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COLONIZAÇÃO DA AMÉRICA

A) Espanha – relembrando

 Riqueza e luxo têm sido usados – e até hoje é assim – como sinais ostensivos de
diferenciação social. Aqueles que os possuem procuraram caracterizar uma maneira de viver
que não é a “dos outros” e que se erige como modelo para os que pensam que também
poderão ou que estão em condições de alcançá-los. Os padrões de comportamento dos
poderosos se convertem em valores, em símbolo de um status social máximo.

 Nos tempos de Colombo – e em outros também – ser um grande SENHOR, equivale a ter
palácios e castelos, vassalos que pagam tributos, fazer vultuosas doações para construção de
igrejas, manter um grande número de serviçais, gastar tempo e dinheiro em guerras,
competições grandiosas e festas de arromba, exibir roupas e joias que provocam admiração.

 Ser um grande SENHOR significa possuir um título de nobreza obtido pelos serviços
prestados ao monarca, herdado dos antepassados ou adquirido a preço de ouro. A nobreza
espanhola gosta de abarrotar suas mansões com objetos de prata e ouro. Quando morre o
duque de Albuquerque, seus descendentes precisam de seis semanas para fazer o inventário
das 1400 dúzias de pratos, 50 bandejas grandes e 700 pequenas, alem das 40 escadinhas para
subir à parte superior dos moveis onde se guarda esses objetos. Tudo de prata, até as
escadinhas!

 Riqueza e luxo dão poder, impõem a hierarquia social e se constituem em valores de


vida. Os que para se sustentarem têm que trabalhar de sol a sol, com suas mãos, são pessoas
sem status social, menores, seres miseráveis.

 Ao acabar a Reconquista, a Espanha NÃO ERA uma sólida unidade. O descobrimento e a


conquista da América começaram sendo eminentemente de Castela, que queria que as
supostas Índias se incorporassem somente ao seu reino e que os negócios que elas
propiciassem fossem seus. Com isto, a maior parte da Espanha ficaria distanciada do ultramar
por um tempo longo.

 A suposta unidade espanhola alcançada com o casamento de Isabel de Castela com


Fernando de Aragão e, por conseguinte, o nascimento de uma monarquia absolutista, precisa
ser revista. Os reinos de Navarra, Aragão, Valência, Catalunha e Castela estavam autorizados a
reunir suas Cortes, mas não havia um parlamento para todos eles.

B) O Primeiro Ciclo do Ouro

 Com a sanção da bula Inter Coetera pelo papa Alexandre VI, em 1493, a América foi
reconhecida como posse e bem hereditário dos reis de Castela. Justamente por isso, da mesma
maneira como ocorria nos demais territórios castelhanos, as Antilhas deveriam ser gerenciadas
por intermédio do próprio Conselho de Castela.
 Para cuidar dos assuntos das colônias americanas, foi designado o bispo Juan Rodriguez
de Fonseca, membro do Conselho de Castela e homem de confiança da Coroa. No entanto, a
realeza logo percebeu que os territórios americanos não poderiam ser tratados como os demais,
tampouco os seus negócios.

 1503 – fundação da Casa de Contratação de Sevilha. Esta casa apresentava-se como uma
espécie de escritório comercial subordinado ao Conselho de Castela, este ainda sob os auspícios
de Juan Rodriguez de Fonseca. Seguindo os moldes da Casa da Índia existente em Lisboa, a Casa
de Contratação espanhola era responsável pelo controle do ir e vir de mercadorias, homens e
navios entre a Espanha e a América.

 Entrada legal do ouro: de 1503 a 1510: 4950kg; de 1511 a 1520: 9153kg; de 1521 a 1530:
4889kg e 148kg de prata. Depois de 1533 as entradas de ouro sobem e entre 1551-1556 a Casa
de Contratação registra 42600kg. Daí em diante, a entrada de prata é tão grande que o ouro
representará apenas 15% do total da fortuna que anualmente chega a Sevilha.

 Já no início da exploração das Antilhas – e, em primeiro lugar, da ilha Hispaniola –


Colombo impõe aos nativos um pesado imposto que eles devem pagar em outro e algodão.
Soma-se a isso a obrigação de cultivar a terra para alimentar os espanhóis. Os índios
recusavam-se ao trabalho intensivo. Procurou-se forçá-los. Foram repartidos entre os colonos-
conquistadores. Em 1514, apenas 32 mil estavam repartidos entre 692 encomendeiros. O
excesso de trabalho imposto, as doenças transmitidas pelos espanhóis e a fome (os nativos
foram forçados a abandonar sua agricultura de subsistência) acabaram com uma população
numerosa e densa.

