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UTILIZAÇÃO DE RESÍDUOS DA SERRAGEM DE GRANITOS NA FABRICAÇÃO

DE BLOCOS CERÂMICOS-PARTE I

Kaline Melo de Souto(*),Gelmires de Araújo Neves(*)(**), Heber Carlos Ferreira e Maria


Cláudia Silva(**)
*Alunos de Iniciação Cientifica e Doutorado em Engenharia de Processos,**Professores do
Departamento de Engenharia de Materiais do Centro de Ciências e Tecnológia da
Universidade Federal da Paraíba. Av. Aprigio Veloso,882,Bodocongó,58109-970-Campina
Grande–PB, Fone(083)310-1182/1183,Fax(083)310-1180
gelmires@dema.ufpb.br;heber@dema.ufpb.br; claudia@dema.ufpb.br

RESUMO

Pesquisas sobre a reciclagem de resíduos industriais e urbanos têm intensificado-se


nos últimos anos, no Brasil e no exterior. A incorporação de rejeitos em massas cerâmicas,
visando a obtenção de artefatos para usos diversos, constitui-se em uma das melhores
soluções para os problemas ambientais.O reaproveitamento tecnológico de resíduos, de
maneira geral, nas indústriais cerâmicas e correlatas, pode contribuir para diminuição do uso
das matérias-primas convencionais e consequentemente na redução de custos e prevenção de
possíveis problemas ambientais. Neste trabalho são apresentados os resultados de
caracterização dos resíduos provenientes da serragem de granitos e seu uso como matéria-
prima cerâmica alternativa. A caracterização foi determinada através de análise
granulométrica, química e limites de Atterberg. Para os ensaios cerâmicos, foram
conformados por extrusão corpos de prova a partir de composições cerâmicas com teores de
resíduo variando entre 30% e 60% e queimados nas temperaturas de 800oC, 900oC e 1000oC.
Após análise dos resultados verificamos o seu provável uso como matéria-prima alternativa
para blocos e telhas cerâmicos.
Palavras chave: reciclagem, resíduo, matéria-prima, blocos cerâmicos.

CONGRESSO BRASILEIRO DE ENGENHARIA E CIÊNCIA DOS MATERIAIS, 14., 2000, São Pedro - SP. Anais 13301
ABSTRACT

Researches on the recicling of industrial and urban residues have been intensifing in
the last years, in Brazil and in the exterior. The residues incorporation in ceramic masses,
seeking the obtaining of engines for several uses, it is constituted in one of the best solutions
for the environmental problem.
The technological reuse of residues, in a general way in the ceramic industry and
correlate, it can contribute to decrease of the use of the conventional raw materials and
consequently reduction of costs and in the prevention of possible environmental problems. In
this presented healthy work the results of characterization of the coming residues of the cut of
granites and its use as alternative ceramic raw material. The mineralogical characterization
was determined through granulometric analysis, chemistry analysis and Atterberg limits. For
the ceramic rehearsals, they were conformed by extrusion test bodies starting from ceramic
compositions with texts of residues varying between 30% and 60% and burned in the
temperatures of 800o C, 900o C and 1000o C. After analysis of the results was verified its
probable use as raw material for ceramic blocks and roof tiles.

Key word: reciclagem, residue, raw material, ceramic blocks.

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INTRODUÇÃO

A cada ano nas atividades industriais acumulam-se mensalmente milhões de toneladas


