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I.

ÁGUA, HIDROLOGIA E RECURSOS HÍDRICOS O QUE É A HIDROLOGIA


SUSANA PRADA Estudo da água em sentido lato, do grego Hýdro (água) +
Lógos (estudo, conhecimento)

•É a ciência que estuda a ocorrência, a circulação e a


distribuição da água na Terra, as suas características
físico-químicas e as sua interacção com o ambiente,
incluindo a relação com os seres vivos.
•Na componente de hidrologia aplicada pode ser
entendida como a ciência de carácter prático com o
principal objectivo de servir de base ao planeamento e à
gestão dos recursos hídricos.

HIDROLOGIA: TEMA MULTIDISCIPLINAR A Hidrosfera faz da Terra um planeta único!

A Terra encontra-se à distância certa do Sol para que a


água possa existir no estado sólido, líquido e gasoso…
Hidrologia = Hidrologia Superficial + Hidrologia Subterrânea (Hidrogeologia)
O crescimento da população irá exacerbar os problemas da
O “planeta azul”: água → enorme procura de água resultante do aumento da
população e da industrialização.
“Vista de longe a Terra é pura água, Atualmente, a população mundial já ultrapassou os 7 300
mas não é água pura, esta é rara e milhões, em 2050 será de 10 000 000 000 de habitantes!
cada vez mais cara”

A água disponível para consumo


humano representa menos de 1%
dos recursos hídricos do Planeta.
Mais de 1 200 000 000 de pessoas
não tem acesso a água potável
segura.

Evolução do consumo de água


(Blatt, 1997)

Consumo anual em milhas cúbicas (1 milha3 = 4,2 km3)

Região 1900 1950 2000 Aumento (nº vezes)

Ásia 99 206 800 8


América do Norte 19 69 191 10
Europa 9 23 162 18
África 10 13 80 8
América do Sul 3.6 14 52 14
Austrália/Oceânia 0.5 2.4 11 22
Total 141.1 327.4 1292 9

Egipto: 26 m3/pessoa/ano
• O consumo mundial nos últimos 50 anos tem vindo a aumentar
Islândia: 605 000 m3/pessoa/ano muito, quer pelo crescimento vertiginoso da população mundial,
Média: 700 m3/pessoa/ano quer pela utilização, cada vez maior, associada ao progresso das
sociedades.
Exemplos de utilização da água Água é vida…usos da água em Portugal:
(adaptado de Cunningham & Saigo, 1995)

Agricultura e
Sector doméstico Litros processamento de Litros Indústria Litros
alimentos

Banho 150-200 1 ovo 150 1 jornal 1 000

Duche 20/min 1 espiga de milho 300 1 automóvel 380 000

Lavagem de roupa 75-100 1 pão 600 500g de aço 110

Confecção de 30 500g de carne de vaca 3 000 a


alimentos 9500 500g de borracha
sintética 1 100
Rega de jardim 40/min 1 copo de leite 380

Descarga de 10 500g de arroz 2 100 500g de alumínio 3 800


autoclismo

“A água não só não é um


bem escasso como também
Água é vida…usos da água na Madeira: é um recurso renovável! A
água é, em volume, um dos
produtos mais abundantes
do planeta.
O que é raro, e cada vez
mais difícil de conseguir, é
ter “água disponível” onde a
queremos e como a
queremos, em volume e
qualidade!”
DISTRIBUIÇÃO DA ÁGUA NA TERRA E
DISTRIBUIÇÃO DA ÁGUA DOCE (2,5%): TEMPO DE RESIDÊNCIA NOS DIFERENTES RESERVATÓRIOS
Corresponde ao tempo médio que cada molécula de água permanece num
reservatório do ciclo hidrológico, o tempo de renovação

• Glaciares de montanha e calotes Fracção do Fracção da


Reservatório Tempo de residência
polares: 1,72% total água doce
Oceanos e mares
97,5% - 4 000 anos
interiores
• Água subterrânea, humidade do Glaciares de montanha e
1,72% 68,9% 1 000 a 10 000 anos
solo e pântanos: 0,77% calotes polares

