamento, na própria instituição financeira privatizada ou na instituição financeira adquirente de seu controle
acionário. Ofensa ao art. 37, inciso XXI, e ao art. 164, § 3º, todos da Constituição Federal. Parcial procedência do pedido.
1. O § 1º do art. 4º da Medida Provisória nº 2.192-70/2001, que possibilita o depósito das disponibilidades de caixa do
Poder Público em instituição financeira submetida a processo de privatização ou na instituição financeira adquirente de
seu controle acionário, estabelece também uma limitação temporal a essa prática, qual seja, até o final do exercício de
2010, restando claro que o preceito em referência exauriu sua eficácia. Prejudicialidade da ação direta quanto a esse
preceito. 2. Não há necessidade de lei específica autorizando a desestatização de empresas, sendo suficiente a autorização
legal genérica. Sendo assim, são constitucionais os incisos I, II e IV do art. 2º da Lei nº 9.491/97, os quais designam, de
forma geral, as empresas que poderão ser desestatizadas. O inciso I do art. 3º da Medida Provisória nº 2.192-70/2001, por
sua vez, tão somente autoriza a transferência do controle acionário do banco estadual para a União, a qual poderá privatizá-
lo ou extingui-lo. 3. O art. 29, caput e parágrafo único, da Medida Provisória nº 2.192-70/2001 possibilita que os depósitos
judiciais outrora geridos por instituição financeira oficial sejam mantidos na instituição financeira privatizada ou na
instituição adquirente do controle acionário daquela, estabelecendo, com isso, generalização incompatível com art. 164,
§ 3º, da Constituição Federal, segundo o qual os depósitos públicos deverão ser mantidos preferencialmente em
instituições financeiras oficiais. O art. 29 da MP nº 2.192-70/2001 também instituiu um privilégio injustificado em favor
do banco privado que adquire a instituição financeira pública. Se o certame tinha como objeto tão somente o controle
acionário, a manutenção dos depósitos judiciais na instituição privatizada ou adquirente de controle acionário apresenta-
se como verdadeiro bônus em favor do banco privado que venceu a licitação, em ofensa ao princípio da isonomia e,
consequentemente, ao princípio da licitação. 4. Prejudicialidade parcial da ação direta, a qual, quanto à parte que se
conhece, é julgada parcialmente procedente.
ADI 2.917
RELATOR: MIN. GILMAR MENDES
Decisão: O Tribunal, por unanimidade, julgou procedente o pedido formulado na ação direta para declarar a
inconstitucionalidade do art. 91, inciso V, da Constituição do Estado de Pernambuco, nos termos do voto do Relator. Não
participou deste julgamento, por motivo de licença médica, o Ministro Celso de Mello. Plenário, Sessão Virtual de
20.3.2020 a 26.3.2020.
Ação direta de inconstitucionalidade. 2. Impugnação do inciso V do art. 91 da Constituição do Estado de Pernambuco. 3.
Hipótese de intervenção em município para além da taxatividade assegurada no art. 35 da Constituição da República.
Vulneração ao princípio da autonomia dos entes federados. Precedentes. 4. Ação direta de inconstitucionalidade
procedente.
ADI 3.029
RELATOR: MIN. GILMAR MENDES
Decisão: O Tribunal, por unanimidade, julgou procedente o pedido formulado na ação direta para declarar a
inconstitucionalidade das expressões “ou do Tribunal de Contas do Estado” e “ou pelo Tribunal de Contas do Estado”,
constantes do artigo 38, inciso I e § 1º, da Constituição do Estado do Amapá, nos termos do voto do Relator. Não
participou deste julgamento, por motivo de licença médica, o Ministro Celso de Mello. Plenário, Sessão Virtual de
20.3.2020 a 26.3.2020.
Ação direta de inconstitucionalidade. 2. Inconstitucionalidade das expressões “ou do Tribunal de Contas do Estado” e
“ou pelo Tribunal de Contas do Estado”, contidas no art. 38, inciso I, § 1º, da Constituição do Estado do Amapá. 3.
Atribuição de competência ao Tribunal de Contas do Estado para intervenção estadual em município. 4. Violação aos
artigos 34 e 36 da Constituição Federal. Precedentes: ADI 614 e ADI 2.631. 5. Ação direta de inconstitucionalidade
julgada procedente.