 1524 – criação do Conselho Real e Supremo das Índias.

 Sobre a dominação, lembrar: a unidade do Incário e da Confederação mexicana eram


superficiais. Tribos unificadas através da coação militar e da ideologia religiosa, não perderam
contudo sua unidade tribal, e serão as grandes aliadas dos espanhóis.

C) A Colonização

 Sabe-se que desde a conquista das Antilhas e o posterior assalto ao continente, os


espanhóis remodelaram as sociedades preexistentes – quando não as destroem totalmente em
tudo aquilo que lhes seja imprescindível ao exercício de sua dominação e à principal e mais
notória de suas manifestações: produção e apropriação de riquezas. Aquilo que permanece – e
que nunca fica exatamente como antes da conquista – é porque convém aos supremos
objetivos.

 A exploração dos metais preciosos e das plantações tropicais no Caribe foram as


primeiras empresas possíveis levadas a cabo. Para o abastecimento de alimentos, roupas,
madeiras, animais de carga, etc, surgiram de imediato empresas de diferentes tamanhos que
chamamos de secundárias, ou dependentes daquelas.
 Desenvolve-se assim a criação extensiva de gado para o trabalho e consumo e uma
agricultura que conjuntamente com a indígena – quando há – deverão satisfazer os estômagos
dos conquistadores e seus trabalhadores, brancos, índios e negros.

 A natureza das sociedades indígenas preexistentes é de suma importância. Nos lugares


em que há minas e densas populações nativas habituadas ao trabalho penoso, organizado e
sistemático, a produção se expande vertiginosamente. Quando a falta ou escassez de mão de
obra o exige, importarão escravos da África, e secundariamente da Ásia via Filipinas-Acapulco.

 A implantação de estruturas produtivas obviamente não é simultânea. Implanta-se


primeiro o que mais a Europa demanda.

 A mão de obra indígena aproveitável – e não foi toda – é submetida a diferentes regimes
de trabalho que oscilam entre a escravidão e o trabalho livre assalariado, embora este, quase
sempre, um salário adulterado: um mínimo de dinheiro e um máximo de pagamento em
alimentos, roupas, habitações, etc.

 A escravidão de índios, negros e alguns grupos asiáticos é menor que no Brasil ou nas
colônias antilhanas como o Haiti. Não por bondade dos espanhóis em relação a portugueses e
franceses. A escravidão não foi maior na América Espanhola simplesmente porque não foi
necessária; a grande existência de mão de obra indígena submetida a diversas formas de
servidão explica-o suficientemente.

 O choque e a interpenetração de dois mundos absolutamente diferentes formou


fenômenos étnicos, sociais, culturais e psicológicos que ainda marcam toda a América
colonizada e individualizam as regiões, que podem ou não corresponder às atuais repúblicas.

 As ondas desse choque afetaram profundamente o próprio universo indígena, onde


rapidamente surgiram grupos de chefes que passaram a colaborar com os novos donos na
tarefa de submeter seus próprios e às vezes outros povos (os vencidos dos vencidos).

 A empresa da conquista não foi realizada pelo Estado espanhol, mas por particulares
apoiados frequentemente pelo Estado. Não foram os exércitos do rei da Espanha que vieram
para a América, mas grupo de aventureiros em busca de honrarias e riquezas, organizados em
hostes, dirigidas por um chefe reconhecido como tal enquanto durasse a aventura.

 Quase todos reconheceram a autoridade da Coroa, fizeram com que ela legitimasse as
aquisições de terras e riquezas, atribuísse as honras e títulos de hierarquização social sonhados
por todo conquistador e colonizador e outorgasse os empregos que a administração do império
americano exigia.

 Durante os vários séculos de duração da colônia, espanhóis e criollos mantiveram um


intenso antagonismo com a Coroa. Aparte os casos em que houve declarado desconhecimento
da autoridade real, os colonizadores tiveram como norma aceitar as leis vindas da Espanha
sem, geralmente, obedecê-las, a não ser que fossem convenientes a seus interesses.
 A capacidade da Coroa espanhola em controlar seus súditos americanos foi bastante
limitada. Apesar disso, e com o valioso auxilio de algumas Ordens religiosas, principalmente os
dominicanos, o Estado espanhol fez sentia sua presença em todos os rincões do império
americano, recolheu tesouros e tributos, instalou funcionários, do vice-rei pra baixo, legitimou
possessões e distribuiu honrarias. Sobretudo, evitou que as colônias caíssem em poder dos
ingleses, franceses e holandeses. Talvez esse temor aos estrangeiros atuou como fator de coesão
dos colonos em torno da Coroa.

