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Dentro de você estava tão quente que eu me senti com o sol nas mãos, uma explosão em meu

peito sincero como o poeta que já não sabe mas se é fingidor ou se de fato sente a raiva, o
tesão, o amor. Tudo se mistura. Fluidos, olhares e almas saindo do corpo de encontro ao novo
universo no outro. O que vês em mim além do sol dessa cidade e a sede? Vida transbordando
e agua seca no meu coração descompassado. Tudo isso para não dizer o óbvio inevitável que
eu ainda te amo como na primeira vez que vi. Passos lentos com seus pés descalços descendo
a escada e indo direto para minha cama limpa. Minha mente aberta seguia meu instinto. Meti
com tudo não pensei. Me perdi. Me descontrolei. Perdi minha língua dentro de ti. Por um
momento saí do mapa e deixei toda a linguagem em mim cessar para dizer com meu corpo
grande e pulsante que estou vivo. E Deus criou o universo sabendo que todo verbo no
imperativo seguido de objeto direto tem conotação sexual. Outro dia sonhei que escrevia um
texto longo longo longo sobre você. Meu estado de espirito era de saudade. Saudade, palavra
sem tradução para qualquer outra língua que não seja a sua. Não sei falar, nem dizer, pensar,
nem fuder se não for com você. E como bacu exú quero te engravidar toda noite para ver o sol
nascer. Na verdade, isso não quer dizer grandes coisas mas é bonito de dizer. Igual seu corpo
nu esparramado na cama é bonito de ver. Ainda me sinto com o sol na ponta dos meus dedos.
Pulsante, vou todo no fundo do seu ser com minhas palavras que provavelmente você nunca
vai ler. Bato com força no teclado, na letra inicial do seu nome para ver se tiro alguma coisa
mais que possa te emocionar. Como no dia em que você vai pegar esse livro e ver meu nome
na capa. Ler essas palavras e se perguntar se eu escrevi isso pensando em você. A dúvida vai te
comer. E eu estarei lá novamente com o sol nas mãos dentro de você.

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