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01/06/2019

Licenciatura em Línguas Aplicadas

Direito Administrativo
Elemento de Apoio ao Estudo
2018-2019

Administração Pública
vs.
Administração Privada

•Elementos de distinção:
•Objeto
•Fim
•Meios

“Necessidades Coletivas”
vs.
“Necessidades Públicas”
• Todas as necessidades públicas são
colectivas…mas nem todas as necessidades
colectivas são públicas.
• Há necessidades individuais que se tornaram
necessidades públicas…
• É a lei que decide quando uma necessidade
coletiva deve, ou não deve, ser pública…
• Importância da função política…

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O “Estado”
• Três acepções:
A. Internacional
B. Constitucional
C. Administrativa
• Três elementos:
1. Povo
2. Território
3. Poder político soberano

Noção de Administração Pública


• Sentido orgânico ou subjectivo:
• “Sistema de órgãos, serviços e agentes do Estado,
bem como das demais pessoas coletivas públicas,
e de algumas entidades privadas, que asseguram
em nome da coletividade a satisfação regular e
contínua das necessidades coletivas de segurança,
cultura e bem-estar” (v. AMARAL, DF, id., ibid.)
• Por função administrativa entende-se o
exercício da actividade de satisfação de
necessidades públicas (sentido funcional).

• Logo, a noção de Administração


Pública é mais ampla do que o
conceito de Estado
• “a comunidade constituída por um povo
que, a fim de realizar os seus ideais de
segurança, justiça e bem-estar, se
assenhoreia de um território e nele
institui, por autoridade própria, o poder
de dirigir os destinos nacionais e de
impor as normas necessárias à vida
coletiva”. (v. AMARAL, DF, id., ibid.)

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Noção de Administração Pública (cont.)


• Sentido material ou objectivo:
• “Actividade típica dos organismos e
indivíduos que, sob a direcção ou
fiscalização do poder político,
desempenham em nome da colectividade a
tarefa de prover a satisfação regular e
contínua das necessidades colectivas de
segurança, cultura e bem-estar económico
e social, nos termos estabelecidos pela
legislação aplicável e sob o controlo dos
tribunais competentes”. (v. AMARAL, DF, id., ibid.)

Noção de Administração Pública (cont.)


• NB: Nem toda a actividade desenvolvida
pelas entidades que integram a AP
configura o exercício da função
administrativa….nem a função
administrativa é exclusivamente exercida
pelas entidades que integram a AP…

Sistemas de Administração
Sistema de administração
judiciária
Vs.
Sistema de administração
executiva

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• Sistema da administração
Portuguesa:
a) Sujeição a direito especial
b) Privilégio da execução prévia
c) Aprovação de regulamentos
externos
d) Hierarquização
e) Responsabilidade
f) Tribunais Administrativos e
Fiscais

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•Regulamentos  atos normativos


emitidos por órgãos administrativos
no exercício da função
administrativa.
• Objetivo  desenvolver, executar ou
concretizar atos legislativos
anteriores; ou introduzir disciplinas
normativas inovatórias.
(“regulamentos independentes”).
• NB: conceito a desenvolver em aulas
futuras.

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CRP
Título IX – Administração Pública

Artigo 267.º
(Estrutura da Administração)
1. A Administração Pública será estruturada de modo a evitar a burocratização, a aproximar os
serviços das populações e a assegurar a participação dos interessados na sua gestão efectiva,
designadamente por intermédio de associações públicas, organizações de moradores e outras formas
de representação democrática.
2. Para efeito do disposto no número anterior, a lei estabelecerá adequadas formas de
descentralização e desconcentração administrativas, sem prejuízo da necessária eficácia e unidade
de acção da Administração e dos poderes de direcção, superintendência e tutela dos órgãos
competentes. [v. artigo 199.º al. d)]
3. A lei pode criar entidades administrativas independentes.
4. As associações públicas só podem ser constituídas para a satisfação de necessidades específicas,
não podem exercer funções próprias das associações sindicais e têm organização interna baseada no
respeito dos direitos dos seus membros e na formação democrática dos seus órgãos.
5. O processamento da actividade administrativa será objecto de lei especial, que assegurará a
racionalização dos meios a utilizar pelos serviços e a participação dos cidadãos na formação das
decisões ou deliberações que lhes disserem respeito.
6. As entidades privadas que exerçam poderes públicos podem ser sujeitas, nos termos da lei, a
fiscalização administrativa.

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Princípios da organização administrativa previstos na CRP

[Art. 267.º, n.ºs 1 e 2, da CRP]


1) Princípio da desburocratização;
2) Princípio da aproximação dos serviços às
populações;
3) Princípio da participação dos interessados
na gestão da Administração Pública (v. art.
11.º e art. 12.º, ambos do CPA);
4) Princípio da descentralização;
5) Princípio da desconcentração.

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Princípios Constitucionais da organização administrativa portuguesa

1. Princípio da desburocratização:
• Objetivo  AP deve ser organizada de uma forma
célere e eficiente, facilitando assim a vida dos
administrados.
• Exigência  AP deve renovar as suas estruturas e o
seu método de funcionamento de modo a alcançar
(mais eficazmente) os seus fins.
2. Princípio da aproximação dos serviços às
populações:
• Objetivo  necessidade da AP ser estruturada de
forma a que haja proximidade geográfica das
populações + aproximação psicológica e humana
(contacto com as populações).
• NB: integração dos serviços nas pessoas coletivas
públicas de menor âmbito territorial.

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Princípios Constitucionais da organização administrativa portuguesa

3. Princípio da participação dos interessados


na gestão da Administração Pública:
• Objetivo  intervenção dos cidadãos não
deve limitar-se ao ato eleitoral. Deve
abranger o quotidiano da administração,
nomeadamente, participação na tomada de
decisões.
• Exigência  esquemas estruturais e
funcionais de participação da população.
• Estruturalmente: existência de órgãos que
permitam participação dos particulares (ex.:
CES)
• Funcionalmente: v. art. 11.º e art. 12.º, ambos
do CPA.

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CRP
Artigo 267.º
Estrutura da Administração
1. A Administração Pública será estruturada de modo a evitar a
burocratização, a aproximar os serviços das populações e a
assegurar a participação dos interessados na sua gestão efectiva,
designadamente por intermédio de associações públicas,
organizações de moradores e outras formas de representação
democrática.

2. Para efeito do disposto no número anterior, a lei estabelecerá


adequadas formas de descentralização e desconcentração
administrativas, sem prejuízo da necessária eficácia e unidade
de acção da Administração e dos poderes de direcção,
superintendência e tutela dos órgãos competentes.
[…]

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Princípios da organização administrativa previstos na CRP


i. Princípio da descentralização:
• Orientação contrária à adopção de políticas
centralizadoras.
• Respeita à divisão de atribuições entre pessoas
colectivas (limites: poderes de tutela e
superintendência, v. art. 267.º/2 CRP).
• Ex.: transferência de atribuições para os Municípios.
• Vantagens
• Maior eficiência e celeridade em abstrato;
• Maior democraticidade, proximidade aos problemas;
• Especialização administrativa;
• Limitação do poder público através da sua repartição.
• Desvantagens
• Proliferação de centros de decisão, de patrimónios
autónomos e de exigências de gestão financeira;
• Alargamento do número de servidores públicos.

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Princípios da organização administrativa previstos na CRP


i. Princípio da descentralização:
• A descentralização pode ser:
• Territorial;
• Institucional; e,
• Associativa.
• A 1ª dá origem à existência de autarquias locais, a institucional dá
origem às empresas públicas e a associativa dá origem às
associações públicas.
• Ideia-chave: a prossecução do interesse público não
estar somente a cargo do Estado, mas também de
outras pessoas coletivas públicas.
• EX.: autarquias locais  descentralização de base territorial
• A CRP garante a sua existência e as suas atribuições;
• As autarquias locais dispõem de um órgão de um órgão colegial
eleito;
• O Estado apenas exerce sobre os órgão autárquicos tutela
administrativa e de legalidade.
• NB: Descentralização administrativa de base não
territorial (ou devolução de poderes)

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Princípios da organização administrativa previstos na CRP


ii. Princípio da desconcentração:
• Respeita à repartição de competências por órgãos
de cada pessoa colectiva.
• Desconcentração legal vs. Desconcentração sob
forma de delegação de poderes.
• Vantangens
• Maior eficiência, celeridade e qualidade na
satisfação das necessidades colectivas.
• Desvantagens
• Riscos de multiplicação de centros decisórios reais
ou aparentes de competência.
• A Constituição limita a desconcentração através do
poder de direcção, enquanto expressão do princípio
da unidade da acção administrativa (v. art. 267.º/2
CRP).
• NB: Não são princípios absolutos (v. art.
267.º, n.º 2, CRP)

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CRP
Artigo 267.º
Estrutura da Administração
1. A Administração Pública será estruturada de modo a evitar a
burocratização, a aproximar os serviços das populações e a
assegurar a participação dos interessados na sua gestão efectiva,
designadamente por intermédio de associações públicas,
organizações de moradores e outras formas de representação
democrática.

2. Para efeito do disposto no número anterior, a lei estabelecerá


adequadas formas de descentralização e desconcentração
administrativas, sem prejuízo da necessária eficácia e unidade
de acção da Administração e dos poderes de direcção,
superintendência e tutela dos órgãos competentes.
[…]

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Artigo 268.º
(Direitos e garantias dos administrados)

1. Os cidadãos têm o direito de ser informados pela Administração, sempre que o


requeiram, sobre o andamento dos processos em que sejam directamente
interessados, bem como o de conhecer as resoluções definitivas que sobre eles
forem tomadas.
2. Os cidadãos têm também o direito de acesso aos arquivos e registos
administrativos, sem prejuízo do disposto na lei em matérias relativas à segurança
interna e externa, à investigação criminal e à intimidade das pessoas.
3. Os actos administrativos estão sujeitos a notificação aos interessados, na forma
prevista na lei, e carecem de fundamentação expressa e acessível quando afectem
direitos ou interesses legalmente protegidos.
4. É garantido aos administrados tutela jurisdicional efectiva dos seus direitos ou
interesses legalmente protegidos, incluindo, nomeadamente, o reconhecimento
desses direitos ou interesses, a impugnação de quaisquer actos administrativos que
os lesem, independentemente da sua forma, a determinação da prática de actos
administrativos legalmente devidos e a adopção de medidas cautelares adequadas.
5. Os cidadãos têm igualmente direito de impugnar as normas administrativas com
eficácia externa lesivas dos seus direitos ou interesses legalmente protegidos.
6. Para efeitos dos n.ºs 1 e 2, a lei fixará um prazo máximo de resposta por parte da
Administração.

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Artigo 269.º
(Regime da função pública)

1. No exercício das suas funções, os trabalhadores da Administração


Pública e demais agentes do Estado e outras entidades públicas estão
exclusivamente ao serviço do interesse público, tal como é definido,
nos termos da lei, pelos órgãos competentes da Administração.
2. Os trabalhadores da Administração Pública e demais agentes do
Estado e outras entidades públicas não podem ser prejudicados ou
beneficiados em virtude do exercício de quaisquer direitos políticos
previstos na Constituição, nomeadamente por opção partidária.
3. Em processo disciplinar são garantidas ao arguido a sua audiência e
defesa.
4. Não é permitida a acumulação de empregos ou cargos públicos, salvo
nos casos expressamente admitidos por lei.
5. A lei determina as incompatibilidades entre o exercício de empregos
ou cargos públicos e o de outras actividades.

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Artigo 270.º
(Restrições ao exercício de direitos)

A lei pode estabelecer, na estrita medida das exigências


próprias das respectivas funções, restrições ao exercício
dos direitos de expressão, reunião, manifestação,
associação e petição colectiva e à capacidade eleitoral
passiva por militares e agentes militarizados dos quadros
permanentes em serviço efectivo, bem como por agentes
dos serviços e das forças de segurança e, no caso destas, a
não admissão do direito à greve, mesmo quando
reconhecido o direito de associação sindical.

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Artigo 271.º
(Responsabilidade dos funcionários e agentes)

1. Os funcionários e agentes do Estado e das demais entidades públicas


são responsáveis civil, criminal e disciplinarmente pelas acções ou
omissões praticadas no exercício das suas funções e por causa desse
exercício de que resulte violação dos direitos ou interesses legalmente
protegidos dos cidadãos, não dependendo a acção ou procedimento,
em qualquer fase, de autorização hierárquica.
2. É excluída a responsabilidade do funcionário ou agente que actue no
cumprimento de ordens ou instruções emanadas de legítimo superior
hierárquico e em matéria de serviço, se previamente delas tiver
reclamado ou tiver exigido a sua transmissão ou confirmação por
escrito.
3. Cessa o dever de obediência sempre que o cumprimento das ordens
ou instruções implique a prática de qualquer crime.
4. A lei regula os termos em que o Estado e as demais entidades
públicas têm direito de regresso contra os titulares dos seus órgãos,
funcionários e agentes.

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Algumas ideias…
• O regime político é democrático e os órgãos com poder
político exercem-no em nome do povo;
• Poder soberano é interpretado pelos órgãos de soberania:
PR, AR, Governo, Tribunais;
• Órgãos de soberania regem-se pelo princípio da separação
funcional de poderes e da interdependência institucional.
• Ideia-chave  os órgãos de soberania são órgãos
funcionalmente separados e institucionalmente
interdependentes.
• Controlos primários (actos relacionados com a existência e
permanência do órgão controlado – nomeação, demissão
dissolução) vs. secundários (actos praticados pelo órgão
controlado – promulgação, veto, referenda)

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2. As funções do Estado

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2. As funções do Estado

•“Função” ?
•Fim, tarefa ou incumbência
•Atividade
•Que “tipos de atividades”?
•Função política
• Função legislativa
• Função governativa
•Função administrativa
•Função jurisdicional

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2. As funções do Estado

• Função política  função primária


• Função legislativa  emissão de atos
normativos
• Função governativa (ou função política em
sentido estrito)  prática de atos não
normativos
• NB: configuração da função política na
CRP  partilha da função governativa.
• EX. 1: processo de constituição do Governo
• EX. 2: demissão do Governo
• NB: Governo responde politicamente perante
o PR e a AR (v. art. 190.º da CRP).

