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Universidade Federal de Minas Gerais

Faculdade de Filosofia e Ciências Humanas


Disciplina: História e Ambiente
Carga horária: 60 horas/aula (04 créditos)
Professor: Henrique Rodrigues Caldeira

Ementa:
Esta disciplina explorará a rica e complexa relação entre História e Ambiente. As discussões
partirão de uma breve reflexão sobre a historicidade do que se costuma chamar de “natureza”,
e continuarão por meio do exame de diversas realidades históricas, desde o neolítico até os dias
atuais, que servem de testemunho das relações multiformes vividas entre humanos e não-
humanos no tempo. Ao final do curso, pretende-se que a/o aluna/o tenha participado da
construção de um panorama que a/o permita se situar com maior clareza na história das relações
entre humanos e ambiente, bem como refletir criticamente sobre essas e outras categorias.

Programa:
Introdução
Aula 1: A natureza tem história?
WORSTER, D. “Para fazer história ambiental”. Estudos Históricos, v. 4, n. 8. 1991.
Aula 2: A natureza tem natureza?
WILLIAMS, R. “Ideias sobre a natureza”. In: Cultura e materialismo. São Paulo: UNESP,
2011, p. 89-114.

I. Gaia e outras divindades: história e ambiente do mundo antigo


Aula 3: Trabalho e mito no neolítico
ELIADE, M. “A mais longa revolução: a descoberta da agricultura - mesolítico e neolítico”. In:
História das crenças e das ideias religiosas (v. 1). Rio de Janeiro: Zahar, 2010, p. 41-66.
Aula 4: Cidade e mito na Mesopotâmia
SANTOS, D. “Representações do espaço da cidade na Epopeia de Gilgamesh: a Uruk das
grandes muralhas”. Revista Sapiência, v. 1, n. 2, p. 115-129. 2012.
Aula 5: A physis grega
COLLINGWOOD, R. “Os jônios”. In: Ciência e filosofia: a ideia de natureza. Lisboa: Editorial
Presença, 1986, p. 37-56.
Aula 6: A Natura romana
LENOBLE, R. “A ‘História Natural’ de Plínio” (I e II). In: História da ideia de natureza.
Lisboa: Edições 70, 2002, 119-141.
II. A peste e outras presenças: história e ambiente do mundo medieval
Aula 7: O espaço medieval
LE GOFF, J. “O deserto-floresta no Ocidente medieval”. In: O imaginário medieval. Lisboa:
Estampa, 1994, p. 83-99.
Aula 8: O espaço-tempo medieval
LE GOFF, J. “O tempo de trabalho na ‘crise’ do século XIV: do tempo medieval ao tempo
moderno”. In: Para um novo conceito de Idade Média. Lisboa: Estampa, 1995, p. 61-73.
Aula 9: Bestiários medievais
VARANDAS, A. “O bestiário: um gênero medieval”. In: MIRANDA, A. CHAMBEL, P.
Bestiário medieval. Perspectivas de abordagens. Lisboa: IEM, 2011, p. 41-54.
Aula 10: A vida nos tempos da peste
DELUMEAU, J. “Tipologia dos comportamentos coletivos em tempo de peste”. In: História
do medo no ocidente. São Paulo: Cia. das Letras, 2009, p. 154-170.

III. Europa e outros cantos do mundo: história e ambiente do colonialismo


Aula 11: As grandes navegações
CROSBY, A. “Ventos”. In: Imperialismo ecológico: a expansão biológica da Europa (900-
1900). São Paulo: Cia. das Letras, 1993, p. 99-122.
Aula 12: Os pequenos patógenos
CROSBY, A. “Doenças”. In: Imperialismo ecológico: a expansão biológica da Europa (900-
1900). São Paulo: Cia. das Letras, 1993, p. 175-192.
Aula 13: Velhas imagens do Novo Mundo
HOLLANDA, S. “Experiência e fantasia” e “Terras incógnita”. In: Visão do Paraíso. São
Paulo: Brasiliense, 2000, p. 1-15 e 19-39.
Aula 14: Devastação florestal no Brasil
DEAN, W. “A segunda leva de invasores humanos”. In: A ferro e fogo: a história e a devastação
da Mata Atlântica brasileira. São Paulo: Cia. das Letras, 2002, 59-82.
Aula 15: Dispersão, adaptação e resistência africana
HARRIS, J. “A diáspora africana no Antigo e no Novo Mundo”. In: OGOT, B. (org.). História
geral da África (v. 5). Brasília: UNESCO, 2010, p. 135-163.