Água subterrânea,
humidade do solo e 0,77% 30,8% 2 semanas a 10 000 anos
• Rios e lagos: 0,008% pântanos
Rios e lagos 0,008% 0,3% 2 semanas a 10 anos

• Atmosfera: 0,001% Atmosfera 0,001% 0,05% 1 semana

Total 99,999% 100%

Ao longo do ciclo hidrológico a água:


O CICLO HIDROLÓGICO

①Evapora-se a partir dos oceanos e da superfície da Terra;


②entra na circulação atmosférica sob a forma de vapor;
③retorna à superfície como Precipitação líquida ou sólida;
④é Interceptada por obstáculos que a impedem de atingir o solo;
⑤produz Escoamento sobre o terreno
⑥Infiltra-se para o interior do solo, possibilita a recarga dos
aquíferos;
→ Sequência fechada dos processos envolvidos no ⑦Concentra-se na rede hidrográfica e escoa para os oceanos, de
movimento contínuo da água entre a Terra e a atmosfera onde se evapora novamente.
promovendo a renovação da água doce, imprescindível
à vida na terra.
PRINCIPAIS PROCESSOS ENVOLVIDOS NO CICLO
HIDROLÓGICO
Transferência de água do globo terrestre para a atmosfera, por
evaporação (oceanos, lagos, rios, solo e vegetação),
sublimação do gelo e por transpiração dos animais e plantas.
Condensação parcial do vapor de água da atmosfera em
nuvens e nevoeiros.
Transferência de água da atmosfera para a superfície do globo,
através da precipitação, orvalho ou sereno (condensação por
contacto com superfície fria), geada (sólida).
Retenção em lagos, glaciares, vegetação ou urbanização.
Escoamento à superfície dos continentes (rios e ribeiras) ou no
O MOVIMENTO PERMANENTE DA ÁGUA, EM REGIME ININTERRUPTO, seu interior, escoamento subterrâneo (aquíferos)
NO CICLO HIDROLÓGICO É MANTIDO, essencialmente, PELA ENERGIA
RADIANTE DE ORIGEM SOLAR E PELA ENERGIA potencial GRAVÍTICA.

A água no mundo atual: volumes de água expressos em


A evaporação do oceano de onde vem…
percentagem da água precipitada sobre os continentes
A água na atmosfera sobre os continentes… A precipitação sobre os continentes para onde vai…

Balanço anual médio da água da Terra:


As grandezas hidrológicas nos diferentes intervalos de tempo,
Mobilização anual promovida pelo ciclo hidrológico: 624 000 km3/ano
podem ser expressas em volume (km3, m3), ou
Volume total de água na Terra (a sua quantidade permanece
em alturas de água uniformemente distribuídas sobre a
projeção horizontal das áreas a que os volumes se referem: sensivelmente inalterada desde a sua formação): 1 386 000 000 km3

H, corresponde a uma altura de água (mm) por cada m2 de


superfície
1mm de altura de água, num m2 de área, equivale a um volume
de 1litro
Resultados:
Exercício: Calcular os volumes envolvidos em alturas de água (mm) Atmosfera
47 000km3 a-1
Altura= 92 mm
(3)

ÁREA DOS CONTINENTES (29.2% DA SUPERFÍCIE DA TERRA): 148 940 000 km2
ÁREA DOS OCEANOS (70.8% DA SUPERFÍCIE DA TERRA): 361 132 000 km2

