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Ruy Moreira B;PENSAR E SER EM GEOGRAFIA censaios de histéria, epistemologia e ontologia do espago geogrifico | editoracontexto CONCEITOS, CATEGORIAS E PRINCIPIOS LOGICOS PARA O METODO EO ENSINO DA GEOGRAFIA. ‘A geografia¢ urna forma deleiira do mundo, A educago escolar €um processo no qualo professor eseu ano se selacionam com 0 mundo através cas eagées que travam centres na escola e das idéas. A geograia ca educagio formal concorrem parao mesmo fim de compreendere construir o mundo a partir das idéias que formam dele, Ambas trabalham com idéis. O que sio as idéias para a geografa ea escola? O que é0 mundo para ambas Em que medida a geografa ea escola se unem ese juntam na tarefa de _~.compreender o mundo come nosso mundo? O que uma oferese Routra? ‘Mundo e idéia de mundo ‘Raramente nos damos conta de que em cada canto trabalhamos com as coisas reais a partir das suas idéias, Isto 6, com 2 representacdo que temos do real, Por isso que tomamos aida pla realidade ida da coisa pela cis, confundindo a etura com as pr6prias coisas. Assim, por eemplo, na geografia confundimos a geomorflogia com relevo, aiddia da coisa com a coisa real. Bisso pela simples rao de quesio nossas ideas que formam o que chamamos de mundo eorientam nossis prévcas, Deo homem difeir cosoutrosserespelo principio daideacio. Antes mesmo de produzirum objero,ohomem formula seu desenho na cabesa.E feito isso, produz cxatamente como 0 ideou. Marx (1985) resume o principio da ideasgo na metéfora da abelha: 0 pior dos arquitetos € melhor que a melhor das abelhas, porque antes de consrairsua casa projetaa na cabega. ‘Duas conseqiiéncias podem advir dessa nossa confuso da relapio entteaidéla ‘¢0 rea: dispensarmos 0 rea, tomando por real a idéia, ou dispensarmos a iddia a tieulo de que nio ¢ 0 préprio real. No primeiro caso, absolutizamos verdades. No segundo, calmos no empiriismo, Em ambos os casos, dissolvemos a possibilidade dda refleio critica do conkéciments. Mas 0 que é 0 real? E 0 que € a ideia? A idgia nio & uma invengo pura ¢ simples de nosso pensamento, uma cspeculagio sem mais nem menos de nosso inteecto. A idéia € 0 que resulta da nossa relagio intelectual com a realidade sensivel, 0 real sensfel trduzido como construgio do inteleeto através do conceico. Dat dizermas que é uma representacio. Por que ¢ importante essa conscitncia da representa? Porque uma vez asim entendida a idéia pode set submetida 20 fio critco do debate, permitindo-nos: 1) sefletir sobre nossesleicuras do mundo; 2) clarficar 0 modo como as produzimas € praticamos 3) desfuer o dogma do conhecimento; 4 estabelecer os limites da teorias 5) perceber que viris alternativas de representasdo so poss(veis «; 6) compreender 6 poder das idéias na transformacio da sociedade em que vivemos, A produgio da idéia e a praxis ‘A idéia que temos da coisa (0 real) € 0 resultado da sintese de dois campos distinos: o campo sensivel eo campo intelectivo. Uma formulagfo que esté presente ‘em todas as fases da filosofia. O campo sensivel ¢o terreno dos sentidos (a visio, 0 ‘ato, a audigao ete) e da percepedo (as sensagbes reunidas numa tinica imagem em nossa.mente). O campo intelectivo é0 terreno do pensamento e dos concctos, Eses dois campos se interligam através de nossis priticas. ‘través de sensbilidade capeamos 25 coisas da realidade circundante ¢ as tans- portamos na forma de sensagbesaré dentro de nds, nossa mente, Em nos mente, esas sensagées so reunidas na reproduso dos objetos do mundo exerno na forma da imagem. Fonmase ai tid prime id dtd que € x sersospercepefo. ~~ (0 pensamento atua sobre essa nossa percepefo, comparando os fendmenos por suas semelhangas ¢ diferencas, separando-os e grupando-os por aiveis de identidade e assim produaindo 0 conceit. E o conceito que agora vai interpreear noses percepsées, buscando esclarecer a natureza dis relag6es existences entre 05 fendmenos (4s cots), retirando-es do plano da singularidae com que os capeamos nos nosts senidos e levando-os para o plano da totaldade, Esse encaixe estusural a ideia que passamos ater do fendmeno (da coisa), assim surgindo nosss torias. ‘Acravéé de nossasagSes priticas, a idéia assim transformada em teoria teton ‘20 mundo externo para orientar nossas relag6es com o mundo, formando-se a préxis. Nossa relacio com o mundo é assim, uma préxis, isto é, nossa pritica combinada com nossa teora numa interagdo dialtica. Na prs, veora (a ida da | 106) concsitos CATECORIAS E PRINC(FIOS LOGICOS

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