Você está na página 1de 32

Laboratório de Engenharia Química I

Aula Prática 03

Estudo do tempo de escoamento de


líquidos em função do nível, para
recipientes cilíndricos

Prof. Dr. Gilberto Garcia Cortez

1
Introdução
A experiência consiste em analisar o tempo de escoamento de
água em recipientes cilindricos e também as aplicações das
equações de conservação de energia e conservação da massa
para escoamento em recipiente de formato cilíndrico com fundo
plano conectado a dutos de saída também cilíndrico com
diferentes comprimentos e diâmetros.

Objetivos
- Obter uma equação teórica do tempo de descarga livre de um
tanque conectado a tubos de diferentes seções e comprimentos;
-Determinar o tempo de descarga experimental para cada
geometria do sistema e comparar com os resultados teóricos
esperados.
-Calcular o desvio relativo (DR) e apresentar os resultados em
figuras.

2
Fundamentos teóricos
Quando um tanque, que possui um líquido, está sendo
descarregado, a velocidade de saída do fluido diminuirá à medida
que ocorre um deslocamento do nível. Portanto, o tempo de
descarga de um determinado volume dependerá do nível.
Um caso de escoamento variado de interesse prático é a
determinação do tempo para baixar a superfície de um
reservatório a partir de uma altura dada.
Teoricamente, a Equação de Bernoulli (balanço de energia)
aplica-se apenas para escoamento permanente. Contudo, se a
superfície do reservatório desce com uma velocidade
suficientemente baixa, o erro que resulta deste fato é desprezível.
Idealizando um regime permanente e aplicando um
balanço de energia com atrito num esquema baseado na Figura 1.

3
Arranjo físico

4
Arranjo físico do tanque cheio no t = 0
onde:
D = diâmetro interno do tanque
d = diâmetro interno do duto de saída
h0 = posição da superfície livre do fluído no tempo t = 0
h = posição do fluido num tempo t qualquer
L = altura do duto de saída
D

(1)

Figura 1 h0
h
z
L
d z

(2) o
5
Velocidade experimental do fluído na saída da tubulação para cada tempo
dm
= m  entra − m sai (Balanço de Massa )
dt ṁ = vazão mássica do líquido escoado
dm  = massa específica do líquido (água)
= − m  sai h = altura do líquido escoado desde h0
dt
d(ρ.V )
D = diâmetro interno do tanque
= − ρv 2 A 2 d = diâmetro interno da tubulação
dt m = massa do fluido (água)
πD 2 dh πd 2 D
ρ. . = − ρv 2
4 dt 4
D 2 dh D 2 H (1)
v2 = − 2 . = − 2. h0
d dt d t h

Velocidade Experimental
z
d L
D 2 ( h final − h inicial ) z
v2 = − 2 .
d ( t final − t inicial ) (2) o
v2 6
Regime de escoamento

Escoamento laminar hidraulicamente liso:

64
Hagen-Poiseuille f = Re < 2100
Re

Escoamento turbulento hidraulicamente liso:

0,316
Fórmula de Blasius f = 0 , 25 4000 < Re < 105
Re

 vd
Número de Reynolds Re =

7
Perda de carga distribuída:

L v2
Darcy-Weisbach h = f
d 2

Perda de carga localizada:

v2
h m = k
2

hℓ = perda de carga ao longo do comprimento do duto (m2/s2)


hℓm = perda de carga em acessórios do duto (m2/s2)
f = fator de atrito de Darcy-Weisbach (adimensional)
L = comprimento do duto (m)
v = velocidade média do líquido no interior do duto (m/s)
d = diâmetro interno do duto (m)
g = aceleração da gravidade local (m/s2)
k = coeficiente de perda de carga localizada (adimensional)
8
Massa específica e viscosidade da água

1,78x10 −3
 =
1 + 0,0337T + 0,000221T 2
 = 999,71704 + 0,07894xT − 0,00864xT 2 + 5,6752.10 -5 xT 3 − 1,94502.10 -7 xT 4

 kg 
   3 (massa específica da água)
m 
 kg 
   (viscosidade da água)
 m.s 
T   C
o

9
Determinação do tempo teórico de escoamento da água

Supondo regime estacionário e desprezando a energia


cinética do líquido na superfície do tanque, obtém-se, a partir da
equação do balanço de energia, a velocidade na saída da
tubulação:

 P1 v1
2
  P2 v2
2

 + + h 1g  −  + + h 2 g  = h  + h m
 ρ 2   ρ 2 

2gz
v2 =
 L  (1)
f
 d + k Tanque + k Duto + 1

10
 P1 v1
2
  P2 v2
2

 + + h 1g  −  + + h 2 g  = h  + h m
 ρ 2   ρ 2 
𝑣lj 1 ≈ 0 ; P1 = P2 = Patm ; h2 = 0 ; h1 = h; vlj 2 = v perfil uniforme
𝜌 = cte fluido incompressível

𝐿 𝑣lj 2 𝑣lj 2
ℎ𝓁 = f distribuida ; h𝓁𝑚 = k localizada
𝑑 2g 2g

𝑣2
h − = h𝓁 + h𝓁𝑚
2g

𝑣2 𝐿 𝑣lj 2 𝑣lj 2
h = + f + k
2g 𝑑 2g 2g

𝑣2 𝐿
h = 𝑓 + k + 1
2g 𝑑

𝑣2 ℎ 2gh
= → v = 1
2g 𝐿 𝐿
𝑓 + k + 1 𝑓 + k + 1
𝑑 𝑑
Determinação do tempo teórico de escoamento da água
Aplicando a equação da continuidade em regime transiente, obtém-se:

  

t VC
ρdV +

SC
ρv.dA = 0 (Equação da continuida de) ; ρ = cte

dV
− v1A1 + v2 A 2 = 0 ; v1 = 0 (não entra nada);
dt

D 2 d 2 2gz
A1 = ; A2 = v2 =
4 4 f L + k + k + 1
 d Tanque Duto 

dV
= − v2 A 2
dt 12
dV dV
dt = − = −
v2A2 2gh
A2
 L 
f
 d + k + 1
dV = A1dh

A1dh
dt = −
2gh
A2
 L 
f + k + 1
d 
0,5
 L 
 f + k + 1
A1   d  dh
dt = −  
A2  2g  h 0,5
 

0,5
 L 
t
 f + k + 1 L+h
A1   d
 

dh
dt = −  
A2  2g  h 0,5
L + h0
 
0
0,5
 L 
 f + k + 1
A1   d
t = − 

 2h  0,5 L + h
L + h0
A2  2g 
 
0,5
 L 
 f + k + 1
2A1   d
t = −
A2 


 (L + h ) 0,5
− (L + h 0 )
0,5

2g 
 
0,5
 L 
 f + k + 1
2A1   d
t =
A2 


 (L + h ) 0
0,5
− (L + h )
0,5

2g 
 
0,5
 L 
2 f + k + 1
 D   d
t = 2   
 (L + h ) 0,5
− (L + h )0,5 
d 
0
2g 
 
0,5
 L  

 d f + k + 1
D 
(L + h ) (L + h )0,5 
4

t = 2  −
  
0,5

d 
0
 2g
 
Equação teórica que rege o fenômeno:

0,5
 1  L D  
(L + h ) 
4

t = 2  f +  k + 1    − (L + h )
0,5 0,5
(2)
 2g  d  d   
0

onde:
t = tempo total teórico de descarga do líquido entre h0 e h
D = diâmetro interno do tanque
d = diâmetro interno do duto de saída
h0 = posição inicial da superfície livre do fluído em t = 0
h = posição final da superfície livre do fluído em t final
L = altura do tubo de saída
f = fator de atrito de Darcy para tubo liso
k = coeficiente de perda de carga localizada
g = aceleração da gravidade 15
Procedimento Experimental

Passo 1: Colocar o fluido (água) no recipiente 1


até uma altura h0, estando o duto 2 conectado no
tanque e vedado em B;
Passo 2: Retirar a vedação em B e anotar
através de um cronômetro o tempo para atingir
1 uma determinada altura h;
Passo 3: Repete-se o experimento mais duas
h0
vezes para se obter uma média dos tempos
encontrados;
h Passo 4: Muda-se o duto 2 e retorna-se ao passo
1, até o término do números de dutos a serem
ensaiados.

L
2

B 16
23 23 23
22 22 22
21 21 21

20 20 20
19 19 19
18 18 18
17 17 17
16 16 16

15 15 15
14 14 14
13 13 13
12 12 h0 (t = 0)
12
11 11

10 10
h1 (t1) 11

10
09 09 09
08 08 08
07 07 07
06 06 06
5 5 5
04 04 04
03 03 03
02 02 02
01 01 01
0 0 0
17
Procedimento Experimental
Dimensões dos dutos
A B C D E F
L (mm) 75 150 300 600 600 600
d (mm) 4,8 4,8 4,8 3,1 4,8 7,8

OBSERVACÃO: os dados contidos nas tabelas mostradas a


seguir deverão ser entregues ao professor ao término do
experimento. O grupo deverá providenciar uma copia para
que possam elaborar o relatório.

