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Brasil— Vol. I ores Asso- Cia. Editora e. Sao Paulo: 6 O DECRETO DE LEONCIO DE CARVALHO E OS PARECERES DE RUI BARBOSA EM DEBATE A criagdo da escola para 0 povo no Brasil no‘século XIX Maria Cristina Gomes Machado A segunda metade do século XIX foi marcada por intensas transforma- des econémicas, sociais, politicas e culturais. O desenvolvimento da gran- de indistria na Europa provocou uma revolugo nas forgas produtivas do ca- pital, bem como no miercado mundial, acarretando um perfodo de crises na sociedade capitalista colocando em evidéncia as contradigSes imanentes dessa sociedade. Nesse contexto de transformagées, os paises do novo mun- do, inseridos no processo de produgo mundial, foram levados a transforma rem-se de forma a se adequarem as novas exigéncias do capitalismo que dava passos largos em diego ao imperialismo e aos monopélios. O Brasil, para acompanhar esse movimento, precisava modernizar-se, {sto implicava em transformagdes na forma de trabalho. Modiffear 0 traba- Iho exigia também a modernizagao da sociedade civil, como 0 fim da mo- narquia, a separagao entre a Igreja e o Estado, a adocdo do casamento civil, asecularizacao dos cemitérios, a reforma eleitoral, o incentivo & imigra\ a industrializacao. Entretanto, tais mudangas ocorreram de forma lenta e ‘adual, provocando Lutas entre os homens desse periodo. No contexto de jisputas, destaca-se, nas duas ultimas décadas do Império, a emergéncia ie debates em torno da necessidade de criagao da escola para as classes po- pulares sob a tutela do Estado. =>, Historias e memérias da educagao no Brasit~ Vol. It O DEBATE SOBRE A CRIAGAO DA ESCOLA PARA © POVO NO BRASIL Varios projetos de reforma da educagao foram apresentados & Camara dos Deputados com o objetivo de ctiar 0 ensino primétio no Municipio da Corte servir de exemplo as provincias que compunham o reino. Esta lim tagio das reformas ocorria em fungao do Ato Adicional de 1834, que des- ‘ontralizou 0 ensino e designou como responsabilidade do governo geral a manutengdo da instrugdo primdria e secundaria apenas no Municipio da Corte e 0 ensino superior em todo o Império. Mediante um aditamento, or do na secretaria da Camara dos De- putados, contendo os projetos relativos & instrugo piblicae seus respecti- vos andamentos, pode-se levantar 0 Projeto de Paulino José Soares de Sou- za (1870), 0 de Antonio CAndido Cunha Leitio (1873), 0 de Jofio Alfredo Cotréa de Oliveira (1874), 0 Decreto n. 7.247 de Ledneio de Carvalho (1879), os Pareceres/Projeto de Rui Barbosa (1882-1883), 0 Projeto de ‘Almeida de Oliveira (1882) e 0 de Bardo de Mamoré (1886) (cf. Moacyr, 1937). Estes projetos evidenciam a importa ncia que os politicos proponen- tes atribuiam & educagao, entendendo-a como fundamental para a socieda- ‘de nacional. Foram propostos sete projetos de reforma em menos de duas ddécadas sem que houvesse divergéncia no que se refere a urgéncia de im- plementagio de seus respectivos projetos pelo Estado brasileiro, o qual de~ Veria assumir os encargos financeiros para a°oferta da instrugao publica. ‘Apesar da apresentagio de tantos projetos, nenhum deles foi implement~ “do, muitas vezes nem foram discu ‘a Camara dos Deputados.. Dentre esses Projetos de Reforma, destaca-se o Decreto n, 7.247 de Ledncio de Carvalho! ¢ os Pareceres/Projeto de Rui Barbosa’, que ovis deneiaram 0 quanto era urgente o investimento em educagio por parte da 1. Gongalves (2000) destzeou que Leéncio de Carvalho, membro do Partido Libera), tomes posse em 1878, quando Cansansio de Sinimbu o nomeou Ministro de Estado e dos Neg Be mpéro. Elcera professor na Faculdade de Direito de So Paulo partcipava da poled Provinela de S, Paulo. Envolveu-se com os empreendimentos educacionais do grupo repul eoovo qual também participava. Coniribuiu para a Fundacio da Sociedade Propagad 1 Popular em 1873. Esta deu origem ao Liceu de Artes e Oficios em 1880. 2 Jegeu-se deputado provincial na Bahia, em 1878, eno ano seguinte “Teputado geal, tendo partiipado da vida piblica nacional por quase cingienta anos. Dei se rvievenea obvi Tanto em extensio quanio em profundidade. Foi autor de diversos pr th. parecer, argos para jms, dseursos conferéncasetabalbos jridicos, Estudoy D vr nutodidata, erudito, conhecedor de diversos idiomas ¢ atuou em vs rias areas" (Machado, 2002, p. 2) Vol. I A a Camara nicipio da Esta limi- que des- no geral a nicipio da ra dos De- especti> es de Sou- go Alfredo > Carvalho Projeto de £, Moacyr, proponen- asocieda- aos de duas acia de im- o.qual de- Zo piblical aplementa- ”, que evi- ior parte do al, tomou dda politica na grupo republi- fopagadora de 880. inteel anos, Deixou iversos proje- s. Estudou Di 6.0 docroto de Leéncio de Carvalho e os Pareceres de Rui Barbo governo brasileiro, apresentando de forma abrangente quest ‘a0 ensino. Eles se diferenciavam dos projetos anteriore seja pelo contetido. O primeiro foi apresentado na forma de Decreto e para tanto deveria ser implementado imediatamente, sem discus: Sao pelo Legis- Tativo, apenas as questoes que envolviam despesas orgamentiiria ‘yam dé aprovacao. O segundo, por sua vez, foi elaborado na forma de P. recer/Projeto, ¢ se detinha em analisar cuidadosamente as determinacd do referido decreto, propondo um projeto substitutive. Com rel contetido, ambos se apresentaram de maneira mais completa que os primei- ros, propondo reformar o ensino desde o jardim-de-inffincia até 0 ens! superior. Para tanto, detalharam como deveriam ser organizadas as escolas desde os programas escolares até os métodos de ensino recisa- A discussiio sobre a necessidade de investimento na educagio estava relacionada importancia da formagao do cidadio-eleitor. Preparar 0 ho- mem para o sufiégio universal, através da escola, tomou uma forte tonali- dade, buscando garantir o desempenho de seus deveres de cidadao quando 0 voto fosse estendido a todo cidadao brasileiro. A discussdo denunciava grande niimero de analfabetos que nao estariam em condigées de escolher seus representantes. Simultaneamente, a transi¢ao do trabalho escravo para 0 livre desencadeou a preocupacio com a educagio do liberto, para “ensi nar-lhe” a amar o trabalho (Schelbauer, 1998). A aboligdo foi realizada de forma gradual, culminando na total aboli- gio em 1888. Desse modo, com a promulgagao da Lei do “Ventre Livr em 1871, ja havia a preocupagao com a educago dos filhos do trabalhador livre ¢ pobre, prineipalmente a educagio dos filhos de escravos, também chamados de ingénuos. Esta Lei previa que os senhores de escravos deve- riam se encarregar da educacao dessas criangas. Entretanto, seu cumprimen- to ndo era uma tarefa fécil. Ina von Binzer, em Os meus romanos, alegrias e ristezas de uma educadora alema no Brasil, livro redigido sob a forma de cartas, mostrou a educagiio feita pelo preceptor aos fillios das familias ricas ¢ apresentou um retrato do movimento social brasileiro, destacando as diftcul- dades priticas para o cumprimento da Lei, Relatava que o atendimento & exigéncia legal era quase impossivel, pois no “[..] interior, nfo ha os mes- ttes-escolas rurais como em nossa terra, e assim sendo 0 fazendeiro v se-ia obrigado a mandar selar vinte a cingiienta animais para levar os pre- mente muito distante; ou entiio teria de a meninada [...]” (1994, p. 128). tinhos a vila mais préxima, gera manter um professor especial para ¢ ecessidade ¢ dificuldade de tado Este relato revela que o debate sobre a criar escolas no estava circunscrito apenas & Camara dos Ds ele 94 Jist6rias e memérias da educagao no Brasil ~ Vol. I estava presente também na sociedade civil. Grande parte dos lavradores reunidos nos Congressos Agricolas do Rio de Janeiro (1988) ¢ do Recife (1978) acreditava que a solugao para a falta de bragos, no Brasil, estava na “educagao”. Educado € freinado)o trabalhador nacional € o liberto pode- fho regular exigido na cafeicultura. Essa tiam ser incorporados a0 Wabi discussfio somava-se a0 debate parlamentar que propunha reformas na educagdo, em especial o Decreto de Leéncio de Carvalho e os Parece- res/Projeto de Rui Barbosa. O DECRETON. 7.247 DE LEONCIO DE CARVALHO DE 1879 .ouo inicio do processo de or- OQ Decreto de Leéncio de Carvalho mar ino no pais, propondo, ganizacdo da escola piblica. Buscou reformar 0 en a0 invés de um projeto, a forma de um Decreto. O Decreto n. 7. 247, de 19/04/1879 (Barbosa, 1942), tragava disposigdes que deveriam ser ‘obser- vadas nos regulamentos de instrugo primaria e secundaria no Municipio da Corte, nos regulamentos dos exames de preparatérios nas provincias, nos estatutos das Faculdades de Direito ¢ de Medicina, bem como nos re- tgulamentos das escolas politécnicas, destacando que sé seriam cumpridas — de imediato as determinagdes que nao trouxessem aumento de despesas. Desta forma, as medidas que no exi; is deveriam ser executadas ‘eas questdes que envolviam financiamento teriam que esperar aprovacio ‘da Assembléia Legislativa, aprovacao que nao chegou a acontecer.Q De- ‘reto foi submetido A apreciagaio da Comissio de Instrugdo Pablica, com- posta por Rui Barbosa, relator, Thomaz do Bonfim Spinola ¢ Ulises Via- ha (Machado, 2002). Dessa analise, foram elaborados os Pareceres/Proje- to de Rui Barbosa apresentados em seguida. [A pressa de Ledncio de Carvalho na execugiio dessa reforma pode ser explicada pelo fato de ser 0 ano de 1879 decisivo para os filhos de esera~ as, nascidos em 1871 apés a Lei do Ventre Livre, quando estariam em idade escolar (Calvi, 2003, p. 139). Contudo, Leéncio de Carvalho nfo re ere essa-crianga em nenhuma passagem do Relatério (Brasil, 1878) ou do Decréto, bem como nifo proibia o escravo de freqiientar a escola, como es- tava posto no Regulamento de Couto Ferraz, de fevereiro de 1854, que xe tava a freqiiéncia de escravos n as, juntamente com os doentes €.05 “aio vacinados (Moacyr, 1937). O silencio de Le6ncio de Carvalho sobre 0s ingénuos, nesses documentos, pode ter varios significados. Um deles € que Le6ncio de Carvalho nfo tratou do ingénuo por consideri-lo livre, por. tanto fazendo parte do povo que deveria ser educado. Outra explicagao é 6. 