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Ortografia
Nova Ortografia
da Língua Portuguesa
Copyright – 2009 by INESP
Coordenação Editorial: Antonio Nóbrega Filho
Projeto Gráfico: Carlos Alberto Alexandre Dantas
Impressão e Acabamento: Gráfica do INESP
Revisão e Organização dos Textos: Vânia Soares
Nova
Ortografia
Nova Ortografia
da Língua Portuguesa
O Acordo Ortográfico........................................................ 9
Mudanças no Alfabeto...................................................... 15
Trema......................................................................................... 16
Uso do hífen........................................................................... 21
da Língua Portuguesa....................................................... 28
ANEXOS
Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa............. 41
7
Nova O Acordo Ortográfico
Ortografia
Esse Acordo é meramente ortográfico; portanto, res-
tringe-se à língua escrita, não afetando nenhum aspecto da
língua falada. Ele não elimina todas as diferenças ortográfi-
cas observadas nos países que têm a língua portuguesa como
idioma oficial, mas é um passo em direção à pretendida uni-
ficação ortográfica desses países.
Como o Texto Oficial do Acordo não é claro em vários
aspectos, foi elaborado um roteiro com o que foi possível
estabelecer objetivamente sobre as novas regras. Espera-se
que este guia sirva de orientação básica àqueles que dese-
jam resolver rapidamente suas dúvidas sobre as mudanças
introduzidas na ortografia brasileira, sem preocupação com
questões teóricas.
Por oportuno informamos, também, estar disponível
nesta publicação, um mini-glossário com mais de duas mil
palavras grafadas de acordo com as novas regras, extraídas
do Vocabulário Ortográfico da Língua Portuguesa, da Academia
Brasileira de Letras, 2009.
9
Resumo
das Mudanças
Nova Ortográficas
Ortografia
Alfabeto
Trema
Nova Regra Regra Antiga Como Será
agüentar, conseqüência, aguentar, consequência,
Não existe mais o trema
cinqüenta, qüinqüênio, cinquenta, quinquênio,
em língua portuguesa.
frqüência, freqüente, frequência, frequente,
Apenas em casos de
eloqüência, eloqüente, eloquência, eloquente,
nomes próprios e seus
argüição, delinqüir, arguição, delinquir,
derivados, por exemplo:
pingüim, tranqüilo, pinguim, tranquilo,
Müller, mülleriano
lingüiça linguiça.
Acentuação
Nova Regra Regra Antiga Como Será
obs2: o acento no ditongo aberto “eu” continua: chapéu, véu, céu, ilhéu.
11
auto-afirmação, auto- autoafirmação, autoajuda,
O hiato “oo” não é mais enjôo, vôo, corôo, perdôo, enjoo, voo, coroo, perdoo,
ajuda, auto-aprendizagem, autoaprendizabem,
acentuado côo, môo, abençôo, povôo coo, moo, abençoo, povoo
auto-escola, auto-estrada, autoescola, autoestrada,
auto-instrução, contra- autoinstrução,
O hiato “ee” não é mais crêem, dêem, lêem, vêem, creem, deem, leem, veem,
O hífen não é mais exemplo, contra-indicação, contraexemplo,
acentuado descrêem, relêem, revêem descreem, releem, reveem
utilizado em palavras contra-ordem, extra-escolar, contraindicação,
Nova Regra Regra Antiga Como Será formadas de prefixos extra-oficial, infra-estrutura, contraordem, extraescolar,
(ou falsos prefixos) intra-ocular, intra-uterino, extraoficial, infraestrutura,
pára (verbo), péla para (verbo), pela
terminados em vogal + neo-expressionista, intraocular, intrauterino,
(substantivo e verbo), (substantivo e verbo),
Não existe mais o acento palavras iniciadas por neo-imperialista, semi- neoexpressionista,
pêlo (substantivo), pelo (substantivo),
diferencial em palavras outra vogal aberto, semi-árido, neoimperialista, semiaberto,
pêra (substantivo), péra pera (substantivo), pera
homógrafas semi-automático, semiautomático, semiárido,
(substantivo), pólo (substantivo), polo
semi-embriagado, semi- semiembriagado,
(substantivo) (substantivo)
obscuridade, supra-ocular, semiobscuridade,
Obs: o acento diferencial ainda permanece no verbo “poder” (3ª pessoa do ultra-elevado supraocular, ultraelevado.
Pretérito Perfeito do Indicativo – “pôde”) e no verbo “pôr” para diferenciar da Obs: esta nova regra vai uniformizar algumas exceções já existentes antes: antiaé
preposição “por”. Falculta-se o fôrma/forma reo, antiamericano, socioeconômico etc.