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2. As funções do Estado

•Função política  função


primária
•Função legislativa  emissão de
atos normativos
• AR = órgão legislativo por
excelência
• Repartição entre outros órgãos de
soberania
• AR (arts. 164.º e 165.º da CRP);
• Governo (art. 198.º da CRP); e
• ALRs (arts. 227.º e 228.º da CRP).

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2. As funções do Estado

•Função política  função


primária
•Função governativa (ou função
política em sentido estrito) 
prática de atos não
normativos
•Papel de outros órgãos
previstos na CRP (Conselho de
Estado)

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2. As funções do Estado

•Função administrativa
•atividade contínua de satisfação
das necessidades públicas
definidas previamente pela lei –
ex.: defesa nacional, educação,
saneamento básico ( função
política).
•Pertença do poder
administrativo?

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2. As funções do Estado

• Função jurisdicional
• Resolução de litígios…
• V. art. 202.º da CRP.
• Função administrativa + função
jurisdicional = funções secundárias
• Porque são exercidas de acordo com as
normas jurídicas definidas pela função
política.
• Aspetos comuns?
• Subordinação à lei (v. art. 266.º/2 CRP e o
art. 203.º, 2ª parte da CRP).

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2. As funções do Estado

• Função administrativa + função


jurisdicional = funções secundárias
• Diferenças?
• Função administrativa  é prospetiva.
• Função jurisdicional  é retrospetiva; visa
resolver questões de Direito; hierarquia
(?)
• NB: resolução de questões de Direito pela AP.
• Diluição de fronteiras (?)
• O papel do MP (varts. 219.º/4 e
220.º/1 CRP)
• A natureza jurídica do TC (v. art.
209.º/1 CRP)

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3. O princípio da
separação de poderes

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3. Princípio da separação de poderes

• Princípio da separação de poderes


• Dimensão negativa  de controlo recíproco de
poderes (“checks and balances”)
• Dimensão positiva  atribuição a cada órgão do
poder ou da função para cujo o exercício o
mesmo esteja orgânica e procedimentalmente
mais habilitado
• Artigo 111.º CRP
• Ex.: Entrada em vigor de uma lei da AR:
1) Aprovação (art. 161.º/c da CRP)
2) Promulgação pelo PR (arts. 134.º/b e 136.º da CRP)
e
3) Referenda ministerial (art. 140.º da CRP) da
responsabilidade do Governo.

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Princípio da separação de poderes

• Princípio da separação de poderes


• Ideia-chave: dupla dimensão
• Horizontal  distribuição de poderes entre órgãos supremos do
Estado (especialização de funções).
• Vertical  a divisão de competências entre entidades públicas
de níveis territoriais diversos.

• Desconcentração, descentralização e
devolução…
• Desconcentração  atribuição de poderes a órgãos
do Estado de níveis hierárquicos ou territoriais
inferiores.
• Descentralização  criação de pessoas coletivas
públicas distintas do Estado (interesses diferentes).
• Devolução  criação de pessoas coletivas públicas
pelo Estado para prosseguir interesses estatais.

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Princípio da separação de poderes


• Órgãos de soberania…? (v. art. 110.º da CRP)
• Fins primários do Estado…? (v. arts. 9.º a 81.º da
CRP)
• Desconcentração do Estado Português…
• Órgãos centrais…
• Órgãos locais ou periféricos…
• Devolução de poderes…
• PCPs que partilham os objetivos (as atribuições) do Estado
• Descentralização no Estado Português…
• Regiões autónomas e Autarquias Locais (freguesias,
municípios e, eventualmente, regiões administrativas)
[descentralização político-administrativa; PCPs de base
territorial – v. arts. 227.º, 237.º/1, 241.º CRP] e de outras
PCPs (como as ordens profissionais) [descentralização
administrativa; PCPs de tipo associativo].

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A estrutura orgânica da Administração Pública

• Conceito-chave: “Pessoa coletiva pública”


• “Pessoas colectivas criadas por iniciativa
pública, para assegurar a prossecução
necessária de interesses públicos e, por isso,
dotadas, em nome próprio, de poderes ou
deveres públicos” (Freitas do Amaral  critério
da capacidade, fim e capacidade jurídica).
• “[…] são pessoas coletivas públicas aquelas que
tenham sido criadas pelo Estado ou por outro
ente público primário (ou seja, uma coletividade
territorial) e que detenham o predicado
fundamental das entidades públicas que é a
posse de prerrogativas de direito público, isto é,
exorbitantes do direito privado.” (Cf. MOREIRA,
V. apud OLIVEIRA, FP, op. cit., p. 56).

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A estrutura orgânica da Administração Pública

•Por conseguinte, são pessoas


colectivas públicas:
• Estado;
• Institutos Públicos;
• Entidades Públicas Empresariais;
• Associações Públicas;
• Autarquias Locais;
• Regiões Autónomas;
• Entidades Administrativas
Independentes.

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A estrutura orgânica da Administração Pública


• Regime jurídico das pessoas colectivas de
direito público – ideias gerais:
a) A sua criação e extinção é de iniciativa
pública;
b) Têm capacidade de direito privado e
património privado, podendo prosseguir
actividades de gestão privada;
c) Têm capacidade de direito público detendo
poderes (de autoridade) e deveres
públicos;
d) Detêm capacidade administrativa e
financeira;
e) Estão sujeitas a controlo por parte do
Tribunal de Contas e à jurisdição dos
Tribunais Administrativos.

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A estrutura orgânica da Administração Pública


• Conceito-chave: órgãos (art. 20.º CPA)
• “Figuras organizatórias dotadas de poderes
que lhes permitem preparar, expressar ou
controlar as manifestações de vontade da
pessoa colectiva pública” (F.P. Oliveira)
• Tipos de órgãos:
• Órgãos singulares; ou, colegiais (cf. arts. 21.º a
35.º CPA);
• Órgãos centrais e locais (competência sobre
todo o território, ou, limitada a circunscrição
administrativa);
• Órgãos permanentes; ou, temporários (órgãos
ad hoc, i.e., para tarefa específica);
• Órgãos activos, consultivos e de controlo.
• Decidir/executar; emitir pareceres; fiscalizar.

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A estrutura orgânica da Administração Pública


• Conceito-chave: titular ou membro.
• “Pessoa física que representa o órgão ou a
qualidade que exprime a ligação de um
indivíduo, singularmente ou em colégio, a
um órgão.”
• A investidura é o vínculo que liga o titular ao
órgão e que lhe permite representá-lo.
• Trabalhador da Administração Pública: indivíduo com
uma relação especial de serviço com os entes
administrativos e que desenvolve, sob a direcção dos
titulares dos órgãos, a actividade dos serviços.
• Desempenham tarefas materiais de exercício, ou, contribuem
para a preparação, conhecimento e execução dos actos
jurídicos.
• NB: Lei n.º 35/2014, de 20 de junho (Lei Geral do Trabalho em
Funções Públicas).

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- Funcionamento dos
órgãos colegiais da
Administração Pública -
quórum
(art. 29.º do CPA)

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Conceito-chave:
• Quórum
• “[…] é a fração (percentagem) mínima do
número legal de membros do órgão colegial cuja
presença é necessária na reunião para que
possam ser votadas as deliberações (…) em
regra corresponde à maioria, ou seja, pelo
menos, uma fração superior à metade do
número legal de membros do colégio.”
• Fonte: Oliveira, FP, op. cit., 2016, pág. 62.
• NB: a falta de quórum corresponde à falta de
legitimação do órgão para decidir na situação
concreta.
• NB: v. art. 29.º do CPA.
• NB: v. Regime Jurídico das Autarquias Locais.

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Tipos Regra Universo


Maioria absoluta – No mínimo, metade Num universo de 10
votantes, por exemplo:
regra geral (art. mais um dos - 6 votos a favor; 4 votos
32.º, n.º 1, do CPA) votantes. contra
- 6 votos a favor; 3 votos
contra; 1 abstenção
Maioria relativa ou Pluralidade de votos, Num universo de 10
votantes, por exemplo:
simples ou seja, mais votos a - 1 voto a favor; 0 contra;
favor do que contra, 9 abstenções.
não contando as - 4 votos a favor; 3 votos
contra; 3 abstenções.
abstenções para o - 7 votos a favor; 3 votos
apuramento da contra.
maioria.
Maioria qualificada Maioria agravada, Num universo de 10
votantes, por exemplo:
superior à maioria - 2/3 (7 a favor; 3 contra)
absoluta - 4/5 (8 a favor; 2 contra)
FONTE: FONTES, J, Curso sobre o novo CPA, Almedina, 2017, p. 86.

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- Funcionamento dos órgãos colegiais


da Administração Pública :
• NB: casos de impedimento (art. 69.º,
do CPA).
•NB: voto de qualidade vs. voto de
desempate
• NB: elaboração de ata (v. art. 34.º, do
CPA)
• NB: Votos de vencido (v. art. 35.º, do
CPA).

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A estrutura orgânica da Administração Pública


• Conceitos-chave: atribuições vs.
competências.
• Atribuições
• Fins ou interesses que a lei incumbe as
pessoas colectivas públicas de prosseguir e
realizar.
• Competências
• Conjunto de poderes funcionais que a lei
confere aos órgãos para a prossecução das
atribuições das pessoas colectivas públicas
(cf. art. 36.º do CPA).
• Legitimação: qualificação específica do órgão
(ou agente) para exercer a sua competência
na situação concreta.

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- Delegação de poderes
(arts. 44.º e ss. do CPA)

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Delegação de poderes (arts. 44.º e ss. do CPA)

Conceito-chave:
• Delegação de poderes
• Acto pelo qual o órgão de uma pessoa
colectiva envolvida no exercício de uma
actividade administrativa pública
normalmente competente em determinada
matéria e devidamente habilitado por lei
(delegante) possibilita que outro órgão ou
agente (delegado), pratique actos
administrativos sobre a mesma matéria (v.
arts. 44.º CPA).

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Delegação de poderes (arts. 44.º e ss. do CPA)

• Delegação de poderes:
• Requisitos:
1) Previsão legal (habilitação ou “autorização
legal”, v. art. 44.º/1 CPA);
• Ex.: art. 44.º/3 do CPA
• Limites  art. 45.º do CPA.
2) Acto (expresso) de delegação de poderes (v. art.
44.º/1 CPA);
3) O delegante deve especificar os poderes que são
delegados (art. 48.º CPA).
4) Sujeição a publicação (válido para delegação e
subdelegação de poderes, v. art. 47.º CPA) sob
pena de ineficácia.

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Delegação de poderes (arts. 44.º e ss. do CPA)


• Subdelegação de poderes:
• Delegado subdelega em subdelegado.
• Requisitos (v. art. 46.º CPA):
1) Que a lei não a proíba;
2) Que o delegante autorize o delegado a
subdelegar.
• Subdelegado pode, ele próprio, subdelegar. Requisitos:
1) Que a lei não a proíba;
2) Que o delegante ou o subdelegante não se
tenham estabelecido que tal competência não
pode ser subdelegada.
• NB: A lei exige ainda que o subdelegado faça menção da
sua qualidade, no uso da subdelegação (art. 38º). Mas, a
falta de menção da qualidade de delegado não implica a
invalidade do respetivo ato.

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Delegação de poderes (arts. 44.º e ss. do CPA)


• Notas gerais
• O ato de delegação de poderes cria uma nova relação
jurídica entre delegante e delegado:
1. Não é uma relação hierárquica;
2. Qualquer relação hierárquica prévia é neutralizada
por efeito da delegação de poderes;
3. Para o delegado cria o poder-dever de exercer a
competência delegada;
4. O delegante pode:
a) Emitir directivas vinculativas sobre o modo como o
delegado deve exercer os poderes delegados (não
pode determinar o conteúdo do ato a praticar);
b) Revogar os atos do delegado;
c) Revogar a delegação de poderes;
d) Avocar o exercício da competência delegada (chamar a
si o caso concreto ou o procedimento)

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Delegação de poderes (arts. 44.º e ss. do CPA)

•Notas gerais
•Extinção da delegação de poderes:
• Por revogação
• Por caducidade
• Sempre que as pessoas do
delegante ou do delegado sejam
substituídas  delegação de
poderes como um acto intuito
personae
• Base  Relação de confiança
entre delegante e delegado.

53

Delegação de poderes (arts. 44.º e ss. do CPA)

•Delegação de poderes:
A. Delegação de poderes
intrasubjetiva (dentro do
mesmo sujeito coletivo).
B. Delegação de competências
intersubjetiva (entre estruturas
orgânicas de distintas pessoas
coletivas).

54

18
01/06/2019

Delegação de poderes (arts. 44.º e ss. do CPA)


•Requisitos:
•Lei de habilitação ou lei habilitante
(aquela que prevê expressamente a
possibilidade de delegação de
competências);
•Dois elementos subjetivos:
• Um delegante
• Um delegado
•Um ato jurídico permissivo de
delegação de poderes.

55

Delegação de poderes (arts. 44.º e ss. do CPA)


NB:
•Delegação de poderes expressa
•Delegação de poderes tácita
•Resulta diretamente da lei
•Limites (v. art. 45.º do CPA)
•Poderes suscetíveis de serem
exercidos sobre o próprio delegado;
•Poderes a exercer pelo delegado
fora do âmbito da respetiva
competência territorial.

56

Delegação de poderes (arts. 44.º e ss. do CPA)


Subdelegação de poderes
• Requisitos:
• Lei de habilitação ou habilitante não
proibitiva
• Três elementos subjetivos:
• Um delegante
• Um subdelegante
• Um subdelegado
• Um ato jurídico de delegação de poderes
expressamente autorizante, (v. art. 46.º/1
do CPA)
• Um ato jurídico permissivo, o de
subdelegação de poderes.

57

19
01/06/2019

Delegação de poderes (arts. 44.º e ss. do CPA)

Poderes do delegante e do
subdelegante (art. 49.º do CPA)
•Poder de direção
•Poder de avocação
•Poderes desintegrativos
• Poder anulatório
• Poder revogatório
•Poder de substituição ou de
modificação

58

Caso prático
Imagine que um órgão da AP composto por 9 membros
deliberou em reunião ordinária – com 3 votos a favor e 1 voto
contra e nenhuma abstenção dos membros presentes –
praticar um determinado ato administrativo.
O membro do órgão que se pronunciou desfavoravelmente
ditou para a ata o seu voto de vencido, que fundamenta no
seguinte:
1. Que a deliberação foi tomada sem o quórum
legalmente exigido.
2. Que a competência exercida está subdelegada nele
próprio, pelo que o órgão colegial não podia deliberar
sobre tais matérias.