0 decreto de que ainda nao fazendeiros e 0 Deeret vre, alivre fre cultativo. No rém previ fessores, a0 ¢ quando solici medida garan 20/10/1823, s premacia do | niciativa part A liberda forma de ince Esta medida! sociedade, fo o Estado tive (2000, p. 64) dendo ser en pensamento « cional. Em o} prinefpfos lit ca ainda cont sobre a liber vias de extin ai A educag mular o aum rantia essa ol xos. O ensint ‘or, porém fi dissem a um ios, € um qu diada, A nic sobre 05 Fesp pobres, detes demais objet ODecret ria em prim no Brasil ~ Vol. I rte dos lavradores 988) ¢ do Recife Brasil, estavana el eo liberto pode- feicultura. Essa nha reformas na lho e os Parece- VALHO DE 1879 do processo de or- no pais, propondo, Decreto n, 7.247, de deveriam ser obser- ia no Municipio s nas provinci bem como nos re- f5 seriam cumpr [mento de despesas. n ser executadas E esperar aprovacio contecer. © De- Eucio Piblica, com- Pinola e Ulisses Via- -areceres/Proje- fsa reforma pode ser s filhos de escra- guando estariam ene de Carvalho nao re- asil, 1878) ou do, brs escola, como es- Firo de 1854, que ye~ m os doentes € 05 Carvalho sobre ados. Um deles & ieré-lo livre, por- ra explicagao & 6. 0 decreto de Leéncio de Carvalho e os Pareceres de Rui Barbosa em debate 95 que ainda nfio se podia deliberar sobre o ingénuo devido’a forte pressio dos fazendeiros escravocratas. Deereto provocou uma grande polémica por considerar o ensino li- vre, a livre freqiiéncia e abolir o ensino religioso obrigat6rio tornando-o fa- cultativo. No seu artigo primeiro, propunha o ensino totalmente livre, po- rém previa a inspegao oficial para garantir as condigdes de higiene; os pro- fessores, a0 abrirem cursos, ficariam obrigados a fornecer informagées, quando solicitadas, sob pena de multas em caso de nao atendimento. Tal medida garantiria os principios da liberdade de ensino presentes na Lei de 20/10/1823, suprimidos com o Regulamento de 1854, que mantinha a su- premacia do Estado na tarefa educacional e controle das atividades da iniciativa particular. A liberdade de ensino foi postulada por Le6ncio de Carvalho como forma de incentivar o aumento do nimero de estabelecimentos de ensino, Esta medida estimularia a livre concorréncia em proveito dos alunos ¢ da sociedade, forgaria os professores a se dedicarem mais ao ensino, sem que 0 Estado tivesse 0 monopélio do saber (Brasil, 1878, p. 24). Gongalves (2000, p. 64) discute que esta medida poderia ter varios significados, po- dendo ser entendida como liberdade de abrir escolas, como liberdade de pensamento ou ainda como nfo interferéncia do Estado em matéria educa~ cional. Em outro plano, também, poderia ser entendida como a defesa dos principios liberais nos negécios brasileiros, caracterizados por uma polit ca ainda conservadora, e a preparacao para uma nova sociedade assentada sobre a liberdade individual, na medida em que a escraviddo estava em vias de extingaio. ~ A educago deveria ter cariter obrigatorio, para tanto era preciso esti- mular 6 aumento dos bancos escolares. O artigo segundo do Decreto ga- rantia essa obrigatoriedade do ensino dos 7 aos 14 anos para ambos os se- xos. O ensino poderia ser ministrado em escola particular ou com precep- tor, poxém ficavam dispensados desta obrigatoriedade os alunos que resi- dissem a uma distincia maior de um quilémetro e meio no caso de meni- ‘hos, ¢ um quilémetro no caso de meninas, de uma escola publica ou subsi- diada. A nao obediéncia desta norma previa pena de multas em dinheiro sobre 0s responsaveis pela crianga. Para garantira freqiencia dos meninos, pobres, determinava a necessidade de fornecimento de vestuario, livros ¢ demais objetos necessarios aos estudos. O Decreto de Leéncio de Carvalho dividiu 0 ensino nas escolas prima- ria’em primeiro e segundo graus, com duragaio de quatro anos. Apresen- Historias @ memérias da educagao no Brasil ~ Vol. | 96 tou como questdes novas que os alunos no eatblicos estaver desobriga- gos. de freqiientar as aulas de ensino religioso ¢ previa. também, a co-edu~ cagiio dos sexos até a idade de dez anos “Assim, seria permitido que meni- nos até esta idade fosse ebidos nas escolas femininas de segundo rau, Determinava também a criagio de caine econémica escolar para que aon aings depositassem suas economias sob a administragao do professor Fate dinheiro seria devolvido quando o aluno deixasse aescola na data que se tivesse