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Impresso no Brasil julho de 2012 ie lect re Chee!) Copyright © Ealtions tarmatian osc ose peeneama ’ ne Penman et rere irra scomp Osto Ou GanePeet #5221 O4010970-SioPa00 SP ote 51) 35725269 ‘e@erealizacoes.com.br- www. eealizacoes.com.br 1] H i} ri e Li : Mm-LIX0 Eattor Edson Manoel de Oliveira Filho Gerente ecitoial Gabreta Trevisan | Preparagao de texto Maria Alexancra Orsi t eviséo Danielle Mendes Sales e Liana Gruz capa e proetoaréfico Mauricio Wisi Gongalves / Esto & iagramagéo ‘Andee Cavalcante Gimenez / Esto & ré-impresséo @ impressio Gréfca Vida & Consciéncia MATE! ViSNIEC TRADUGAO: LUIZA JATOBA Feservados todos os direitos desta obra. Prob toda e qualquer reprodug desta edicéo por qualquer meio ou forma, sea ola ele- ‘rénica ou mecénica, floedpia, gravacSo ou qualquer outro melo de reprodugéo, sam permissao expressa do editor. Matéi Visniec ou Sobre a Decomposigg0 | 7 Aviso | 9 1.0 HOMEM NO GiRCULO | 11 2.0 HOMEM DO CONSERTO | 15 3.VOZNA ESCURIDAO () | 19 4,0 HOMEM DO GAVALO | 21 S.OADESTRADOR | 25 6.0 FILGSOFO | 29 7.0 HOMEM DA MAGA | 33 8. VOZNA ESCURIDAO (il) | 35 9, ALOUGA TRANQUILA | 41 10. ALOUCA FEBRIL | 43 11, A LOUGA LOGIDA | 45 12. VOZ NA LUZ OFUSCANTE (1) | 47 13.0 HOMEM-LIXO | 59 14.0 LAVADOR DE CEREBROS (1) | 63 15.VOZ NA ESCURIDAO (Ill) | 67 16.0 LAVADOR DE CEREBROS (II) | 69 17,0. COMEDOR DE CARNE | 71 18,0 LAVADOR DE CEREBROS (Ill) | 75 19.0. CORREDOR | 79 20.0 HOMEM DO BESOURO | 83 21.0MAGICO | 87 22. VOZ NA LUZ OFUSCANTE (Il) | 93 23.0 MORADOR DE RUA | 99 24.0 HOMEM NO ESPELHO | 107 ‘Matéi Visniec, com esta obra original, prope uma sé- tie de quadros, como Mussorgski em sua oélebre sufte Quadros de uma Exposicao. Assim como o grande com- positor russo, o interesse vem da variedade do conjun- to a0 qual Visniec, em sua modernidade, imprime uma liberdade ainda maior. O autor entrega o material para © diretor construir seus encadeamentos € altemancias, segundo uma ldgica a ser inventada a cada vez. Iss0 nos lembra de uma grande obra da modernidade, Woyzzeck, de Biichner, cujos fragmentos podem ser combinados segundo 0 roteiro elaborado pelo diretor. © que em Biichner foi um acidente biogréfico, em Visniec € um verdadeiro programa. Tal liberdade, entretanto, nao é apenas monopélio do diretor; 0 leitor também pode se lecionar, pula, enfim, fazer seu préprio caminho. F isso se mostra um verdadeiro “modo de usar” que foge das indicagdes do escritor para encontrar uma ordem que, escusa dizer, favorece uma melhor frui¢a0, por ser mais orginica e menos explicita, O teatro é “decomposto” para se deixar “compor” por aquele que 0 descobre. Visniec, mestre da escritura lacénica ¢ do pequeno formato concentrado, mais que fragmentos, escreve verdadeiras ménadas — textos auténomos, redondos, “quadros de uma exposi¢ao”. Detesta 0 inacabado e cultiva o texto realizado, cuidado, polido como uma pedra com suas asperezas limadas, a fim de que 0 teatro decomposto ou @ homem-no 1 7 1 mati visniee enigma apareca e a perturbagio se instal. Iss0 nao 0 impede de proceder a verdadeiros exercicios de esti- Jo que nos permitem, como numa exposigio, detectar temas surtealistas ou didlogos cuja semelhanga com Mrozek e certos procedimentos do absurdo nfo se dissimulam. Visnice eevisita suas afinidades e apresen- ta suas descobertas. Finalmente, este texto € também ‘uma espécie de autorretrato de um artista de miiltiplas faces, como um quadro do primeiro periodo cubista. \Visniec “decompée” a si mesmo pata podermos com- por uma identidade cuja pluralidade deve ser mantida. ‘Aqui a “decomposigio” nao se contenta em construir uma ordem e um retrato, e sim em tocar diretamente a matéria viva do cotidiano, O tema é recorrente, € as- sim Visniec consegue construir um duplo registro que, além dos problemas de estrutura, nos revela a iminén- cia de uma desagregagio, dessa vez “fisica”. Constréi um verdadeiro bestidrio com caracéis, ratos € ras, in- setos como baratas e besouros ~ bestidrio cuja multi- plicidade provoca inquietagao, pois o avango dessas legides devoradoras s6 pode levar a “decomposicao” da carne. Assim, em Visniec, 0 “teatro decomposto” encontra sua razdo secreta no que mais angustia: “ ‘0 homem decomposto”. A unidade da obra vem dessa articulagio. Seu duplo também, pois se ela comeca afirmando as virtudes reconfortantes do isolamento num cfrculo, tudo que se segue mostra os limites pr6- prios desse refigio. No entanto, as vezes até acredi- tamos... Mas Visniec faz a cada vez a constatagao de ilusdes similares que desmoronam depois do trabalho incansavel dos cupins que acabam por aniquilar 0 cor po, assim como por quebrar veleidades protetoras do circulo, Nao ha abrigo contra “a decomposigo”. Georges Banu colgciin drsmetumte | ® | mane denies Os textos aqui reunidos so, na verdade,-médulos para composi¢ao teatral. Nenhuma ordem é imposta pelo autor, Sao como pedacos de um espelho quebrado. Houve ‘uma vez 0 objeto em perfeito estado. Ele refletia o céu, o mundo ea alma humana. E houve, ndo se sabe quan- do nem por qué, a explosio. Os pedacos de que dispo- mos hoje fazem parte sem diivida da matéria original. E é nesse pertencimento & matéria original que reside sua unidade, seu perfume, sua identidade de atmosfera. De resto, o jogo consiste em tentar reconstituir 0 objeto inicial. Mas o fato é que impossivel, uma vez que 0 espelho original jamais foi visto e nao se sabe como era. ‘Talvez faltem alguns pedagos... No entanto 0 jogo é fas-

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