18
Análise dos resultados

a) Refazer os balanços de energia e de massa detalhadamente até obter as equações


da velocidade na saída do duto (eq. 1) e o tempo teórico (eq. 2);

b) Obter os valores de v (saída), Re, f, hℓ (distribuída), hℓm (localizada), tteórico e o


DR (%) de cada tempo encontrado para cada duto (A, B, C, D, E, F,) na planilha;

c) Estabelecer o gráfico da influência do comprimento do duto na relação entre os


tempos de escoamento experimental e o teórico, (ttexp/tteórico) versus altura de
escoamento (Hi) para um diâmetro de duto fixo de 4,8 mm;

d) Estabelecer o gráfico da influência do diâmetro do duto na relação entre os


tempos de escoamento experimental e o teórico, (ttexp/tteórico) versus altura de
escoamento (Hi) para um comprimento de duto fixo de 600 mm;

e) Estabelecer o gráfico da influência da razão entre os diâmetros do tanque (D) e


do duto (di) na relação entre os tempos de escoamento experimental e o teórico,
(ttexp/tteórico) versus altura de escoamento (Hi) para um comprimento de duto fixo
de 600 mm (Figura 3);

f) Discutir os resultados para cada figura. 19


Tabela de dados
Temperatura Diâmetro Área do Massa Aceleração Constante de perda de
Viscosidade
da água do tanque tanque específica da gravidade carga localizada
T D A   g
K(tanque) K(duto)
( °C ) (m) ( m2 ) ( kg/m3 ) ( kg/m.s ) 2
( m/s )

1,78x10 −3
 =
1 + 0,0337T + 0,000221T 2
 = 999,71704 + 0,07894xT − 0,00864xT 2 + 5,6752.10 -5 xT 3 − 1,94502.10 -7 xT 4

 kg 
   3 (massa específica da água)
m 
 kg 
   (viscosidade da água)
 m.s 
T   Co

20
L d h
22 20 18 16 14 12 10 8 6 4
(mm) (mm) (cm)
tA1 (s) 0
75 4,8 tA2 (s) 0
tA3 (s) 0
tB1 (s) 0
150 4,8 tB2 (s) 0
tB3 (s) 0
tC1 (s) 0
300 4,8 tC2 (s) 0
tC3 (s) 0
tD1 (s) 0
600 3,1 tD2 (s) 0
tD3 (s) 0
tE1 (s) 0
600 4,8 tE2 (s) 0
tE3 (s) 0
tF1 (s) 0
600 7,8 tF2 (s) 0
tF3 (s) 0
21
Dados a serem obtidos pela planilha de cálculo
Comprimento Diâmetro h texp Vexp hℓ hℓm tteórico DR
Duto L/d Re f
L(m ) d(m) (m) (s) ( m/s ) ( m /s ) ( m2/s2 )
2 2 (s) (%)
0,22
0,20
0,18
0,16
0,14
A 0,075 4,8x10-3 15,625
0,10
0,08
0,06
0,04
0,02

Comprimento Diâmetro h texp Vexp hℓ hℓm tteórico DR


Duto L/d Re f
L(m ) d(m) (m) (s) ( m/s ) ( m /s ) ( m2/s2 )
2 2 (s) (%)
0,22
0,20
0,18
0,16
0,14
F 0,60 7,8x10-3 76,92
0,10
0,08
0,06
0,04
0,02
22
Gráfico 1: Influência do comprimento do duto na relação entre os tempos de
escoamento experimental e teórico, para um diâmetro de duto fixo.

1,10

d = 4,8 mm Comprimento
1,05
75 mm

1,00 150 mm
Texp /Tteór

300 mm
0,95

0,90

0,85

0,80
0,00 0,05 0,10 0,15 0,20 0,25
H (m)

23
Gráfico 2: Influência do diâmetro do duto na relação entre os tempos de
escoamento experimental e teórico, para um comprimento de duto fixo.