determinado. dis- en jas de primeiro grau deveriam ter as seguintes cio religiosa, leitura, escrita, nogdes ¢ mnentares de aritmética, sistema legal de pe sil, elementos de dese- e canto, ginasti- As escolas prim ciplinas: instrugio ciais de sos e medidas, ‘nho linear, rudimer ra simples para as mening s de musica, com exercicio de solfe} as, A formacio da crianga seria completa nvol- ca, cost da com o ensino das escolas do 2° eras disciplinas ensinadas no T° mentares de Algebra ¢ geometria ral, com explicago de suas principais ap! “aida; nogdes gerais dos deveres do homem e do cid ‘a do Império; nogdes de lavoura € horticultur ie economia domés: grau, que buscaria continuar e di sau, somadas a0 ensino de: prineipios ele- nodes de fisica, quimica e hist6ria naft ages & indiistria e aos usos da iadiio, com explicagHo st= “cinta da organizagao politic “nogdes de economia social (para os ‘meninos); nogoes ds tica (para as meninas); pratica manual de oficios (para 0s meninos) ¢ trabae Thos de agulhas (para as jneninas) (Barbosa, 1942, p. 276-2 7). © Decreto previa ainda a eriagio de jardins-de-infaincia para co°TE gogicos, entre outras “deltas sete anos de idade, bibliotecas e muses pedag ire o funcionamento das escolas. Para aumentar narrevadagao de verbas para a educacao, propunha a insiaurselt em cada Gistrito do municipio, de caixas escolares para receber donativos a serem aplicados na educagao. O Decreto possibilitaya a0 governo alterar a di buicdo das escolas; subvencionar escolas. particulares renomadas que deezem meninos pobres; eontratar professores particulares past © seo ensino primario; eriar ou auxiliar cursos para adultos analfa Aisposigdes especificas so diment betos; por escolas pai vermais nas provincias; reconhecer o titulo confe atérias exigidas para matricu Ta nos cursos superiores € que preenchessem as exigency determinadas Estabelecia como possivel tarefa do governo criar ou auxiliar, no Municl pio da Corte enas de des importantes das provincias, escolas pr fissionais que objetivassem dar instrug predominantes, bem como auxiliar ou cri resco iculares que ensinassem as ma nais cid: Jo técnica necessaria as indiistr ar escolas especiais que estives decreto de Leér em voltadas pare des da populag Parao ensino eito e para as fac 30 Obstétrico essatios para 0¢ Decreto proibi em chamados pa Iquer pessoa mi ter sido matr As outras pro ciosas come us detalhes. 877, apresent lui que_as es incia determi sino, Isto evi também Os PA arbosa y derelatar: oso estudo g Projeto s 82, ea “Ref ares da Instr sobre o quadi ios Parecere abia a Refor a ndan ara situag mostravs deriam s ndo ot asil — Vol. I omdebato 97 6. O decreto de Letncio de Carvalho @ os Parocores de Ful Barbo: lesobriga- sem voltadas para 0 ensino pratico das artes e oficios conforme as necessi a.co-edu- dades da populagao e do Estado. que meni-| Parao ensino superior, estabelecia contetidos para as faculdades de Di- = segundo reito e para as faculdades de Medicina, para as escolas de Farmacia, para 0 x para que curso Obstétrico e para o de Odontologia. Definia ainda 0s requisitos ne- professor cessérios para 0 corpo docente, os salérios, as aposentadorias, entre outras © Decreto proibia que fossem marcadas faltas aos seus alunos e que fos- sem chamados para ligdes € sabatinas, garantindo assim a livre freqiiéncia. radata que uintes dis- Qualquer pessoa poderia prestar exames nos estabelecimentos de ensino Ses essen- sem ter sido matriculada nas escolas (Barbosa, 1942). l de pa As outras propostas de reformas apresentadas no periodo nfo eram tio os de desex minuciosas como o Decreto, que apresentava o funcionamento do ensino Xo, gindsti em seus detalhes. O Ministro do Império, Leéncio de Carvalho, no Relatério Completa de 1877, apresentou o estado da instrugao primédria e secundéria no pais ¢ pdescovell concluiu que.as escolas eram escassas e organizadas de forma precéria, cada ipios ele- provincia deferminava, independentemente, seu proprama e sua lepislaglo storia nat de ensino. Isto evidenciava a necessidade de uma uniformizagao do ensino, aos usos dal questo também abordada nos Pareceres/Projeto de Rui Barbosa. plicagao su : rorticultura OS PARECERES/PROJETO DE RUI BARBOSA mia domés- os) e traba- Rui Barbosa participou da comissio da Assembléia Legislativa encar- ar o Decreto-Lei n. 7.247. Desta forma, empreendeu um cu- so estudo que serviu de material para a red: egada de rel ra criangas 10 dos seus Parece- entre outras res/Projeto sobre educagao: a “Reforma do Ensino Secundario ¢ Superior” a aumentar 1882, e a “Reforma do Ensino Primitio e varias Instituigdes Comple- io, em cada mentares da Instrugao Piblica” — 1883 -, produzindo um importante mate- os a serem rial sobre 0 quadro educacional brasileiro ¢ de outros paises. ara distri- Nos Pareceres/Projeto sobre o ensino primario