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RESUMO 2 - MÉTRICA

Em geral a organização dos grupos de pulsos em fortes e fracos é isométrica. Esta situação é
predominante na música européia dos séculos XVIII, XIX e parte do século XX, assim como na
música de dança da Idade Média, Renascimento e Barroco. Também é comum na música popular
tradicional em países da Europa ocidental ou culturas sob sua influência e na música popular moderna
(pop) e no jazz. No entanto mesmo nestas categorias e estilos encontram-se alterações métricas de
vários tipos: mudanças freqüentes de metro (multimetria); modulações métricas; polimetria (conceito
que será estudado no resumo 3 como uma das variantes de poliritmia). Tais alterações foram se
intensificando no repertório musical, principalmente a partir do século XX.
O conceito de métrica implica também na existência de níveis em que as pulsações estão
divididas ou agrupadas. Deste modo mesmo dentro de um compasso pode haver um nível inferior no
agrupamento de pulsos como o que acontece, por exemplo, nos compassos compostos em que se
encontram divisões ternárias nas pulsações inferiores e num nível acima agrupamentos de duas
pulsações, ou tempos (binário composto), de três pulsações ou tempos (ternário composto) e quatro
pulsações (quartanário composto). No entanto não são somente estes casos, pois é possível encontrar
padrões métricos diferentes, mesmo na música tonal, em diferentes níveis métricos. Isto acontece
quando dois ou mais compassos podem ser agrupados, ou quando um mesmo compasso pode ser
dividido em seus níveis métricos inferiores para uma realização musical mais adequada.
A chamada ametria ou ritmo livre é uma questão ainda polemica, pois vários teóricos, entre
eles Grosvernor Cooper, entendem que não há ametria de fato, mas apenas multimetrias em que o
padrão de pulsação muda rapidamente e é de difícil percepção ou com distribuição muito irregular dos
acentos métricos.
Combinações em sucessão de metros binários e ternários:
Ex. 1

O segundo compasso apresenta uma configuração de 3/2 em que cada tempo é subdividido em duas
semínimas.

Ex.2

Há neste exemplo alguma indefinição entre compasso composto (6/4) ou ternário simples (3/2).
Observar que esta indefinição pode estar relacionada ao aspecto programático sugerido pelo autor.
Ex. 3

Métrica mista implicando na alternância do metro binário e ternário. A valsa sobrevive.

Ex. 4

Dentro de um mesmo compasso pode haver uma configuração métrica alterada como no exemplo
acima: na mão direita o metro apresenta em cada compasso a configuração de dois grupos ternários e
um binário (3/8 + 3/8 + 2/8). Provavelmente em razão desta configuração desejada Ravel preferiu a
escrita em compasso 8/8. Na mão esquerda o metro é de fato quaternário.
Ex.5
Notar que o compositor indica na partitura que os compassos se agrupem em unidades de três
compassos que ele denomina de ritmo di tre battute (9/4) e de quatro battute (12/4). A configuração
métrica é pontuada pelas três entradas do motivo composto por semínima pontuada seguida de
colcheia e semínima.

Hemiolas
O termo tem dois significados relacionados com a razão 3:2: o primeiro se refere à acústica em que a
relação define o intervalo de quinta justa. Nos antigos tratados de escrita mensurada (sec. XV e XVI) é
aplicado a valores na relação 3:2. Na notação moderna se refere a várias trocas entre tempos binários e
ternários ou mudanças entre ternário e binário na subdivisão. Há referências ao termo hemíola também
como simultaneidade entre binário e ternário.
Ex.6

Ex.7
Ex.8

Ex.9

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