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INSTRUMENTACAO ELETRONICA AULA 1 Prof. Marco Tulio Correa de Siqueira TNL? CONVERSA INICIAL Nesta aula serao abordados dois temas importantes para a engenharia inicialmente trataremos de assuntos pertinentes & confiabilidade metrologica e aos erros envolvidos no processo de medigao. Como as medigées esto presentes em grande parte dos processos de tomada de decisao, justifica-se 0 destaque e a abordagem de tais conhecimentos tao relevantes ao proceso de formagao de engenheiros e de técnicos industrials. A segunda parte do contetido ira envolver 0 estudo dos conceitos basicos relativos aos amplificadores de instrumentacao ou amplificadores operacionais. A conceituagao © 0 estudo das principais propriedades do amplificador operacional sao importantes para a caracterizacao de um dos mais versateis € mais utilzados dispositivos eletrénicos em aplicacées lineares. TEMA 1- CONFIABILIDADE METROLOGICA Segundo o Instituto Nacional de Metrologia (Inmetro), tem-se por defini¢ao que a metrologia é a ciéncia que trata das medigdes e de suas aplicagdes abrangendo todos os aspectos tedricos e praticos relativos a medigées, qualquer que seja a incerteza, em quaisquer campos da ciéncia ou da tecnologia. Como ciéncia da medigéo, a metrologia abrange todos os aspectos tedricos e praticos que asseguram a exatidao exigida no processo produtivo, procurando garantir a qualidade de produtos e servigos pela calibragao de instrumentos e da realizagao de ensaios, sendo uma ferramenta imprescindivel para promover a inovagao e a competitividade. Basicamente os objetivos da Metrologia podem ser descritos como: ‘+ Traduzir a confiabilidade nos sistemas de medigao; + Garantir que especificagées técnicas, regulamentos e normas existentes proporcionem as mesmas condigses de perfeita aceitabilidade na montagem e encaixe de partes de produtos finais, independentemente de onde sejam produzidas. Essencialmente, a metrologia esta dividida em trés grandes éreas Metrologia Cientifica, Metrologia Industrial e Metrologia Legal. TONY ‘A Metrologia Cientifica faz uso de instrumentos laboratoriais e das pesquisas e metodologias cientificas que tém por base padrées de medigao nacionais e internacionais para o alcance de altos niveis de qualidade metrolégica. A Metrologia Industrial trata de sistemas de medigao que controlam processos produtivos industriais e so responsaveis pela garantia da qualidade dos produtos acabados. A Metrologia Legal esta relacionada a sistemas de medio usados nas areas de saiide, seguranga e meio ambiente. O problema central da metrologia é a credibilidade e a universalidade dos resultados. Seus principais desafios sao: ‘+ Melhoria do controle do processo; * Melhoria da qualidade do produto; + Aumento da produtividade; ‘* Redugao do impacto ambiental; ‘+ Uso de sistemas de medigao vidvel técnica e economicamente. A confiabilidade das medigées fornece um aumento de credibilidade aos trabalhos desenvolvidos e permite fornecer melhores servigos a um mercado exigente. Constitui-se em indispensavel insumo ao desenvolvimento econémico © a redugao de barreiras técnicas que hoje representam obstaculos ao comércio internacional, reduzindo oportunidades para a livre concorréncia. A confiabilidade das medigées, ou confiabilidade metrolégica, 6 a capacidade de se ter certeza e confianga nos resultados obtidos por meio de medicées. A confiabilidade metrolégica esta intimamente relacionada ao controle da qualidade, ou seja, @ conformidade de um produto com os requisitos preestabelecidos pela empresa. Para isso, é necessario que se trabalhe com procedimentos, rotinas, instrugdes e métodos de inspecdo especificos. A. confiabilidade metrolégica constitui-se em pré-requisito ao desenvolvimento de qualquer atividade que envolva medigao, principalmente pela necessidade de se dispor de niimeros confidveis que possam descrever resultado de uma medigao. Naturalmente a confiabilidade comega com o uso de equipamentos de medi¢ao calibrados, mas também requer