de rejeitos que, na maioria dos casos, não são reutilizados na indústria, conduzindo à
problemática de sua eliminação , causando consequentemente grande impacto ambiental.
No Brasil, os rejeitos das serrarias de granito vêm preocupando proprietários,
ambientalistas e órgãos governamentais, pela quantidade crescente de rejeitos na forma da
polpa abrasiva chamada de “lama”, resultante da ação dos teares e que precisam ser
descartados, o que tem sido feito com grandes agressões ambientais. As lagoas e/ou tanques
de decantação, utilizados pelos indústriais mais conscientes, logo ficam repletos e têm de ser
esgotados com grandes transtornos e a um custo muito elevado. No geral, tais cuidados não
integram ainda, a cultura dos que atuam neste ramo. Grande parte dos córregos, ravinas,
lagos naturais e artificiais e até rios, são ótimos repositórios para os rejeitos, dentro da
retrógrada visão de que a poluição é progresso. Segundo Caiado e Mendonça(1) , o impacto
ambiental causado pelas indústrias de mineração e beneficiamento de rochas ornamentais de
mármore e granito sobre a qualidade das águas das bacias hidrográficas do estado do Espírito
Santo, é significativa.
De acordo com pesquisas recentes de Silva(2), bem como Freire e Motta(3) , o
desperdício nas indústrias brasileiras de beneficiamento de granitos, quando da serragem de
blocos, chega a variar de 20 a 25% de sua massa, que é transformada em pó, constituinte, em
parte, de lamas ou poupas abrasivas. No Espírito Santo, estima-se que a quantidade de rejeitos
gerados no beneficiamento de granito no município de Cachoeiro do Itapemirim, é da ordem
de 400 t/mês.
Os trabalhos desenvolvidos visando o aproveitamento dos rejeitos do beneficiamento
de granitos, são incipientes. Calmon e Colaboradores(4) , desenvolveram estudos visando o
aproveitamento dos rejeitos da serragem do granito para produção de argamassas de
assentamento destinadas às alvenarias. Segundo Freire e Motta(3), algumas características
específicas dos resíduos são favoráveis à sua utilização industrial, podendo-se citar, como
exemplos, sua fina granulometria, sua composição química pré-definida e inexistência de
grãos mistos entre os componentes básicos. Trabalho desenvolvido por Sobrinho(5), evidencia
a possibilidade de utilização dos rejeitos provenientes do beneficiamento de granitos e
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mármores, na produção de argamassas alternativas. Os resíduos foram utilizados na forma de
agregados, para traços normalmente usados na construção civil. Morais e Colaboradores(6) ,
desenvolveram estudos comparativos entre uma argamassa industrializada e outra alternativa,
com resíduo de mármores proveniente das indústrias de Campina Grande - PB, para uso em
alvenarias e revestimentos.
Este trabalho tem como objetivo principal estudar o aproveitamento de resíduos
industriais provenientes da serragem de granitos, dos municípios de Fortaleza-CE e Recife-
PE, , para utilização na fabricação de tijolos e ladrilhos rústicos.

MATERIAIS E MÉTODOS

MATERIAIS
Para a realização deste trabalho foram utilizados os seguintes materiais :R 01- resíduo
proveniente da Empresa GRANEX S/A - Recife - PE. localizada na cidade de Cabo - PE;
R 02 -resíduo proveniente da Empresa GRANDON - Fortaleza - Indústria de Granito LTDA,
situada à Av. Washington Soares, Águas frias, Fortaleza – CE e a argila utilizada para uso em
cerâmica vermelha, proveniente da Empresa CINCERA, localizada no Distrito Industrial de
Santa Rita - PB.

MÉTODOS
Ensaios de Caracterização
Distrubuição Granulométrica

As Distribuições granulométricas, foram determinadas por peneiramento via úmida e


sedmentação, sendo realizadas seguindo-se as normas propostas pela ABNT NBR - 7181(7) .

Limites de Atterberg

A plasticidade tem uma importância fundamental nas propriedades tecnológicas, pois


define o ponto ótimo de trabalhabilidade da massa para conformação. Os limites de Atterberg
foram determinados no Laboratório de Cerâmica do DEMa/CCT/UFPB, segundo as normas
da ABNT NBR-7180(8)e NBR-6454(9).

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Os resultados são a média de três determinações, com desvio relativo máximo de 5%,
são apresentados em porcentagem com aproximação de duas casas decimais.

Análise Química
As amostras de resíduos e argila, foram submetidas à análise química de acordo com
normas internas do Laboratório de Análise Minerais do CCT/PRAI/UFPB(10) .