A. Análise cada um dos argumentos invocados e aprecie a


validade da deliberação.

59

A estrutura orgânica da Administração Pública

Conceitos-chave:
• Hierarquia  modelo de organização
administrativa vertical constituído por dois ou mais
órgãos com atribuições comuns, ligados por um
vínculo jurídico que confere ao superior o poder de
direção e ao subalterno o dever de obediência.
• Poderes do superior hierárquico:
• Poder de Direção;
• Poder de Supervisão;
• Poder Disciplinar.
• Dever de obediência  obrigação de o
subalterno cumprir ordens e instruções dos seus
legítimos superiores hierárquicos, dadas em
objecto de serviço e sob a forma legal.

60

20
01/06/2019

A estrutura orgânica da Administração Pública

Conceitos-chave:
• Superintendência (relação intersubjetiva):
• Poder conferido ao Estado (exercido pelo Governo) ou a
outra pessoa coletiva de fins múltiplos, como as autarquias
locais, de definir os objetivos (diretivas e recomendações) e
guiar a atuação (orientar) das pessoas coletivas públicas de
fins singulares colocados por lei na sua dependência
(institutos públicos ou entidades públicas empresariais).
• NB: Quanto às entidades públicas empresariais
normalmente traduz-se em criação de orientações
estratégicas.
• NB: A superientência não se presume, só existe quando
expressamente prevista na lei.
• NB: Esta é a relação que liga o Governo à Administração
indireta.

61

A estrutura orgânica da Administração Pública

Conceitos-chave:
• Tutela Administrativa:
• Conjunto dos poderes de intervenção de uma pessoa
coletiva pública na gestão de outra pessoa coletiva, a fim
de assegurar a legalidade ou o mérito da sua atuação.
• Pressupõe a existência de suas pessoas coletivas
distintas: a pessoa coletiva tutelar e a tutelada;
• O fim é assegurar, em nome da entidade tutelar, que a
entidade tutelada cumpre as leis em vigor e garantir que
sejam adotadas soluções convenientes e oportunas para
a prossecução do interesse público.
• NB: A superintentência destina-se a orientar a ação das
entidades a ela submetidas.
• NB: Na superientência é a própria entidade exterior que
define os objetivos e guia, nas suas linhas gerais a atuação
das entidades subordinadas.

62

3. Os setores da
organização administrativa
Portuguesa
A. Administração direta do
Estado
B. Administração indireta do
Estado

63

21
01/06/2019

Os setores da organização administrativa Portuguesa

Autoridades
reguladoras ou
administrações
Administração Administração
indiretas Estadual Autónoma
independentes

Base não-
Direta Indireta Base territorial
territorial

Central Periférica/Local Pública Privada

Entidades
Institutos
Públicas
Públicos
Empresariais

64

65

Administração Estadual
Autoridades reguladoras ou
Administração administrações indiretas
Estadual independentes

Direta Indireta

Central Periférica/Local Pública Privada

Entidades
Institutos
Públicas
Públicos
Empresariais

66

22
01/06/2019

A organização administrativa portuguesa

• Administração directa do Estado


• “Actividade exercida por serviços
integrados na pessoa colectiva Estado”.
(ex.: PCM; Ministérios; DGs; SEs; etc.)
• Administração indirecta do Estado
• “Actividade para realização dos fins do
Estado, mas exercida por pessoas
colectivas públicas distintas do Estado”.
(ex.: FCT).

67

A organização administrativa portuguesa


• Administração Central do Estado
• Estado (acepção administrativa)
• “Pessoa colectiva pública que, no seio da
comunidade nacional, desempenha, sob a direcção
do Governo, a actividade administrativa”. (cfr. arts.
197.º e ss. CRP relativos ao Governo).
• Organização permanente, com património próprio.
• Vs. Administração local do Estado
• Órgãos e serviços centrais vs. Órgãos e serviços
locais
• Director de finanças (órgão local do Estado)
• Presidente de Câmara (órgão local do Município –
Autarquias Locais)

68

A organização administrativa Portuguesa

• Distinção:
• Administração indirecta pública do Estado
• Constituída por pessoas colectivas públicas

• Administração indirecta privada do Estado


• Constituída por pessoas colectivas
administrativas privadas

69

23
01/06/2019

A organização administrativa Portuguesa


Administração indirecta pública do Estado
• Exemplos principais:
• Institutos públicos
• Pessoas colectivas públicas, de tipo institucional ou
fundacional, criadas para assegurar o desempenho
de determinadas funções administrativas (fins
únicos) de carácter não empresarial, pertencentes
ao Estado ou a outra pessoa colectiva pública.
• Categorias:
A. Serviços personalizados (ex.: IVV; IRN;
ICNFlorestas)  personalidade e autonomia
p/melhor desempenho das funções.
B. Fundações públicas (ex.: FCT)  patrimónios
afectados à prossecução de fins públicos especiais.
C. Estabelecimentos públicos (ex.: bibliotecas e
museus públicos; alguns hospitais).
• Lei n.º 3/2004, de 15 de janeiro (IPs)
• Lei n.º 24/2012, de 9 de julho (Lei-Quadro das
Fundações)

70

Fundações da Administração Central


• Fundação para os Estados e Silva - Presidência do Conselho de
Formação Autárquica – Presidência Ministros
do Conselho de Ministros • Fundação Conservatório Regional de
• Fundação da Juventude - Presidência Gaia - Presidência do Conselho de
do Conselho de Ministros Ministros
• Fundação Arpad Szénes — Vieira da • Fundação Bracara Augusta -
Silva - Presidência do Conselho de Presidência do Conselho de Ministros
Ministros • Fundação Batalha de Aljubarrota -
• Fundação Casa da Música - Presidência do Conselho de Ministros
Presidência do Conselho de Ministros • Fundação Pedro Ruivo - Presidência
• Fundação de Arte Moderna e do Conselho de Ministros
Contemporânea — Colecção Berardo • Fundação Caixa Geral de Depósitos –
- Presidência do Conselho de Culturgest - Ministério das Finanças
Ministros (depende de aval da CGD)
• Fundação de Serralves - Presidência
do Conselho de Ministros
• Fundação Ricardo do Espírito Santo

71

A organização administrativa Portuguesa

•Exemplos principais:
• Entidades públicas empresariais (EPEs)
• Noção: pessoas colectivas de direito público,
com natureza empresarial, criadas pelo
Estado.
• De modo geral, estão sujeitas ao direito
privado (mas por força do direito
administrativo)  imperativos de: liberdade
de acção, mobilidade e flexibilidade no
funcionamento.
• Finalidade  lucro.
• Mas, podem lançar mão do ius imperii.
• Cfr. DL n.º 133/2013 de 3 de outubro.
• Ex.: REFER; centros hospitalares; unidades
locais de saúde.

72

24
01/06/2019

A organização administrativa Portuguesa

Administração indirecta privada do


Estado
• Exemplos principais:
• Generalidade das empresas públicas
• Sociedades instituídas para finalidades
públicas sob a forma de sociedades
comerciais (ex.: Estradas de Portugal, SA;
Administrações Portuárias).
• Fundações públicas de direito privado de
criação estadual (ex.: fundações
universitárias, como a U. Porto; ISCTE)
• Associações públicas de direito privado (cf.
art. 3.º/4 Lei 3/2004 de 15 de janeiro).

73

1. Breve revisão: delegação


de poderes
A. Exercícios práticos

74

1. Nos termos da lei, a decisão final de classificação de um bem imóvel


cabe ao Governo, sob forma de decreto, mediante proposta do membro
do Governo responsável pela área da cultura. De acordo com o art. 10.º,
n.º 14 da Lei Orgânica do Governo: “consideram-se delegadas no
Secretário de Estado da Cultura as competências de definição e execução
de políticas de desenvolvimento cultural de incentivo à criação artística e
à difusão e internacionalização da cultura e da língua portuguesa, para o
efeito ficando sob a sua superintendência e tutela os serviços,
organismos e estruturas integrados ou dependentes do extinto Ministério
da Cultura”.
a) Dentro das classificações de órgãos que estudou, como qualificaria o
Governo?
b) Qualifique, da perspetiva das relações no interior da Administração, a
relação pressuposta pelo citado art. 10.º, n.º 14 da Lei Orgânica do
Governo?
c) Caracterize a relação que existe entre o Secretário de Estado da Cultura e o
Primeiro-Ministro.

75

25
01/06/2019

Casos práticos breves


• Qualifique, do ponto de vista da sua
natureza jurídico-administrativa e respetivo
enquadramento na Administração Pública,
as seguintes entidades:
(i) Hospital S. João E.P.E.;
(ii) Instituto dos Registos e Notariado, I.P.;
(iii) INEM, I.P.;
(iv) Universidade do Porto;
(v) Associação Nacional de Municípios de
Portugal;
(vi) Esquadra da PSP localizada no Porto;
(vii) Diretor-Geral de Política de Defesa
Nacional;
(viii) Uma empresa privada (concessionária).

76

2. Os setores da organização
administrativa Portuguesa
A. Administração Autónoma

77

“Artigo 199.º
(Competência administrativa)
Compete ao Governo, no exercício de funções
administrativas:
[…]
d) Dirigir os serviços e a actividade da
administração directa do Estado, civil e militar,
superintender na administração indirecta e
exercer a tutela sobre esta e sobre a
administração autónoma; […]”

78

26
01/06/2019

Noção de administração autónoma


• “(…) aquela que prossegue interesses públicos
próprios das pessoas que a constituem e por isso
se dirige a si mesma, definindo com
independência a orientação das suas
actividades, sem sujeição a hierarquia ou a
superintendência do Governo.” (cf. F. Amaral,
op. cit., p. 360).
• Quais os elementos do conceito?
a) Colectividade territorial ou outra dotada de
especificidade dentro da colectividade nacional
global;
b) Prossecução de interesses específicos dessa
colectividade infraestadual;
c) Adminstração pelos próprios administrados (seja
directamente, seja por intermédio de
representantes seus)  ideia de órgãos próprios
emanados da respectiva colectividade;
d) Autonomia de acção face ao Estado.

79

Noção de administração autónoma


• Noutros termos:
• Prossecução de interesses públicos próprios (i.
é, das pessoas colectivas públicas que a
constituem);
• Característica da auto-administração (i. é,
definição independente da orientação das
actividades pelos próprios órgãos)
• Sujeição ao poder de tutela do Governo (v. arts.
199.º, al. d); 229.º, n.º 4; e, 242.º da CRP)
• Mero poder de fiscalização ou controlo (≠ dirigir ou
orientar)

80

Noção de administração autónoma


Distinção entre:
• Administração autónoma territorial
• Território faz parte da definição do
substrato das respectivas instâncias 
autarquias locais e regiões autónomas.
• Administração autónoma não territorial
• Território não é relevante na definição do
substrato (i. é não é o único, nem o
principal critério da sua delimitação)

81

27
01/06/2019

Noção de administração autónoma


• Então quais são as entidades públicas que
desenvolvem uma administração
autónoma?
I. Associações Públicas
• Entidades de tipo associativo
II. Autarquias Locais
III. Regiões Autónomas (Açores; Madeira)

• (ii e iii) Pessoas colectivas de população e


território
• NB: as Regiões Autónomas são um fenómeno
de descentralização política, logo mais do
que entidades administrativas.

82

2. Os setores da organização
administrativa Portuguesa
A. Administração Autónoma
A. 1. Autarquias Locais

83

Autarquias Locais (cf. art. 235.º CRP)


• Pessoas colectivas públicas de base territorial (i.
é, assentam numa fracção do território
nacional);
• Que asseguram a prossecução de interesses
próprios do respectivo agregado populacional
através de órgãos próprios, por este eleitos.
• Quais são os elementos essenciais do conceito?
1) Território;
2) Agregado populacional;
3) Interesses comuns, diferentes dos interesses
gerais (i. é, nacionais);
4) Órgãos são representativos da população
(respectiva).

84

28
01/06/2019

Autarquias Locais (cf. art. 235.º CRP)

•Pessoas colectivas públicas de fins


múltiplos.
•Logo, são autarquias locais:
• As freguesias
• Os municípios
• As regiões administrativas
(exclusivas a PT continental e ainda
não criadas…)

85

Autarquias Locais (cf. art. 235.º CRP)


• Freguesias
• “[…] as autarquias locais que, dentro do
território municipal, visam a prossecução de
interesses próprios da população residente em
cada circunscrição paroquial.” (F. Amaral, p. 431)
• Órgãos:
• Junta de freguesia;
• Assembleia de freguesia.
• Reorganização administrativa, e, redução do
território por via de agregação (v. Lei n.º
22/2012, de 30 de Maio; e, Lei n.º 11-A/2013,
de 28 de Janeiro).

86

Autarquias Locais (cf. art. 235.º CRP)

• Municípios
• “a autarquia local que visa a prossecução de
interesses próprios da população residente na
circunscrição concelhia, mediante órgãos
representativos por ela eleitos.” (F. Amaral, op.
cit., p. 450)

• Órgãos:
• Câmara Municipal;
• Assembleia Municipal;
• Presidente da Câmara Municipal.

87

29
01/06/2019

Autarquias Locais (cf. art. 235.º CRP)

• Municípios
• Administração directa (órgãos e serviços
dependentes da Câmara Municipal).
• Administração indirecta (pública, ou, privada).
• Logo, possibilidade de:
• Criar empresas locais, e, fundações públicas
municipais;
• Ex.: Águas do Porto, E.M.; Águas de Gaia,
E.M. (…)
• Cf. Lei n.º 50/2012, de 31 de Agosto (ex.:
novas limitações).
• Criar, ou ter participação dominante em,
sociedades; associações; ou, fundações de
direito privado.

88

2. Os setores da organização
administrativa Portuguesa
A. Administração Autónoma
A. 2. Regiões Autónomas

89

• Regiões Autónomas
• Administrações autónomas territoriais  Pessoas
colectivas de direito público diferentes do Estado que
prosseguem com autonomia os interesses das
populações respectivas, e o território (critérios
político-administrativos + geográficos) faz parte da
definição do respectivo substrato.
• Autonomia administrativa, e, exercício da função
legislativa (Decretos legislativos regionais) e da
função política.
• Administração directa (serviços hierarquicamente
dependentes do Governo Regional).
• Administração indirecta (institutos públicos
regionais; entidades públicas empresariais).