ADI 3.326
RELATORA: MIN. CÁRMEN LÚCIA
Decisão: O Tribunal, por unanimidade, julgou prejudicada a ação direta quanto ao inc. XVI do art. 8º da Lei n. 9.478/1997
e ao inc. II do § 1º do art. 1º da Lei n. 9.847/1999; e improcedente com relação ao caput do art. 8º da Lei n. 9.478/1997,
nos termos do voto da Relatora. O Ministro Gilmar Mendes acompanhou a Relatora com ressalvas. Não participou deste
julgamento, por motivo de licença médica, o Ministro Celso de Mello. Plenário, Sessão Virtual de 20.3.2020 a 26.3.2020.
EMENTA: AÇÃO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE. MEDIDA PROVISÓRIA N. 214/2004.
MODIFICAÇÃO DAS LEIS NS. 9.478/1997 E 9.847/1999. REGULAMENTAÇÃO DA INTRODUÇÃO DO
BIOCOMBUSTÍVEL NA MATRIZ ENERGÉTICA BRASILEIRA. ATRIBUIÇÃO À AGÊNCIA NACIONAL DO
PETRÓLEO DE COMPETÊNCIA REGULATÓRIA DOS COMBUSTÍVEIS RENOVÁVEIS. ATENDIMENTO AOS
PRESSUPOSTOS CONSTITUCIONAIS DE URGÊNCIA E RELEVÂNCIA. INEXISTÊNCIA DE
CONTRARIEDADE À EMENDA CONSTITUCIONAL N. 9/1995 E AO ART. 246 DA CONSTITUIÇÃO DA
REPÚBLICA. 1. Observados os pressupostos constitucionais de urgência e relevância na alteração do caput do art. 8º da
Lei n. 9.478/1997: atribuição à Agência Nacional do Petróleo da competência para regulação, contratação e fiscalização
da indústria dos combustíveis renováveis pela Medida Provisória n. 214/2004. 2. Ausência de afronta ao art. 3º da Emenda
Constitucional n. 9/1995 e ao art. 246 da Constituição da República: a Medida Provisória n. 214/2004 não regulamenta o
monopólio da União sobre as atividades econômicas relacionadas a petróleo, gás natural, outros hidrocarbonetos fluidos
e derivados. 3. Ação julgada prejudicada quanto ao inc. XVI do art. 8º da Lei n. 9.478/1997 e ao inc. II do § 1º do art. 1º
da Lei n. 9.847/1999 e improcedente com relação ao caput do art. 8º da Lei n. 9.478/1997.
ADI 3.723
RELATOR: MIN. GILMAR MENDES
Decisão: O Tribunal, por unanimidade, conheceu da ação direta e julgou procedente o pedido formulado para declarar a
inconstitucionalidade da Lei 9.366, de 27 de agosto de 1996, do Estado de São Paulo, nos termos do voto do Relator. Não
participou deste julgamento, por motivo de licença médica, o Ministro Celso de Mello. Plenário, Sessão Virtual de
20.3.2020 a 26.3.2020.
Ação direta de inconstitucionalidade. 2. Lei 9.366/1996 do Estado de São Paulo. Obrigatoriedade de microfilmagem de
documentos arquivados nos cartórios extrajudiciais. 3. Norma estadual que trata de registros públicos e de
responsabilidade civil dos notários e oficiais de registro. Ofensa à competência privativa da União para legislar sobre
registros públicos. 4. Ação direta de inconstitucionalidade julgada procedente.
ADI 4.480
RELATOR: MIN. GILMAR MENDES
Decisão: O Tribunal, por maioria, julgou parcialmente procedente o pedido formulado na ação direta para declarar a
inconstitucionalidade formal do art. 13, III, §1º, I e II, §§ 3º e 4º, I e II, §§ 5º, 6º e 7º; do art. 14, §§ 1º e 2º; do art. 18,
caput; e do art. 31 da Lei 12.101/2009, com a redação dada pela Lei 12.868/2013, e declarar a inconstitucionalidade
material do art. 32, § 1º, da Lei 12.101/2009, nos termos do voto do Relator, vencido parcialmente o Ministro Marco
Aurélio. Não participou deste julgamento, por motivo de licença médica, o Ministro Celso de Mello. Plenário, Sessão
Virtual de 20.3.2020 a 26.3.2020.