Ensaios Tecnológicos

Os ensaios tecnológicos foram realizados seguindo-se a sistemática proposta por


Souza Santos(11) para ensaios cerâmicos preliminares. A argila vermelha(CINCERA) foi
misturada com 30%, 35%, 40%, 45%, 50%, 55% e 60% de cada um dos resíduos, em seguida
foi homogenizada e umedecida até 25% de umidade.
Os corpos de prova foram conformados por extrusão, com dimensões de 20,0 x 2,0 x
1,0 cm3 . Após moldagem, os corpos de prova foram secos em estufa a 110ºC, em seguida
queimados nas temperaturas de 800ºC, 900ºC e 1000ºC em forno de atmosfera oxidante, com
velocidade constante de elevação, sendo mantido na temperatura máxima por duas horas,
completando um ciclo de queima com duração máxima de 10 horas. O resfriamento foi
natural até a temperatura ambiente.

Propriedades Físico-Mecânicas

Após secagem a 110ºC e queima à 800ºC, 900ºC e 1000ºC, foram determinadas as


propriedades físico-mecânicas tais como: retração linear(RL), tensão de ruptura à
flexão(TRF), absorção de água(AA), massa específica aparente(MEA) e porosidade
aparente(PA).Os valores obtidos são frutos da média aritmética de quatro corpos de prova e
foram comparados com os padrões preconizados por Souza Santos(11) e Salge e Barsaghi(12).

RESULTADOS E DISCUSSÕES

Ensaios de Caracterização

Os valores dos ensaios de caracterização dos resíduos de rochas graníticas, da argila e


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das massas cerâmicas , estão contidos nas Tabelas I e II.
Composição Granulométrica

A Tabela I, apresenta os valores da granulométrica dos resíduos e da argila para


cerâmica vermelha.

Tabela I – Distrubuição granulométrica por peneiramento e sedimentação dos rejeitos


de granito e da argila Cincera.
Diâmetro das partículas (µm)
Material que passa (%)
Amostra 70 60 50 40 30 20 10 5 2
(µm) (µm) (µm) (µm) (µm) (µm) (µm) (µm) (µm)
R 01 85 80 76 73 68 59 42 24 6
R 02 77,5 77,0 74,0 74,0 66,0 49,0 37,0 20,0 8,0
Arg.Cincera 89,0 95,0 85,0 83,0 80,0 72,0 60,0 48,0 44,0

Observando os valores da Tabela I, verifica-se que os resíduos estudados apresentam


elevado percentual de partículas finas, com diâmetro médio de 70 mm, com 85% para o R 01
e o menor de 77,5% para o resíduo 02, com diâmetro médio equivalente abaixo de 70µm.
Verifica-se portanto que o resíduo 01 é um material com maior quantidade de finos. Para a
argila observa-se que a amostra apresenta um alto percentual da fração argilosa(48%) abaixo
de 5µm segundo a norma ABNT NBR 7181(7) .

Limites de Atterberg

A Tabela II apresenta os resultados do Limites de Atterberg determinado nas massas


cerâmicas aditivadas com resíduos.
Observando os valores contidos na Tabela II, verifica-se que as amostras estudadas
apresentam limites de plasticidade variando de 20% a 27% que, comparados com os dados de
Macedo(15), Ferreira(16) e Menezes e Colaboradores(17), para argilas plásticas utilizadas em
cerâmica vermelha, verifica-se que apresentam dentro da faixa encontrada ( 20% a 30% ).
Para o índice de plasticidade, observa-se que tratam-se de massas cerâmicas
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consideradas altamente plásticas, por apresentarem valores superiores ou iguais a 15%.

Tabela II – Limites de liquidez, plasticidade e índice de plasticidade das massas


cerâmicas.
Amostra Resíduo (%) LL (%) LI (%) IP (%)

CINCERA 0 53,0 29,0 24,0


30 50,00 27,00 24,00
35 48,00 25,00 23,00
40 44,00 24,00 20,00
R 01 45 41,00 23,00 20,00
50 43,00 23,00 16,00
55 38,00 20,00 18,00
60 37,00 20,00 17,00
30 48,00 20,00 20,00
35 47,00 25,00 22,00
R 02 40 44,00 25,00 19,00
45 41,00 24,00 17,00
50 38,00 23,00 15,00
55 39,00 20,00 19,00
60 36,00 20,00 16,00

Composição Química
A Tabela III, apresenta a composição química dos resíduos provenientes da serragem
de granito e da argila .