90

30
01/06/2019

2. Os setores da organização
administrativa Portuguesa
A. Administração Autónoma
A. 3. Associações Públicas

91

• Associações Públicas
• Pessoas colectivas públicas, de natureza
associativa, criadas como tal por acto do poder
público, que desempenham tarefas
administrativas próprias.
• Características:
a) Colectividade de membros;
b) Criação ou reconhecimento por acto público (Lei ou
acto administrativo estabelecido por lei);
c) Estrutura associativa;
d) Autogoverno (órgãos representativos dos
membros);
e) Desempenho de tarefas públicas confiadas aos
próprios interessados (interesse público coabita
com interesse do grupo);
f) Autodeterminação (esferas própria de decisão e de
responsabilidade).

92

• Associações Públicas
• Espécies de associações públicas:
• Associações públicas profissionais;
• Associações públicas económicas;
• Associações públicas culturais
(espec. academias oficiais);
• Associações públicas de assistência
e segurança social;
• Associações públicas desportivas;
• (…).

93

31
01/06/2019

Associações Públicas
• Exemplos de:
• Associações de entidades públicas:
• Áreas metropolitanas
• “Pessoas colectivas de natureza associativa e
âmbito territorial, que visam a prossecução de
interesses públicos comuns aos municípios que as
integram.” (Porto e Lisboa)
• Comunidades intermunicipais
• Constituídas por contrato entre os presidentes
dos órgãos executivos.
• Unidades territoriais de referência (ex.: Cávado;
Alto Tâmega; Alto Minho).
• 5 municípios, ou, pop. ≥ 85000.
• Associações de municípios e de freguesias
• Constituídas por contrato entre os presidentes
dos órgãos executivos.
• Cfr. arts. 247.º e 253.º CRP + 63.º a 110.º da LAL.

94

Associações Públicas
• Exemplos de:
• Associações públicas de entidades privadas:
• Ordens profissionais
• Ensino superior
• Privilégio da unicidade;
• Princípio da obrigatoriedade de inscrição;
• Podem impor quotização obrigatória;
• Podem controlar o acesso à profissão
(legalmente e deontologicamente);
• Exercem poderes disciplinares sobre os
membros;
• Gozam de autonomia regulamentar,
administrativa, financeira e disciplinar.

95

Associações Públicas
• Exemplos:
• Associações públicas de entidades
privadas (cont.):
• Câmaras profissionais (ressalva)
• Ensino intermédio
• Casa do Douro (ressalva)
• DL n.º 277/2003 de 6 de Novembro
• Academia das Ciências de Lisboa
• Academia Portuguesa da História
• Academia Nacional de Belas-Artes

96

32
01/06/2019

Associações Públicas
• Figuras afins:
a) Não são pessoas colectivas de direito público;
b) Falta-lhes natureza associativa;
c) Não possuem personalidade jurídica.
• Exemplos:
• ANMP e ANFP (municípios e freguesias);
• Associações políticas;
• Associações sindicais;
• Associações de utilidade pública;
• Câmaras de comércio e indústria;
• (…).

97

2. Os setores da organização
administrativa Portuguesa
B. Administração Independente

98

Administração Independente
Elementos do conceito:
• Constituída por organismos criados pelo
Estado;
• Para realização de tarefas administrativas
que competem ao Estado;
• Isentos de subordinação e controlo.
Funções:
• Fiscalização da legalidade;
• Garantia dos direitos dos cidadãos.
• NB: v. art. 267.º, n.º 3, da CRP.

99

33
01/06/2019

Administração Independente
Exemplos:
• Provedor de Justiça;
• Comissão Nacional de Eleições;
• Comissão Nacional de Proteção de Dados;
• Entidade Reguladora da Comunicação Social;
• Comissão para a Fiscalização do Segredo de Estado;
Entidades independentes que detêm poder regulador:
• Autoridade da Concorrência;
• ERSE – Entidade Reguladora dos Serviços Energéticos;
• CMVM – Comissão de Mercado de Valores Mobiliários;
• Instituto Nacional do Transporte Ferroviário;
• ERSAR, I.P. – Entidade Reguladora dos Serviços de Águas e
Resíduos
• NB: posição de Vieira de Andrade  “administrações indiretas
independentes” parte da administração estadual indireta.

100

2. Os setores da organização
administrativa Portuguesa
D. Relações de Hierarquia, de
Superintendência e de Tutela

101

• Hierarquia administrativa:
• Relação de suprainfraordenação…
• Caracterizada por um conjunto de poderes:
• Poder de direção
• Correspondência c/ dever de obediência
• NB: art. 271.º, n.º 1, da CRP (prática de crime…)
• Poder de fiscalização
• Verificação
• Poder disciplinar
• Aplicação de sanções aos trabalhadores da AP que não
cumprem os deveres profissionais.
• V. art. 73.º da LGTFP.
• Poder de supervisão
• revogar, anular ou suspender os atos administrativos
praticados pelo subalterno.
• Poder de substituição
• Faculdade de atuar em vez do subalterno. (v. art.
197.º, n.º 4, do CPA).
102

34
01/06/2019

Lei n.º 35/2014, de 20 de Junho

LEI GERAL DO TRABALHO EM FUNÇÕES PÚBLICAS

(versão actualizada)
Contém as seguintes Ver versões do diploma:
alterações:

- Lei n.º 73/2017, de 16/08 - 9ª versão - a mais recente (Lei n.º


- Lei n.º 70/2017, de 14/08 73/2017, de 16/08)
- Lei n.º 25/2017, de 30/05 - 8ª versão (Lei n.º 70/2017, de 14/08)
- Lei n.º 42/2016, de 28/12 - 7ª versão (Lei n.º 25/2017, de 30/05)
- Lei n.º 18/2016, de 20/06 - 6ª versão (Lei n.º 42/2016, de 28/12)
- Lei n.º 84/2015, de 07/08 - 5ª versão (Lei n.º 18/2016, de 20/06)
- Lei n.º 82-B/2014, de 31/12 - 4ª versão (Lei n.º 84/2015, de 07/08)
- Retificação n.º 37-A/2014, de - 3ª versão (Lei n.º 82-B/2014, de 31/12)
19/08 - 2ª versão (Retificação n.º 37-A/2014, de
19/08)
- 1ª versão (Lei n.º 35/2014, de 20/06)

103

Artigo 73.º
Deveres do trabalhador

1 - O trabalhador está sujeito aos deveres previstos na presente lei,


noutros diplomas legais e regulamentos e no instrumento de
regulamentação coletiva de trabalho que lhe seja aplicável.
2 - São deveres gerais dos trabalhadores:
a) O dever de prossecução do interesse público;
b) O dever de isenção;
c) O dever de imparcialidade;
d) O dever de informação;
e) O dever de zelo;
f) O dever de obediência;
g) O dever de lealdade;
h) O dever de correção;
i) O dever de assiduidade;
j) O dever de pontualidade.
[…]

104

Artigo 73.º
Deveres do trabalhador
[…]
3 - O dever de prossecução do interesse público consiste na sua defesa, no respeito pela Constituição,
pelas leis e pelos direitos e interesses legalmente protegidos dos cidadãos.
4 - O dever de isenção consiste em não retirar vantagens, diretas ou indiretas, pecuniárias ou outras,
para si ou para terceiro, das funções que exerce.
5 - O dever de imparcialidade consiste em desempenhar as funções com equidistância relativamente
aos interesses com que seja confrontado, sem discriminar positiva ou negativamente qualquer deles, na
perspetiva do respeito pela igualdade dos cidadãos.
6 - O dever de informação consiste em prestar ao cidadão, nos termos legais, a informação que seja
solicitada, com ressalva daquela que, naqueles termos, não deva ser divulgada.
7 - O dever de zelo consiste em conhecer e aplicar as normas legais e regulamentares e as ordens e
instruções dos superiores hierárquicos, bem como exercer as funções de acordo com os objetivos que
tenham sido fixados e utilizando as competências que tenham sido consideradas adequadas.
8 - O dever de obediência consiste em acatar e cumprir as ordens dos legítimos superiores hierárquicos,
dadas em objeto de serviço e com a forma legal.
9 - O dever de lealdade consiste em desempenhar as funções com subordinação aos objetivos do órgão
ou serviço.
10 - O dever de correção consiste em tratar com respeito os utentes dos órgãos ou serviços e os
restantes trabalhadores e superiores hierárquicos.
11 - Os deveres de assiduidade e de pontualidade consistem em comparecer ao serviço regular e
continuamente e nas horas que estejam designadas.
12 - O trabalhador tem o dever de frequentar ações de formação e aperfeiçoamento profissional na
atividade em que exerce funções, das quais apenas pode ser dispensado por motivo atendível.
13 - Na situação de requalificação, o trabalhador deve observar os deveres especiais inerentes a essa
situação.

105

35
01/06/2019

CRP
Artigo 199.º
(Competência administrativa)
Compete ao Governo, no exercício de funções
administrativas:
[…]
d) Dirigir os serviços e a actividade da
administração directa do Estado, civil e militar,
superintender na administração indirecta e
exercer a tutela sobre esta e sobre a
administração autónoma; […]

106

• Art. 199.º, al. d), da CRP


• Poder de tutela (precisões do conceito):
• Fim
• Legalidade (das decisões);
• Mérito (conveniência – administrativa, técnica ou
financeira – e oportunidade das decisões). Pode existir
para IPs ou EPEs quando expressamente prevista na
Lei.
• Objecto
• Inspetiva (ex.: fiscalização de documentos)
• Integrativa (ex.: aprovar ou autorizar atos)
• Sancionatória (ex.: aplicar sanções p/ irregularidades)
• Revogatória (ex.: revogar ou anular atos
administrativos)
• Substitutiva (ex.: suprimir omissões c/ prática de atos
legalmente devidos).

107

• Poder de tutela: ordens profissionais


(associações públicas, administração
autónoma)
• Lei n.º 2/2013, de 10 de Janeiro:
• art. 45.º, n.º 1 (inexistência de tutela
de mérito);
• art. 45.º, n.º 5 (tutela de legalidade de
natureza inspetiva e integrativa);
• art. 53.º, n.º 8 (tutela sancionatória);
• art. 18.º, n.º 7 (tutela substitutiva em
matéria disciplinar)

108

36
01/06/2019

Hierarquia Superintendência Tutela


Localização Relações- Relações Relações
interorgânicas intersubjetivas intersubjetivas
(administração (administração (administração
estadual direta) estadual indireta) estadual indireta e
administração
autónoma)
Fundamento jurídico Inerente à relação Lei Lei
hierárquica
Objeto Dirigir e controlar Orientar e controlar Controlar

Poderes Ordens e instruções, Diretivas, Fiscalização,


poder de reforma, recomendações, autorizações,
poder disciplinar, autorizações, aprovações
recurso hierárquico aprovações, “recurso
tutelar”
Controlo contencioso O órgão subalterno A entidade A entidade tutelada
não tem legitimidade superintendida não pode impugnar os
para impugnar os pode impugnar os atos de tutela
atos do órgão atos de
superior superintendência
Fonte: Oliveira, F.P., op. cit., p. 86.

109

Administração indirecta Administração autónoma


Estado orienta a sua atuação Os entes autónomos dão a sai
(hétero-orientação) próprios uma direção ou
orientação político-
administrativa, que lhes é
definida pelo Estado (Auto-
orientação)
O controlo é destinado a O controlo apenas se destina
verificar a observância da a verificar se os respetivos
orientação político- órgãos ultrapassaram os
administrativa do Estado limites fixados por lei
Os órgãos são normalmente Os órgãos são eleitos pela
designados pela respetiva comunidade, sendo
administração principal, responsáveis perante ela
sendo responsáveis perante
ela, que os pode distitutir
Fonte: Oliveira, F.P., op. cit., p. 86.

110

Ponto III do Programa da


UC: Princípios
constitucionais sobre o
Poder administrativo

111

37
01/06/2019

CRP
Título IX – Administração Pública

Artigo 267.º
(Estrutura da Administração)
1. A Administração Pública será estruturada de modo a evitar a burocratização, a aproximar os
serviços das populações e a assegurar a participação dos interessados na sua gestão efectiva,
designadamente por intermédio de associações públicas, organizações de moradores e outras formas
de representação democrática.
2. Para efeito do disposto no número anterior, a lei estabelecerá adequadas formas de
descentralização e desconcentração administrativas, sem prejuízo da necessária eficácia e unidade
de acção da Administração e dos poderes de direcção, superintendência e tutela dos órgãos
competentes. [v. artigo 199.º al. d)]
3. A lei pode criar entidades administrativas independentes.
4. As associações públicas só podem ser constituídas para a satisfação de necessidades específicas,
não podem exercer funções próprias das associações sindicais e têm organização interna baseada no
respeito dos direitos dos seus membros e na formação democrática dos seus órgãos.
5. O processamento da actividade administrativa será objecto de lei especial, que assegurará a
racionalização dos meios a utilizar pelos serviços e a participação dos cidadãos na formação das
decisões ou deliberações que lhes disserem respeito.
6. As entidades privadas que exerçam poderes públicos podem ser sujeitas, nos termos da lei, a
fiscalização administrativa.

112

Análise de preceitos da CRP e do CPA


CRP
Título IX – Administração Pública
Art. 266.º
Princípios fundamentais
• 1. A Administração Pública visa a prossecução do
interesse público, no respeito pelos direitos e
interesses legalmente protegidos dos cidadãos.
• 2. Os órgãos e agentes administrativos estão
subordinados à Constituição e à lei e devem
actuar, no exercício das suas funções, com
respeito pelos princípios da igualdade, da
proporcionalidade, da justiça, da imparcialidade
e da boa-fé.

113

1. Princípios gerais da
atividade administrativa
A. Análise dos artigos
3.º a 19.º do CPA
B. Resolução de casos
práticos

114

38
01/06/2019

Análise de preceitos da CRP e do CPA


CPA
Capítulo II – Princípios gerais da atividade administrativa
Art. 3.º
Princípio da legalidade
1 - Os órgãos da Administração Pública devem atuar em obediência à lei e ao
direito, dentro dos limites dos poderes que lhes forem conferidos e em
conformidade com os respetivos fins.
2 - Os atos administrativos praticados em estado de necessidade, com
preterição das regras estabelecidas no presente Código, são válidos, desde
que os seus resultados não pudessem ter sido alcançados de outro modo,
mas os lesados têm o direito de ser indemnizados nos termos gerais da
responsabilidade da Administração.