Nova Regra Regra Antiga Como Será Obs2: esta regra não se encaixa quando a palavra seguinte iniciar por “h”: anti-
Não se acentua mais herói, anti-higiênico, extra-humano, semi-herbáceo etc.
a letra “u” nas formas
verbais rizotônicas, argúi, apazigúe, averigúe, argui, apazigue,averigue, Nova Regra Regra Antiga Como Será
quando precedido de “g” enxagúe, obliqúe enxague, oblique
Agora utiliza-se hífen antiibérico,
ou “q” e antes de “e” ou anti-ibérico, anti-
quando a palavra antiinflamatório,
“i” (gue, que, gui, qui) inflamatório, anti-
é formada por um antiinflacionário,
Não se acentua mais inflacionário, anti-
prefixo (ou falso antiimperialista,
“i” e “u” tônicos em baiúca, boiúna, cheiínho, baiuca, boiuna, cheiinho, imperialista, arqui-inimigo,
prefixo) terminado arquiinimigo,
paroxítonas quando saiínha, feiúra, feiúme saiinha, feiura, feiume arqui-irmandade, micro-
em vogal + palavra arquiirmandade,
precedidos de ditongo ondas, micro-ônibus, micro-
iniciada pela mesma microondas, microônibus,
orgânico
vogal. microorgânico
Hífen obs: esta regra foi alterada por conta da regra anterior: prefixo termina com vogal
Nova Regra Regra Antiga Como Será + palavra inicia com vogal diferente = não tem hífen; prefixo termina com vogal +
ante-sala, ante-sacristia, antessala, antessacristia, palavra inicia com mesma vogal = com hífen
auto-retrato, anti-social, autorretrato, antissocial, obs2: uma exceção é o prefixo “co”. Mesmo se a outra palavra inicia-se com a
O hífen não é mais
anti-rugas, arqui-romântico, antirrugas, arquirromântico, vogal “o”, NÃO utliza-se hífen.
utilizado em palavras
arqui-rivalidae, auto- arquirrivalidade,
formadas de prefixos
12 13
O uso do hífen permanece Exemplos Mudanças
Em palavras formadas por prefixos
“ex”, “vice”, “soto”
ex-marido, vice-presidente, soto-mestre
no Alfabeto
Em palavras formadas por prefixos
“circum” e “pan” + palavras pan-americano, circum-navegação
iniciadas em vogal, M ou N
14 15
Trema Mudanças
nas Regras
de Acentuação
1. Não se usa mais o acento dos ditongos abertos éi e
Não se usa mais o trema (¨), sinal colocado sobre a letra ói das palavras paroxítonas (palavras que têm acento tônico
u para indicar que ela deve ser pronunciada nos grupos gue, na penúltima sílaba).
gui, que, qui. Como era Como fica
alcalóide alcaloide
alcatéia alcateia
Como era Como fica
andróide androide
agüentar aguentar apóia (verbo apoiar) apoia
argüir arguir apóio (verbo apoiar) apoio
bilíngüi bilíngue asteróide asteroide
bóia boia
cinqüenta cinquenta
celulóide celuloide
delinqüente delinquente clarabóia claraboia
eloqüente eloquente colméia colmeia
ensangüentado ensanguentado Coréia Coreia
debilóide debiloide
eqüestre equestre
epopéia epopeia
freqüente frequente estóico estoico
lingüeta lingueta estréia estreia
lingüiça linguiça estréio (verbo estrear) estreio
geléia geleia
qüinqüênio quinquênio
heróico heroico
20 21
2. Não se usa o hífen quando o prefixo termina em vo- 4. Não se usa o hífen quando o prefixo termina em
gal diferente da vogal com que se inicia o segundo elemento. vogal e o segundo elemento começa por r ou s. Nesse caso,
Exemplos: duplicam-se essas letras. Exemplos:
aeroespacial agroindustrial antirrábico antirracismo
anteontem antiaéreo antirreligioso antirrugas
antieducativo autoaprendizagem antissocial biorritmo
autoescola autoestrada contrarregra contrassenso
autoinstrução coautor cosseno infrassom
coedição extraescolar microssistema minissaia
infraestrutura plurianual multissecular neorrealismo
semiaberto semianalfabeto neossimbolista semirreta
semiesférico semiopaco ultrarresistente ultrassom
Exceção:
O prefixo co aglutina-se em geral com o segundo ele- 5. Quando o prefixo termina por vogal, usa-se o hífen se
mento, mesmo quando este se inicia por o: coobrigar, coo- o segundo elemento começar pela mesma vogal. Exemplos:
brigação, coordenar, cooperar, cooperação, cooptar, coocu- anti-ibérico anti-imperialista
pante, etc.