Recursos Hídricos: água em movimento no ciclo


hidrológico que pode ser utilizada pelo homem
Recursos Hídricos

• A “renovabilidade” dos recursos hídricos é possibilitada, pela • Potenciais: extracção máxima teoricamente possível
natureza fechada do ciclo hidrológico: da água do ciclo hidrológico.
Reservatório
Tempo de residência …toda a água que passa numa secção de um curso de
Período médio de renovação
água constitui o recurso potencial do qual só parte
Oceanos 4 000 anos
pode ser utilizada...
Calotes polares 10 000 anos
Glaciares de montanha 1 000 anos • Utilizáveis ou disponíveis: podem ser aumentados à
Água subterrânea 2 semanas a 10 000 anos custa de intervenções no ciclo hidrológico – objecto
Humidade do solo 2 semanas a 1 ano das ações de planeamento e têm sempre associado
Lagos e pântanos 1 a 10 anos uma garantia de fornecimento ou risco de
Rios 2 semanas insuficiência.
Atmosfera 1 semana
Biosfera Horas a dias
Distribuição da precipitação mundial ao longo do ano Distribuição espacial e temporal da precipitação na
A distribuição do recurso na Terra é muito irregular: à irregularidade ilha da Madeira
espacial, associa-se uma irregularidade no tempo em que períodos
com abundantes disponibilidades hídricas alternam, de modo não
determinístico, com períodos com escassez de recursos.

Precipitação máxima na vertente norte: 2800 mm


Mínima na vertente sul: 600 mm

Pr ecipitac ao (mm)
< 80 0
800 - 100 0
100 0 - 12 00
120 0 - 14 00
140 0 - 16 00
160 0 - 20 00
3 0 3 km
200 0 - 24 00
240 0 - 28 00
> 28 00

Necessidades globais de água por zona na ilha da Gestão de recursos hídricos


Madeira
II. BACIAS HIDROGRÁFICAS BACIA HIDROGRÁFICA: A UNIDADE NATURAL

• A análise dos recursos hídricos é efectuada com base


numa unidade geográfica designada por BACIA
HIDROGRÁFICA

BACIA HIDROGRÁFICA

• A BACIA HIDROGRÁFICA relativa a uma dada secção de um


curso de água – secção de referência da bacia Bacias hidrográficas de um
hidrográfica, representa a área tal que o escoamento mesmo curso de água mas
originado pela água nela precipitada se encaminha para a em diferentes secções de
secção considerada do curso de água (curso de água + referência
secção de referência)
• A BACIA HIDROGRÁFICA de uma dada secção de um
• Linha de festo ou linha de cumeada: é a linha que une
curso de água é a área na qual a água nela precipitada
os pontos de cota mais elevada ao longo dos
escoa para a secção de referência do curso de água.
interflúvios, é a linha de separação de águas entre
• É definida a partir da topografia da região, sendo os
bacias adjacentes:
limites da bacia hidrográfica constituídos por linhas de festo
(a que une os pontos de cota mais elevada):

• Talvegue: é a linha que une os pontos de cota mais


baixa ao longo de um vale, é a linha seguida pelos
cursos de água ou linha de reunião de águas.

DELIMITAÇÃO DE UMA • Do ponto de vista topográfico, a bacia hidrográfica é


BACIA HIDROGRÁFICA limitada por uma poligonal fechada constituída por linhas
NUMA CARTA: de cumeada que separam a bacia hidrográfica das bacias
que lhe são contíguas.
Identificar os vales e as De modo geral, assume-se que, para um dada secção da
cumeadas, a partir das rede hidrográfica, são coincidentes as bacias hidrográficas,
concavidades das curvas definida topograficamente, que condiciona o escoamento
de nível. superficial, e a referente ao escoamento subterrâneo.
O contorno da bacia
hidrográfica é definido
pela linha de separação
de águas entre bacias
adjacentes.
Problemas com a definição dos limites PRINCIPAIS BACIAS HIDROGRÁFICAS DA ILHA DA
MADEIRA
• Na realidade, podem ser significativas as transferências de
água entre bacias hidrográficas promovidas pelo
escoamento subterrâneo. A consideração dos movimentos
subterrâneos da água introduz dificuldades acrescidas na
análise dos processos hidrológicos.