115

Análise de preceitos da CRP e do CPA

Art. 3.º - Princípio da legalidade


• Lei n.º 67/2007, de 31 de Dezembro,
(alterada pela Lei 31/2008, de 17 de
Julho), que aprova o Regime da
Responsabilidade Civil Extracontratual
do Estado e Demais Entidades Públicas.
• Lei como limite e fundamento…
• Exceções  estado de necessidade
administrativa…

116

Análise de preceitos da CRP e do CPA

CPA
Capítulo II – Princípios gerais da atividade
administrativa
Art. 4.º
Princípio da prossecução do interesse público e da
proteção dos direitos e interesses dos cidadãos
Compete aos órgãos da Administração Pública
prosseguir o interesse público, no respeito pelos
direitos e interesses legalmente protegidos dos
cidadãos.

117

39
01/06/2019

Análise de preceitos da CRP e do CPA

Art. 4.º - Princípio da prossecução do


interesse público e da proteção dos
direitos e interesses dos cidadãos
• Remete para o art. 266.º, n.º 1, da CRP.
• Limite externo à discricionariedade
administrativa (interesse público).
• NB: Expropriação por interesse público vs.
direito à indemnização dos particulares
lesados.

118

Análise de preceitos da CRP e do CPA


CPA
Capítulo II – Princípios gerais da atividade
administrativa
Art. 5.º
Princípio da boa administração
1 - A Administração Pública deve pautar-se por
critérios de eficiência, economicidade e celeridade.
2 - Para efeitos do disposto no número anterior, a
Administração Pública deve ser organizada de modo a
aproximar os serviços das populações e de forma não
burocratizada.

119

Análise de preceitos da CRP e do CPA

Art. 5.º - Princípio da boa administração


• Doutrina italiana: “bom andamento do procedimento”.
• Prossecução do bem comum da forma mais eficiente
possível
• Critérios de eficiência, economicidade, e, celeridade.
• Ideia de prossecução do interesse público sempre da
melhor maneira, adotando as melhores soluções do ponto
de vista administrativo (técnico; financeiro).
• Limitação: conceção extrajurídica (Economia) vs. conceção
jurídico-administrativa.
• Hipótese de aplicação: situações de responsabilidade da
Administração por morosidade excessiva (inobservância
extrema de prazos procedimentais).

120

40
01/06/2019

Análise de preceitos da CRP e do CPA

Conclusão intermédia
• Conjugação dos arts. 3.º, 4.º, e, 5.º do CPA:
• A Administração Pública existe (i) para prosseguir o
interesse público (ii) de modo eficiente, (iii) no respeito
pela legalidade objetiva e (iv) pelos direitos e interesses
legalmente protegidos dos particulares.
• Então, exigência de que a Administração Pública prossiga
o interesse público com eficiência, economicidade e
celeridade, e no respeito pelos direitos e interesses
legalmente protegidos dos cidadãos.
• NB: Exigências do interesse público vs. Garantias dos
particulares

121

Análise de preceitos da CRP e do CPA


CPA
Capítulo II – Princípios gerais da atividade administrativa
Art. 6.º
Princípio da igualdade
Nas suas relações com os particulares, a Administração Pública
deve reger-se pelo princípio da igualdade, não podendo
privilegiar, beneficiar, prejudicar, privar de qualquer direito ou
isentar de qualquer dever ninguém em razão de ascendência,
sexo, raça, língua, território de origem, religião, convicções
políticas ou ideológicas, instrução, situação económica, condição
social ou orientação sexual.

122

Análise de preceitos da CRP e do CPA

Art. 6.º - Princípio da igualdade


• Na senda do art. 13.º, da CRP.
• Proibição de medidas administrativas portadoras de
incidências coativas desiguais na esfera jurídica dos
cidadãos.
• Proibição de:
• Privilégios;
• Benefícios; Prejuízos;
• Privação de direitos;
• Isenção de deveres

123

41
01/06/2019

Análise de preceitos da CRP e do CPA

Art. 6.º - Princípio da igualdade


• Exigência de igualdade de benefícios ou
prestações concedidas pela Administração
Pública.
• Autovinculação (casuística) da Administração
Pública no âmbito dos seus poderes
discricionários.

124

Análise de preceitos da CRP e do CPA

CPA
Capítulo II – Princípios gerais da atividade administrativa
Art. 7.º
Princípio da proporcionalidade
1 - Na prossecução do interesse público, a Administração Pública
deve adotar os comportamentos adequados aos fins
prosseguidos.
2 - As decisões da Administração que colidam com direitos
subjetivos ou interesses legalmente protegidos dos particulares
só podem afetar essas posições na medida do necessário e em
termos proporcionais aos objetivos a realizar.

125

Análise de preceitos da CRP e do CPA

Art. 7.º - Princípio da proporcionalidade


• Ideia de que a actividade administrativa
deve ser proporcional, adequada e
necessária.
• Constitui uma fronteira interna da
discricionariedade administrativa
(mínima lesão possível do interesse dos
particulares).

126

42
01/06/2019

Análise de preceitos da CRP e do CPA

CPA
Capítulo II – Princípios gerais da atividade administrativa
Art. 8.º
Princípios da justiça e da razoabilidade
A Administração Pública deve tratar de forma justa todos
aqueles que com ela entrem em relação, e rejeitar as soluções
manifestamente desrazoáveis ou incompatíveis com a ideia de
Direito, nomeadamente em matéria de interpretação das
normas jurídicas e das valorações próprias do exercício da
função administrativa.

127

Análise de preceitos da CRP e do CPA

CPA
Capítulo II – Princípios gerais da atividade administrativa
Art. 9.º
Princípio da imparcialidade
A Administração Pública deve tratar de forma imparcial aqueles
que com ela entrem em relação, designadamente, considerando
com objetividade todos e apenas os interesses relevantes no
contexto decisório e adotando as soluções organizatórias e
procedimentais indispensáveis à preservação da isenção
administrativa e à confiança nessa isenção.

128

Análise de preceitos da CRP e do CPA

CPA
Capítulo II – Princípios gerais da atividade administrativa
Art. 10.º
Princípio da boa-fé
1 - No exercício da atividade administrativa e em todas as suas
formas e fases, a Administração Pública e os particulares devem
agir e relacionar-se segundo as regras da boa-fé.
2 - No cumprimento do disposto no número anterior, devem
ponderar-se os valores fundamentais do Direito relevantes em
face das situações consideradas, e, em especial, a confiança
suscitada na contraparte pela atuação em causa e o objetivo a
alcançar com a atuação empreendido.

129

43
01/06/2019

Análise de preceitos da CRP e do CPA

CPA
Capítulo II – Princípios gerais da atividade administrativa
Art. 11.º
Princípio da colaboração com os particulares
1 - Os órgãos da Administração Pública devem atuar em estreita
colaboração com os particulares, cumprindo-lhes,
designadamente, prestar aos particulares as informações e os
esclarecimentos de que careçam, apoiar e estimular as suas
iniciativas e receber as suas sugestões e informações.
2 - A Administração Pública é responsável pelas informações
prestadas por escrito aos particulares, ainda que não
obrigatórias.

130

Análise de preceitos da CRP e do CPA

CPA
Capítulo II – Princípios gerais da atividade administrativa
Art. 16.º
Princípio da responsabilidade
A Administração Pública responde, nos termos da lei, pelos
danos causados no exercício da sua atividade

• Artigo novo.
• NB: O Estado é solidariamente responsável com o autor de
conduta ilícita e lesiva que tenha atuado dolosamente ou com
culpa grave no exercício das suas funções ou por causa desse
exercício.

131

Análise de preceitos da CRP e do CPA

CPA
Capítulo II – Princípios gerais da atividade administrativa
Art. 17.º
Princípio da administração aberta
1 - Todas as pessoas têm o direito de acesso aos arquivos e
registos administrativos, mesmo quando nenhum procedimento
que lhes diga diretamente respeito esteja em curso, sem
prejuízo do disposto na lei em matérias relativas à segurança
interna e externa, à investigação criminal, ao sigilo fiscal e à
privacidade das pessoas.
2 - O acesso aos arquivos e registos administrativos é regulado
por lei.

132

44
01/06/2019

Art. 17.º - Princípio da administração aberta


• Lei n.º 26/2016, publicada a 22 de agosto, que aprova o novo regime
de acesso à informação administrativa e ambiental e de reutilização
dos documentos administrativos, (nova) LADA, tendo sido
consequentemente revogadas:
• Lei de Acesso aos Documentos Administrativos (regulada pela LADA),
aprovada pela Lei n.º 46/2007, de 24 de agosto, alterada pelo Decreto-Lei n.º
214-G/2015, de 2 de outubro;
• Lei de Acesso à Informação Ambiental (constante da denominada LAIA),
aprovada pela Lei n.º 19/2006, de 12 de junho, também alterada pelo
Decreto-Lei n.º 214-G/2015, de 2 de outubro, e através da qual foi transposta
a Diretiva 2003/4/CE, do Parlamento Europeu e do Conselho, de 28 de
janeiro.
• Unificação, num único diploma, das leis de acesso à informação
administrativa geral (LADA) e a denominada informação administrativa
ambiental (LAIA).
• Inovadoramente, o legislador abandonou o termo “todos os
interessados” a fim de evitar questões de interpretação
designadamente com:
• “Interessados”
• “Diretamente interessados”
• “Legitimamente interessados”

133

Análise de preceitos da CRP e do CPA

CPA
Capítulo II – Princípios gerais da atividade administrativa
Art. 19.º
Princípio da cooperação leal com a União Europeia
1 - Sempre que o direito da União Europeia imponha à
Administração Pública a obrigação de prestar informações,
apresentar propostas ou de, por alguma outra forma, colaborar
com a Administração Pública de outros Estados-membros, essa
obrigação deve ser cumprida no prazo para tal estabelecido.
2 - Na ausência de prazo específico, a obrigação referida no
número anterior é cumprida no quadro da cooperação leal que
deve existir entre a Administração Pública e a União Europeia.

134

Análise de preceitos da CRP e do CPA

Enumeração dos Princípios gerais da atividade


administrativa:
• Princípio da legalidade (art. 3.º do CPA);
• Princípio da prossecução do interesse público e da
protecção dos direitos e interesses dos cidadãos (art.
4.º do CPA);
• Princípio da boa administração (art. 5.º do CPA);
• Princípio da igualdade (art. 6.º do CAP);
• Princípio da proporcionalidade (art. 7.º do CPA);
• Princípios da justiça e da razoabilidade (art. 8.º do
CPA);
• Princípio da imparcialidade (art. 9.º do CPA);
• Princípio da boa-fé (art. 10.º do CPA);

135

45
01/06/2019

Análise de preceitos da CRP e do CPA


Enumeração dos Princípios gerais da atividade administrativa:
• Princípio da colaboração com os particulares (art. 11.º
do CPA);
• Princípio da participação (art. 12.º do CPA);
• Princípio da boa decisão (art. 13.º do CPA);
• Princípios aplicáveis à administração eletrónica (art.
14.º do CPA);
• Princípio da gratuitidade (art. 15.º CPA);
• Princípio da responsabilidade (art. 16.º CPA);
• Princípio da administração aberta (art. 17.º do CPA);
• Princípio da protecção dos dados pessoais (art. 18.º
CPA);
• Princípio da cooperação leal com a União Europeia (art.
19.º do CPA).

136

Regulamentos Administrativos
• Conceito:
• “Normas jurídicas editadas pela Administração no
exercício da função administrativa” (v. Oliveira, FP, cit.,
p. 149).
• “Atos normativos – isto é, atos jurídicos contendo
normas jurídicas, gerais e abstratas – que são
emanados no exercício da função administrativa, no
exercício de poderes jurídico-administrativos” (v.
Almeida, MA, cit., p. 133).
• “Para efeitos do disposto no presente Código,
consideram-se regulamentos administrativos as
normas jurídicas gerais e abstratas que, no exercício
de poderes jurídico-administrativos, visem produzir
efeitos jurídicos externos.” (v. art. 135.º, CPA).
• NB: A questão da delimitação conceptual das figuras
do regulamento é objeto de divergências doutrinais.

137

Regulamentos Administrativos
• Elementos do conceito:
• Generalidade e abstração
• Aplica-se a um número indeterminado de
destinatários.
• Aplica-se a um número indeterminado de
situações.
• Logo, é um ato suscetível de se aplicar um
número indeterminado de vezes a um número
indeterminado de situações e de pessoas.
• Imposição por coação.
• Violação leva, em regra, à aplicação de sanções
(administrativas, ou, disciplinares).

138

46
01/06/2019

Regulamentos Administrativos
• Elementos do conceito (cont.):
• Editados por autoridades administrativas
• Exercício da função administrativa
• (≠ função legislativa do Governo, p. ex.)
• Sujeição ao princípio da legalidade.
• Primado da lei (Lei tem primazia absoluta sobre os
regulamentos)
• Reserva da lei (proibição de inovar em matérias de
reserva de ato legislativo)
• Precedência da lei (fundamentação numa lei prévia
anterior, habilitante).
• Princípio da inderrogabilidade singular (v. art. 142.º, n.º
2, CPA)  entidade que emana regulamento fica a ele
vinculada (ideia de integração no bloco de legalidade)

139

Regulamentos Administrativos
• Princípio da inderrogabilidade singular (v.
art. 142.º, n.º 2, CPA)  entidade que
emana regulamento fica a ele vinculada
(ideia de integração no bloco de
legalidade).
• Possibilidade de impugnação directa (v.
arts. 72.º e ss. CPTA)  apenas é possível
quanto aos regulamentos com eficácia
externa.

140

Regulamentos Administrativos
• Titularidade do poder regulamentar:

• Governo [v. art. 199.º, al. c), CRP]:


Artigo 199.º
(Competência administrativa)
Compete ao Governo, no exercício de funções administrativas:
[…]
c) Fazer os regulamentos necessários à boa execução das leis;
[…]

NB: arts. 198.º; 112.º/1; 164.º; e, 165.º, CRP  campo de


intervenção do poder regulamentar (função administrativa) é
mais limitado do que noutros ordenamentos jurídicos (função
legislativa do Governo).