Ação direta de inconstitucionalidade. 2. Direito Tributário. 3. Artigos 1º; 13, parágrafos e incisos; 14, §§ 1º e 2º; 18, §§
1º, 2º e 3º; 29 e seus incisos; 30; 31 e 32, § 1º, da Lei 12.101/2009, com a nova redação dada pela Lei 12.868/2013, que
dispõe sobre a certificação das entidades beneficentes de assistência social e regula os procedimentos de isenção de
contribuições para a seguridade social. 4. Revogação do § 2º do art. 13 por legislação superveniente. Perda de objeto. 5.
Regulamentação do § 7º do artigo 195 da Constituição Federal. 6. Entidades beneficentes de assistência social. Modo de
atuação. Necessidade de lei complementar. Aspectos meramente procedimentais. Regramento por lei ordinária. 7.
Precedentes. ADIs 2.028, 2.036, 2.621 e 2.228, bem como o RE-RG 566.622 (tema 32 da repercussão geral). 8. Ação
direta de inconstitucionalidade parcialmente conhecida e, nessa parte, julgada parcialmente procedente para declarar a
inconstitucionalidade do art. 13, III, § 1º, I e II, § 3º, § 4º, I e II, e §§ 5º, 6º e 7º; art. 14, §§ 1º e 2º; art. 18, caput; art. 31;
e art. 32, § 1º, da Lei 12.101/2009, com a nova redação dada pela Lei 12.868/2013.
ADI 4.868
RELATOR: MIN. GILMAR MENDES
Decisão: O Tribunal, por maioria, julgou procedente o pedido formulado na ação direta para declarar inconstitucional a
expressão “do Distrito Federal”, constante do artigo 1º da Lei Distrital 3.361/2004, e aplicou o artigo 27 da Lei 9.868/99,
a fim de consignar que o presente juízo de inconstitucionalidade somente surtirá efeitos para os processos seletivos que
forem posteriores ao trânsito em julgado da presente decisão, nos termos do voto do Relator, vencido o Ministro Marco
Aurélio tão somente na questão da modulação de efeitos. Não participou deste julgamento, por motivo de licença médica,
o Ministro Celso de Mello. Plenário, Sessão Virtual de 20.3.2020 a 26.3.2020.
Ação direta de inconstitucionalidade. 2. Lei Distrital 3361/2004. Sistema de cotas para ingresso nas Universidades e
faculdades públicas do Distrito Federal. 3. Reserva de 40% das vagas para alunos que comprovem ter cursado
integralmente os ensinos fundamental e médio em escolas públicas do Distrito Federal. 4. Discriminação em razão da
origem. Critério espacial que não se justifica em razão da política de ação afirmativa que busca garantir igualdade de
oportunidade aos oriundos da escola pública. 5. Ação direta de inconstitucionalidade julgada procedente para declarar a
inconstitucionalidade da expressão “do Distrito Federal”, constante do artigo 1º da Lei Distrital 3.361/2004. Modulação
de efeitos.
ADI 5.493
RELATORA: MIN. CÁRMEN LÚCIA
Decisão: O Tribunal, por maioria, não conheceu da ação direta de inconstitucionalidade quanto à expressão “estiver
respondendo a processo administrativo” prevista na al. a do § 3º do art. 176 da Lei n. 7.990/2001 da Bahia e, na parte
conhecida, julgou improcedente o pedido, nos termos do voto da Relatora, vencido parcialmente o Ministro Gilmar
Mendes, que acompanhava a Relatora quanto ao conhecimento da ação e, no mérito, julgava parcialmente procedente o
pedido. Não participou deste julgamento, por motivo de licença médica, o Ministro Celso de Mello. Plenário, Sessão
Virtual de 20.3.2020 a 26.3.2020.
EMENTA: AÇÃO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE. CONSTITUCIONAL. AL. A DO § 3º DO ART. 176
DA LEI N. 7.990/2001 DA BAHIA. TRANSFERÊNCIA PARA A RESERVA REMUNERADA. CONDICIONANTES.