 A metrópole pretendeu monopolizar o comércio e concentrá-lo no porto de Sevilha e


mais tarde em Cadiz. Fracassou rotundamente. O contrabando logo conseguiu trapacear as
proibições e o transporte massivo de manufaturas não espanholas foi outra forma de
neutralizar essas proibições.

 O capital mercantil e usurário da Holanda, França, Inglaterra, Alemanha e norte da Itália,


foi o grande beneficiário europeu pela empresa conquistadora e colonizadora espanhola. A
Espanha foi a intermediária subordinada para a apropriação da riqueza roubada e produzida
na América. Ela ficou com a glória e com os mercadores e banqueiros estrangeiros a prata e o
ouro.

RELAÇOES DE TRABALHO

Escravidão indígena

 A primeira metade do séc XVI foi testemunha de um intenso tráfico de índios, caçados
como animais pelos conquistadores, frequentemente com a colaboração dos próprios nativos.
Sabe-se que o recolhimento de pérolas, na Venezuela, atividade importante até 1550, utilizou e
exterminou massivamente índios escravizados.

 Em 1521, sob o pretexto de pacificar a Terra Firme venezuelana, parte de São Domingos
uma expedição punitiva. Meses depois, ela retorna com um grande número de escravizados. A
mão de obra obtida seria manda às minas e plantações de cana em São Domingos.

 Em 1530, a Coroa declara a abolição da escravatura, mas quatro anos mais tarde a
medida é revogada e em 1536 proíbe-se aos caciques escravizar índios. A Coroa vacila, não tem
ainda claramente definida sua política em relação aos nativos da América e enfrenta um
problema grave: reprimir os próprios conquistadores.

 Em maio de 1533, a Audiência do México notifica que na Guatemala são muitos os


nativos escravizados, sendo obtidos por 2 pesos a cabeça, enquanto no México cada um custa
40. Disto se conclui ser excelente negocio caçar índios e enviá-los a Nova Espanha.

 Antes de 1542, quando são editadas as chamadas Leis Novas proibindo a escravidão
indígena, são frequentes as denúncias da aplicação de ferro quente nos filhos da terra. Depois,
essas menções desaparecem, mas a escravidão continua. Entre a proibição legal da escravidão
e o seu real cumprimento, há uma longa distância. No Chile, a própria Coroa aceitou-a até fins
do séc. XVII (a escravidão legal) como maneira de punir os araucanos, por sua teimosa
resistência.

As encomiendas

 Na teoria jurídica espanhola, a ENCOMIENDA é concebida como a cessão a um indivíduo


– o encomendero – dos tributos devidos pelos vassalos ao rei. No nosso caso, os vassalos são
os índios. Mas na prática, resultou em trabalhos forçados em favor dos que obtiveram da
Coroa o premio ou recompensa que supõe a ENCOMIENDA.

 Colombo implanta nas Antilhas uma ENCOMIENDA-REPARTIMIENTO que contem a


cessão de índios e terras aos conquistadores. Depois das Leis Novas, os encomenderos obtém
só tributo, e não as terras dos nativos e nem a obrigação destes em prestar serviços que não
sejam decorrentes do pagamento dos tributos (isto em termos de lei).

 Por sua vez, os encomenderos assumem a obrigação de catequizar os índios e servir ao


rei com armas, cavalos, gente e recursos, toda vez que for necessário. Os beneficiários
assumem a obrigação militar, o que supõe dizer que a ordem, a paz e a estabilidade passam a
ser tarefas de particulares aos quais a Coroa delega poderes já que por si mesma, não os pode
realizar. Não é o exercito espanhol que representa o braço armado da lei, mas indivíduos que
exercem, de fato, o poder econômico nas terras conquistadas.

 A ENCOMIENDA não outorga legalmente domínio direto sobre os tributários, pois eles são
considerados vassalos de Sua Majestade. Inicialmente é concebida como vitalícia aos
encomenderos, embora eles consigam estender o benefício a seus descendentes. Perdura ater o
segundo terço do séc. XVIII.