procedimentos, rotinas e métodos apropriados. Portanto, confiabilidade metrolégica 6 a probabilidade que um produto, sistema ou ago tem em obter performance aceitavel, sob condiges TONY ambientais especificadas e por um periodo de tempo prescrito ou para o numero de ciclos de operagao requeridos para a sua missao ou tarefa. A confiabilidade envolve trés conceitos distintos: 1. Enquadramento em um nivel especifico de performance; 2. Probabilidade de obtengao do nivel desejado; 3. Manutengao deste nivel por um determinado tempo. O processo que envolve um programa de confiabilidade metrolégica deve ser continuo, requerendo tanto um planejamento prévio quanto uma avaliagao constante dos resultados obtidos. Em laboratérios de medigao, calibragao ou ensaio, a confiabilidade metrolégica é a garantia da qualidade visando a credibilidade técnica das medidas obtidas. Saiba mais * Conhega 0 Quadro Geral de Unidades de Medida adotado pelo Brasil. Acesse: . * Assista ao video “Metrologia: Introdugao". Acesse: hips /repositrio.ufsc.brbitstream/handle/123456769/61053/136148 pdf?sequence=1 TEMA 2 - ERROS DE MEDICAO Muitos fatores podem interferir no resultado de uma medigéo que idealmente deveria representar o valor real mensurado. Condigdes ambientais, imperfeigdes do sistema de medigao e limitagées de quem ira realizar as medigdes sao exemplos de fatores que podem influenciar o resultado de uma medigao. Por mais cuidado que se tenha, mesmo utilizando equipamentos sofisticados em ambientes bem controlados, os resultados obtidos sempre virdo acompanhados de erros. Em fungao das diversas imperfeigdes existentes em uma medi¢ao, 0 estudo do erro tem importante papel na metrologia, ndo podendo simplesmente ser ignorado. Segundo 0 Vocabulario Internacional de Metrologia (VIM) 0 erro de medigao é a diferenga entre o valor medido de uma grandeza e um valor de referéncia. TONY Este erro relativo a uma medida M pode ser expresso pela equacao (I). (l) E=M-w Onde: + E= erro de medigao + M=medida * W=valor verdadeiro VV 6 0 valor verdadeiro que teria de ser representado por um padrao de valor perfeitamente conhecido ou por um sistema de medigao livre de erros. Na pratica esta situacdo 6 impossivel, por esta razao 0 erro E 6 calculado pola equagao (II) (I), E=M-we WC significa valor verdadeiro convencional, que contém um erro desprezivel em relagao ao erro do sistema de medi¢ao analisado (0 ideal 0 menor que 1/10). Utiiizamos como valores verdadeiros conven: padrées metrolégicos. Em aplicagées praticas ndo temos um sistema de medicao perfeito. Sendo assim, torna-se impossivel eliminar completamente 0 erro de medigao; no entanto, 6 possivel delimita-lo. Principais tipos de erros © comportamento metrolégico do sistema de medigéo pode ser influenciado por perturbagées externas ou internas, sendo a temperatura um dos fatores mais criticos a influenciar o sistema como um todo. Segundo o VIM, 0s principais tipos de erros so 0 erro sistematicoe o erro aleatério, Na pratica, também é comum a caracterizagao de um erro denominado erro grosseiro, Erros grosseiros Normalmente os erros grosseiros sao causados pela falta de cuidado ou maus hébitos do operador, bem como pela auséncia de procedimentos experimentais adequados. As principais causas deste tipo de erro sao: operagao indevida, erros de leitura, anotagdes erradas, erros de arredondamento, ajuste incorreto do instrumento de medigo e até mesmo escolha inapropriada de TONY escalas. Podem ser evitados pela repeti¢ao cuidadosa das medigées, e nao podem ocorter: sao inadmissiveis na pratica metrolégica, Os procedimentos de medi¢ao, quando bem elaborados, contribuem para impossibilitar a ocorréncia dos erros grosseiros. Erro sistematico © erro sistemético — também denominado tendéncia — & um erro proveniente do sistema de medicao utilizado, e 6 0 componente do erro de medi¢ao que, em medigSes repetidas, permanece constante ou varia de maneira previsivel. Os ertos sistematicos propiciam medidas consistentemente acima ou abaixo do valor real, prejudicando a exatidao da