POLICIAIS MILITARES QUE ESTEJAM RESPONDENDO A PROCESSO CRIMINAL, PROCESSO CIVIL POR
ADI 6.195
RELATOR: MIN. ALEXANDRE DE MORAES
Decisão: O Tribunal, por unanimidade, julgou improcedente o pedido formulado na ação direta, declarando a
constitucionalidade da Lei 19.128/2017 do Estado do Paraná, nos termos do voto do Relator. Não participou deste
julgamento, por motivo de licença médica, o Ministro Celso de Mello. Plenário, Sessão Virtual de 20.3.2020 a 26.3.2020.
EMENTA: CONSTITUCIONAL. FEDERALISMO E RESPEITO ÀS REGRAS DE DISTRIBUIÇÃO DE
COMPETÊNCIA. UNIÃO AUTORIZADA A EDITAR NORMAS GERAIS. ART. 13-A, II, DO ESTATUTO DO
TORCEDOR. INEXISTÊNCIA DE PROIBIÇÃO GERAL E ABSOLUTA. COMPETÊNCIA CONCORRENTE
COMPLEMENTAR DOS ESTADOS (CF, ART. 24, §§ 1º A 4º). LEI 19.128/2017 DO PARANÁ. RAZOABILIDADE
NA COMERCIALIZAÇÃO E CONSUMO DE CERVEJA E CHOPE EM ARENAS DESPORTIVAS E ESTÁDIOS,
EM DIAS DE JOGO. IDÊNTICO PERMISSIVO NOS GRANDES EVENTOS MUNDIAIS – COPA DO MUNDO DE
FUTEBOL DA FIFA E OLIMPÍADAS. DIREITO DO CONSUMIDOR (CF, ART. 24, V). IMPROCEDÊNCIA. 1. As
regras de distribuição de competências legislativas são alicerces do federalismo e consagram a fórmula de divisão de
centros de poder em um Estado de Direito. Princípio da predominância do interesse. A Constituição Federal de 1988,
presumindo, de forma absoluta para algumas matérias, a presença do princípio da predominância do interesse, estabeleceu,
a priori, diversas competências para cada um dos entes federativos – União, Estados-Membros, Distrito Federal e
Municípios – e, a partir dessas opções, pode ora acentuar maior centralização de poder, principalmente na própria União
(CF, art. 22), ora permitir uma maior descentralização nos Estados-Membros e nos Municípios (CF, arts. 24 e 30, inciso
I). 2. Competência concorrente para a matéria (CF, art. 24). O inciso II do art. 13-A da Lei Federal 10.671/2003 estabelece
condições gerais de acesso e permanência do torcedor em recintos esportivos, entre as quais a de não portar bebidas
proibidas ou suscetíveis de gerar ou possibilitar a prática de atos de violência, não particularizando, entretanto, quais
seriam essas bebidas. Inexistência de vedação geral e absoluta. Possibilidade de o legislador estadual, no exercício de sua
competência concorrente complementar, e observadas as especificidades locais, regulamentar a matéria. 3. Respeito à
razoabilidade e proporcionalidade na regulamentação estadual. Permissão somente de bebidas de baixo teor alcoólico
(cerveja e chope), igualmente autorizadas nos grandes eventos mundiais de futebol e outros esportes, inclusive na Copa
do mundo organizada pela FIFA e nas Olimpíadas. 4. A permissão veiculada pela legislação impugnada não envolve um
risco social maior do que aquele decorrente da proibição, pois a ausência da comercialização de bebidas de menor teor
alcoólico dentro dos estádios acaba gerando o consumo de todos os tipos de bebidas – inclusive aquelas com elevado teor
alcoólico – nas imediações dos eventos esportivos. 5. A Lei Estadual 19.128/2017, ao dispor sobre a comercialização e o
consumo de cerveja e chope em arenas desportivas e estádios de futebol, traduziu normatização direcionada ao torcedor-
espectador, equiparado pelo § 3º do art. 42 da Lei Federal 9.615/1998, para todos os efeitos legais, ao consumidor, sujeito