Aula 16: Prova em sala


Conteúdo: Unidades I, II e III.
IV. Humanos e outros animais: novas sensibilidades em relação aos bichos
Aula 17: Contra a excepcionalidade humana
THOMAS, K. “Homens e animais”. In: O homem e o mundo natural. São Paulo: Cia. das
Letras, 2010.
Aula 18: Violência e proteção aos animais
THOMAS, K. “A compaixão pelas criaturas brutas”. In: O homem e o mundo natural. São
Paulo: Cia. das Letras, 2010.
Aula 19: Operários, burgueses e gatos
DARNTON, R. “Os trabalhadores se revoltam: O Grande Massacre de Gatos na Rua Saint-
Severin”. In: O grande massacre de gatos. Rio de Janeiro: Graal, 1986, p. 103-135.
Aula 20: Animais nos circos mineiros
DUARTE, R. “Cavalinhos, leões e outros bichos: o circo e os animais”. In: Varia Historia, n.
26, 2002, p. 97-106.

V. Modernidade e outros caminhos (1): história e ambiente do desenvolvimentismo


Aula 21: A submissão técnica do mundo
BERMAN, M. “O Fausto de Goethe: a tragédia do desenvolvimento”. In: Tudo que é sólido
desmancha no ar. São Paulo: Cia. das Letras, 2007.
Aula 22: A antiga ideia de progresso
ROSSI, P. “Sobre as origens da ideia de progresso”. In: Naufrágio sem espectador: a ideia de
progresso. São Paulo: Editora UNESP, 2000, p. 47-100.
Aula 23: A “modernização” do Brasil
SEVCENKO, N. “A abertura em acordes heroicos dos anos loucos”. In: Orfeu extático na
metrópole. São Paulo: Cia. das Letras, 1992.
Aula 24: O desenvolvimento urbano de Belo Horizonte
MESQUITA, Y. “Água para governar, água para se eleger”: políticas de saneamento e de
desenvolvimento urbano em Belo Horizonte (1955-1965)”. HALAC, 2014, v. 3, n. 2, 421-466.
Aula 25: A natureza nos “anos de chumbo”
DUARTE, R. “‘Turn to pollute’: poluição atmosférica e modelo de desenvolvimento no
‘milagre’ brasileiro (1967-1973). Tempo, 2015, v. 21, n. 37, p. 64-87.

Aula 26: Filme


“O Mercado da Dúvida” (Merchants of Doubt, 2014)
VI. Modernidade e outros caminhos (2): história e ambiente do ambientalismo
Aula 27: Preservacionismo e conservacionismo
McCORMICK, J. “As raízes do ambientalismo”. In: Rumo ao paraíso: a história do movimento
ambientalista. Rio de Janeiro: Relume Dumará, 1992, p. 21-42.
Aula 28: Protegendo os pássaros brasileiros
DUARTE, R. “Pássaros e cientistas no Brasil: Em busca de proteção, 1894-1938”. Latin
American research review, v. 41, n. 1, p. 3-26, 2006.
Aula 29: Após a Primavera silenciosa
McCORMICK, J. “A revolução ambientalista (1962-1970)”. In: Rumo ao paraíso: a história do
movimento ambientalista. Rio de Janeiro: Relume Dumará, 1992, p. 63-80.
Aula 30: O socioambietalismo no Brasil
FRANCO, J.; DRUMMOND, J. “História das preocupações com o mundo natural no Brasil:
da proteção à natureza à conservação da biodiversidade”. In: História ambiental: fronteiras,
recursos naturais e conservação da natureza. Rio de Janeiro: Garamond, 2012, p. 333-366.