 Tal sistema constitui uma tentativa da Coroa em evitar a feudalização da América e de


conservar um domínio direto sobre os vassalos índios mediados pelos encomenderos aos quais
compete a obrigação de integra-los espiritualmente. Na prática, essa mediação perde tal
significado transformando-se em domínio direto, embora a Coroa e as Ordens religiosas zelem
para que isso não ocorra.

 As Leis Novas estabelecem que os encomederos não tem autoridade legal sobre as
aldeias índias e, principalmente, são proibidos de habitá-las. O Estado espanhol tenta preservar
seu direito de governar seus vassalos e evitar que os encomenderos se transformem nos
governantes de fato (não consegue evitar).

 Em 1579 a Coroa proíbe aos encomenderos a cobrança pessoal do tributo, ou por meio
de cobradores. Quem deveria fazê-lo seriam os Corregedores – funcionários reais – mas sendo
estas pessoas já nascidas na America em sua maior parte, mais vinculadas ao poder local que
ao distante e um tanto abstrato poder real, geralmente acabaram servindo mais ao
encomenderos.
 Diante da impossibilidade dos índios pagarem tributos em dinheiro e dada a
necessidade que os conquistadores têm de mão de obra, a ENCOMIENDA adquire a forma de
uma tributação em trabalho.

 Em 1560 há na Nova Espanha 480 aldeias indígenas “encomendadas” a particulares; em


1571 a Coroa controla diretamente 359 aldeias de 440 mil índios. Na America espanhola, em
1570, calcula-se que 4 mil famílias as possuem. Esse dado é significativo, pois a população
espanhola na America era estimada, para o mesmo ano, em 23 mil famílias. Isto esclarece que
a ENCOMIENDA era um privilegio dado à minoria.

Repartimientos

 O REPARTIMIENTO foi a fórmula articulada pela Coroa para recrutar mão de obra e
distribuí-la de acordo com as necessidades da produção, das cidades e da administração
colonial. É uma distribuição da força de trabalho teoricamente remunerada que com
frequência se apoia em instituições indígenas pré-colombianas como a MITA dos incas e o
CUATEQUIL dos astecas.

 A monarquia espanhola autoriza o REPARTIMIENTO em 1574 para suas colônias da Nova


Espanha, Novo Reino de Granada (Colômbia), Guatemala e Audiência de Quito e Peru.
Determina que se fará a partir das aldeias de índios, com homens de 17 a 60 anos, dos quais a
quarta parte irá semanalmente trabalhar nas fazendas (Guatemala); cada grupo o fará
semanalmente, ficando as outras três trabalhando em suas próprias terras. Os fazendeiros
pagam meio real à autoridade por índio distribuído, construindo-se assim um fundo para o
pagamento dos Juízes Repartidores e funcionários que são encarregados de vigiar os alcaides
índios.

 A propósito destes últimos – funcionários – pertencem ao grupo de índios “ricos e


nobres”. Por pertencerem a esta condição e prestar serviços aos espanhóis, têm privilégios e
prerrogativas, entre os quais não serem “repartidos”. A “pequena nobreza” nativa,
genericamente chamados caciques, se vestem como os espanhóis, assimilam o luxo daqueles,
frequentam os lugares dos brancos e imitam-nos em tudo o que lhes permita diferenciarem-se
da plebe. A Coroa concede-lhes o privilégio de usar “dom” antes do nome, equiparando os
caciques a fidalgos espanhóis. Seus filhos têm colégios especiais administrados por religiosos,
onde são doutrinados no cristianismo e na submissa ao poder dos conquistadores.

 No referente ao pagamento, no valor de um real por dia, às vezes é efetuado em espécie.


Em certas regiões da Guatemala o cacau é usado como moeda corrente, sendo que a verdadeira
não existe ou então circula só entre os fazendeiros. Mas quando o índio recebe seu salário total
ou parcialmente em dinheiro, também está sujeito a uma diminuição do mesmo, pois costuma-
se pagá-lo com moeda desvalorizada.

 No trabalho por empreitada ou acordo, o índio recebe mais, mas o esforço e o desgaste
físico são bem maiores. Alem disso o tempo de trabalho estipulado (uma em cada quatro
semanas) é frequentemente substituído pelo período estacional da maneira que melhor convier
ao fazendeiro. Só este período coincide com o que o índio precisa trabalhar sua própria terra.