de direitos definido na Lei Federal 8.078/1990. 6. Entendimento recente desta SUPREMA CORTE no sentido de conferir
uma maior ênfase na competência legislativa concorrente dos Estados quando o assunto gira em torno dos direitos do
consumidor. Cite-se, por exemplo: ADI 4.306, Rel. Min. EDSON FACHIN, Tribunal Pleno, DJe de 18/2/2020; ADPF
109, Rel. Min. EDSON FACHIN, Tribunal Pleno, DJe de 1º/2/2019; ADI 5.745, Rel. Min. ALEXANDRE DE MORAES,
Red. p/ acórdão: Min. EDSON FACHIN, julgado em 7/2/2019; e ADI 5.462, Rel. Min. ALEXANDRE DE MORAES,
Tribunal Pleno, DJe de 29/10/2018. 7. O Plenário do SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL, por unanimidade, reconheceu
competência concorrente aos Estados-membros para legislar sobre a matéria, bem como a constitucionalidade de lei
estadual autorizativa da comercialização e consumo de bebidas não destiladas com teor alcoólico inferior a 14% em
estádios de futebol, em dias de jogo (ADI 6.193, Rel. Min. ALEXANDRE DE MORAES, Sessão Virtual de 28/02/2020
a 05/03/2020). 8. Ação Direta de Inconstitucionalidade julgada improcedente.
ADI 6.031
RELATORA: MIN. CÁRMEN LÚCIA
Decisão: O Tribunal, por maioria, converteu o julgamento da medida cautelar em julgamento definitivo de mérito,
conheceu da ação direta e, no mérito, julgou improcedente o pedido, para declarar constitucional o art. 8º da Lei n.
10.209/2001, nos termos do voto da Relatora, vencido o Ministro Gilmar Mendes. Não participou deste julgamento, por
motivo de licença médica, o Ministro Celso de Mello. Plenário, Sessão Virtual de 20.3.2020 a 26.3.2020.
EMENTA: AÇÃO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE. REQUERIMENTO DE MEDIDA CAUTELAR. ART.
8º DA LEI N. 10.209/2001. PAGAMENTO ANTECIPADO DE VALE-PEDÁGIO NA CONTRATAÇÃO DE
SERVIÇOS DE TRANSPORTE RODOVIÁRIO DE CARGAS. INDENIZAÇÃO AO TRANSPORTADOR, EM CASO
DE DESCUMPRIMENTO DA OBRIGAÇÃO PELO CONTRATANTE, EM VALOR VINCULADO AO FRETE
CONTRATADO. ALEGADA OFENSA AO ART. 1º E AO INC. LIV DO ART. 5º DA CONSTITUIÇÃO DA
REPÚBLICA. LEGITIMIDADE ATIVA AD CAUSAM. LIMITES DE INCIDÊNCIA DO PRINCÍPIO DA
PROPORCIONALIDADE COMO PARÂMETRO CONSTITUCIONAL DE CONTROLE DE
CONSTITUCIONALIDADE. NECESSIDADE DE COMPROVAÇÃO DE ABUSO LEGISLATIVO. PRECEDENTES.
INDENIZAÇÃO LEGAL QUE NÃO SE DEMONSTRA DESARRAZOADA. AÇÃO DIRETA DE
INCONSTITUCIONALIDADE JULGADA IMPROCEDENTE. 1. Proposta de conversão de julgamento de medida
cautelar em julgamento definitivo de mérito: não complexidade da questão de direito e instrução dos autos. Precedentes.
2. Legitimidade ativa ad causam da Confederação Nacional das Indústrias – CNI: existência de pertinência temática entre
os objetivos institucionais e o conteúdo material do texto normativo impugnado. Precedentes. 3. A atividade legislativa
sujeita-se à estrita observância de diretriz fundamental pela qual, havendo suporte teórico no princípio da
proporcionalidade, vedam-se os excessos normativos e as prescrições irrazoáveis do Poder Público. Precedentes. 4.
Indenização, no caso de descumprimento pelo embarcador de antecipação do vale-pedágio ao transportador, em quantia
equivalente a duas vezes o valor do frete, que não se revela arbitrária ou irrazoável. 5. Ação direta de inconstitucionalidade
julgada improcedente para declarar constitucional o art. 8º da Lei n. 10.209/2001.