1,10

L = 600 mm
1,05
Diâmetro

1,00 3,1 mm
Texp/Tteór

4,8 mm
0,95
7,8 mm
0,90

0,85

0,80
0,00 0,05 0,10 0,15 0,20 0,25
H (m)

24
Gráfico 3: Influência da razão entre os diâmetros do tanque (D) e do duto (di) na
relação entre os tempos de escoamento experimental e o teórico, (ttexp/tteórico)
versus altura de escoamento (Hi) para um comprimento de duto fixo de 600 mm.

Influência da razão entre os diâmetros do tanque e do duto


L = 600 mm D = 141 mm
1
0,98 D/d
0,96
T exp / Tteór

0,94 45,48
0,92 29,38
0,9
0,88 18,08
0,86 Linear (45,48)
0,84 Linear (29,38)
0,82
0,8 Linear (18,08)
0 0,05 0,1 0,15 0,2 0,25
H (m)

25
Tempo teórico de escoamento de líquidos em recipientes esféricos

h1 c/2

x
R
h
z

h2

V2
Equação da energia em regime permanente e fluido incompressível

 v12 P1   P2 v22 
 + + gh 1  −  + + gh 2  = h T
 2    2 

P1 = P2 = Patm ; v1 = 0 ; h T = 0

h1
v22
h1 − − h2 = 0 z
2 h

h2
v2 = 2g(h1 − h 2 )
V2

v2 = 2gh (sem perdas de carga na saída)

v 2 = CV 2gh (com perdas de carga na saída)

CV = coeficiente de velocidade
Balanço de massa
dM
=   .v1.A1 −   .v 2 .A 2
dt

dM
= −   .v 2 .A 2 (Ideal)
dt

dM
= −   .v 2 .A C (Real) ; A C = CC .A 2
dt

A C = Área da vena contracta,CC = Coeficiente de contração

dM
= −   .v 2 .A C = −   .CV .A C . 2gh = −   .C V .CC .A 2 . 2gh
dt 
Cd

Cd = Coeficiente de descarga

Cd = 0,61 para orifícios com arestas vivas


dM Cd = 0,80 para tubo curto
= −   .Cd .A 2 . 2gh
dt Cd = 0,98 para orifícios de contorno redondo
dM 
= −   .Cd .A 2 . 2gh ; M  =   .V
dt

dV
 . = −   .Cd .A 2 . 2gh
dt

dV
= − Cd .A 2 . 2gh ; V = A1.h
dt

dh  
A1. = − Cd .A 2 . 2gh ; A1 = c 2 ; A 2 = d 2
dt 4 4

Pitágoras
2
c c2
x2 +   = R →
2
= R 2 − x2 (x )
 2 4

 
A1 =
4
( )
c 2 =  R 2 − x 2 ; A1 =
4
c2 ; x = h − R
 (R 2 − x 2 )
dh
= − C d .A 2 . 2gh
dt


 R 2 − (h − R )2 dh
dt
= − C .A .
d 2 2g.h1/2

 R 2 − h 2 + 2hR − R 2 
dh
= − C d .A 2 . 2g.h1/2
dt

 2hR − h 2 
 1/2  dh = − C d .A 2 . 2g.dt
 h 

 2Rh1/2 − h 3/2 dh = − Cd .A 2 . 2g.dt

0 t


 2Rh
h
1/2
 
− h 3/2 dh = − C d .A 2 . 2g dt
0
0
 2R h 3/2 − h 5/2  = − Cd .A 2 . 2g.t d
2 2
 3 5 h

 4 2 
−  R h 3/2 − h 5/2  = − Cd .A 2 . 2g.t d
 3 5 

 R h 3/2 −
4 2 5/2  D
h  = C d .A 2 . 2g.t d ; R =
 3 5  2

  Dh 3/2 −
2 2 5/2 
h  = Cd .A 2 . 2g.t d
3 5 

 2 2  3/2 
  D − h h  = Cd .A 2 . 2g.t d
 3 5  
3  2 
  D − h h 3/2  = Cd .A 2 . 2g.t d
2
3  3 5  

2 3
  D − h h 3/2 = Cd .A 2 . 2g.t d
3
3 3 5 

2 
  D − h h 3/2 = Cd .A 2 . g .21 / 2.t d
3
3  5 

2  3  3/2
 D − h h = Cd .A 2 . g .t d
21 / 2 3  5 

 3  3/2
2  D − h h = C d .A 2 . g .t d
3 5 

 3 
2.  D − h h 3/2
td =  5 
(tempo de descarga de um tanque esférico)
3.Cd .A 2 . g

Você também pode gostar