Bacias hidrográficas 100% Portuguesas Bacias hidrográficas lnternacionais


64% do território é ocupado por bacias internacionais
1. Cávado
2. Ave
3. Leça
4. Vouga
5. Mondego
6. Lis
7. Rib. do Oeste
8. Sado
9. Mira
10. Rib. do Algarve
Padrões de Drenagem

• Dendrítica

• Radial

• Paralela

• Rectangular

PROCESSO DE FORMAÇÃO DO ESCOAMENTO A ÁGUA PRECIPITADA divide-se em várias parcelas…

1. No início, parte da precipitação pode ser interceptada


pela vegetação e outros obstáculos;
• Tendo por base a unidade
2. Parte da precipitação que atinge o solo pode ser
morfológica constituída pela bacia
hidrográfica, é possível descrever
acumulada em depressões;
o PROCESSO DE FORMAÇÃO DO 3. Parte da precipitação evapora;
ESCOAMENTO produzido por uma
precipitação líquida, com
intensidade constante, com início
após um longo período de tempo
sem precipitação.
Retenção superficial (água que não se infiltra, nem dá 4. Quando a precipitação caída é maior do que a
origem a escoamento superficial = água interceptada + retenção superficial e a infiltração, o volume de água
água armazenada nas depressões + água que se evapora) excedente flui, por acção da gravidade,
concentrando-se em linhas de água, dando origem ao
escoamento superficial.
• A repartição da água, pelo escoamento superficial e
pela infiltração, depende das características da
precipitação e da capacidade de infiltração do solo
(quantidade de água que se pode infiltrar por unidade
de tempo e de área).

Origem do ESCOAMENTO que atravessa uma secção de um


curso de água

1. ESCOAMENTO SUPERFICIAL: o que atinge a rede hidrográfica


caminhando sobre a superfície do terreno sem se infiltrar; inclui
a parcela da precipitação que incide directamente na rede
hidrográfica. Cessa praticamente com o fim da precipitação
2. ESCOAMENTO HIPODÉRMICO ou subsuperficial: o que provém
da água infiltrada que volta a aparecer à superfície sem ter
atingido a zona de saturação.
3. ESCOAMENTO SUBTERRÂNEO: que provém da água infiltrada
que atingiu a zona de saturação. É responsável pelo
escoamento na rede hidrográfica em períodos sem
precipitação.
1. O volume total da água doce existente no globo terrestre é de cerca
REGIME DE ESCOAMENTO DOS CURSOS DE ÁGUA de 35x106 km3. Desse volume, sensivelmente 30% reside em média
1000 anos nos aquíferos e 0,05% reside em média 2 semanas nos rios.
• Temporários: quando transportam água apenas durante Calcule o volume médio de renovação anual nos dois reservatórios e,
parte do ano, na sequência de períodos de precipitação com base no resultado obtido, refira de qual dos reservatórios se
poderá utilizar de modo permanente maior quantidade de água.
(R: volumes médios de renovação anual dos aquíferos 10500 km3/a e dos
rios 455000 km3/a).
2. O escoamento anual médio dos continentes é cerca de 316 mm.
Sabendo que a área dos continentes é 150 x106 km2 e que o
escoamento do rio Amazonas corresponde a cerca de 12% do total,
estime o caudal médio anual do referido rio em m3/s.
(R: aprox. 180 365 m3/s. Comparar com o rio Tejo, aprox. 350 m3/s)
3. Em Portugal Continental, com cerca de 89 000 km2 de área e 10 000
• Perenes ou permanentes: quando transportam água 000 habitantes, o abastecimento público de água é, em média, cerca de
durante todo o ano. Neste caso são alimentados, além do 200 l/hab/d. Estime em mm/ano o volume anual de água abastecido.
escoamento superficial, por escoamento subterrâneo. (R: aprox. 8,2 mm/ano)

FACTORES DE ESCOAMENTO Factores Climáticos


…por, de algum modo, influenciarem o
escoamento…a resposta de uma bacia…
RELATIVOS À PRECIPITAÇÃO:
Forma (líquida ou sólida); Intensidade; Duração;
Climáticos: Relativos à Precipitação Distribuição no espaço e no tempo (intervalos entre
diferentes episódios)
Condicionantes da Evapotranspiração

CONDICIONANTES DA EVAPOTRANSPIRAÇÃO:
Fisiográficos: Características Geométricas e Temperatura; Radiação solar; Vento; Humidade do ar;
Físicas da Bacia Hidrográfica Pressão atmosférica; Superfície evaporante;
Vegetação (espécie e distribuição)
Factores Fisiográficos