medida. Quando identificados podem ser eliminados ou compensados. As principais causas da ocorréncia do erro sistematico sao 0 método de medigao, paralaxe, efeitos ambientais simplificagdes do modelo teérico utilizado. O erro sistematico 6 a diferenca entre a média de um ntimero considerado suticiente de medigées e 0 resultado verdadeiro esperado. O erro sistemético pode ser calculado por meio da equagao (I). (il), Es=MI-vve Onde: * Es = erro sistematico + Ml=média de n medigées ‘* WC = valor verdadeiro convencional No exemplo seguinte podemos determinar o erro sistematico de um ohmimetro, com base em dez medigées de um resistor conhecido, no caso 10 Q. Os resultados das medigées sdo exibidos na tabela 1 Tabela 1: Erro sistematica de um ohmimetro MT) x2] SY] XS] MS | XO] XT | XB) XO | X10) Media 10,05 | 9,87 | 10,02] 10,02 | 9.95 | 8.9 | 10,1 | 10,01 | 10,02) 9.97 | 9.995 Es = Média — VVC = 9,995 - 10 - 0,005 2. TONY O erro sistematico indica a tendéncia de um instrumento em registrar resultados sistematicamente acima ou abaixo do valor real, e a amplitude esperada desta variagao. Erro aleatério O erro aleatério é o componente de erro de medigao que, em medigses repetidas, varia de maneira imprevisivel. Este erro 6 causado por fatores imprevisiveis e aleatérios, tais como flutuacdes de rede, vibragées, atritos e folgas do instrumento de medigao. Na pratica, tais fatores nao podem ser identificados, porém pode-se ter uma avaliagéo quantitativa deles, pois so os ertos aleatérios que impossibilitam que, em uma série de medigao, uma medida seja igual a outra. Sua quantificagao é realizada para cada medida, sendo a diferenga entre cada medida e a média de um nimero infinito de medigdes em condigées de repetitividade (mesmo operador, mesmo método de medicao, mantendo as mesmas condigées ambientais). Evidentemente, é impossivel fazer um ntimero infinito de medigdes. Entao trabalhamos com estimativas de errs aleatérios. Tomamos amostras, isto 6, um ntimero nde medigées e obtemos 0s desvios da média da amostra A ideia de se ter condigées de repetitividade é¢ que a tnica variével no sistema de medigao seja a grandeza a ser medida, de forma que grandezas de influéncia permanegam constantes. Dizemos que os erros so aleatérios porque, numa série de mediges repetidas nas mesmas condicées, nao é possivel prever o resultado de uma nova medigao com base nos valores obtidos anteriormente. Com um voltimetro na mao para medir a tensao de saida de uma fonte de alimentagao continua, foram realizadas n=5 medigées. Os resultados, em volts, foram: 4,9; 4,5; 4,7; 4,4; 4,5. A média das n=5 medidas 6, 49+454+4,74+444+45 ae SOFAS HATH AAT AS _ ey Médi édia = Analisando a Tabela 2, vemos que ha valores acima e abaixo da média, mas a variabilidade ocorre ao acaso. Se muitas medigdes estiverem sendo realizadas, nao ha como saber se 0 préximo resultado estar abaixo ou acima TONY da média que ainda sera calculada, Isto acontece porque os erros aleatérios so causados por flutuagées desconhecidas ou imprevisiveis. Tabela 2: Erro aleatério em um voltimetro Numero de Medidas |__1 2 zg 4 5 Media, 49 45 47 44 45 Média 46 Desvio 03 “01 Ot 02 [ot Percebe-se que o erro aleatério néo segue nenhum tipo de padrao ou de légica, como seria o caso de uma reta ou de uma curva que torne os resultados previsiveis. Histerese A histerese & a maior diferenga entre os valores de carga (medigao efetuada quando da aplicagdo de um sinal crescente em valor) e descarga (medigao efetuada quando da aplicagéo de um sinal decrescente em valor) de um instrumento de medico. Somente devemos nos preocupar com a histerese nos instrumentos que sao efetivamente utilizados para medir o valor de uma grandeza, ora no sentido crescente ora no sentido decrescente. Ahisterese 6 um fenémeno bastante tipico nos instrumentos mecanicos, tendo como fonte de erro, principalmente, folgas e deformagées associadas ao atrito. Exemplos tipicos de instrumentos que podem apresentar erros de histerese sao: balangas, dinamémetros e manémetros analégicos. Em eletrénica, 