141

47
01/06/2019

Regulamentos Administrativos
• Titularidade do poder regulamentar:
• Nas Regiões Autónomas –> Assembleias
Legislativas Regionais [v. art. 227.º, al. d)]; Governo
Regionais (regulamentação de decretos legislativos
regionais; regulamentos de funcionamento da
Administração Regional)
• Nas autarquias locais  Assembleias de Freguesia;
Assembleias Municipais; Câmaras Municipais
(executivo) (regulamentos disciplinadores dos
serviços do Município)
• Associações Públicas e IPs  poder regulamentar
próprio nos termos em que a lei o confira.

142

Regulamentos Administrativos
Forma e publicidade:
• Decreto-regulamentar (v. art. 112.º, n.º 6, CRP)
• V. arts. 134.º, al. b); 136.º; 140.º, CRP.
• Resoluções do Conselho de Ministros  assinatura
pelo PM apenas.
• Regulamentos do Governo (portarias ou despachos
genéricos)  assinatura pelo Ministro.
• Publicação na I Série do DR (v. art. 119.º, n.º 1, CRP)
• Regulamentos das autarquias locais (v. art. 139.º,
CPA).

143

Regulamentos Administrativos
• Exemplos:
• Decretos-regulamentares
• Decretos-regulamentares regionais (dos governos
regionais, que regulamentam legislação nacional)
• Resoluções (do Conselho de Ministros)
• Portarias genéricas (dos Ministros em nome do
Governo)
• Despachos normativos (dos Ministros em nome
do respetivo Ministério)
• Posturas (das autarquias locais)
• Estatutos auto-aprovados (ex.: das Universidades)
• Outros regulamentos emanados por entes
institucionais e corporativos, etc.

144

48
01/06/2019

Regulamentos Administrativos
• Classificação:
• Internos vs. Externos
• Efeitos no interior da pessoa colectiva administrativa
• Força vinculativa no seu seio
• Destinatários são apenas agentes administrativos
• Organização e funcionamento dos serviços
• Distribuição de tarefas p/ agentes e serviços
administrativos
• Fixação de normas de expediente
• Auto-vinculações internas (exercício de poderes
discricionários  actuação uniforme dos serviços)
• Regime especial: insuscetíveis de impugnação
contenciosa  não afectam a esfera jurídica dos
particulares.
• Exemplos: circulares ou instruções

145

Regulamentos Administrativos
• Classificação:
• Independentes  “regulamentos que a Administração
edita sem referência imediata ao conteúdo de uma lei
anterior que se pretenda executar, em ordem a
introduzir disciplina inovadora sobre determinada
matéria, inscrita no âmbito das atribuições das
entidades que os emanem.” (v. Almeida, cit., p. 156)
• Regulamentos autónomos [v. arts. 227.º/1, d); 241.º CRP]
• Emanados pelo Governo [v. art. 112.º, n.º 6 e 7, CRP].
• De Execução  “estabelecem condições para a
aplicação de uma lei, regulando aspetos de pormenor, e
dão resposta a questões técnicas que a lei deixou em
aberto.” (v. Almeida, cit., p. 155)
• Limitam-se a extrair consequências, logo, ligação
mais estreita.
• V. art. 112.º, n.ºs 6 e 7, CRP; art. 136.º, n.º 2, CPA.
• Relação entre regulamentos (v. 143.º, n.º 2; 138.º, CPA).

146

Regulamentos Administrativos
Limites do poder regulamentar:
1. Regulamentos não podem conter disciplina contrária a
preceitos de valor normativo superior (CRP; leis;
regulamentos do Governo; regulamentos de autarquias de
grau superior. V. art. 241.º CRP)
2. Não podem versar sobre matéria constitucionalmente
reservada à lei.
3. Proibição de efeitos retroactivos (cfr. art. 141.º CPA)
4. Obediência aos princípios gerais de direito administrativo
(art. 266.º e ss. CRP; art. 3.º e ss. CPA)
5. Regras quanto à revogação do art. 146.º CPA
6. Regra da caducidade (v. art. 145.º, n.º 2, CPA)
7. Regra da inderrogabilidade singular dos regulamentos
(externos)
• Entrada em vigor  vinculação de Administração, tribunais e particulares.

147

49
01/06/2019

Regulamentos Administrativos

• Procedimento dos regulamentos


• Cfr. arts. 96.º e ss., CPA.

148

O Acto Administrativo

149

Acto Administrativo
• Conceito (substantivo – CPA):
• “[…] as decisões que, no exercício de poderes
jurídico-administrativos, visem produzir
efeitos jurídicos externos numa situação
individual e concreta.” (v. art. 148.º, CPA).
• NB: inovação do CPA 2015.
• Elementos:
• Acto jurídico  por contraposição às acções
materiais;
• Unilateral  por oposição aos contratos;
• Concreto  distinto dos regulamentos;
• Subordinado ao Direito Público  distinto dos
actos de Direito Privado.

150

50
01/06/2019

Acto Administrativo
• Conceito (doutrinal):
• Estatuição autoritária, relativa a um caso
concreto, praticada por um sujeito de
direito administrativo, no uso de poderes
de direito administrativo, destinada a
produzir efeitos jurídicos externos,
positivos ou negativos. (OLIVEIRA, FP, cit.,
pp. 171-178).
• NB: ver AMARAL, DFd, Curso de Direito
Administrativo, vol. II, Almedina, 2016,
pp. 191 e ss.

151

Acto Administrativo
• Algumas notas
• São actos administrativos os actos emanados
de:
• Órgãos administrativos;
• Sujeitos privados dotados de poderes
administrativos:
• Ex. 1: concessionários  poder p/ impor sanções
a utentes de uma autoestrada.
• Ex. 2: entidades privadas administrativas (i.e.,
pessoas colectivas constituídas sob a forma de
direito privado, mas que desempenham funções
administrativas).
• Órgãos administrativos ocasionais
• Ex.: júris de exames; comissões de avaliação das
propostas  empreitada

152

Acto Administrativo
• O que não são actos administrativos?
• Actos de direito privado  em que a
Administração Pública surge perante os
particulares em pé de igualdade;
• Declarações negociais  (mesmo que sejam de
direito público) pois são preordenadas à conclusão
de um contrato, logo, não são unilaterais;
• NB: um contrato é um acto bilateral.
• Actos instrumentais externos:
• Actos de execução  que se limitam a retirar
consequências de acto anterior (o que contém a
estatuição autoritária);
• As comunicações (publicações e notificações) 
levam ao conhecimento do(s) destinatário(s) um acto
administrativo.

153

51
01/06/2019

Acto Administrativo
• O que não são actos administrativos? [Cont.]
• Actos meramente opinativos ou informativos  a
Administração Pública declara ou expõe o seu
entendimento acerca de determinada questão de
facto ou de direito que lhe é apresentada;
• Actos confirmativos  que se reportam a um acto
administrativo anterior que repetem, e no qual se
encontra a verdadeira estatuição autoritária.
• Decisões materialmente administrativas  por
sujeitos públicos não administrativos (ex.: PR;
Parlamento; tribunais). Excepção: decisões destes
órgãos de soberania relativamente aos seus
funcionários ( equiparação para efeitos de
impugnação nos tribunais administrativos).

154

Acto Administrativo
• O que não são actos administrativos?
[Cont.]
• Actos políticos;
• Ex.: referenda ministerial da promulgação
presidencial de um decreto (acto político
interno).
• Actos legislativos; e,
• Actos jurisdicionais.
•  v. art. 4.º, n.º 3, al. a) e b), do ETAF.
• Actos praticados por usurpadores de funções
públicas

155

O Acto Administrativo:

Tipologia

156

52
01/06/2019

Acto Administrativo

•Actos administrativos de
primários

•Actos administrativos
secundários

157

Acto Administrativo
•Tipologia dos Actos Administrativos:
1. Actos PRIMÁRIOS
“[…] aqueles que versam pela primeira
vez sobre uma determinada situação da
vida.” (Fonte: AMARAL, DFd, Curso de Direito Administrativo, vol. II, 3.ª ed.,
Almedina, 2016, p. 231)

• Exs.: nomear um funcionário;


conceder\recusar uma licença de
construção; expropriar um terreno
privado.

158

Acto Administrativo
•Tipologia dos Actos Administrativos:
1. Actos PRIMÁRIOS
• Actos impositivos –> “[…] aqueles que
determinam a alguém que adote uma
certa conduta ou que colocam o seu
destinatário em situação de sujeição a
um ou mais efeitos jurídicos.”
(Fonte: AMARAL, DFd, Curso de Direito Administrativo, vol. II, 3.ª ed.,
Almedina, 2016, p. 231 e ss.)

159

53
01/06/2019

Acto Administrativo
• Tipologia dos Actos Administrativos:
1. Actos PRIMÁRIOS
• Actos permissivos –> “[…] aqueles que
possibilitam a alguém a adoção de uma
conduta ou a omissão de um comportamento
que de outro modo lhe estariam vedados.”
• Ampliam vantagens?
• Autorização; licença; concessão;
delegação; admissão; subvenção.
• Eliminam ou reduzem encargos?
• Dispensa; e, renúncia.
(Fonte: AMARAL, DFd, Curso de Direito Administrativo, vol. II, 3.ª ed., Almedina,
2016, p. 231 e ss.)

160

Acto Administrativo
• Conteúdo positivo ou negativo?
• Conteúdo positivo: produção de efeitos
favoráveis…e produção de efeitos
desfavoráveis (ex.: actos impositivos e
actos ablativos)
• Conteúdo negativo: recusam a introdução
de qualquer alteração na esfera jurídica do
destinatário do ato
• Critério: introdução de alteração na
esfera do seu destinatário.

161

Acto Administrativo
•Tipologia dos Actos Administrativos:
1. Actos SECUNDÁRIOS
“[…] aqueles que atos
administrativos que versam
diretamente sobre um ato primário
anterior e, portanto, só
indiretamente regulam a situação
real subjacente ao ato primário.” (Fonte:
AMARAL, DFd, Curso de Direito Administrativo, vol. II, 3.ª ed., Almedina,
2016, p. 243)

162

54
01/06/2019

Acto Administrativo
• Tipologia dos Actos Administrativos:
1. Actos SECUNDÁRIOS – categorias:
• Actos integrativos –> “[…] visam completar atos
administrativos anteriores.”
• Aprovação  acto pelo qual a administração exprime
concordância com um acto anterior existente, já
praticado por outro órgão administrativo, e lhe
confere eficácia.
• Homologação  acto administrativo que absorve os
fundamentos e conclusões de uma proposta ou de um
parecer apresentados por outro órgão.
• Visto  acto pelo qual um órgão competente declara
ter tomado conhecimento de outro acto (ou
documento) sem se pronunciar sobre o seu conteúdo
ou declarando não ter objecções sobre o acto
examinado, por isso lhe conferindo eficácia.

163

Acto Administrativo
• Tipologia dos Actos Administrativos:
1. Actos SECUNDÁRIOS – categorias:
• Actos integrativos –> “[…] visam completar atos
administrativos anteriores.” [cont.]
• Acto confirmativo  acto administrativo pelo qual
um órgão da AP reitera e mantém em vigor um acto
administrativo anterior.
• Ratificação-confirmativa  acto pelo o qual o órgão
normalmente competente para dispor sobre certa
matéria exprime a sua concordância relativamente
aos actos praticados, em circunstâncias
extraordinárias, por um órgão excepcionalmente
competente.
(Fonte: AMARAL, DFd, Curso de Direito Administrativo, vol. II, 3.ª ed., Almedina,
2016, p. 243 e ss.)

164

• Tipologia dos Actos Administrativos:


1. Actos SECUNDÁRIOS – categorias:
• Actos saneadores ou convalidantes 
Transformação jurídica de um acto ilegal num
acto inatacável contenciosamente.
• Ratificação-sanação  suprir ilegalidade
resultante da incompetência relativa ou da
falta de condição legalmente exigida.
• Reforma tornar válido acto
administrativo com parte válida e parte
inválida, conservando a primeira.
• Conversão aproveitamento dos
elementos válidos de um acto anulável.
(Fonte: AMARAL, DFd, Curso de Direito Administrativo, vol. II, 3.ª ed., Almedina,
2016, p. 243 e ss.)

165

55
01/06/2019

• Tipologia dos Actos Administrativos:


1. Actos SECUNDÁRIOS – categorias:
• Actos modificativos
• Suspensão; modificação; rectificação.
• Actos desintegrativos  Visam destruir ou
fazer cessar os efeitos de um acto anterior.
• Revogação  cessação dos efeitos de
outro acto, por razões de mérito,
conveniência ou oportunidade (art. 165.º,
n.º 1 do CPA).
• Anulação administrativa  destruição dos
efeitos de outro acto, com fundamento em
invalidade (art. 165.º, n.º 1 do CPA).
(Fonte: AMARAL, DFd, Curso de Direito Administrativo, vol. II, 3.ª ed., Almedina,
2016, p. 243 e ss.)

166

A. Validade e Eficácia do
acto administrativo

167

Acto Administrativo
• Validade ≠ Eficácia
• Validade  momentos intrínsecos ao acto.
• Actos anuláveis (acto inválido, mas eficaz) 
vícios menos graves (arts. 163.º e 168.º CPA).
• Actos nulos (arts. 161.º e 162.º).
• Eficácia  factos ou circunstâncias
extrínsecas ao acto (arts. 155.º e ss. CPA).
• Eficácia diferida, condicionada ou suspensa.
• Eficácia instantânea  ex.: nomeação.
• Eficácia duradoura  ex.: concessão (esplanada;
transportes públicos)
• NB: regra da não-retroactividade
• ≠ retrodatação
• V. art. 156.º CPA.

168

56
01/06/2019

Acto Administrativo
• Validade ≠ Eficácia
• Eficácia (cont.)
• Suspensão  acto de eficácia duradoura
deixa temporariamente de produzir os seus
efeitos fruto de acontecimento.
• Extinção; ou, renovação da eficácia.
• Cessação  operatividade do acto cessa por
um motivo:
• Desaparecimento de sujeito, ou, objecto do
acto.
• Acto administrativo cujo objecto é o 1.º acto
( revogação).

169

Acto Administrativo
•Validade ≠ Eficácia
•Requisitos de validade do acto
administrativo
• Quanto aos sujeitos
• Quanto à forma e às formalidades
• Especialmente: a fundamentação
• Quanto ao conteúdo e ao objecto
• Quanto ao fim

170

A. Os vícios do ato
administrativo
1. Consequências jurídicas
(nulidade e anulabilidade)

(V. OLIVEIRA, FP, op. cit., pp. 236-


258.)