Rui Barbosa destacou que cabia 4 Reforma repudiar tudo o que existia e reorganizar totalmente 0 programa es ne tempos. os analta lamentar suas afirmagoes recorret as estatisticas procurando di p conferigg monstrar a situago do ensino brasileiro no que se referia ao ensino popu- pa matt lar. Este mostrava uma situagdo caética, minadad tados poderiam ser considerad aten= ensinar ru sq colar, conformando-o com as exigéncias dos novos eus resul- xistente e »s nulos. Para reverter essa situagiio desta Muni i 0 an cava a necessidade da interferéncia do Estado, financiando diretamente ou sscolas pro- fiscalizando o trabalho realizado nas escolas. Para tanto, era necessaria a s indistrias ctiagdo do Ministério da Instrug%o Publica que deveria coordenar a organi- que estives zagao do sistema nacional de nsino, Sua posigao era que o Estado deveria 98 Historias © memérias da educagdo no Brasil ~ Vol. I! criat escolas suficientes, e para isso era preciso aumentar os investimentos destinados ao ensino e obrigar os pais a matricularem seus filhos. Assim, co- ‘el ao controle do Estado sobre a educagao, principalmente dos titulos universitarios e a “neces: idade io ensino, desde a escola até as fa- ‘entos e adaptada a todos os géne- (Barbosa, 1947, tomo 1, p. 86). no que se referia & distribuigo crescente de uma organizagdio nacional d ‘culdades, profusamente dotada nos orga! Tos de cultivo da inteligéncia humana’ Rui Barbosa era também favoraivel & liberdade de ensino, pois acredi- tava pemicioso 0 monopélio do Estado. Entretanto, na situagao brasifeira apenis a Igreja Catdlica lucrava com essa liberdade, somente ela estava preparada para manter suas escolas. As leis da oferta ¢ da procura nfo res- ponderiam as necessidades da instruglo, seja no ensino primério ou no st perior. Afirmou: Deploro profundamente @ per quia reinante na educagdo que todos recebemos; e nenhum desejo em mim é maior do que o ds vor modificarem-se radicalmente os principios pedagégicos ¢ os pro igramas em vigor. O que sustento, é que o progresso ¢ o melhoramen to no se podem efetuar pela iniciativa da sociedade inteira; que hip de ser obra de alguns individuos, assaz esclarecidos para avaliar ane= cessidade, assaz potentes para vencer a resisténcia passiva de um: imensa maioria, que ignora ainda em que diregfo se ha de encami nhar. Organizar-se por si mesmo um ensino liberal & impossive riaé-lo [.... Levarei adiante a minha critica: dire algum decreto s cumpte, pois, 0 que a liberdade absoluta da instrucdo piblica, se por pudesse proclamar, seria daniinka, e vitia a dar em arma perigos® ms m opinido é demasiada a presteza com que s 9 [...] Barbosa, 1947, tomo 1, p. 95-96). s do partido em cuja mos a via do pr “Assim, a0 Estado caberia manter as escolas para que houvesse liberda de para todas as crencas, concebendo que 0 ensino oficial néo deveria cm ‘baracar 0 =, embora, no Brasil, o ensino livre nao supriria a fale do ensino oficial. Para tanto, era preciso aumentar os investimentos. “G Estado, no Brasil, consagra a esse servigo apenas 1,99% do orgamento § Zal, enquanto as despesas militares nos devoram 20,86% da despesa tot (Barbosa, 1947, tomo I, p. 163-164). atuito, assim a instrugio deveria ser obrigaton > 14 arios, j4 que a grande maioria da populag: \capaz de pereeber os seus beneficios. Defems no Decreto de Ledncio de Cas a obrigatéria. Rui Barbosa co ino li O ensino deveria ser para as criangas entre 7 brasileira era analfabeta e dia o ensino obrigatério como estabelecido yalho, mas, diferentemente, com freqiiénci 6. O decreto ia que ciplinas Detern ragdio e1 Concorday toric f-se em s destina ada se de 19 gioso, t cando f a, sem ¢ no Brasil ~ Vol. Il s investimentos 10s. Assim, co- incipalmente “necessidade Ola até as fan todos os géne- 20 I, p. 86) ino, pois acredi agi brasileira mente ela estava procura nfo res- mirio ou no su- ‘te na educacio ior do que o de igicos e as pro 0 melhoramen- fe inteira; que hio s para avaliar a ne: ssiva de uma se ha de encami- eral € impossivel: nha eritica: direi algum decreto se srma perigosa nas teza com que Se mo 1, p. 95-96). houvesse liberda- nio deveria em- falta ‘0 supriria a westimentos. “O do orgamento fe- da despesa total ia ser obrigatoria oria da populagdo deneficios. Defen- © Leéncio de Car- Rui Barbosa con- 6. O decreto de Leéncio de Carvalho © os Pareceres de Rul Barbosa em debate 99 cebia que a livre freqiiéncia s6 seria possivel nos cursos superiores disciplinas de carter puramente tedrico. nas anecessidade de se- paragio entre Estado e Igreja, mostrandd’as vantagens da escola leiga Concordava com o Decreto de Leéncio de Carva obrigatoriedade do ensino religioso, pois concebia que este deveria efe- iuar-se em dias determinados da semana e sempre a lepois das ho- ras destinadas ao ensino das outras disciplinas. Defe ea escola