anti-inflacionário anti-inflamatório
auto-observação contra-almirante
3. Não se usa o hífen quando o prefixo termina em
contra-atacar contra-ataque
vogal e o segundo elemento começa por consoante diferente
de r ou s. Exemplos: micro-ondas micro-ônibus
autopeça autoproteção
6. Quando o prefixo termina por consoante, usa-se o
coprodução geopolítica
hífen se o segundo elemento começar pela mesma consoan-
microcomputador pseudoprofessor te. Exemplos:
semicírculo semideus hiper-requintado inter-racial
seminovo ultramoderno inter-regional sub-bibliotecário
Atenção: super-racista super-reacionário
Com o prefixo vice, usa-se sempre o hífen. Exemplos: super-resistente super-romântico
vice-rei, vice-almirante etc.
Atenção:
Nos demais casos não se usa o hífen. Exemplos: hiper-
mercado, intermunicipal, superinteressante, superproteção.
22 23
Com o prefixo sub, usa-se o hífen também diante de 10. Deve-se usar o hífen para ligar duas ou mais pa-
palavra iniciada por r: sub-região, sub-raça etc. lavras que ocasionalmente se combinam, formando não
Com os prefixos circum e pan, usa-se o hífen diante propriamente vocábulos, mas encadeamentos vocabulares.
de palavra iniciada por m, n e vogal: circum-navegação, Exemplos: ponte Rio-Niterói, eixo Rio-São Paulo.
pan-americano etc.
11. Não se deve usar o hífen em certas palavras que per-
7. Quando o prefixo termina por consoante, não se usa deram a noção de composição. Exemplos:
o hífen se o segundo elemento começar por vogal. girassol madressilva
Exemplos: mandachuva paraquedas
hiperacidez hiperativo paraquedista pontapé
interescolar interestadual
interestelar interestudantil 12. Para clareza gráfica, se no final da linha a partição de
superamigo superaquecimento uma palavra ou combinação de palavras coincidir com o hífen,
ele deve ser repetido na linha seguinte. Exemplos:
supereconômico superexigente
Na cidade, conta-
superinteressante superotimismo
-se que ele foi viajar.
pós-graduação pré-história
pré-vestibular pró-europeu
recém-casado recém-nascido
sem-terra
24 25
Emprego do Hífen Observações
com Prefixos
Regra Básica
Outros casos
1. Com o prefixo sub, usa-se o hífen também diante
1. Prefixo terminado em vogal: de palavra iniciada por r sub-região, sub-raça etc. Palavras
iniciadas por h perdem essa letra e juntam-se sem hífen: su-
• Sem hífen diante de vogal diferente: autoescola, an-
bumano, subumanidade.
tiaéreo.
2. Com os prefixos circum e pan, usa-se o hífen dian-
• Sem hífen diante de consoante diferente de r e s:
te de palavra iniciada por m, n e vogal: circum-navegação,
anteprojeto, semicírculo.
pan-americano, etc.
• Sem hífen diante de r e s. Dobram-se essas letras:
3. O prefixo co aglutina-se em geral com o segundo
antirracismo, antissocial, ultrassom.
elemento, mesmo quando este se inicia por o: coobrigação,
• Com hífen diante de mesma vogal: contra-ataque, coordenar, cooperar, cooperação, cooptar, coocupante, etc.
micro-ondas.
4. Com o prefixo vice, usa-se sempre o hífen: vice-rei,
vice-almirante ,etc.
2. Prefixo terminado em consoante: 5. Não se deve usar o hífen em certas palavras que per-
• Com hífen diante de mesma consoante: inter-regio- deram a noção de composição, como girassol, madressilva,
nal, sub-bibliotecário. mandachuva, pontapé, paraquedas, paraquedista, etc.
• Sem hífen diante de consoante diferente: intermuni- 6. Com os prefixos ex, sem, além, aquém, recém, pós,
cipal, supersônico. pré, pró, usa-se sempre o hífen: ex-aluno, sem-terra, além-
• Sem hífen diante de vogal: interestadual, superin- mar, aquém-mar, recém-casado, pós-graduação, pré-vestibu-
teressante. lar, pró-europeu.
