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DOS FATOS
Em 01 de junho de 2020, o Deputado Douglas Garcia (PSL) divulgou nas suas redes
sociais uma verdadeira “caça às bruxas” pedindo dados pessoais e imagens dos cidadãos
que expressarem sua posição ideológica contra o fascismo.
Na data de hoje, 04 de junho de 2020, o respectivo Deputado divulgou uma lista com
quase mil páginas com nomes, endereços residenciais e redes sociais, caluniando essas
pessoas por autodeclarar antifascista, e equivocadamente, associa a organização criminosa,
uma vez que em poste do twitter o Anonymous fez a “hashtag” #antifascista.
Também em outra postagem afirma que os cidadãos paulistas que segundo ele
foram filtrados como antifas (antifascistas) são terroristas, portanto, mais uma vez
caluniando-os, e afirma que vai compartilhar a lista de pessoas a outros deputados de outros
Estados:
Link do acesso: https://twitter.com/DouglasGarcia/status/1268357682093789185
Ocorre que o Deputado cria fake news ao afirmar que ser antifascista é crime, que
pertencem a organização criminosa, terroristas, no mais incita a violência, ao divulgar a
suposta lista afirmando tratar-se de lista de “criminosos”. Onde se busca investigar um grupo
que opera como máquina de destruição de reputação de opositores por meio de notícias
falsas e estímulo de ofensas por militantes.
Por fim, neste vídeo o Deputado Douglas Garcia termina dizendo que teve seus
dados vazados, e usou a seguinte frase final: “Dá que eu te dou outra”. Uma alusão que
causaria temor compartilhando o tal dossiê.
Ao expor a vida de outras pessoas em iminente perigo de vida, haja vista que afirma
ser essas pessoas por ele acusadas são criminosas, e divulga fotos e endereços delas,
demonstram o intuito de ameaçar e incentivar violência contra elas, o que possivelmente
essa atitude pode enquadrar no art. 132 do Código penal:
Outrossim, os atos do Deputado Douglas Garcia (PSL) são ilegais, pois fere a Lei
12.965 de 23 de Abril de 2014 (marco civil internet), pois considera-se dados pessoas:
Nome completo, data de nascimento, endereço residencial, profissão, estado civil e as redes
sociais. Portanto, o art. 3º da respectiva lei disciplina a proteção dos dados pessoais. Bem
como, no art. 7º da mesma lei, afirma que são:
Portanto, os cidadãos que tiveram seus dados pessoais coletados pelo Deputado,
armazenado e tratado por ele, sendo que ninguém os autorizou expressamente que o
fizesse.
No art. 16, inciso II, fica vedada o uso de dados pessoais que foi dado outra
finalidade para o qual a princípio houve o consentimento, portanto, caso venha alegar-se
que os dados estavam públicos nas redes sociais, esses dados não foram consentido
expressamente para a finalidade caluniosa que veio usar o Deputado Douglas Garcia.
Não termina aí, os dados também incluem menos de 18 anos, portanto, divulgação
de dados pessoais de adolescentes, entre outros que pela imagens identifica trata-se de
menores, ferindo assim o art. 18 do Estatuto da Criança e do Adolescente (lei nº
8.069/1990):
Porém, foi exatamente o que fez o Deputado Douglas Garcia ao usar da sua função
enquanto parlamentar, o gabinete e o e-mail institucional para elaborar uma lista de dados
pessoas de supostos “criminosos”, incluindo adolescentes, causando constrangimento,
colocando-as numa situação vexatória de um deputado lhe acusando de fazer parte de
organização criminosa e terrorista.
A Dataulfo pertence a Carlos Alberto Rigat, ativo militante do seu grupo nas redes
sociais. E curiosamente a empresa foi fundada por ele em abril de 2019.
Por fim, o Código de Ética e Decoro Parlamentar da ALESP traz como deveres
fundamentais o zelo pela ordem constitucional e legal do Estado e do País e o exercício do
mandato com dignidade e com respeito à coisa pública. Todavia, diante do que o que foi
exposto acima, não é o que vem sendo promovido pelo ora representado, Deputado
Douglas Garcia. Veja-se o que diz o artigo 2º do mencionado Código de Ética:
https://gauchazh.clicrbs.com.br/politica/noticia/2020/05/deputado-bolsonarista-de-sp-repassa-verba-p
ublica-a-suspeito-de-ataques-virtuais-ck9x75dgk021801ql9il3cy8a.html
promove uma prática grave e absolutamente vedada pelo Código de Ética da Casa.
Parágrafo único - Incluem-se entre as irregularidades graves, para fins deste artigo:
a) a atribuição de dotação orçamentária, sob a forma de subvenções sociais, auxílios ou
qualquer outra rubrica, a entidades os instituições das quais participem o Deputado,
seu cônjuge, companheira ou parente, de um ou de outro, até o terceiro grau, bem
como pessoa jurídica direta ou indiretamente por eles controlada, ou, ainda que
apliquem os recursos recebidos em atividades que não correspondam
rigorosamente às suas finalidades estatutárias;
b) a criação ou autorização de encargos em termos que, pelo seu valor ou pelas
suas características da empresa ou entidade beneficiada ou controlada,
possam resultar em aplicação indevida de recursos públicos.
CONCLUSÃO
Diante de todo o acima exposto, esta representação tem por finalidade solicitar a Vossa
Excelência, ouvido o Nobre Conselho, a tomada de providências necessárias, respeitados o
direito ao contraditório e à ampla defesa, para que o ora representado, Deputado Douglas
Garcia, seja responsabilizado pelos fatos narrados, sendo punido com a perda do
mandato (art. 7º, IV), nos termos dos artigos 2º, II e III, 5º, I, III e parágrafo único do 7º, IV
do Código de Ética e Decoro Parlamentar da ALESP; artigo 16, II, da Constituição Estadual;
e, artigo 55, II, da Constituição Federal, ou, alternativamente, com as demais medidas
disciplinares previstas nos incisos I a III, do artigo, 7º do Código de Ética e Decoro
Parlamentar.
CELSO GIANNAZI
Vereador - SP (PSOL)
TONINHO VESPOLI
Vereador - SP (PSOL)