secu- larizada se colocava como tendéncia em varios paises. Discordava do De- creto de 19 de abril ao atribuir ao professor o trabalho de ministrar 0 ensino religioso, tarefa para a qual seria incompetente. D blica nfo forneceria o ensino religioso, ela apenas abriria as portas d casa, sem detrimento do horirio escolar, a esse ensino, ministrado presentantes de cada confiss4o, concluindo que era preciso ex cismo do programa esco Determinava o fim do ensino religioso, discut Iho que inaugurou a nfo O ensino deveria ser totalmente reorganizado, tanto em seu programa como em seu método. Assim, Rui Barbosa propunha a adog&o do ensino das Ligdes de Coisas, método que seria a cura para trés séculos de um ensi- 10 abstrato e moro, baseado na repetico. Entretanto, discordava da forma como ele havia sido proposto no Decreto, como matéria em separado (Schelbauer, 2003), Rui Barbosa propunha uma Reforma que adotasse a gratuidade, a obri- gatoriedade e a Taicidade do ensino. O ensino de ciéncias fisicas e naturais deveria ser iniciado no jardim-de-infincia, por meio da observacao ¢ da Fe 0 ensino da ling a; da matemdtica elementar e da taquimetria; da geografia ¢ cosmogra- fia; da historia; dos rudimentos de economia politica; do ensino de cultura moral e civica. Estes estariam associados aos novos contetidos, como de- senho, ginistica, miisica nihinistrados de forma a desen- volver no aluno 0 gosto pelo estudo € suia aplicagao. O contetido escolar proposto girava em torno do ensino da ciéncia elementar, associado a0 sentimento geral de amor a patria e ao trabalho. ~ ua materna e gramé- canto que seriai Rui Barbosa defendia a criagio de jardins de criangas, de escolas nor- mais, de caixas ese escolares, bem como da necessidade de consi- derar-se a higiene es jue 0 posicionamento da luz, as edi- Ges defeituosas dos livros escolares, a mobilia inadequada poderiam pre- judicar 0 ensino. O mimero adequado de alunos, a co-educagao dos sexos € ‘as vacinas eram fundamentais para que houvesse um bom funcionamento colar, uma v 100 Historias e memérias da educagao no Brasil ~ Vol. I! timentos Todos esses cuidados exigiriam maiores inve do sistema escolar ftava que o seu plano atendia as por parte do governo. Rui Barbosa acred vcessidades do povo e a reforma de ensino proposta procurava PFcbt crianga para a vida em Sociedade. O objetivo principal deveria voltar-se Fara a formagio de eidadlos ites patria, Este mesino espirito SRN fe 40 tratar da reforma do ensino secundario ¢ superior, procurando um equilibrio entre a formagao humanistica € cientifica. -eceres/Projeto também fica rndamento na Assembléia Le- autor regis- am ) registrou que esses Par Moacyr (193 nfio tendo nenhum as no “mofo dos arquivos” gislativa. Com relago ao Decreto de Ledncio de Carvallo, & frou que, segundo 0 Ministro do Império Bario Homem de Mello, em Re- latério de 1880, algumas questdes estavam colocadas em pritica, come alanos nfo catBlicos das aulas de religido, a co-edueagao dos ade, a caixa econdmica escolar, entre outras estes mais gerais que poderiam levar norta, dispensa dos Sexos até os dez anos de idi (Moacyr, 1937, p. 218). Assim, as qué sorganizagio dos sistemas nacfonais de ensino ficaram como lean CONSIDERAGOES FINAIS guns parlamentares € ante todo o Império, apesar da insisténcia de D dealguns setores da sociedad na defesa constante da obri atoriedade do en a as classes popula sino, nao havia uma oferta signifi manecia como uma tarefa da familia. Crescia, entres iedade mobilizava-se para mudangas mi ravidio e de ativa de escolas p a instrugiio priméria pert tanto, a demanda por escolas € processo produtivo com a eminente necessidade de abolir ae se construir uma unidade nacional no pais. A medida que cresciam os in ‘a imigragdio, como forma de ntir mao-de-obra para , a sociedade adquiria novos contornos. AS .o questionamento dof ‘centivos par agricultura e para a indi sim, o trabalho livre, a imigracic gimé politico, exigiam que 0 povo 3 escola primatia para 0 povo, no Bras revels que sf criacfo ni se deu num passe de mégica, de xm dia pa “ima evolugio natural. Ela foi uma construg vartir de Tutas travadas em meio ds contradicOs histérica que se definiu a p da sociedade, Cada projeto constituiu uma faceta dessa luta. Nos prolt was duas iltimas décadas do Império pode- scola a ser implantado. Estes ava 0 leva o, a urbanizaga fosse instruido ‘A retomada do debate s¢ outro, nem foi apresentados n se verificar.a¢ culdade de definig m modelo d cias dos paises capitalistas n nacionais. Essa inspir jetos se inspiravam nas dos, buscando atender as especificidades 6.0 deoret 08 oposito do de outr Almei pasta de M mbiente 1 com 0 se ia. com su Pareceres mn e projetos desajt nstrugdo 0 no Brasil - Vol es investimentos Jano atendia as curava preparar a ria voltar-se ito esteve pre~ procurando um ambém ficaram 2 Assembléia Le- 0, 0 autor regis= de Mello, em Re- 7 co-educagao dos ar, entre outras poderiam levar como letra morta tica, como a s parlamentares € gatoriedade do en- asses populares, a, Crescia, entre gas no iio e de ara mut 2 esoravid in- esciam ¢ -de-obra para a os contornos. As- onamento do re- povo, no Brasi de um dia pal uma construga is contradigdes, ta. Nos projetos verificar a difi- tado, Es as mais avanga levou nspirag: 6. 