0 efeito da histerese pode ser utilizado para filtrar sinais de forma que a saida reaja de maneira retardada & histéria desse sinal. Por exemplo, um termostato controlando um aquecedor pode aciond-lo quando a temperatura cai abaixo da temperatura de ‘A’ graus Celsius, mas sé desligara quando a temperatura ultrapassar 'B' graus Celsius. A Figura 1a ilustra a curva de calibrago de um medidor de temperatura com escala de medigao de -20°C a +80°C. Repare que quando a temperatura aplicada era crescente o sinal indicado foi de 49,9°C para um sinal gerado de 50°C, e quando o sinal aplicado era decrescente, o sinal indicado foi de 50,1°C para o mesmo sinal gerado de 50°C. Temos aio efeito da histerese de medigao. Um disparador Schmitt € um circuito eletrénico simples que faz uso do conceito da histerese, Geralmente, uma quantidade de histerese ¢ intencionalmente adicionada ao circuito eletrénico (ou algoritmo digital) para TONY prevenir chaveamentos (troca de estados) répidos. A figura 1b exibe o grafico de resposta deste circuito. Figuras 1a e 1b: Histerese vu ‘ierenca eee Vin Vin “in eB wt “wui] Sinal gerado (a) (b) Saiba mais * Leia a apostila “Confiabilidade Metrolégica’, de Tobias Roberto Mugge, em: . * Assista video-aula de “Metrologia”, disponivel__ em: . TEMA 4 — AMPLIFICADORES OPERACIONAIS. © amplificador operacional (AOP) é um dos componentes mais versateis © amplamente utilizados em aplicagdes lineares de circuitos eletrénicos. Os AOPs so bastante populares devido ao seu baixo custo e facilidade de uso. Sua utilizagéo nao requer que se conhega a sua funcionalidade interna, tornando-a ainda mais simplificada Foram desenvolvidos na década de 1940 e sua implementagao se dava com base no emprego de valvulas. Com o advento do transistor, no final da década de 1940, um novo modelo de amplificador foi implementado e este apresentava caracteristicas técnicas superiores aos sistemas valvulados. Os amplificadores operacionais (operational amplifiers - OPAMP) sao blocos basicos dos chamados circuitos integrados analégicos ou lineares, em oposig¢ao aos chamadbos circuitos integrados digitais ou légicos (portas légicas, flip-flops etc.) TONY 14 A palavra “operacional’ em seu nome se deve ao fato de sua aptidao para realizar operagdes matematicas. A principio, os amplificadores eram utilizados para realizar operagées tais como adigao, subtragao, multiplicagao e até mesmo para resolver equacées diferenciais. Esta foi a base dos antigos computadores analégicos. Posteriormente estas operagées passaram a ser realizadas por circuitos digitais e sistemas microprocessados. © amplificador operacional é uma unidade eletrénica que se comporta como uma fonte de tensdo controlada por tensao. E basicamente um amplificador de tensao de altissimo ganho, com alta impedancia de entrada e baixa impedancia de saida. Seria extremamente dificil enumerar todas as aplicagdes que envolvem 0 uso de amplificadores operacionais. De um modo geral, as areas de aplicagao compreendem sistemas eletrénicos de controle industrial, instrumentagao industrial, instrumentagao médica, telecomunicagées, sistemas de audio, sistemas de aquisi¢ao de dados etc. Os ampliticadores operacionais, cuja simbologia geral é apresentada na Figura 3, so projetados e implementados com diferentes técnicas de fabricagao. Originalmente eram constituidos somente por transistores bipolares, mas hoje em dia ha uma grande gama de componentes que utilizam transistores de efeito de campo, Figura 3: Simbologia geral dos amplificadores operacionais Entrada Inversora Entrada nao inversora Amplificador operacional de uso geral Todos os amplificadores operacionais possuem no minimo cinco terminais. As figuras 4 e 5 representam 0 esquema do popular amplificador operacional de uso geral 741. O simbolo do amplificador 6 um triéngulo que aponta no sentido do fluxo de sinal. Este componente tem um niimero de identificagao (PIN, part identification number) no centro do triangulo. TON} Figura 4: Esquema do amplificador operacional de uso geral 741 (I) urate