26 27
Linha do
Tempo das
Mudanças
Ortográficas
da Língua Portuguesa
• a nasalização das vogais é representada pelo til (ma- • ph, th, ch, rh e y, que representavam fonemas gre-
nhãas = manhãs), por dois acentos (mááos = mãos) e por m gos: philosophia, theatro, chimica (química), rheumatismo,
e n (omde = onde; senpre = sempre). martyr, sepulchro, thesouro, lyrio;
• o i pode ser substituído por y ou j (ay = ai; mjnas = • consoantes mudas: septembro, enxucto, maligno;
minhas). • consoantes duplas: approximar, immundos.
1911
Portugal oficializa, com pequenas modificações, o sis-
tema de Gonçalves Viana.
1915
Cartão-postal
A ABL aprova a proposta do professor, filólogo e poeta
de 1903, em que aparecem palavras
Silva Ramos que ajusta a reforma ortográfica brasileira aos
com as consoantes dobradas cc e nn.
padrões da reforma portuguesa de 1911.
1919
A ABL volta atrás e revoga o projeto de 1907, ou seja,
não há mais reforma.
1904
Ortografia nacional, do filólogo Gonçalves Viana (1840- 1931
1914), é publicada em Portugal. Nela, o estudioso apresenta
A Academia das Ciências de Lisboa e a Academia Bra-
proposta de simplificar a ortografia:
sileira de Letras assinam acordo para unir as ortografias dos
• eliminação dos fonemas gregos th (theatro), ph (phi- dois países.
1945
Divergências na interpretação de regras resultam no
Acordo Ortográfico Luso-Brasileiro. Em Portugal, as normas
vigoram, mas o Brasil mantém a ortografia de 1943.
1971
Decreto do governo altera algumas regras da ortografia
de 1943:
abolição do trema nos hiatos átonos: saüdade (=sau-
dade), vaïdade (= vaidade);
supressão do acento circunflexo diferencial nas le- Capa de partitura do
tras e e o da sílaba tônica das palavras homógra- samba Pelo Telephone,
fas, com exceção de pôde em oposição a pode: al- sucesso do carnaval de 1917.
môço (=almoço), êle (= ele), enderêço (= endereço), gôsto Além do uso do ph, chama
(=gosto); a atenção a grafia da palavra
eliminação dos acentos circunflexos e graves que successo.
marcavam a sílaba subtônica nos vocábulos de-
rivados com o sufixo -mente ou iniciados por -z- :
bebêzinho (=bebezinho), vovôzinho (= vovozinho), sò-
1986
Reunião de representantes dos sete países de língua
portuguesa no Rio de Janeiro resulta nas Bases Analíticas da
Ortografia Simplificada da Língua Portuguesa de 1945, mas
que nunca foram implementadas.
32 33
1990 2008
Surge o Acordo de Ortografia Simplificada entre Brasil Portugal aprova o Acordo Ortográfico.
e Portugal para a Lusofonia, nova versão do documento de No Brasil, em 29 de setembro, o Presidente Luis Inácio
1986. Lula da Silva, através do Decreto nº 6.583, promulga o Acor-
do Ortográfico da Língua Portuguesa, assinado em Lisboa
em 16 de dezembro de 1990.
1995
Brasil e Portugal aprovam oficialmente o documento
de 1990, que passa a ser reconhecido como Acordo Ortográ-
fico de 1995.
1998
No Primeiro Protocolo Modificativo ao Acordo Orto-
gráfico da Língua Portuguesa fica estabelecido que todos os
membros da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa
(CPLP) devem ratificar as normas propostas no Acordo Orto-
gráfico de 1995 para que este seja implantado. Anúncio da década de 1950 do
sabonete das “estrêlas”.
2002
O Timor-Leste torna-se independente e passa a fazer
parte da CPLP.
2004
2006
Cabo Verde e São Tomé e Príncipe ratificam o docu-
mento, possibilitando a vigoração do acordo.
34 35
Objetivos do A unificação facilitará a circulação de materiais, como
documentos oficiais e livros, entre esses países, sem que seja
Acordo necessário fazer uma “tradução” do material.
Além disso, o fato de haver duas grafias oficiais dificul-
Ortográfico ta o estabelecimento do português como um dos idiomas
oficiais da Organização das Nações Unidas (ONU).
Como diz o texto oficial do acordo, ele “constitui um
passo importante para a defesa da unidade essencial da lín-
gua portuguesa e para o seu prestígio internacional”.
Ane xos
Acordo
Ortográfico
da Língua Portuguesa
Texto oficial
41
instrumento de aprovação, sob a designação de Nota Expli-
cativa do Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa (1990).