0 decreto de Leéncio de Carvalho e os Pareceres de Rul Barbosa em debate 101 g-la por ser um modelo transplanta- 08 opositores da escola piiblica a criti do de outros paises ou por estar antecipada ‘Almeida (1989, p. 192) afirma que Ledncio de Carvalho, ao deixar a pasta de Ministro do Império, ainda voltaria a0 poder ¢ ai encontraria um ambiente mais conveniente as suas aspiragdes, de aa harmonizé-las com o seu tempo. Rui Barbosa também foi acusado de estai nia com sua sociedade. Fernando de Azevedo, anos mais Pareceres/Projeto pela sua forma e erudicao, mas afirmou qu vam desajustados em relacao a sociedade brasileira (1996). A e de projetos nao efetivados naquele periodo mostra © quanto f onstrugiio da escola existente hoje e a origem de suas mazeles. discursos destacassem a importincia da escola para a moderniz: ciedade, a pritica social demonstrou que esta afirmagio est ‘compasso com a teoria, pois ela s6 foi implantada na segunda me século XX, quando emergiram as condigdes para tal empreendime: o tempo, n desarmo- AZEVEDO, Fernando de. A cultura brasileira. Rio de Janeiro/Brasilia: UERJ/UnB, 1996. BARBOSA, Rui. Reforma do ensino secundario e superior. Obras Com- ppletas. Vol. IX, tomo I. Rio de Janeiro: Ministério da Edueagao ¢ Satt- de, 1942 — Reforma do ensino primério ¢ varias instituigdes complementares da piblica. Obras Completas. Vol. X, tomos 1 a0 IV. Rio de Ja- neiro: Ministério da Educagao e Saiide, 1947. e tristezas de uma educa- BINZER, Ina von. Os meus romanos ~ Alegria dora alema no Brasi. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1994. BRASIL. Congreso. Camara dos Deputados. Projeto n. 183, de 06/08/ 1870 (Paulino José Soares de Souza). In: BARBOSA, Rui. Reforma do Jno secundario e superior. Obras Completas. Vol. EX, tomo I. Rio de Janeiro: Ministério da Educagdo e Saiide, 1942, p. 320-324. —Projeto n. 290, de 17/03/1873 en, 463, de 16/07/1873 (Antonio do Cunha Leitio). Jn: BARBOSA, Rui. Reforma do ensino secundario ior. Obras Completas. Vol. IX, tomo I. Rio de Janeiro: Ministé- Satide, 1942, p. 324-334. en esu rio da Educagio e .ducagéo no Brasil ~ Vol. I Histérias © momérias dae 102 _ projeto n. 73-A, de 23/07/1874 (Jodo Alfredo Corréa de Oliveira). Jn: BARBOSA, Rui. Reforma do ensino secundario supetof. Obras Completas. Vol. 1X, tomo I. Rio de Janeiro: Ministério da Educagiio Sauide, 1942, p. 339-3 BRASIL. Decreto-lei n. 7. rio, secundario € suj In: BARBOSA, Rui. Reforma do x, tomo I. Rio de J 7, de 19/04/1879. Reforma do ensino prima ‘ho Municipio da Corte em todo o Império ensino secundario ¢ superior. Obras janeiro: Ministério da Educagao € ério. Ministro Carlos Leéncio de Carvalho. sembléia Geral Legistativa na janeiro: Typ. Nacional, 1878. BRASIL. Ministério do Imps Relatério do ano 1877 apresentado 1*Sessao da 17° Legislatura. Rio de J CALVI, Lourdes Margareth. As transformagées socials ¢ @ instrugdo pie voice - Uma andlise dos projetos de reforma edueacional ¢ dos relate oct ninistoriais de 1868 a 1879. Matingé: UEM, 2003 [Dissertagdo & mestrado] CONGRESSO AGRICOLA. Recife, 1878. Trabalhos. Recife Fundaga Fstadual de Planejamento Agricola de Pernambuco, 1978 CONGRESSO AGRICOLA. Rio de Janeiro, 1878. Anais. Rio de Janein Casa de Rui Barbosa, 1988 GONCALVES, Vera Teresa Vala: do sobre a reforma educacional pr ‘sa. Séo Paulo: Cultura Académica, 2000. emarin. O liberalismo demiurgo ~ E: rojetada nos Pareceres de Rui Bar MACHADO, Maria Cristina Gomes. Rui Barbosa: pensamento & i CampinasiRio de Janeiro: Autores Associados/Fundagao Casa Bil Barbosa, 2002. MOACYR, Primitivo. A da educagdo no Bra cional, 1937. 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Paulo gio, 2003 [Tese de 6. 