enurnda nt meena} ef LYS] sain red} [Fase de set A descrigao dos pinos do amplificador operacional 741, exibido na Figura 5, 6 detalhada conforme a Tabela 5. Tabela 5: Detalhamento do amplificador operacional 741 PINOS FUNGAO Tes | Ajuste de offset 2 Entrada inversora S| Entrada nao inversora | Alimentagao negativa (3V a-18V) 6 | Saida 7___[Alimentagao positiva (-3V a vT8V) @ [sem fungao Observa-se que o amplificador 741 deve receber alimentagao do tipo simétrica (+Vec e -Vec) nos pinos 4 e 7. Normalmente os AOPs sao fabricados para trabalhar com alimentagao simétrica, mas nos casos em que nao é necessario que haja tensao negativa na saida do amplificador, pode-se optar por amplificadores que utiizem alimentagéo monopolar. A Figura 6 demonstra 0 esquema de conexao de duas fontes de tensao de modo a se obter alimentagao simétrica. 8 UNINTER Figura : Conexdo de duas fontes de tensao +Vec no, Os amplificadores operacionais sao fabricados em uma fina camada de silicio e embalados em revestimento apropriado. A Figura 7 exibe o esquema dos encapsulamentos populares de 8 e 14 pinos conhecidos como encapsulamentos DIPs (dual-in line packages). Os fabricantes combinam a simbologia do circuito de um determinado amplificador operacional junto com 0 desenho do encapsulamento, Figura 7: Encapsulamento DIP de 8 e 14 pinos Pee) DIP 14 Corts CS] T ht T Th Existem diversos fabricantes de circuitos integrados, sendo que cada um utiliza uma codificagéo para identificar seus componentes. Nem todos os fabricantes utilizam precisamente 0 mesmo cédigo, porém a grande maioria utiliza uma codificagao que consiste de 4 partes escritas na seguinte ordem: 1. Letra prefixo (duas ou trés letras que identificam o fabricante): 2. Designagao do circuito (trés a sete letras que identifica 0 tipo de amplificador operacional e sua faixa de temperatura); 3. Letra. sufixo (uma ou duas letras que identificam o tipo do encapsulamento); 4, Cédigo de especificagao militar (utiizado somente para aplicagées de alta confiabilidade). es UNINTER Como exemplo, temos o amplificador operacional LM741C que 6 um amplificador de uso geral fabricado pela National Semiconductor. Sua faixa de temperatura de operagao é a faixa comercial C (0.a 70°C) seu encapsulamento 6 do tipo N (plastico, duatinine). A Tabela 6 apresenta um resumo desta codificagao. Tabela 6: Codificagéo do AOP LM741C PREFIXO DESIGNAGAO SUFIKO | iw TAC NOP eRe) —_| National Uso geral Eneaps. do plastica — | Como o mesmo circuito integrado pode ser produzido por diferentes fabricantes, & importante que se conhega os diferentes cédigos para podermos diferencia-los. A Tabela 7 exibe alguns fabricantes do amplificador operacional 741 bem como a codificagao por eles utilizada. Tabela 7: Fabricantes e codigos do AOP 741 FABRICANTE, CODIGO Fairchild HATA National TM7at Motorola MC 174 RCA CATA TEXAS SN74T TEMA 5 — PRINCIPAIS CARACTERISTICAS DE UM AMPLIFICADOR OPERACIONAL A seguir apresentaremos as principais caracteristicas de um amplificador ideal e as principais caracteristicas de um amplificador real Amplificador operacional ideal Idealmente, as caracteristicas de um amplificador operacional sao: a. Impedancia de entrada infinita (correntes de polarizagao de entrada nulas); b. Impedancia de saida nula; c. Ganho de tensao infinito em malha aberta; d. Tensao e corrente de offset nulas; 7 TONY 18 e. Resposta de frequéncia infinita; f. Slew rate infinito; (taxa de resposta da saida para uma ocorréncia na entrada); g. Razo de rejeigao de modo comum (MCRR) infinito (o sinal de saida é nulo se dois sinais iguais s4o aplicados simultaneamente nas entradas); h. Insensibilidade a temperatura Na pratica estes parametros sao limitados e podem ser encontrados nos catalogos dos fabricantes. Amplificador operacional real a. Ganho de tensao Um AOP é caracterizado por seu ganho de tensao em malha aberta (Avo). Para que a amplificagao de sinais de pequena amplitude possa ocorrer 6 necessério que o amplificador possua elevado ganho de tensao. Idealmente o ganho de tensao de um AOP