CARACTERÍSTICAS DA BACIA HIDROGRÁFICA


Geométricas ou Morfológicas:
Área; Forma; Relevo; Orientação (em relação ao
vento e à radiação solar); Características da Rede de
Drenagem (densidade de drenagem, declives, etc.)
Físicas:
Geologia ; Tipo de solos e uso (urbanizado,
agricultura, área protegida); Coberto vegetal (espécie)

CARACTERIZAÇÃO DA FORMA CARACTERIZAÇÃO DA FORMA

Se KC > 1,128, calcula-se KL


FORMA DAS BACIAS HIDROGRÁFICAS
Tem influência na ocorrência das cheias

Bacia compacta ou arredondada: Percursos mais curtos;


Tempos de escoamento menores; Menor tempo de resposta.
Favorecem a concentração do escoamento superficial,
originando cheias de maior ponta.
Bacia alongada: Percursos mais longos; Maiores tempos de
escoamento; Maior tempo de resposta. Menor perigo de
cheia.

Bacia hidrográfica da Ribeira Brava RELEVO


• O relevo de uma bacia hidrográfica possui acentuada
influência no movimento da água. Pode ser traduzido pela
carta hipsométrica:

Bacia arredondada na zona da


cabeceira, Serra de Água,
e alongada no troço final, Ribeira
Brava.
RELEVO RELEVO

• Uma caracterização mais sintética do relevo, a repartição


das altitudes da bacia, é fornecida pela Curva
Hipsométrica que relaciona as altitudes da superfície do
terreno (em ordenadas) com as áreas das zonas da bacia
(em abcissas) situadas acima dessas altitudes.

Curva hipsométrica Cálculo da altitude e altura média


• Altitude máxima, Zmax
• Altitude média, Zmed = Volume abaixo da superfície do terreno
• Altitude mínima, Zmin
(km3) /Área total da bacia (km2)
• Altitude média, Zmed = Volume abaixo da superfície do terreno/Área bacia
• Altura média, hmed = Altitude média, Zmed- Altitude mínima, Zmin Altitude média, Zmed = ∑ (cotas médias entre curvas de nível x
área entre essas curvas) /A total

Intervalos de Área entre cotas Cota média entre Cota média entre curvas x
cotas (km2) curvas (m) área entre curvas

• Altura média, hmed = Altitude média, Zmed- Altitude mínima, Zmin


• A altura média dá uma ideia se a bacia é muito ou pouco acidentada e do
seu potencial para produção de energia hidroeléctrica
Metodologia para traçar a curva hipsométrica CURVA HIPSOMÉTRICA ADIMENSIONAL
1) Seleccionar as cotas das curvas de nível a utilizar e desenhar essas • A área total do gráfico representa o volume total de rocha
curvas (Z). contido na bacia hidrográfica “antes de se iniciar a erosão”.
2) Medir as áreas entre as diferentes curvas de nível consecutivas (A). • A área abaixo da curva representa o volume de rocha que
3) Construir uma tabela com as áreas entre as cotas consideradas, e ainda resta e que está disponível para ser escavado (medir a
as áreas acumuladas acima da cota (a partir do Zmáx). área total, que corresponde a 100%, e a área abaixo da curva).
4) Projectar as cotas das curvas de nível vs área acima destas. Unir os • Estado de juventude: área > 60%
pontos e traçar a curva hipsométrica com escalas absolutas. • Estado intermédio: área entre 40% e 60%
5) Traçar a curva hipsométrica adimensional (área %) de modo a • Estado de maturidade: área < 40%
classificar a maturidade da bacia.

Área entre as
Cota da curva de Área da bacia acima
diferentes cotas Área (%)
nível (m) da cota (km2)
(km2)

Evolução das bacias hidrográficas:


Juventude/Maturidade

…tem forte influência


na ocorrência de cheias
REDE de DRENAGEM 1. HIERARQUIZAÇÃO DA REDE DE DRENAGEM: reflecte o grau
de ramificação ou bifurcação existente na bacia hidrográfica
1. Hierarquização da rede: métodos de Horton, 1945
(muito subjectivo) e de Strahler, 1952 (mais prático)
2. Índices:
• Densidade de drenagem (Dd);
• Percurso médio à superfície do terreno (PL e P);
• Razão de bifurcação média (Rb)
3. Perfil longitudinal de um curso de água
4. Declives: declive médio (imed) e declive 10;85 (i10;85)