AG.REG. NA SS 5.257
RELATOR: MINISTRO PRESIDENTE
Decisão: O Tribunal, por maioria, negou provimento ao agravo regimental, nos termos do voto do Relator, Ministro Dias
Toffoli (Presidente), vencido o Ministro Marco Aurélio. Não participou deste julgamento, por motivo de licença médica,
o Ministro Celso de Mello. Plenário, Sessão Virtual de 20.3.2020 a 26.3.2020.
EMENTA Agravo regimental em suspensão de segurança. Direito de as sociedades empresárias substituídas pela FIESP
e pelo CIESP permanecerem no regime de contribuição previdenciária sobre a receita bruta (Lei nº 12.546/2011) no
exercício financeiro de 2018. Risco à economia pública. Efeito multiplicador. Ajuste orçamentário implementado, dentre
outras medidas, pela Lei nº 13.670/2018. Agravo regimental ao qual se nega provimento. 1. Contracautela deferida para
determinar que eventual direito pecuniário das sociedades empresárias substituídas pela FIESP e pelo CIESP nos autos
do MS nº 5013279-49.2018.4.03.6100 aguarde o trânsito em julgado da demanda para ser usufruído, a fim de resguardar
a ordem econômica visada com o ajuste no orçamento de 2018 implementado, dentre outras medidas, pela Lei nº
13.670/2018, a qual foi promulgada após o veto presidencial (CF/88, art. 66, § 1º) às emendas parlamentares que
acrescentaram 22 (vinte e dois) setores econômicos aos 6 (seis) setores que inicialmente permaneceriam submetidos à
política de Contribuição Previdenciária sobre Receita Bruta (CPRB), veto esse mantido pelo Congresso Nacional em
sessão conjunta de 26/6/2018 (CF/88, art. 66, § 4º). 2. Agravo regimental não provido.
AG.REG. NA SS 5.287
RELATOR: MINISTRO PRESIDENTE
Decisão: O Tribunal, por maioria, negou provimento ao agravo regimental, nos termos do voto do Relator, Ministro Dias
Toffoli (Presidente), vencido o Ministro Marco Aurélio. Não participou deste julgamento, por motivo de licença médica,
o Ministro Celso de Mello. Plenário, Sessão Virtual de 20.3.2020 a 26.3.2020.
EMENTA Agravo regimental em suspensão de segurança. Parcelamento da retribuição pecuniária paga a servidor público
inativo e a pensionista do poder público. Agravamento da crise econômica pela qual passam os diversos entes da
Federação. Exaustão orçamentária estadual. Risco de grave lesão à ordem e à economia públicas evidenciado. Agravo
regimental ao qual se nega provimento.
ICMS-ST em suas operações sem o repasse do respectivo numerário retido. Débito de R$ 3,6 bilhões. Risco à
programação orçamentária aprovada pelo Poder Legislativo e à gestão de recursos públicos pelo Poder Executivo. Agravo
regimental ao qual se nega provimento. 1. Na decisão contra a qual foi interposto o agravo regimental, se constatou que
i) entre os meses de dezembro de 2018 e setembro de 2019, enquanto tramitou a presente suspensão de tutela provisória,
a Refinaria de Petróleo de Manguinhos S/A deixou de recolher aos cofres da Fazenda Pública do Estado de São Paulo
mais de R$ 700.000.000,00 (setecentos milhões de reais) de ICMS-ST; ii) esse valor , somado ao débito de cerca de R$
2,7 bilhões (dois bilhões e setecentos milhões de reais) constituído anteriormente, interfere na programação orçamentária
aprovada pelo Poder Legislativo do Estado de São Paulo, bem como impacta a gestão de recursos públicos pelo Poder
Executivo e a prestação de serviços públicos à sociedade. 2. É plausível a alegação da Fazenda Pública paulista de que a
providência adotada em face da Refinaria de Petróleo de Manguinhos S/A, com fundamento no § 3º do art. 262 do
Regulamento do Imposto sobre a Circulação de Mercadorias do Estado de São Paulo, não viola a Constituição Federal de
1988, por não constituir expediente sancionatório obstativo da atividade profissional ou empresarial do contribuinte. 3.