 No Peru, o vice-rei Toledo implanta, em 1569, o sistema compulsório de trabalho


chamado MITA, utilizado pelos incas para mobilizar mão de obra na construção de todo tipo de
obras e o trabalho nas terras do imperador, e também dos templos. Aqui, o poder espanhol
superpõe um uso tradicional e aproveita-o em seu favor.

 No Chile, o governador Francisco Villagra passa por cima da legislação referente ao


trabalho, manipulando-a em favor dos encomenderos, a cuja classe pertence. Reduz a porção do
ouro destinada ao índio a 1/8, autoriza enviar à mina um em cada cinco homens, em vez de um
em cada seis. Permite que os encomenderos usem a mão de obra de acordo com suas vontades,
sem ater-se as limitações impostas pela lei. Mais ainda: determina que os índios, com o ouro que
lhes corresponde, façam investimentos na compra de gado e em roupas que os brancos
produzem e vendem.

 A legislação estipula que, com a sêsma (a sexta parte dos índios), seja feito um fundo para
beneficio da comunidade a qual pertencem.

 Os índios submetidos no Chile devem ainda participar, anualmente, das expedições


militares contra os rebeldes araucanos, que nunca foram dominados pelos espanhóis. São suas
obrigações fornecer viveres e cavalos às tropas espanholas e domar os cavalos. Para terminar,
por causa da falta de fundos, os espanhóis começaram a empregar as sêsmas dos nativos – como
empréstimo – para financiar as expedições.

 No México, o CUATEQUIL foi uma espécie de MITA ou REPARTIMIENTO que implica em


trabalho compulsório e remuneração monetária e em espécie. Para este singular sistema de
assalariamento obrigatório, a Coroa tende a concentrar os nativos em aldeias e reduções.
Tornava-se mais fácil a vigilância e continuavam sob a chefia de seus caciques e funcionários
índios. Conjuntamente, a Coroa assume a distribuição da força de trabalho.

 Encomenderos, mineiros, fazendeiros, planejadores de obras e outros empresários não


teriam sido capazes de cumprir individualmente essas tarefas. É então onde a ação e a presença
do Estado adquire seu significado, o que, ao mesmo tempo, assegura, através das populações
concentradas, uma melhor percepção dos tributos arrecadados.

 Os nativos contratados voluntariamente nas minas por um salário diário são chamados
LABÓRIOS. Na Nova Espanha dá-se o nome de NABÓRIOS a índios escravizados com ou sem
família e que trabalhe na produção agrícola. Também no México há os CONGREGAS, índios
escravizados sob o pretexto da conversão religiosa. São utilizados no desmatamento e na
plantação de terras virgens.

 MITA, REPARTIMIENTOS e outras formas de utilização da energia humana para


atividades produtivas em beneficio de outros foram um fator primordial na morte prematura
de índios. A America viveu uma tragédia demográfica na qual as epidemias, doenças e
condições de trabalho foram determinantes.
 Para a MITA de Potosi, das 17 províncias correspondentes às atuais repúblicas do Peru e
Bolívia vinham periodicamente 80 mil homens, os quais, durante 4 meses (e não se pode
afirmar que o prazo fosse respeitado) deviam extrair a prata do monte fabuloso. Essas pessoas,
que deviam subir 4 mil metros de altura e, por vezes, andar centenas de quilômetros por
regiões de climas completamente diferentes, chegavam extenuadas. O trabalho nas
profundidades das minas, com ar parco e saturado de gases letais, aliado a uma alimentação
deficiente, se encarregava do resto.

 Uma das maneiras mais usadas para pressionar os índios a abandonarem suas
comunidades era o constante avanço sobre suas terras de trabalho. Despojados sistemática e
progressivamente delas, eles não têm outra alternativa a não ser trabalhar nas propriedades dos
colonos, mineiros, etc.

 Outro motivo que contribui para a expulsão dos índios de suas comunidades foi a
crescente e agressiva invasão de mestiços e brancos livres e pobres. Para adquirir bens, eles não
vacilavam em tirá-los dos índios, recorrendo a todo tipo de violência. A fazenda chegou a ser
uma espécie de refúgio mais ou menos seguro para muitos índios, pois permitiu também que
conseguissem esconder a sua condição de nativos, disfarçado-se em mestiços, cuja condição era
hierarquicamente superior.

 Lembrar: Hernan Cortez – homem de negócios.

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