• As bacias com maior ordem, mais ramificadas, tendem a


ser mais bem drenadas, logo maior o perigo de cheia 2. Índices

N1, nº de cursos de água de 1ª ordem


n, ordem máxima da bacia hidrográfica
DENSIDADE DE DRENAGEM DENSIDADE DE DRENAGEM
• A densidade de drenagem (Dd): relação entre o comprimento
total dos cursos de água e a área da bacia - bacias bem • Depende da escala da carta: quanto menor a escala,
drenadas (rede densa) ou mal drenadas (rede esparsa). menor pormenor, logo menos cursos de água estão
• Exerce influência na formação de cheias e no escoamento
representados… (Dd subestimada)
anual, por dela depender o percurso do escoamento superficial • Dd elevada: bacias pouco permeáveis ou relevo
sobre o terreno e, portanto, a maior ou menor oportunidade acentuado => maior risco de cheia
para a infiltração e para a evaporação. • Dd baixa: bacias permeáveis ou relevo suave => menor
risco de cheia

• Na escala 1:25 000, varia de 0,5km/km2 nas bacias mal


drenadas, até 3-5 ou mais, para bacias bem drenadas.

Quanto menor for o percurso médio sobre o terreno, PL, maior a


facilidade com que a água atinge a rede hidrográfica, logo maior a
tendência para a ocorrência de cheias
Bacias bem drenadas têm Dd elevada e PL baixo
Bacias mal drenadas têm Dd baixa e PL alto

Ribeira Brava: Dd 2,1 km/km2 !


R. São João: Dd 3,1 km/km2
R. Sta Luzia: Dd 2,9 km/km2
R. João Gomes: Dd 3,5 km/km2
3. Perfil longitudinal do curso de água
principal
4. Declives

• Os declives dos leitos dos cursos de água mais importantes


influem, fortemente, no comportamento da bacia, uma vez que
condicionam as velocidades do escoamento.

CARACTERÍSTICAS DA BACIA COM INFLUÊNCIA NO


PROCESSO DE ESCOAMENTO
GEOLOGIA E SOLOS

• A permeabilidade das rochas e a capacidade de campo


dos solos influenciam a maior ou menor possibilidade
de infiltração de água no solo e o aumento de reservas
subterrâneas, diminuindo volume disponível para o
escoamento superficial.
• A impermeabilização de vastas áreas causada pela
urbanização (habitação, equipamento social, rede
viária) dá origem à redução da retenção superficial e da
infiltração com aumento das pontas de cheia.
CARACTERÍSTICAS DA BACIA COM INFLUÊNCIA NO
GEOLOGIA DA BACIA PROCESSO DE ESCOAMENTO
HIDROGRÁFICA DA
RIBEIRA BRAVA A presença de VEGETAÇÃO intercepta parte da água precipitada,
retarda o escoamento superficial, dando-lhe mais tempo para se
infiltrar e protege o solo dos impactos das gotas de chuva,
• Serra de Água: contribuindo eficazmente para:
Formações pouco 1. a redução da erosão do solo e estabilização dos solos em zonas
permeáveis de declive acentuado;
2. para o aumento das reservas hídricas subterrâneas (reduz a
velocidade do escoamento superficial favorecendo a infiltração)
3. a atenuação dos caudais máximos de cheia;
4. Contribui, ainda, para a captação das gotículas de água do
nevoeiro, fazendo-as precipitar, processo designado por
precipitação oculta.