0 decreto de Le6ncio de Carvalho @ os Pareceres de Rui Barbosa em debate 103 LEITURAS COMPLEMENTARES BARBOSA, Rui. Ligdes de Coisas (Tradugao). C XIII, tomo I. Rio de Janeiro: Ministério da Educa GONGALVES, Jotio Felipe. Rui Barbosa: pondo as idéias no lugar. Rio de Janeiro: FGV, 2000. LOURENGO FILHO. A pedagogia de Rui Barbosa mentos, 1956. MACHADO, Maria Cristina Gomes. Rui Barbosa: pensamento e acéo. Campinas/Rio de Janeiro: Autores Associados/Fundagao Casa Rui Barbosa, 2002. NASCIMENTO, Terezinha A. Quaiotti R. do. Origens do pensamento conservador liberal modernizador na educagéo brasileira. Campinas: ‘Autores Associados/FAE/Unicamp, 1997. s Completas. Vol. 10 ¢ Satide, 1956, Paulo: Melhora- 7 Do ARTESANATO A PROFISSAO Representagoes sobre a institucionalizagao da formagao docente no.século XIX_ - Heloisa de Oliveira Santos Villela igem de uma profinnda sociolé (as mestres ‘a, de uma verdadeira pessoal docente primario. Sob sua ag ia do séeulo XIX a profissionais for 1991, p. 125). serdveis ¢ pouco instruidos do in nas décadas, ceder lug ade do século XIX algumas provineias brasileiras atra- 0 de substituigso do modelo artesanal de formagao altura pragmética, pelo modelo 3 (1991) pressupoe alargamento icos € aquisigio de Na segunda m vessaram um proc de seus professores primarios, baseado na profissional que, segundo Antonio Novos inio de métodos espe de contetido académico, doi sprofissional. © momento do enraizamento do modelo profissio- ola Normal de Niterdi, capital da provin- Je do século XIX, buscando estabe- sociedade ste artigo focaliza nal de formacao instituido na cia do Rio de Janeiro, na segunda mé mo movimento de transformacao da cultura ;cularidades conjunturais do momento brasileiro lecer nexos ocidental e com as pa © texto inicia focalizando um periodo denominado de “transi¢ 0” por ‘eas do modelo “artesanal” da formagdo de professo res que predominou anteriormente e coexistit com a formAct profissio- nal institucionalizada. Em seguida, tenta es o no espaco fluminense, a partir da década ntido atribuid splan encerrar caracteristi larecer como 0 novo modelo de “profissional” foi aproptia 1860, pensando essa apropriagao no ser _ au (1984) e nao como simples reprodugao ou fo de modelos 7. Do artesanato & pro angeiros, acriti ntando os limite alisando alguma elo institucionaliz fa os elementos >vo modelo. 4 XV, Ao analisar a ¢ ca. que os trés sé Tango processo os modos antigos sigdo de uma para uma socie ssim, por muito sio de conhecim Entretanto, é med a tendéncia de h einicio do XIX¢ fissfio docente, @ pendéncia, a L bases da inter de primeiras let lancaster primeiras ini anc das primeiras e 30 € 40 do Oite { aqui, por jate portante destac funcionou com rarefeito. O pr dividualmente alizagao da a Santos Villela fe dacente (NOvos 2s brasileiras atra- canal de formaga npoe alargamente cos ¢ aquisigio de modelo profissio- capital da provin a na sociedade “transigaio” por magio profissio: mo 0 novo modelo tit da década de Michel de Certe-= 7. Do artesanato a profisséo 105 a realidade brasileira. Finaliza apre- ¢ formagio profissional, s da implantagio do mo- dade sociocultural brasi- n limites A realizagiio do estrangeiros, acritica e mal ajustad sentando 0s limites encontrados no processo d analisando algumas hipdteses sobre as dificuldad delo institucionalizado, buscando na propria reali leira os elementos de contradigao que imput novo modelo. _ WW, YU, : Za) A TRANSICAO e, Névoa (1991, p. 111) res- ados, no Ocidente, por Ao analisar a génese da profi salta que ulos da m “am Tongo processo de produgao de uma nova f dos modos antigos de aprendiza o de uma sociedade onde a educagao se faz por impregnc ral para uma sociedade munida de um sistema complexo de ensino estatal Assim, por muito tempo ainda, iriam conviver varias formas de transmis- sao de conhecimentos e varias instituigdes se ocupariam dessa tarefa. Entretanto, a medida que os Estados Nacionais se consolidam, predomina ndéncia de homogeneizar aquelas formas dispersas, conformando um ‘alizado, regulado ¢ controlado pelo poder estatal a escolar em detrimento undo ele, oct em. Neste periodo, seg No Brasil, o envio dos professores régios portugueses no século XVII e inicio do XIX consolidou o primeiro movimento de secularizacio da pro- fissao docente, ainda sob o regime colonial (Cardoso, 2002). Apds Inde- a, a Lei Geral do Ensino, de 1827 (CLB), procurou normalizar as estabelecendo a obrigatoriedade da instruco gfio dos professores pelo méto- sais o caminho estava aberto, io administr endénci ases da intervengiio esta ie primeiras letras ¢ a necessidade da forma _do Jancasteriano. No entanto, se em termos Teg s primeiras iniciativas s6 ocorreriam apés a descentraliz: tiva proposta pelo, Ato Adicional de 1834 A‘Formagdo docente insti das primeiras escolas normais brasileiras instituidas a pa 30 € 40 do itocentos. O momento de criagiio da prim incia do Rio de Janeiro, em 1835, aqui, por ja ter sido alvo de estudos anteriores (Villela, 1490 ¢ 1992), Fim. portante dest nto, que por mais de uma década a Escola Normal funcionou com um tnico professor, niimero reduzido de alunos ¢ conteiido arefeito. O processo moroso de formago — os alunos eram preparados in- Jividualmente até que fossem considera éncias do curso, apesar do incentivo das pensdes tucionalizada ocorreu com o aparecimento das décadas de ra escola normal fio ser analisado Ao Brasil, na Prov r, ent dos prontos para os exames~e 0 erande nuimero de desist

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