171

57
01/06/2019

Acto Administrativo
Os Vícios do ato administrativo:
Ilegalidade
Usurpação de poder
orgânica
Ilegalidade
Incompetência
orgânica
Ilegalidade
Vício de forma
formal
Ilegalidade
Violação de lei
material

Desvio de poder Ilegalidade material

172

Os vícios do ato administrativo


(cf. AMARAL, DF, op. cit., pp. 337 e ss.)

• Usurpação de poder  “vício que


consiste na prática por um órgão
administrativo de um ato incluído nas
atribuições do poder legislativo, do
poder moderador, ou do poder judicial, -
e, portanto, excluído das atribuições do
poder executivo.”.

173

Os vícios do ato administrativo


(cf. AMARAL, DF, op. cit., pp. 337 e ss.)

• Incompetência  “vício que consiste na


prática, por um órgão administrativo, de um
ato incluído nas atribuições ou na competência
de outro órgão administrativo.”.
• Incompetência absoluta  “quando um órgão
administrativo pratica um ato fora das atribuições
da pessoa coletiva ou do ministério a que
pertence.”
• Incompetência relativa  “quando um órgão
administrativo pratica um ato que está fora da sua
competência, mas que pertence à competência de
outro órgão da mesma pessoa coletiva”.

174

58
01/06/2019

Os vícios do ato administrativo


(cf. AMARAL, DF, op. cit., pp. 337 e ss.)

• Vício de forma  “vício que consiste na


preterição de formalidades essenciais (vício
procedimental) ou na carência de forma
legal (vício de forma em sentido restrito).”.
• Formalidades…
• Anteriores à prática do ato (ex.: audiência prévia)
• Relativas à prática do ato (ex.: votação em órgãos
colegiais)
• Carência de forma legal (ex.: decreto 
despacho)
• Posteriores…? Tempus regit actum…apenas
produzem ineficácia.

175

Os vícios do ato administrativo


(cf. AMARAL, DF, op. cit., pp. 337 e ss.)

• Violação de lei  “vício que consiste na


discrepância entre o conteúdo ou o objeto
do ato e as normas jurídicas que lhe são
aplicáveis.”.
• É a própria substância do ato, a decisão em
que o ato consiste, que contraria a lei.
• Modalidades:
• Falta de base legal;
• Erro;
• Incerteza, ilegalidade, ou impossibilidade do
conteúdo ou do objecto do ato;
• Inexistência ou ilegalidade de pressupostos;
• (…)

176

Os vícios do ato administrativo


(cf. AMARAL, DF, op. cit., pp. 337 e ss.)

•Desvio de poder  “vício que


consiste no exercício de um poder
discricionário por um motivo
principalmente determinante que não
condiga com o fim que a lei visou ao
conferir tal poder.”.
• Ideia-chave: fim legal vs. fim real.
• Modalidades:
• Para fins de interesse público; ou,
• Para fins de interesse privado.

177

59
01/06/2019

Os vícios do ato administrativo


(cf. AMARAL, DF, op. cit., pp. 337 e ss.)

Quais são as formas de invalidade do


ato administrativo?
•Nulidade:
• V. arts. 161.º; 162.º; 164.º; 134.º/2, do
CPA.
•Anulabilidade:
• V. art. 163.º do CPA.

178

Correspondência entre vícios e formas de invalidade (cf.


AMARAL, DF, op. cit., p. 368)

Todos os casos: nulidade


Usurpação de poder
Absoluta: nulidade
Incompetência
Relativa: anulabilidade

Casos do art. 161.º/2 CPA


Vício de forma
Outros casos: anulabilidade

Casos do art. 161.º/2 CPA


Violação de lei
Quaisquer outros: anulabilidade

Interesse público: anulabilidade


Desvio de poder
Interesse privado: nulidade

179

Casos práticos
VÍCIOS DO ACTO ADMINISTRATIVO

180

60
01/06/2019

Casos práticos
• Equacione os atos administrativos infra à luz da matéria
relativa aos vícios do ato administrativo. Identifique os
eventuais vícios e as respetivas consequências quanto à
validade e eficácia.
1. Violação de parecer pelo ato administrativo praticado.
2. Falta de assinatura ou de indicação do autor do ato
administrativo.
3. Falta de indicação do sentido, objeto ou conteúdo do ato
administrativo.
4. Prática de um ato administrativo com carência da sua forma
legal;
5. Prática de um ato administrativo não precedido de
procedimento administrativo;
6. Falta de notificação do ato administrativo;
7. Prática por um órgão administrativo de um ato administrativo
fora das atribuições da pessoa coletiva a que pertence;
8. Prática por um órgão administrativo de um ato da competência
de outro órgão administrativo da pessoa coletiva a que
pertence;
9. Prática de um ato administrativo com erro sobre os
pressupostos de facto, dolo ou sob coação.

181

Casos práticos
Em 05JAN2016 João, licenciado em Farmácia, requereu
ao Ministro da Saúde autorização para abrir uma
farmácia na Rua das Flores. A 05ABR2016, por não ter
ainda recebido qualquer resposta, João resolve consultar
o processo. Descobre então que, em 05MAR2016, o
Secretário de Estado da Saúde decidira indeferir o seu
pedido, alegando “não ter outra alternativa uma vez que,
solicitado o Parecer ao Instituto Nacional da Farmácia e
do Medicamento (INFARMED), este se pronunciara no
sentido do indeferimento”.
1. Caracterize as situações juridicamente relevantes
neste caso, nomeadamente:
• Identifique e enquadre as entidades.
• Identifique os atos administrativos e classifique-os.
• Identifique os vícios de que eventualmente padeçam e
respetivas consequências quanto à validade e eficácia.

182

Nulidade e Anulabilidade
• NULIDADE
• O acto nulo é totalmente ineficaz desde o início;
• A nulidade é insanável;
• Os actos nulos podem ser objecto de reforma ou
de conversão;
• Há direito de desobediência face a um acto
administrativo nulo;
• A que acresce o direito de resistência (art. 21.º
da CRP)
• A impugnação pode ocorrer a todo o tempo;
• A nulidade pode ser conhecida a todo o tempo
por qualquer autoridade administrativa ou
tribunal;
• E por qualquer órgão administrativo.
• A nulidade pode ser declarada a todo o tempo.

183

61
01/06/2019

Nulidade e Anulabilidade
•ANULABILIDADE
• O acto anulável é juridicamente
eficaz;
• A anulabilidade é sanável;
• O acto anulável é obrigatório;
• O acto anulável só pode ser
impugnado dentro de um certo
prazo;
• O pedido de anulação só pode ser
feito perante um tribunal
administrativo.

184

2. Procedimento
administrativo

185

Procedimento Administrativo
• Conceito (art. 1.º CPA): “sucessão
ordenada de atos e formalidades
relativos à formação, manifestação e
execução da vontade dos órgãos da
Administração Pública”.
• Qual é o resultado do procedimento
administrativo?
A. Ato administrativo;
B. Contrato administrativo;
C. Regulamento administrativo.

186

62
01/06/2019

Procedimento Administrativo
Figuras afins:
• “Processo” administrativo (contencioso
administrativo)
• Função jurisdicional ≠ função administrativa
Artigos relevantes do CPA:
• Art. 56.º
• Art. 117.º (facultativa)
• Art. 121.º
• Art. 124.º
• Art. 114.º
• Art. 150.º.

187

Procedimento Administrativo
• Fases do procedimento:
A. Fase preparatória
1) Fase de iniciativa
2) Fase instrutória
3) Audiência dos interessados
B. Fase de preparação da decisão
C. Fase constitutiva ou decisória
1) NB: abolição do indeferimento tácito.
D. Fase complementar (integrativa de eficácia).

188

Procedimento Administrativo

Casos práticos:
1. R residente numa aldeia de XPTO a 50km da
Câmara Municipal queria apresentar um
requerimento. Não tem carta de condução,
nem grandes posses. Alguém lhe sugeriu que
enviasse uma carta. Será bom conselho?
2. M residente em Paris quer apresentar
requerimento urgente ao Ministério X. Mas não
quer fazê-lo por correio por receio. Tem outras
alternativas?

189

63
01/06/2019

Procedimento Administrativo
Casos práticos:
1. Ricardo pretendia obter da Câmara Municipal de XPTO
autorização para instalar, junto a uma das praias do
Município, um quiosque para comércio de jornais e
revistas. Dirigiu o seguinte requerimento:
“Exmos. Senhores,
Quero instalar um quiosque de venda de jornais e revistas
e outros artigos junto à praia. Solicito que me seja dada
autorização, porque não há nada do género na zona.
Com os melhores cumprimentos,
Ricardo Silva”
• O presente requerimento preenche os requisitos de
forma (v. art. 102.º do CPA)?

190

3. As garantias
administrativas

191

Garantias Administrativas
•Conceito  aquelas que se
“…efectivam através da
actuação e decisão de
órgãos da Administração
Pública.”
• (v. AMARAL, DFd, Curso de Direito Administrativo, vol. II, Almedina,
3.ª ed., 2016, p. 611)

192

64
01/06/2019

Garantias Administrativas
Direito de
Petição

Direito de
Representação

Garantias Direito de
Petitórias Queixa

Direito de
Denúncia
Privados
Direito de
Garantias
Oposição
Administrativas Iniciativas da
Administrativa
Administração
Pública
Reclamação

Garantias Recurso
Impugnatórias Hierárquico Recurso
Hierárquico
Recursos Impróprio
Administrativos
Especiais
Recurso Tutelar

193

Garantias Impugnatórias
• Ideias-chave:
• Operam perante um acto administrativo praticado, que
visam atacar (art. 184.º/1 e 2 CPA).
• São os meios de impugnação de actos administrativos
perante órgãos da Administração Pública (art.
185.º/3;art. 186.º CPA).
1. Reclamação (arts. 191.º e 192.º do CPA)
2. Recurso Hierárquico (arts. 193.º a 198.º CPA)
• Necessário; ou,
• Facultativo (regra geral, art. 185.º/2 CPA)
• Art. 199.º do CPA:
1. Recurso Hierárquico Impróprio
2. Recurso Tutelar
• 3 + 4  recursos administrativos especiais (art. 199.º
CPA)

194

Garantias Petitórias
1. Direito de Petição – exemplos:
• Direito de reagir contra a omissão ilegal de
actos administrativos [art. 184.º/1 b), CPA].
• Direito à informação (arts. 82.º e 85.º CPA).
• Direito de consulta do processo e de obter a
passagem de certidões (art. 83.º CPA).
• Direito à informação não procedimental (art.
85.º CPA e L n.º 46/2007 de 24 de Agosto).
• Direito à informação pública geral (art. 48.º/2
CPA)

195

65
01/06/2019

Garantias Petitórias
2. Direito de Representação a
faculdade de pedir ao órgão
administrativo que tomou uma decisão
que a reconsidere ou confirme, em vista
de previsíveis consequências negativas
da sua execução.
• Ideia-chave: visa obter-se do órgão uma
reponderação e, eventualmente, uma confirmação
por escrito da decisão em causa.
• Exemplos: ordens ilegítimas de superiores
hierárquicos; ou, ordens relativamente às quais haja
dúvidas quanto à autenticidade.

196

Garantias Petitórias
3. Direito de Queixa  faculdade de
promover a abertura de um processo que
culminará na aplicação de uma sanção a
qualquer entidade sujeita ao poder
sancionatório da AP.
• Ideia-chave: em sentido estrito não é nem
petitória, nem impugnatória
• Não pressupõe a existência de uma decisão
prévia tomada pelo órgão ou agente de quem se
apresenta queixa.
• NB: não há queixas de actos jurídicos.

197

Garantias Petitórias
4. Direito de Denúncia  acto pelo qual o
particular leva ao conhecimento de certa
autoridade a ocorrência de um
determinado facto ou a existência de uma
certa situação sobre os quais aquela
autoridade tenha, por dever de ofício, a
obrigação de investigar.
• Ideia-chave: toda a queixa é uma denúncia, mas nem
toda a denúncia é uma queixa.
• Exemplos: denúncia a OPCs ou ao MP.

198

66
01/06/2019

Garantias Petitórias
5. Direito de Oposição Administrativa 
contestação que, em certos procedimentos
administrativos, os contra-interessados têm o
direito de apresentar para combater quer os
pedidos formulados por outrem à AP, quer as
iniciativas da AP que esta tenha resolvido divulgar
ao público.
• Exemplo: AP toma iniciativa de divulgar
determinado projecto de interesse público
(construção de estrada; barragem; etc.),
concedendo a lei a certas pessoas ou entidades o
direito de deduzirem oposição a esse projecto.
• NB: existe de dever de resposta da AP, devidamente
fundamentada quanto ao acolhimento ou não das
oposições apresentadas.

199

Garantias Impugnatórias
• Ideias-chave:
• Operam perante um acto administrativo praticado, que
visam atacar (art. 184.º/1 e 2 CPA).
• São os meios de impugnação de actos administrativos
perante órgãos da Administração Pública (art. 185.º/3;art.
186.º CPA).
1. Reclamação (arts. 191.º e 192.º do CPA)
2. Recurso Hierárquico (arts. 193.º a 198.º CPA)
• Necessário; ou,
• Facultativo (regra geral, art. 185.º/2 CPA)
3. Recurso Hierárquico Impróprio
4. Recurso Tutelar
• 3 & 4  recursos administrativos especiais (art. 199.º CPA)

200

Garantias Impugnatórias
1. Reclamação (arts. 191.º e 192.º do CPA)
• Conceito  meio de impugnação de um acto
administrativo perante o seu próprio autor.
• Ideias-chave:
• Lógica  possibilidade de revogação ou anulação
dos actos administrativos pelo respectivo autor.
• Regime da reclamação facultativa.
• Suspensão do prazo de impugnação contenciosa do
acto administrativo (art. 190.º/3 CPA).
• Não impede impugnação contenciosa na sua
pendência (arrt. 190.º/4 CPA).
• Prazo: 15 dias (art. 191.º/3 CPA); 30 dias para
decisão (art. 192.º/2 CPA).