Tabela III -Composição química dos resíduos e argila


Amostra Pr SiO2 Fe2O3 Al2O3 CaO MgO Na2O K2O

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(%) (%) (%) (%) (%) (%) (%) (%)
Resíduo –01 0,78 65,01 7,62 13,86 3,64 - 2,38 3,63
Resíduo-02 6,10 54,75 8,38 12,90 8,40 - 4.05 3,03
CINCERA 7,09 54,79 8,78 22,29 - - 1,35 2,42
- Ausente
Observando os valores da Tabela III, verifica-se que os resíduos apresentam um teor
de SiO2 superior a 55% de Al2O3 e superior a 12%, o que indica serem provenientes de rochas
graníticas. Óxidos de cálcio e ferro(CaO e Fe2O3) são oriundos, principalmente, da granalha e
da cal utilizadas como abrasivo e lubrificante respectivamente .Os óxidos de sódio e de
potássio (Na2O e K2O) presentes nos resíduos são quase que totalmente, oriundos do feldspato
e da mica e são agentes fundentes.
Observando os valores da Tabela III, verifica-se que argila estudada apresenta um teor
de SiO2 superior a 50% e de Al2O3 da ordem de 20% de Fe2O3 acima de 8%, compatíveis com
sua utilização em cerâmica vermelha.
Analisando conjuntamente a composição química das amostras de resíduo , observam-
se elevados teores de ferro, o que indica cores avermelhadas após queima e que os óxidos de
potássio e de sódio favorecem a fusibilidade.

ENSAIOS TECNOLÓGICOS

As Figuras de 1 a 6 apresentam as propriedades físico-mecânicas das massas


aditivadas com resíduos após queima às temperaturas de 800o C, 900o C e 1000o C.

As Figuras 1 e 2 apresentam os resultados das propriedades físico-mecânicas das


massas aditivadas com resíduo, após queima à temperatura de 800o C.
Absorção de água (%)

18
16
Resíduo 01
14
Resíduo 02
12
10
25 30 35 40 45 50 55 60 65

Resíduo/Argila (%)

Figura 1 - Absorção de água dos corpos de prova das massas queimadas à temperatura de
CONGRESSO800 o
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C.
Tensão de ruptura à
flexão (MPa)
14
12
Resíduo 01
10
8 Resíduo 02
6
4
25 30 35 40 45 50 55 60 65

Resíduo/Argila (%)

Figura 2 - Tensão de ruptura à flexão dos corpos de prova das massas queimadas à
temperatura de 800o C.

Observando os valores contidos nas Figuras 1 e 2, verifica-se que as amostras


estudadas tiveram valores de absorção de água dentro da faixa indicada por Souza Santos(11)
para cerâmica vermelha, após queima à temperatura de 950o C. Pode-se verificar também que
as amostras apresentaram valores de absorção de água inferiores aos limites indicados por
Salge e Barzaghi(12) para tijolos furados(25%) e telhas (20%).
Para tensão de ruptura à flexão verifica-se que todas as massas aditivadas com resíduo
apresentaram valores de tensão de ruptura à flexão dentro da faixa preconizada por Souza
(13)
Santos para cerâmica vermelha, após queima à temperatura de 950o C. Com relação aos
valores indicados por Salge e Basarghi(12) todas as amostras analisadas apresentam
comportamento mecânico superior ao valor mínimo fixada para tijolos furados(5,5MPa) e
telhas (6,5MPa), com exceção das massas aditivadas com 55% e 60% de resíduo R 02, que
apresentam valores inferiores ao valor mínimo fixado para telhas.