Avaliações:
Prova em sala 1 – mín. 2 páginas – 25 pontos
Resenha de filme 2 – 2 páginas – 20 pontos
Trabalho final 3 – 4 páginas – 25 pontos
1ª condução de discussão em sala 4 – 10 pontos
2ª condução de discussão em sala – 10 pontos
3ª condução de discussão em sala – 10 pontos

1
A prova em sala consistirá na resolução (individual e sem consulta) de uma questão, escolhida entre três opções,
que contemplará de forma interrelacionada os temas das unidades I, II e III.
2
A resenha deverá abordar questões indicadas previamente em sala de aula e demais percepções da/o aluna/o.
3
O trabalho final consistirá na produção individual de um artigo, em conformidade com as normas da ABNT, que
deverá apresentar uma reflexão acerca do tema de uma unidade do programa, a partir da unidade IV, utilizando
como referência todos os textos propostos para as aulas de tal unidade e as discussões realizadas em sala.
4
A partir da unidade I, os textos serão distribuídos entre a/os alunas/os, de forma que cada um/a fique responsável
por participar da condução das discussões (juntamente com o professor) em, no mínimo, três ocasiões. Tal
responsabilidade implica a leitura ativa dos textos propostos para as respectivas aulas, isto é, a/o aluna/o deve se
empenhar no confronto às dificuldades conceituais e de vocabulário presentes nos textos, bem como levantar
questões pertinentes para discussão em sala com toda a turma.
Bibliografia complementar:
CABRAL, D. Na presença da floresta: Mata Atlântica e história colonial. Rio de Janeiro:
Garamond, 2014.
CARSON, R. Primavera silenciosa. São Paulo: Melhoramentos, 1969.
CARVALHO, A.; WAIZBORT, R. “Os mártires de Bernard: a sensibilidade do animal
experimental como dilema ético do darwinismo na Inglaterra vitoriana”. Scientiae Studia, v.
10, n. 2, p. 355-400. 2012.
CARVALHO, E. “No fundo da mata virgem: a complexidade de um elemento mítico no
imaginário ocidental sobre a natureza”. Tempo & argumento, v. 2, n. 2, p. 135-153. 2010.
CARVALHO, E. A “História Ambiental e a crise ambiental contemporânea: um desafio
político para o historiador”. Esboços, v. 11, n. 11, 2004.
CORBIN, A. Saberes e odores. São Paulo: Cia. das Letras, 1987.
DEAN, W. A luta pela borracha no Brasil: um estudo de história ecológica. São Paulo: Nobel,
1989.
DIAMOND, J. Armas, germes e aço: os destinos das sociedades humanas. Rio de Janeiro,
Record, 2001.
DIAMOND, J. Colapso: como as sociedades escolhem o fracasso ou o sucesso. Rio de Janeiro,
Record, 2007.
DIEGUES, A. O mito moderno da natureza intocada. São Paulo: Hucitec, 2008.
DUARTE, R. “Por um pensamento ambiental histórico: o caso do Brasil”. Luso-Brazilian
Review v. 41, n. 2, p. 144-161. 2004.
DUARTE, R. História e natureza. Belo Horizonte: Autêntica, 2005.
LADURIE, E. L. R. “O clima: história da chuva e do bom tempo”. In: LE GOFF, J. (org).
História: novos objetos. Rio de Janeiro: Francisco Alves, 1988.
LATOUR, B. et al. “Para distinguir amigos e inimigos no tempo do Antropoceno”. Revista de
Antropologia, v. 57, n. 1, p. 11-31. 2014.
PÁDUA, J. “As bases teóricas da história ambiental”. Estudos Avançados, v. 24, n. 68, p. 81-
101. 2010.
PADUA, J. Um sopro de destruição: pensamento político e crítica ambiental no Brasil
escravista, 1786-1888. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 2004.
PERLIN, J. História das florestas: a importância da madeira no desenvolvimento da
civilização. Rio de Janeiro: Imago, 1992.
SCHAMA. S. Paisagem e Memória. São Paulo: Cia. das Letras, 1996.

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