Por que as religiões de matriz africana são o principal alvo de intolerância o
Brasil?
Qualquer religião está sujeita à intolerância, mas os fatores culturais e
históricos de cada região determinam as crenças que são mais atacadas. No Brasil, a herança escravocrata, bem como as leis que criminalizavam os cultos afro-brasileiros contribuíram para a intolerância contra as religiões de origem africana. Por um lado, o racismo e a discriminação, que remontam à escravidão e que desde o Brasil colônia rotulam tais religiões pelo simples fato de serem de origem africana, e, pelo outro, a ação de movimentos neopentecostais que nos últimos anos teriam se valido de mitos e preconceitos para "demonizar" e insuflar a perseguição a umbandistas e candomblecistas. Diante disso, é possível afirmar que os afro-brasileiros são discriminados, tratados com preconceito, para não dizer demonizados, por ser de uma tradição africana/afrodescendente. Logo, podemos afirmar que o racismo é causa fundamental do preconceito ao candomblé e demais religiões afro-brasileiras. Visto isso, é nítido o processo histórico em que boa parte do que é produzido pelo negro brasileiro é desumanizado, desvalorizado ou considerado estranho, exótico, folclórico, e a ascensão do discurso de alguns neopentecostais que estimula a visão da religião africana como ligada ao culto ao demônio, diabo, satanás, rituais satânicos, macumba ou que fazem o mal. Apesar de inúmeros casos de intolerância, existe a consciência de que a luta não cessa e que a sociedade civil tem papel fundamental para a manutenção de direitos que, em dadas circunstâncias, podem ser violados até pelo Estado. O Dia Nacional da Consciência Negra, assim como o Dia Nacional de Combate à Intolerância Religiosa são datas que remetem não apenas à celebração da cultura de um povo, mas atualizam e contextualizam uma luta que é histórica e constante.