Acordo
Artigo 2o – Os Estados signatários tomarão, através Ortográfico
das instituições e órgãos competentes, as providências ne-
cessárias com vista à elaboração, até 1 de janeiro de 1993, de da Língua Portuguesa
um vocabulário ortográfico comum da língua portuguesa,
tão completo quanto desejável e tão normalizador quanto (1990)
possível, no que se refere às terminologias científicas e téc-
nicas.
Artigo 3o – O Acordo Ortográfico da Língua Portugue-
sa entrará em vigor em 1 de janeiro de 1994, após deposita-
dos os instrumentos de ratificação de todos os Estados junto
do Governo da República Portuguesa.
Base I
Artigo 4o – Os Estados signatários adotarão as medi-
Do alfabeto e dos nomes próprios estrangeiros e seus derivados
das que entenderem adequadas ao efetivo respeito da data
da entrada em vigor estabelecida no artigo 3o.
Em fé do que, os abaixo assinados, devidamente cre- 1) O alfabeto da língua portuguesa é formado por vin-
denciados para o efeito, aprovam o presente acordo, redigi- te e seis letras, cada uma delas com uma forma minúscula e
do em língua portuguesa, em sete exemplares, todos igual- outra maiúscula:
mente autênticos.
a A (á) j J (jota) s S (esse)
Assinado em Lisboa, em 16 de dezembro de 1990.
b B (bê) k K (capa ou cá) t T (tê)
PELA REPÚBLICA POPULAR DE ANGOLA, c C (cê) l L (ele) u U (u)
José Mateus de Adelino Peixoto, Secretário de Estado da Cultura d D (dê) m M (eme) v V (vê)
PELA REPÚBLICA FEDERATIVA DO BRASIL, e E (é) n N (ene) w W (dáblio)
42 43
2) As letras k, w e y usam-se nos seguintes casos em que o uso as consagrou, nomeadamente antropónimos/
especiais: antropônimos e topónimos/topônimos da tradição bíblica:
a) Em antropónimos/antropônimos originários de ou- Jacob, Job, Moab, Isaac; David, Gad; Gog, Magog; Bensabat,
tras línguas e seus derivados: Franklin, frankliniano; Kant, kan- Josafat.
tismo; Darwin, darwinismo; Wagner, wagneriano; Byron, byro- Integram-se também nesta forma: Cid, em que o d é
niano; Taylor, taylorista; sempre pronunciado; Madrid e Valhadolid, em que o d ora
b) Em topónimos/topônimos originários de outras lín- é pronunciado, ora não; e Calecut ou Calicut, em que o t se
guas e seus derivados: Kwanza; Kuwait, kuwaitiano; Malawi, encontra nas mesmas condições.
malawiano; Nada impede, entretanto, que dos antropónimos/an-
c) Em siglas, símbolos e mesmo em palavras adotadas tropônimos em apreço sejam usados sem a consoante final
como unidades de medida de curso internacional: TWA, Jó, Davi e Jacó.
KLM; K – potássio (de kalium), W – oeste (West); kg – qui- 6) Recomenda-se que os topónimos/topônimos de
lograma, km – quilómetro/quilômetro, kW – kilowatt, yd – línguas estrangeiras se substituam, tanto quanto possível,
jarda (yard); Watt. por formas vernáculas, quando estas sejam antigas e ainda
3) Em congruência com o número anterior, mantêm- vivas em português ou quando entrem, ou possam entrar,
se nos vocábulos derivados eruditamente de nomes próprios no uso corrente. Exemplo: Anvers, substituído por Antu-
estrangeiros quaisquer combinações gráficas ou sinais diacrí- érpia; Cherbourg, por Cherburgo; Garonne, por Garona;
ticos não peculiares à nossa escrita que figurem nesses no- Genève, por Genebra; Jutland, por Jutlândia; Milano, por
mes: comtista, de Comte; garrettiano, de Garrett; jeffersónia/ Milão; München, por Munique; Torino, por Turim; Züri-
jeffersônia, de Jefferson; mülleriano, de Müller; shakespea- ch, por Zurique, etc.
riano, de Shakespeare.