Agravo regimental não provido.
INOVAÇÕES LEGISLATIVAS
6 A 17 DE ABRIL DE 2020
Lei nº 13.985, de 7.4.2020 - Institui pensão especial destinada a crianças com Síndrome Congênita do Zika Vírus, nascidas
entre 1º de janeiro de 2015 e 31 de dezembro de 2019, beneficiárias do Benefício de Prestação Continuada (BPC).
Publicado no DOU em 07.04.2020, Seção 1-Extra, Edição 67-B, p. 1.
Lei nº 13.987, de 7.4.2020 - Altera a Lei nº 11.947, de 16 de junho de 2009, para autorizar, em caráter excepcional, durante o
período de suspensão das aulas em razão de situação de emergência ou calamidade pública, a distribuição de gêneros
alimentícios adquiridos com recursos do Programa Nacional de Alimentação Escolar (Pnae) aos pais ou responsáveis dos
estudantes das escolas públicas de educação básica. Publicado no DOU em 07.04.2020, Seção 1-Extra, Edição 67-B, p. 9.
Medida Provisória nº 948, de 8.4.2020 - Dispõe sobre o cancelamento de serviços, de reservas e de eventos dos setores
de turismo e cultura em razão do estado de calamidade pública reconhecido pelo Decreto Legislativo nº 6, de 20 de março
de 2020, e da emergência de saúde pública de importância internacional decorrente do coronavírus (covid-19). Publicado
no DOU em 08.04.2020, Seção 1-Extra, Edição 68-A, p. 1.
Medida Provisória nº 950, de 8.4.2020 - Dispõe sobre medidas temporárias emergenciais destinadas ao setor elétrico para
enfrentamento do estado de calamidade pública reconhecido pelo Decreto Legislativo nº 6, de 20 de março de 2020, e da
emergência de saúde pública de importância internacional decorrente da pandemia de coronavírus (covid-19). Publicado
no DOU em 08.04.2020, Seção 1-Extra, Edição 68-B, p. 1.
Lei nº 13.988, de 14.4.2020 - Dispõe sobre a transação nas hipóteses que especifica; e altera as Leis n os 13.464, de 10 de
julho de 2017, e 10.522, de 19 de julho de 2002. Publicado no DOU em 14.04.2020, Seção 1-Extra, Edição 71-A, p. 1.
Lei nº 13.989, de 15.4.2020 - Dispõe sobre o uso da telemedicina durante a crise causada pelo coronavírus (SARS-CoV-
2). Publicado no DOU em 16.04.2020, Seção 1, Edição 73, p. 1.
Medida Provisória nº 954, de 17.4.2020 - Dispõe sobre o compartilhamento de dados por empresas de telecomunicações
prestadoras de Serviço Telefônico Fixo Comutado e de Serviço Móvel Pessoal com a Fundação Instituto Brasileiro de
Geografia e Estatística, para fins de suporte à produção estatística oficial durante a situação de emergência de saúde
pública de importância internacional decorrente do coronavírus (covid-19), de que trata a Lei nº 13.979, de 6 de fevereiro
de 2020. Publicado no DOU em 17.04.2020, Seção 1-Extra, Edição 74-C, p. 1.
OUTRAS INFORMAÇÕES
6 A 17 DE ABRIL DE 2020
Decreto nº 10.316, de 7.4.2020 - Regulamenta a Lei nº 13.982, de 2 de abril de 2020, que estabelece medidas excepcionais
de proteção social a serem adotadas durante o período de enfrentamento da emergência de saúde pública de importância
internacional decorrente do coronavírus (covid-19). Publicado no 07.04.2020, Seção 1-Extra, Seção 67-B, p. 10.
Decreto nº 10.318, de 9.4.2020 - Reduz temporariamente as alíquotas da Contribuição para o PIS/Pasep e da Contribuição
para o Financiamento da Seguridade Social - Cofins incidentes sobre os produtos que menciona. Publicado no DOU em
09.04.2020, Seção 1-Extra, Edição 69-B, p. 1.
Supremo Tribunal Federal – STF
Secretaria de Documentação
Coordenadoria de Divulgação de Jurisprudência
cdju@stf.jus.br