CARACTERÍSTICAS FÍSICAS DA BACIA COM INFLUÊNCIA NO


PROCESSO DE ESCOAMENTO
BALANÇO HIDROLÓGICO DE UMA BACIA
• Os incêndios florestais e a presença de gado na serra, ao HIDROGRÁFICA
destruírem a vegetação e, por conseguinte, ao deixarem o solo
exposto ao embate direto das gotas da chuva, contribuem de
forma decisiva para acelerar os efeitos erosivos provocados por
episódios pluviosos intensos que se manifestem em áreas
incineradas/de pastagem intensa.
• Na sequência de incêndios florestais, episódios
hidrometeorológicos extremos => aceleração da evolução das
vertentes, por intensificação dos processos erosivos, aumento
da carga sólida no escoamento e consequente aumento da
ponta de cheia.
• Após a retirada do gado das serras (década de 80 a 2000), a
vegetação, nas zonas de pasto ainda não recuperou totalmente
O BALANÇO HIDROLÓGICO de uma bacia hidrográfica num • Durante um dado intervalo de tempo, o sistema BACIA
dado intervalo de tempo cômputo dos “ganhos” e das HIDROGRÁFICA é alimentado pela PRECIPITAÇÃO e,
“perdas” de água que os processos hidrológicos e eventualmente, pela água nele LANÇADA pela acção humana.
eventualmente a acção humana provocam nessa bacia, nesse • Responde, produzindo ESCOAMENTO, possibilitando a
intervalo de tempo. É fundamental para equacionar o binómio EVAPOTRANSPIRAÇÃO e, eventualmente, permitindo a
NECESSIDADES /DISPONIBILIDADES. EXTRACÇÃO de água pelo Homem.

Consoante o intervalo de tempo considerado, é possível que ao


longo do mesmo se tenham alterado as QUANTIDADES DE ÁGUA
ARMAZENADAS, na rede hidrográfica, interceptada à superfície,
presente sob a forma de humidade do solo ou existente nas
Precipitação sobre a bacia
reservas subterrâneas:
Escoamento na secção de jusante da bacia
Evapotranspiração na bacia
Variação da quantidade de água superficial (intercepção e
armazenamento nos leitos)
Variação da quantidade de humidade do solo (água na zona não
saturada)
Variação da quantidade de água das reservas subterrâneas
Quantidade de água extraída da bacia pela acção humana
Equação do balanço hidrológico: Quantidade de água lançada na bacia pela acção humana
P + R = H + E + ∆SP + ∆S + ∆SU + EX
∆S: variação > 0 se corresponder ao aumento de água
Se o intervalo de tempo a que se refere o balanço Se, nestas circunstâncias, forem aproximadamente nulas as
hidrológico for suficientemente grande para que possam quantidades de água postas em jogo pela acção humana,
ser desprezadas as variações dos vários tipos de obtém-se:
armazenamento em face dos restantes termos, obtém-se:

Séries de escoamentos mensais em anos hidrológicos sucessivos


(em Portugal, o ano hidrológico tem início em 1 de OUTUBRO e termina em 30 de
SETEMBRO do ano seguinte)

A diferença entre a Precipitação e o Escoamento, o Défice de


Escoamento, é igual à perda de água da bacia por
Evapotranspiração
O intervalo de tempo suficientemente grande para as variações
O sistema (bacia hidrográfica…alimentada…produzindo…) reinicia-se!
de armazenamento serem desprezadas em relação às restantes:
Não existe “memória” entre os anos hidrológicos consecutivos
1 ANO HIDROLÓGICO
1. Numa bacia hidrográfica com 100 km2 de área, para a qual são
transferidos de uma bacia vizinha cerca de 8 hm3 por mês, a
precipitação e o escoamento em determinado ano hidrológico foram
de 1000 mm e 1300 mm, respectivamente. Estime, em mm, o valor
da evapotranspiração real nesse ano. Justifique.
(R: 660 mm)
__________________________________
2. Pretende-se transferir água de uma bacia hidrográfica com 100
km2 de área para uma bacia vizinha. Sabendo que a precipitação e a
evapotranspiração anuais médias na bacia de origem são
respectivamente de 1000 mm e 700 mm, estime o máximo caudal
médio transferível em m3/s. Justifique.
(R: aprox. 0,951 m3/s)
__________________________________
3. Os valores anuais médios da precipitação e do défice do
escoamento numa bacia hidrográfica com a área de 40 km2 foram
estimados em 1500 e 850 mm, respectivamente. Determine o caudal
anual médio na secção de referência da referida bacia em m3/s.
(R: aprox. 0,824 m3/s)

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