Os vocábulos autorizados registrarão grafias alternati- Base II
vas admissíveis, em casos de divulgação de certas palavras de
Do h inicial e final
tal tipo de origem (a exemplo de fúcsia/ fúchsia e derivados,
44 45
b) Quando, por via de composição, passa a interior e geiro, falange, ferrugem, frigir, gelosia, gengiva, gergelim,
o elemento em que figura se aglutina ao precedente: bieb- geringonça, Gibraltar, ginete, ginja, girafa, gíria, herege, reló-
domadário, desarmonia, desumano, exaurir, inábil, lobiso- gio, sege, Tânger, virgem; adjetivo, ajeitar, ajeru (nome de plan-
mem, reabilitar, reaver. ta indiana e de uma espécie de papagaio), canjerê, canjica,
3) O h inicial mantém-se, no entanto, quando, numa enjeitar, granjear, hoje, intrujice, jecoral, jejum, jeira, jeito,
palavra composta, pertence a um elemento que está ligado Jeová, jenipapo, jequiri, jequitibá, Jeremias, Jericó, jerimum,
ao anterior por meio de hífen: anti-higiénico/ anti-higiêni- Jerónimo, Jesus, jiboia, jiquipanga, jiquiró, jiquitaia, jirau, ji-
co, contra-haste, pré- -história, sobre-humano. riti, jitirana, laranjeira, lojista, majestade, majestoso, manjerico,
manjerona, mucujê, pajé, pegajento, rejeitar, sujeito, trejeito.
4) O h final emprega-se em interjeições: ah! oh!.
3) Distinção gráfica entre as letras s, ss, c, ç e x, que
representam sibilantes surdas: ânsia, ascensão, aspersão, can-
Base III sar, conversão, esconso, farsa, ganso, imenso, mansão, man-
Da homofonia de certos grafemas consonânticos sarda, manso, pretensão, remanso, seara, seda, Seia, Sertã,
Sernancelhe, serralheiro, Singapura, Sintra, sisa, tarso, terso,
Dada a homofonia existente entre certos grafemas con- valsa; abadessa, acossar, amassar, arremessar, Asseiceira, as-
sonânticos, torna-se necessário diferençar os seus empregos, seio, atravessar, benesse, Cassilda, codesso (identicamente
que fundamentalmente se regulam pela história das palavras. Codessal ou Codassal, Codesseda, Codessoso, etc.), crasso,
É certo que a variedade das condições em que se fixam na devassar, dossel, egresso, endossar, escasso, fosso, gesso, molos-
escrita os grafemas consonânticos homófonos nem sempre so, mossa, obsessão, pêssego, possesso, remessa, sossegar; acém,
permite fácil diferenciação dos casos em que se deve empre- acervo, alicerce, cebola, cereal, Cernache, cetim, Cinfães,
gar uma letra e daqueles em que, diversamente, se deve em- Escócia, Macedo, obcecar, percevejo; açafate, açorda, açú-
pregar outra, ou outras, a representar o mesmo som. car, almaço, atenção, berço, Buçaco, caçanje, caçula, caraça,
Nesta conformidade, importa notar, principalmente, dançar, Eça, enguiço, Gonçalves, inserção, linguiça, maçada,
os seguintes casos: Mação, maçar, Moçambique, Monção, muçulmano, murça,
1) Distinção gráfica entre ch e x: achar, archote, bucha, negaça, pança, peça, quiçaba, quiçaça, quiçama, quiçamba,
capacho, capucho, chamar, chave, Chico, chiste, chorar, col- Seiça (grafia que pretere as erróneas/errôneas Ceiça e Ceissa),
chão, colchete, endecha, estrebucha, facho, ficha, flecha, Seiçal, Suíça, terço; auxílio, Maximiliano, Maximino, máxi-
frincha, gancho, inchar, macho, mancha, murchar, nicho, mo, próximo, sintaxe.
pachorra, pecha, pechincha, penacho, rachar, sachar, tacho; 4) Distinção gráfica entre s de fim de sílaba (inicial ou
ameixa, anexim, baixei, baixo, bexiga, bruxa, coaxar, coxia, interior) e x e z com idêntico valor fónico/ fônico: adestrar,
debuxo, deixar, eixo, elixir, enxofre, faixa, feixe, madeixa, Calisto, escusar, esdrúxulo, esgotar, esplanada, esplêndido,
mexer, oxalá, praxe, puxar, rouxinol, vexar, xadrez, xarope, espontâneo, espremer, esquisito, estender, Estremadura,
xenofobia, xerife, xícara. Estremoz, inesgotável; extensão, explicar, extraordinário,
2) Distinção gráfica entre g, com valor de fricativa pa- inextricável, inexperto, sextante, têxtil; capazmente, infeliz-
latal, e j: adágio, alfageme, Álgebra, algema, algeroz, Algés, al- mente, velozmente. De acordo com esta distinção convém
gibebe, algibeira, álgido, almargem, Alvorge, Argel, estran- notar dois casos:
46 47
a) Em final de sílaba que não seja final de palavra, o x = Base IV
s muda para s sempre que está precedido de i ou u: justapor, Das sequências consonânticas
justalinear, misto, sistino (cf. Capela Sistina), Sisto, em vez
de juxtapor, juxtalinear, mixto, sixtina, Sixto.