201

67
01/06/2019

Garantias Impugnatórias
2. Recurso Hierárquico (arts. 193.º a 198.º CPA)
• Necessário; ou,
• Facultativo (regra geral, art. 185.º/2 CPA).
• Conceito  garantia administrativa dos particulares que
consiste em requerer ao superior hierárquico de um órgão
subalterno a revogação ou a anulação de um acto
administrativo ilegal por ele praticado ou a prática de acto
ilegalmente omitido pelo mesmo.
• NB: superior hierárquico pode substituir-se ao subalterno,
excepto se este tiver competência exclusiva (v. art. 197.º/1
CPA).
• NB: tripartição entre recorrente; recorrido; órgão decisório.
• Pressupostos: 1) Relação de hierarquia; 2) Acto praticado
ou omitido por subalterno; 3) Subalterno não goze por lei
de competência exclusiva.
• Regime: art. 194.º/1 e 2 CPA

202

Garantias Impugnatórias
2. Recurso Hierárquico (arts. 193.º a 198.º
CPA)
• NB: art. 194.º/1 e 2 CPA.
• NB: prazos (art. 188.º/1, 2, e, 3 CPA; art. 198.º/1
CPA  extemporaneidade implica
automaticamente a extemporaneidade da
impugnação contenciosa subsequente).
• Efeito suspensivo (suspensão automática da
eficácia do acto recorrido)? Recurso hierárquico
necessário (sim); facultativo (não) (v. art. 189.º
CPA).

203

Garantias Impugnatórias
2. Recurso Hierárquico (arts. 193.º a 198.º CPA)
• Tipos de decisão:
• Rejeição do recurso  ver casos do art. 196.º CPA.
• Negação de provimento  julgamento do recurso, sobre a
questão de fundo é desfavorável ao recorrente (=
manutenção do acto recorrido)
• Concessão de provimento  a questão de fundo é julgada
favoravelmente ao pedido do recorrente. Pode implicar
revogação, anulação, modificação, ou, substituição do acto
recorrido.
• NB: Administração pode ir mais além do pedido (revogação 
substituição)

• NB: art. 197.º/4 CPA.


• Prazo: art. 198.º/1 e 2 CPA (30 dias/90 dias).

204

68
01/06/2019

Garantias Impugnatórias
3. Recurso Hierárquico Impróprio (art.
199.º CPA)
• Conceito  recursos administrativos mediante os
quais se impugna um acto praticado por um órgão de
certa pessoa colectiva pública perante outro órgão da
mesma pessoa colectiva pública que, não sendo
superior do primeiro, exerça sobre ele poderes de
supervisão.
• NB: apenas nos casos expressamente previsto por lei
(v. art 199.º/1 CPA). Ex.: art. 34.º/2 RJAL; art. 199.º/2
CPA; art. 199.º/1 al. b), CPA.

205

Garantias Impugnatórias
3. Recurso Tutelar (art. 199.º CPA)
• Conceito  recursos administrativos interposto de um acto
ou omissão de uma pessoa colectiva autónoma, perante
um órgão de outra pessoa colectiva pública que sobre ela
exerça poderes de tutela ou superintendência.
• NB: regra da natureza excepcional (art. 199.º/1
CPA).
• NB: limite da tutela de mérito (art. 199.º/3 CPA).
• NB: modificação ou substituição apenas se a lei
conferir tutela substitutiva (art. 199.º/4 CPA).
• Ex.: deliberação de CM  Governo (em matéria de
urbanismo).

206

Casos práticos

207

69
01/06/2019

Considere as situações que se seguem e pronuncie-se à luz da


matéria relativa às garantias administrativas petitórias:
1. X pretendia abrir um estabelecimento de diversão noturna na sua cidade.
Na sequência da apresentação de requerimento para o efeito, e não tendo
havido ainda decisão final, X pretende informações.
2. H pretende levar ao conhecimento da entidade competente uma situação
de extrema insalubridade na sua rua.
3. O funcionário Y recebeu uma determinada ordem por escrito do seu
superior hierárquico. Estranhando os termos da mesma, pretende
confirmar a sua autenticidade.
4. F, contra-interessada num determinado procedimento administrativo,
pretende contestar um pedido formulado por T à Administração Pública.
5. Uma ONG pretende informações em matéria urbanística.
6. A Administração Pública divulgou um projeto de interesse público –
construção de uma barragem – tendo a entidade XPTO a possibilidade de
se pronunciar quanto ao mesmo.

208

Plano da apresentação:
1. O Direito Português e o
acesso à informação
procedimental e
administrativa.
a. Em especial: a Lei n.º
26/2016 de 22 de agosto

209

1. O Direito Português e o
acesso à informação
procedimental e
administrativa

210

70
01/06/2019

Artigo 268.º
(Direitos e garantias dos administrados)

1. Os cidadãos têm o direito de ser informados pela Administração, sempre que o


requeiram, sobre o andamento dos processos em que sejam directamente
interessados, bem como o de conhecer as resoluções definitivas que sobre eles
forem tomadas.
2. Os cidadãos têm também o direito de acesso aos arquivos e registos
administrativos, sem prejuízo do disposto na lei em matérias relativas à segurança
interna e externa, à investigação criminal e à intimidade das pessoas.
3. Os actos administrativos estão sujeitos a notificação aos interessados, na forma
prevista na lei, e carecem de fundamentação expressa e acessível quando afectem
direitos ou interesses legalmente protegidos.
4. É garantido aos administrados tutela jurisdicional efectiva dos seus direitos ou
interesses legalmente protegidos, incluindo, nomeadamente, o reconhecimento
desses direitos ou interesses, a impugnação de quaisquer actos administrativos que
os lesem, independentemente da sua forma, a determinação da prática de actos
administrativos legalmente devidos e a adopção de medidas cautelares adequadas.
5. Os cidadãos têm igualmente direito de impugnar as normas administrativas com
eficácia externa lesivas dos seus direitos ou interesses legalmente protegidos.
6. Para efeitos dos n.os 1 e 2, a lei fixará um prazo máximo de resposta por parte da
Administração.

211

Análise de preceitos da CRP e do CPA

CPA
Capítulo II – Princípios gerais da atividade administrativa
Art. 11.º
Princípio da colaboração com os particulares
1 - Os órgãos da Administração Pública devem atuar em estreita
colaboração com os particulares, cumprindo-lhes,
designadamente, prestar aos particulares as informações e os
esclarecimentos de que careçam, apoiar e estimular as suas
iniciativas e receber as suas sugestões e informações.
2 - A Administração Pública é responsável pelas informações
prestadas por escrito aos particulares, ainda que não
obrigatórias.

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Análise de preceitos da CRP e do CPA

CPA
Capítulo II – Princípios gerais da atividade administrativa
Art. 17.º
Princípio da administração aberta
1 - Todas as pessoas têm o direito de acesso aos arquivos e
registos administrativos, mesmo quando nenhum procedimento
que lhes diga diretamente respeito esteja em curso, sem
prejuízo do disposto na lei em matérias relativas à segurança
interna e externa, à investigação criminal, ao sigilo fiscal e à
privacidade das pessoas.
2 - O acesso aos arquivos e registos administrativos é regulado
por lei.

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01/06/2019

Análise de preceitos da CRP e do CPA


Art. 17.º - Princípio da administração aberta
• Remonta à Lei n.º 65/93 de 26 de Agosto, Lei de Acesso aos
Documentos Administrativos (LADA), revogada a partir de
01/09/2007, na redacção da Lei 8/95 de 29 de Março, Lei
19/2006 de 12 de Junho, e pela Lei 46/2007 de 24 de Agosto
de 2007). V. art. 18.º (princípio da protecção dos dados
pessoais)
• Inovadoramente, o legislador abandonou o termo “todos os
interessados” a fim de evitar questões de interpretação
designadamente com:
• “Interessados”
• “Directamente interessados”
• “Legitimamente interessados”

214

Análise de preceitos da CRP e do CPA


CPA
Capítulo IV – Do direito à informação
Artigo 82.º
Direito dos interessados à informação
1 — Os interessados têm o direito de ser informados pelo responsável pela direção do
procedimento, sempre que o requeiram, sobre o andamento dos procedimentos que lhes digam
diretamente respeito, bem como o direito de conhecer as resoluções definitivas que sobre eles
forem tomadas.
2 — As informações a prestar abrangem a indicação do serviço onde o procedimento se
encontra, os atos e diligências praticados, as eficiências a suprir pelos interessados, as decisões
adotadas e quaisquer outros elementos solicitados.
3 — As informações solicitadas ao abrigo do presente artigo são fornecidas no prazo máximo de
10 dias.
4 — Nos procedimentos eletrónicos, a Administração deve colocar à disposição dos
interessados, na Internet,
um serviço de acesso restrito, no qual aqueles possam, mediante prévia identificação, obter por
via eletrónica a informação sobre o estado de tramitação do procedimento.
5 — Salvo disposição legal em contrário, a informação eletrónica sobre o andamento dos
procedimentos abrange os elementos mencionados no n.º 2.

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Análise de preceitos da CRP e do CPA


CPA
Capítulo IV – Do direito à informação
Artigo 83.º
Consulta do processo e passagem de certidões
1 — Os interessados têm o direito de consultar o processo que não
contenha documentos classificados ou que revelem segredo comercial
ou industrial ou segredo relativo à propriedade literária, artística ou
científica.
2 — O direito referido no número anterior abrange os documentos
relativos a terceiros, sem prejuízo da proteção dos dados pessoais nos
termos da lei.
3 — Os interessados têm o direito, mediante o pagamento das
importâncias que forem devidas, de obter certidão, reprodução ou
declaração autenticada dos documentos que constem dos processos a
que tenham acesso.

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01/06/2019

Análise de preceitos da CRP e do CPA

CPA
Capítulo IV – Do direito à informação
Artigo 85.º
Extensão do direito à informação
1 — Os direitos reconhecidos nos artigos 82.º a 84.º são
extensivos a quaisquer pessoas que provem ter interesse
legítimo no conhecimento dos elementos que pretendam.
2 — O exercício dos direitos previstos no número anterior
depende de despacho do dirigente do serviço, exarado em
requerimento escrito, instruído com os documentos
probatórios do interesse legítimo invocado.

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1. a. – Lei n.º 26/2016 de 22 de agosto


(Aprova o regime de acesso à
informação administrativa e ambiental
e de reutilização dos documentos
administrativos).
- Análise.
- Resolução de casos práticos.

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Casos práticos breves


• C esteve internado no Hospital XPTO, EPE para
efeitos de intervenção cirúrgica. Pretende
informações quanto aos resultados médicos.
À luz da CRP, do CPA, e da Lei n.º 26/2016 de 22
de agosto responda às seguintes questões:
1. Que procedimento deveria C adotar?
2. Imagine agora que a pretensão de C é
indeferida porque “a lei não prevê, em termos
gerais, qualquer direito de informação dos
particulares sobre documentos
administrativos”. Comente juridicamente.

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Casos práticos breves


Suponha que em 12FEV2017 Guilhermina (G) solicitou ao
Centro Hospitalar e Universitário de Coimbra, E.P.E., que lhe
fosse facultada uma cópia do seu processo clínico completo.
Em resposta ao requerimento de Guilhermina (G), o Centro
Hospitalar e Universitário de Coimbra, E.P.E., respondeu nos
seguintes termos: “Não é possível satisfazer o pedido,
porque a requerente tem de indicar os fins a que se destina
a informação clínica pretendida, o que não fez no
requerimento apresentado”. Inconformada, Guilhermina (G)
entende que não tem de apresentar quaisquer explicações.
1. Que tipo de acesso à documentação administrativa está
em causa?
2. Que tipo de documento está em causa?
3. O argumento do Centro Hospitalar e Universitário de
Coimbra, E.P.E., parece-lhe válido? Como poderia
Guilhermina (G) reagir? Responda justificadamente com
base no disposto na Lei n.º 26/2016, de 22 de agosto.

220

Casos práticos breves


Suponha que em 20DEZ2017 Albina (A) concorreu em concurso público
a uma vaga nos serviços da Câmara Municipal de XPTO. Não tendo sido
colocada, solicitou à Câmara Municipal de XPTO que lhe fossem
facultadas fotocópia dos seguintes documentos: a) comprovativos da
formação certificada (requisito específico do concurso) dos 2
candidatos colocados; b) currículos de todos os membros do júri do
concurso.
Em resposta ao requerimento de Albina (A), a Câmara Municipal de
XPTO recusou o acesso com base nos seguintes argumentos:
i) os comprovativos de formação não configuram documentação
administrativa, pelo que só aos próprios titulares cumpre decidir
sobre a sua divulgação;
ii) os currículos dos membros do júri do concurso são documentação
nominativa, logo a sua divulgação é impossível sem violar a
privacidade dos membros do júri.
Responda às seguintes questões:
1. Que tipo de acesso à documentação administrativa está em
causa?
2. Que tipo de documento/os está/estão em causa?
3. Como poderia Albina (A) reagir? Os argumentos da Câmara
Municipal de XPTO, parecem-lhe válidos?

221

Casos práticos breves


• Suponha que uma empresa do setor farmacêutico,
representada por advogado, solicitou ao Centro
Distrital de Lisboa do Instituto da Segurança Social, I.P.
“consulta de todos os documentos que constem do
processo referente ao pedido de reembolso ou que
digam respeito à Requerente”. Não obteve qualquer
resposta.
1. Que tipo de acesso à documentação administrativa
está em causa?
2. Como pode reagir? Qual a solução provável?

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Casos práticos breves


• No contexto de notícias surgidas em órgão de
comunicação social sobre «financiamento para a
requalificação do chamado pavilhão 5 do Hospital da
Guarda», cidadão identificado solicitou à Unidade Local
de Saúde da Guarda, E.P.E., um conjunto de informações,
entre elas: «2. Cópia da correspondência trocada entre a
ULS da Guarda e a entidade que procedeu à elaboração
do projeto de arquitetura (J.M., LDA.); / 3. Cópia da
correspondência trocada internamente a propósito deste
assunto, nomeadamente, o email enviado pela vogal
executiva Dra. A ao Senhor Administrador Hospitalar B,
indicando algumas empresas que poderiam ser
convidadas a apresentar proposta por terem capacidade
técnica e idoneidade para executar o processo».
• 1. Que tipo de acesso está em causa?
• 2. Terá o cidadão acesso conforme solicitado? Justifique
juridicamente.

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E-MAIL: bsousa@letras.up.pt

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