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SERRA – ES
2019
A INSERÇÃO DA CRIANÇA AUTISTA NA SALA DE AULA DO ENSINO
REGULAR: DESAFIOS E POSSIBILIDADES
elziraemerich@hotmail.com
Orientadora: Franciele Tonini Andrade²
RESUMO
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- Licenciatura em Pedagogia pelo Centro de Ensino Superior FABRA; Pós-Graduada em Educação
Especial e Inclusiva e Educação Infantil com Ênfase em Series Iniciais.
2- Licenciatura em Letras - Língua Portuguesa pelo Centro de Ensino Superior FABRA; Pós-
Graduada em Literatura, Cultura e Artes na Educação e Letras com Ênfase em Linguística.
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1 INTRODUÇÃO
Anos mais tarde Kanner chega à conclusão que os aspectos familiares não
estavam relacionados as características apresentadas por esse grupo
específico de criança. Em um estudos com 11 crianças que tinha em
comum um padrão peculiar de comportamento, Kanner descreveu “ uma
profunda falta de contato emocional com as outras pessoas; ausência de
fala ou formas peculiares; idiossincráticas de falar diferente de conversação;
fascinação por objetos e destreza em seu manuseio; anseio obsessivo por
preservar a imutabilidade do ambiente e/ou rotinas familiares; evidencia de
inteligência potencialmente boa segundo sua aparência facial e feitos de
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A partir desses padrões apontado por Kanner, muitos outros estudos foram
surgindo ao longo dos anos. O grupo de crianças tidas como “anormais”
despertou o interesse por parte de vários estudiosos e tornou-se tema de debates
entre a área da medicina e mais tarde, da educação. Wing (1996) relata que no
fim do século 19 e início do século 20, vários psiquiatras descreveram crianças
com inúmeras formas anormais de comportamento, que eram referidas por eles
como, ‘psicóticas’, embora houvesse entre essas crianças, algumas que eram
autistas, do ponto de vista da teoria de Kanner.
Atualmente, muitos estudos acerca do autismo, ainda tem sido
desenvolvido em diversos campos do conhecimento. A teoria que trata da visão
biológica do transtorno está entre a mais discutida entre os especialistas, que tem
como base o ponto de vista médico.
Embora o autismo seja considerado um enigma, as buscas por resposta
são incessantes.
Diversos autores contemporâneos consideram o autismo dentro de um
espectro de transtornos que compreende: autismo infantil, síndrome de
Asperge, síndrome de Rett, síndrome de Heller e autismo atípico. Todos os
quadros apresentam três características básicas: dificuldade de interação
social, comprometimento da linguagem e idade de surgimento até os 3
anos. O que distingue cada um dos transtornos são características
específicas de comportamento do desenvolvimento infantil. (MONTEIRO;
FREITA; CAMARGO, 2014, P. 167)
Embora seja uma síndrome estudada pela ciência a cerca de quase seis
décadas, e ainda faça parte, principalmente desse âmbito, existem muitas
divergências e questões por responder. Não se descobriu uma causa específica
para o autismo, apesar de as inúmeras tentativas para explicar essa condição.
[…] o diagnóstico é complexo e o tratamento não é direcionado à cura, mas à
diminuição de sintomas e comportamentos considerados indesejados, buscando
também a estimulação das várias áreas comprometidas, tentando promover o
desenvolvimento global da criança (Monteiro; Freitas; Camargo, 2014).
Por essa razão, o autismo intriga e aflige as famílias que convivem com
essa realidade. Muitos pais de crianças autista por medo e insegurança se impõe
a tratamento que requer a ruptura da zona de conforto criada por ela, diante do
fato de que estas precisam deixar o seu próprio mudinho, que por muito tempo foi
considerado imutável, e fazer parte do convívio social.
que o autismo não era considerado uma deficiência, muitas crianças eram
segregadas, isoladas em uma sala de aula separada, fora do convívio com outras
crianças, as atividades desenvolvidas eram limitadas, não contribuíam muito com
o desenvolvimento psicossocial dos alunos. Em outros casos considerados mais
graves, era considerado muito menos as necessidades do sujeito com deficiência,
do ponto de vista educacional, dificultando a eliminação de barreiras estruturais e
atitudinais que eles sempre enfrentaram para desenvolver suas potencialidades
de exercer sua cidadania no espaço da educação.
A história da educação inclusiva percorreu e tem percorrido um caminho de
luta social, estudo, pesquisa e reformulações de políticas públicas e educacionais
a respeito dessa modalidade de ensino e assim, vem ganhando espaço no
contexto educacional brasileiro. As significativas transformações, do ponto de
vista legal, social e educacional, determinando novas diretrizes e parâmetros de
atuação, suscitaram a necessidade de um reordenamento na estrutura física,
funcional e organizacional das instituições de ensino regular para a inserção das
pessoas com necessidades educacionais especiais.