1o) O c, com valor de oclusiva velar, das sequências in-
b) Só nos advérbios em -mente se admite z, com valor
teriores cc (segundo c com valor de sibilante), cç e ct, e o p das
idêntico ao de s, em final de sílaba seguida de outra conso-
sequências interiores pc (c com valor de sibilante), pç e pt, ora
ante (cf. capazmente, etc.); de contrário, o s toma sempre o
se conservam, ora se eliminam. Assim: a) Conservam-se nos
lugar do z: Biscaia, e não Bizcaia.
casos em que são invariavelmente proferidos nas pronúncias
5) Distinção gráfica entre s final de palavra e x e z com cultas da língua: compacto, convicção, convicto, ficção, fric-
idêntico valor fónico/ fônico: aguarrás, aliás, anis, após, cionar, pacto, pictural; adepto, apto, díptico, erupção, euca-
atrás, através, Avis, Brás, Dinis, Garcês, gás, Gerês, Inês, íris, lipto, inepto, núpcias, rapto.
Jesus, jus, lápis, Luís, país, português, Queirós, quis, retrós,
b) Eliminam-se nos casos em que são invariavelmente
revés, Tomás, Valdês; cálix, Félix, Fénix, flux; assaz, arroz,
mudos nas pronúncias cultas da língua: ação, acionar, afe-
avestruz, dez, diz, fez (substantivo e forma do verbo fazer),
tivo, aflição, aflito, ato, coleção, coletivo, direção, diretor,
fiz, Forjaz, Galaaz, giz, jaez, matiz, petiz, Queluz, Romariz,
exato, objeção; adoção, adotar, batizar, Egito, ótimo.
[Arcos de] Valdevez, Vaz. A propósito, deve observar-se que é
inadmissível z final equivalente a s em palavra não oxítona: c) Conservam-se ou eliminam-se, facultativamente,
Cádis, e não Cádiz. quando se proferem numa pronúncia culta, quer geral, quer
restritamente, ou então quando oscilam entre a prolação e o
6) Distinção gráfica entre as letras interiores s, x e z,
emudecimento: aspecto e aspeto, cacto e cato, caracteres e cara-
que representam sibilantes sonoras: aceso, analisar, anes-
teres, dicção e dição; facto e fato, sector e setor, ceptro e cetro,
tesia, artesão, asa, asilo, Baltasar, besouro, besuntar, blusa,
concepção e conceção, corrupto e corruto, recepção e receção.
brasa, brasão, Brasil, brisa, [Mar co de] Canaveses, coliseu,
defesa, duquesa, Elisa, empresa, Ermesinde, Esposende, d) Quando, nas sequências interiores mpc, mpç e mpt
frenesi ou frenesim, frisar, guisa, improviso, jusante, liso, se eliminar o p de acordo com o determinado nos parágrafos
lousa, Lousã, Luso (nome de lugar, homónimo/homônimo precedentes, o m passa a n, escrevendo-se, respetivamente,
de Luso, nome mitológico), Matosinhos, Meneses, nar- nc, nç e nt: assumpcionista e assuncionista; assumpção e as-
ciso, Nisa, obséquio, ousar, pesquisa, portuguesa, presa, sunção; assumptível e assuntível; peremptório e perentório,
raso, represa, Resende, sacerdotisa, Sesimbra, Sousa, sur- sumptuoso e suntuoso, sumptuosidade e suntuosidade.
presa, tisana, transe, trânsito, vaso; exalar, exemplo, exi- 2) Conservam-se ou eliminam-se, facultativamente,
bir, exorbitar, exuberante, inexato, inexorável; abalizado, quando se proferem numa pronúncia culta, quer geral, quer
alfazema, Arcozelo, autorizar, azar, azedo, azo, azorrague, restritamente, ou então quando oscilam entre a prolação e o
baliza, bazar, beleza, buzina, búzio, comezinho, deslizar, emudecimento: o b da sequência bd, em súbdito; o b da sequ-
deslize, Ezequiel, fuzileiro, Galiza, guizo, helenizar, lam- ência bt, em subtil e seus derivados; o g da sequência gd, em
buzar, lezíria, Mouzinho, proeza, sazão, urze, vazar, Vene- amígdala, amigdalácea, amigdalar, amigdalato, amigdalite,
za, Vizela, Vouzela. amigdaloide, amigdalopatia, amigdalotomia; o m da sequ-
ência mn, em amnistia, amnistiar, indemne, indemnidade,
48 49
indemnizar, omnímodo, omnipotente, omnisciente, etc.; o e u em sílaba átona, é evidente que só a consulta dos voca-
t da sequência tm, em aritmética e aritmético. bulários ou dicionários pode indicar, muitas vezes, se deve
empregar-se e ou i, se o ou u. Há, todavia, alguns casos em
que o uso dessas vogais pode ser facilmente sistematizado.