deveria ser infinitamente grande. Na pratica isto ¢ impossivel, porém consegue-se fabricar AOPs com ganhos relativamente elevados. Como exemplo temos 0 amplificador 741, que possui um ganho de aproximadamente duzentas mil vezes (Avo = 200.000). © ganho de tensao de malha aberta, ou ganho de tensdo diferencial, 6 definido como a relagao da variagao da tensao de saida para uma dada variagao da tenso de entrada sendo medido em corrente continua (CC) ou em frequéncias muito baixas. Conceitua-se o ganho de tensao como a relagao entre a tensao de saida @ a tensao de entrada de um amplificador. Vo on iogt? Av= Zou Av(dB) = 20log7> A utilizagéo do ganho expresso em decibéis (dB) justifica-se quando o ganho de tensao Av é muito grande. Ex: Se Avo = 200.000, Av(dB) 20log(200.000) = 106 dB b. Impedancia de entrada e impedancia de saida A Figura 8 representa 0 modelo (diagrama de impedancias) de uma fonte geradora de sinal alimentando um amplificador, @ este alimontando uma carga. TONY 19 Figura 8: Modelo de uma fonte geradora de sinal alimentando um AOP. 2 sorampiicado Onde: + Viz fonte geradora de sinal ‘© Ri= resisténcia interna da fonte + Zi=impedancia de entrada do amplificador operacional + Zo=impedancia de saida do amplificador operacional + RL = resisténcia da carga Analisando o modelo da Figura 8, verificamos que a tensao na entrada do amplificador operacional (Vzi) pode ser obtida pelo divisor de tensao formado pela fonte de sinal, pela resisténcia interna da fonte de sinal e pela impedancia de entrada do amplificador. Desta forma temos, viv Zi ) BNR Analisando a férmula da tensao na entrada do amplificador, percebe-se que quanto maior o valor de Zi em relagao a Ri, mais préximo Vzi estara de Vi, ou soja: SeZi +0 entdo Vzi>Vi TONY Por sua vez, a analise do modelo da Figura 8 nos permite verificar que a tensdo na carga também pode ser obtida por meio de um circuito divisor de tensdo formado pela tensao de saida do amplificador (Vo), pela impedancia de saida do amplificador (Zo) e pela resisténcia da carga (RL). A tensao de saida é RL ( ot a) Analisando a expressao da tensao na saida nota-se que quanto menor for dada pela seguinte expressao: VRL=Vo © valor da impedancia de safda do amplificador (Zo), mais préxima a tensao de saida na carga (VAL) estara da tensao de saida do amplificador (Vo), ou seja: SeZo +0 entio VRL->Vo ¢. Tensao de offset Idealmente, a saida de um amplificador operacional é nula quando suas entradas sao curto circuitadas. Nos AOPs reais, devido principalmente a um casamento imperfeito dos dispositivos de entrada, normalmente diferencial, a tensao de saida pode ser diferente de zero quando ambas as entradas esto no potencial zero. Isto significa dizer que ha uma tensao continua equivalente na entrada, chamada de tensdo de offset. Observando a Figura 9, referente a um amplificador diferencial, verifica- se que a tenso de saida Vo deveria ser nula quando as entradas V1 ¢ V2 forem iguais a zero (V1 = V2 = 0). Devido as diferentes caracteristicas construtivas dos transistores Q1 e Q2, tem-se um desbalanceamento nas correntes dos circuitos. Neste caso teremos: Vbe1 + Vbe2. Figura 9: Amplificador diferencial a UNINTER 21 O médulo da diferenga entre Vbet e Vbe2 ¢ conhecido como tensdo de offset de entrada, Esta tensao age como um sinal diferencial aplicado na entrada do AOP e é transferida para a saida — de forma ampliicada — como tensao diferencial de saida. Esta tensao é denominada tensdo de offset de saida O valor da tensao de offset nos amplificadores comerciais esta situado na faixa de 1 a 100 mV. Os componentes comerciais sao normalmente dotados de entradas para ajuste da tensao de offset. Como exemplo temos o amplificador 741 (Figura 5), que disponibiliza os pinos 1 e 5 para fazer a compensacao de offset d. Corrente de offset O amplificador operacional ideal apresenta impedancia de entrada infinita, No entanto, AOPs reais apresentam correntes de polarizagao em suas entradas. Geralmente essas correntes sao devidas as correntes drenadas pela base dos transistores