No Brasil, a educação do autista já é um direito constitucional, amparada
por importantes leis e documentos oficiais específicos, que reconhece as
especificidades da pessoa autista e norteia a modalidade da educação inclusiva
para o seu melhor desenvolvimento e ensino aprendizado. A Lei nº 12.764/2012
institui a Política Nacional de Proteção dos direitos da Pessoa com Transtorno do
Espectro Autista.
No art. 1, inciso 2, fica estabelecido que a “pessoa com transtorno do
espectro autista é considerada pessoa com deficiência, para todos os efeitos
legais” e garante o acesso à educação e ao ensino profissionalizante (art. 3º).
Ainda de acordo com o parágrafo único do artigo 3, “em casos de comprovada
necessidade, a pessoa com transtorno do espectro autista incluída nas classes
comuns de ensino regular, nos termos do inciso IV do art. 2º, terá direito a
acompanhante especializado”. E o “gestor escolar, ou autoridade competente,
que recusar a matrícula de aluno com transtorno do espectro autista, ou qualquer
outro tipo de deficiência, será punido com multa de 3 (três) a 20 (vinte) salários-
mínimos” (BRASIL, 2012, art. 7).
A Constituição Federal (1988) define, no artigo 205, a educação como um
direito de todos, garantindo o pleno desenvolvimento da pessoa, o exercício da
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reconhecer que implementar tal política não é tarefa simples, pois uma
educação inclusiva – no sentido em que a proposta foi concebida – coloca
em cheque os pressupostos que consubstanciam a escola como a
conhecemos: meritocrática, seletiva, excludente e, de modo geral, em nosso
país de baixa qualidade. […] A transformação de uma escola tradicional em
escola inclusiva é um processo político pedagógico complexo, que envolve
atores (professores e alunos, e suas famílias) e cenários (escolas diferentes
inseridas em diferentes comunidades) e não basta para isso ter vontade
política e disponibilizar recursos financeiros e/ou materiais (GLAT, 2009, p.
77-78).
Assim, no contexto de inclusão escolar os alunos com autismo necessitam
de mudanças atitudinais e estruturais tanto no planejamento das práticas
pedagógicas quanto em toda organização escolar. No que tange o processo do
ensino aprendizado ainda não é, uma realidade para a maioria dos alunos com
autismo. O trabalho com esses alunos, principalmente no contexto da sala de aula
regular, continua sendo um grande desafio para os profissionais da educação, em
particular, os professores.
Pois com base na afirmativa de Fación (2008),
Nesse sentindo, segundo Ferreira e Ferreira apud Fación (2008, p. 70) diz
que, “um dos desafios a serem superados na construção de uma educação
inclusiva seria a estruturação de uma política de educação continuada para
professores de educação básica na perspectiva da diversidade”.
No que se refere ao desenvolvimento da aprendizagem do aluno autista,
Mello (2001) diz que,
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Desse modo, o que deve ser pensado ao analisar essa realidade imposta
pelo sistema legislativo e educacional, é que mesmo a criança com autismo
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severo, a partir do processo de interação social com o meio ao qual será inserido,
é possível se criar uma situação que estimule o processo de desenvolvimento,
voltado a compensar e equilibrar esse quadro. A vida social da criança e as
relações estabelecidas nesse meio social auxiliarão na obtenção de materiais que
favoreça a compensação, baseada nas experiências de relações com outro,
considerada a base da construção das funções psíquicas superiores que são
formados no desenvolvimento cultural da criança.
Segundo Vygotski (1983) apud Camargo et.al (ano, p. 172), “esse
desenvolvimento depende das constantes interações com o meio social”. […] para
que a criança aprenda e se desenvolva é preciso que esteja em um ambiente
social em intercambio com outras crianças e adultos, participando de práticas
sociais historicamente construídas, internalizando experiências vividas que lhe
propiciam conceitos, valores e forma de comportamento.
Outro ponto que chama a atenção dos teóricos acerca da aprendizagem do
autista, é o método adotado em sala de aula para a promoção do seu ensino
aprendizado. Devido as especificidades dos sintomas, a metodologia adotada no
contexto da educação regular para aluno autista, ainda é um ponto desafiador
para os professores que atendem a esse público. A maioria dos professores da
educação especial se deparam com os incansáveis argumentos: como elaborar
os assuntos e quais técnicas devem ser adotadas para promover um ensino de
qualidade para esses alunos?
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS
6 REFERENCIA
FACIÓN, José Raimundo. Inclusão escolar e suas implicações. 2.ed. rev. atual.
Curitiba: Ibpex, 2008.
MONTEIRO, Maria Inês Bacellar; FREITAS, Ana Paula de; CAMARGO, Evani
Andreatta Amaral (Org.). RELAÇÕES DE ENSINO NA PERSPECTIVA INCLUSIVA:
alunos e professores no contexto escolar. Araraquara, SP: junqueira&marin, 2014.
MONTOAN, Maria Teresa Eglér. Inclusão Escolar: o que é? por quê? Como
fazer?. São Paulo: Summus, 2015.
VIANNA, Luiz Fernando. Meu menino vadio: história de um garoto autista e seu
pai estranho. Rio de Janeiro: Intrinseca, 2017.