As Figuras 3 e 4 apresentam os resultados das propriedades físico-mecânicas das


massas aditivadas com resíduo, após queima à temperatura de 900o C.
Absorção de água (%)

17
16
15 Resíduo 01
14
Resíduo 02
13
12
11
25 30 35 40 45 50 55 60 65

Resíduo/Argila (%)
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Figura 3 - Absorção de água dos corpos de prova das massas queimadas à


temperatura 900o C.
Tensão de ruptura à
21

Flexão (MPa)
18
15 Resíduo 01
12 Resíduo 02
9
6
25 30 35 40 45 50 55 60 65
Resíduo/Argila (%)

Figura 4- Tensão de ruptura à flexão dos corpos de prova das massa queimadas à
temperatura de 900o C.

Observando os valores contidos nas Figuras 3 e 4, verifica-se que todas as amostras


estudadas apresentaram absorção de água dentro da faixa indicada por Souza Santos(11) para
cerâmica vermelha, após queima à temperatura de 950o C. Pode-se verificar também que as
amostras apresentaram absorção de água inferiores aos limites indicados por Salge e
Barzaghi(12) para tijolos furados(25%) e telhas (20%).
Para tensão de ruptura à flexão verifica-se que todas as massas aditivadas com resíduo
possuíram tensão de ruptura à flexão dentro da faixa preconizada por Souza Santos(11) para
cerâmica vermelha após queima à temperatura de 950o C. Com relação aos valores indicados
por Salge e Barzaghi(12) ,todas as amostras analisadas apresentaram comportamento mecânico
superior ao mínimo para tijolos furados(5,5MPa) e telhas (6,5MPa).
As Figuras 5 e 6 apresentam os resultados das propriedades física-mecânicas das
massas aditivadas com resíduo, após queima à temperatura de 1000o C.
Absoção de água (%)

16
14
12 Resíduo 01
10 Resíduo 02
8
6
25 30 35 40 45 50 55 60 65

Resíduo/Argila (%)

Figura 5 - Absorção de água dos corpos de provas das massas queimadas à


temperatura de 1000o C.

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Observando os valores contidos nas Figuras 5 e 6, verifica-se que todas as amostras
estudadas apresentam absorção de água dentro da faixa indicada por Souza Santos(11) para
cerâmica vermelha após queima à temperatura de 950o C. Pode-se verificar também que as
amostras apresentarem valores de absorção de água inferiores aos limites indicados por Salge
e Barzaghi(12) para tijolos furados(25%) e telhas (20%).
Para tensão de ruptura à flexão verifica-se que todas as massas aditivadas com
resíduos, apresentaram tensão de ruptura à flexão dentro da faixa preconizada por Souza
(11)
Santos para cerâmica vermelha, após queima à temperatura de 950o C. Com relação aos
valores indicados por Salge e Barzaghi(12) todas as amostras analisadas apresentaram
Tensão de ruptura à

24
flexão (MPa)

19 Resíduo 01
Resíduo 02
14

9
25 30 35 40 45 50 55 60 65

Resíduo/Argila(%)

Figura 6 -Tensão de ruptura à flexão dos corpos de prova das


massas queimadas à temperatura de 1000o C.

comportamento mecânico superior ao mínimo, para tijolos furados(5,5MPa) e telhas


(6,5MPa).

CONCLUSÕES

Foram estudadas duas amostras de resíduos provenientes da serragem de granito das


indústrias de Recife – PE e Fortaleza – CE, para uso como matéria-prima em cerâmica
vermelha, podendo-se chegar as seguintes conclusões:
a) as amostras de resíduos apresentaram caracterização adequada para uso como matéria-
prima cerâmica;
b) de acordo com a metodologia de Souza Santos(11) todas as amostras, após queima às
temperaturas de 800o C, 900o C e 1000o C, apresentaram potencial de utilização para
produção de cerâmica vermelha, com exceção das massas aditivadas com 55% e 60% de
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R 01 na temperatura de queima à 800o C que não atingiram o valor mínimo especificado;
c) de acordo com Salge e Barzaghi(12)todas as amostras apresentaram potencial de utilização
para produção de tijolos furados e telhas, com exceção das massas aditivadas com 55% e
60% de R 01 na temperatura de queima à 800o C que não atingiram o valor mínimo de
tensão de ruptura à flexão, especificado.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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(9)ABNT - Associação Brasileira de Normas Técnicas , Solo, Determinação do Limite de
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