bipolares (correntes I1 ¢ 12 da Figura 9) ou pelas correntes de fuga nas portas dos transistores de efeito de campo pertencentes ao estagio de entrada do amplificador operacional. Idealmente as correntes de entrada sao nulas. e. Corrente de polarizagao Idealmente nao deveriam circular correntes nas entradas do amplificador operacional. Neste caso, as correntes /+ /-, exibidas na Figura 10 (a seguir), deveriam ser nulas. Como na pratica a impedancia de entrada nao ¢ infinita, 0 amplificador operacional drena pequenas correntes por meio de seus terminais de entrada. Figura 10: Correntes de polarizagéo em um AOP TONY Desta forma define-se corrente de polarizagao como a média do médulo das correntes drenadas, ou seja: [41+ I=l 2 f. Slew rate (SR) Define-se slew rate como a velocidade de resposta de um amplificador operacional a uma determinada variagdo de tensao na sua entrada. A presenga de capaciténcias intemas no AOP impossibilita que a tensao de saida varie instantaneamente quando ocorrer uma variagéo na tensao de entrada. Desta forma, teremos um atraso na resposta do amplificador conforme detalhe exibido na Figura 11. Figura 11: Slew rate em um AOP Entrada av \, sada O slew rate é definido segundo a expressao: Avo aVo SR = mix (im?) = max (?) seo ae Analisando a expressao do SR, conclui-se que quanto maior o valor deste parametro, mais rapida sera a resposta do amplificador operacional g. Resposta em frequéncia Idealmente, a resposta em frequéncia de um AOP deveria ser extremamente extensa — ou infinita — permitindo que qualquer sinal de entrada fosse amplificado sem distorgées, independentemente de sua frequéncia, Na pratica constata-se que o ganho de malha aberta de um amplificador operacional diminui & medida que a frequéncia do sinal de entrada aumenta, conforme detalhado no grafico de resposta em frequéncia exibido pela Figura 12. Este efeito deve-se a presenca de capacitancias internas ao circuito do AOP. a UNINTER 23 Figura 12: Diminuigao do ganho de malha aberta em um AOP Ganho em maiha aberta Z hy Drift Idealmente, a funcionalidade de um amplificador operacional deveria ser imune a variagdo de temperatura de operacdo. Na pratica, constata-se que as caracteristicas elétricas dos AOPs se alteram com a variacao da temperatura de operacao. Este efeito é conhecide como drift. FINALIZANDO Nesta aula aprendemos sobre a importancia da metrologia para todo 0 sistema de produgao e para o desenvolvimento da sociedade. Vimos ainda que esta metrologia, por meio da confiabilidade metrolégica, tem o desafio de garantir a melhoria dos controles dos processos e da qualidade dos produtos, contribuindo assim para o aumento da produtividade. Aprendemos também que muitos fatores podem interferir no resultado de uma medigao e que todas as medidas trazem consigo um determinado erro. Coneluimos entéo que devido a isto, conhecer os principais tipos de erros 6 de suma importancia para compreender os resultados de uma medi¢ao, e para saber de que modo atuar para corrigi-los. Ao término da abordagem sobre a confiabilidade metrolégica, iniciamos 0 estudo dos amplificadores operacionais. Neste tema foram discutidas as principais aplicagdes e caracteristicas constitutivas deste importante componente para a area da instrumentagao eletrénica. Aprendemos que estas caracteristicas so muito importantes para se conhecer as limitagdes e para se fazer a correta especificagao de um amplificador operacional TONY 24 REFERENCIAS COUGHLIN, R. F. Operational amplifiers and linear integrated circuits. 6. ed. Pearson, 2015. JUNIOR, A. A. G.; SOUZA, A. R. Fundamentos de metrologia cientifica. Sao Paulo: Manole, 2013. LIRA, F. A. Metrologia na industria. 2. ed. Sao Paulo: Erica, 2012. © AMPLIFICADOR Operacional - Introdugao. —_Disponivel em . Acesso em: 3 maio 2017. PERTENCE JUNIOR, A. Amplificadores operacionais e filtros ativos. 8. ed. Porto Alegre: Bookman, 2015. SILVA NETO, J. C. da. Metrologia e controle dimensional. 1. ed. Sao Paulo’ Campus, 2012, TONY

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