Base V Convém fixar os seguintes:
Das vogais átonas
a) Escrevem-se com e, e não com i, antes da sílaba tó-
nica/tônica, os substantivos e adjetivos que procedem de
1) O emprego do e e do i, assim como o do o e do u em substantivos terminados em -eio e -eia, ou com eles estão
sílaba átona, regula-se fundamentalmente em relação direta. Assim se regulam: aldeão, aldeola, aldeota
pela etimologia e por particularidades da história das por aldeia; areal, areeiro, areento, Areosa por areia; aveal por
palavras. Assim, se estabelecem variadíssimas grafias: aveia; baleal por baleia; cadeado por cadeia; candeeiro por
a) Com e e i: ameaça, amealhar, antecipar, arrepiar, candeia; centeeira e centeeiro por centeio; colmeal e colme-
balnear, boreal, campeão, cardeal (prelado, ave, planta; dife- eiro por colmeia; correada e correame por correia.
rente de cardial = “relativo à cárdia”), Ceará, côdea, enseada, b) Escrevem-se igualmente com e, antes de vogal ou
enteado, Floreal, janeanes, lêndea, Leonardo, Leonel, Leonor, ditongo da sílaba tónica/ tônica, os derivados de palavras
Leopoldo, Leote, linear, meão, melhor, nomear, peanha, qua- que terminam em e acentuado (o qual pode representar um
se (em vez de quási), real, semear, semelhante, várzea; amei- antigo hiato: ea, ee): galeão, galeota, galeote, de galé; corea-
xial, Ameixieira, amial, amieiro, arrieiro, artilharia, capitâ- no, de Coreia; daomeano, de Daomé; guineense, de Guiné;
nia, cordial (adjetivo e substantivo), corriola, crânio, criar, poleame e poleeiro, de polé.
diante, diminuir, Dinis, ferregial, Filinto, Filipe (e identica- c) Escrevem-se com i, e não com e, antes da sílaba tó-
mente Filipa, Filipinas, etc.), freixial, giesta, Idanha, igual, nica/tônica, os adjetivos e substantivos derivados em que
imiscuir-se, inigualável, lampião, limiar, Lumiar, lumieiro, entram os sufixos mistos de formação vernácula –iano e -ien-
pátio, pior, tigela, tijolo, Vimieiro, Vimioso. se, os quais são o resultado da combinação dos sufixos -ano
b) Com o e u: abolir, Alpendorada, assolar, borbole- e -ense com um i de origem analógica (baseado em palavras
ta, cobiça, consoada, consoar, costume, díscolo, êmbolo, onde -ano e -ense estão precedidos de i pertencente ao tema:
engolir, epístola, esbaforir-se, esboroar, farândola, femoral, horaciano, italiano, duniense, flaviense, etc.): açoriano,
Freixoeira, girândola, goela, jocoso, mágoa, névoa, nódoa, acriano (de Acre), camoniano, goisiano (relativo a Damião
de Góis), siniense (de Sines), sofocliano, torriano, torriense
óbolo, Páscoa, Pascoal, Pascoela, polir, Rodolfo, távoa, ta-
(de Torre(s)).
voada, távola, tômbola, veio (substantivo e forma do verbo
vir); açular, água, aluvião, arcuense, assumir, bulir, camân- d) Uniformizam-se com as terminações -io e -ia (áto-
dulas, curtir, curtume, embutir, entupir, fémur/fêmur, fís- nas), em vez de -eo e -ea, os substantivos que constituem va-
tula, glândula, ínsua, jucundo, légua, Luanda, lucubração, riações, obtidas por ampliação, de outros substantivos termi-
lugar, mangual, Manuel, míngua, Nicarágua, pontual, régua, nados em vogal: cúmio (popular), de cume; hástia, de haste;
tábua, tabuada, tabuleta, trégua, vitualha. réstia, do antigo reste; véstia, de veste.
2) Sendo muito variadas as condições etimológicas e e) Os verbos em -ear podem distinguir-se praticamen-
histórico-fonéticas em que se fixam graficamente e e i ou o te, grande número de vezes, dos verbos em -iar, quer pela
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formação, quer pela conjugação e formação ao mesmo tem- se formem, assim como a derivados em que entrem sufixos
po. Estão no primeiro caso todos os verbos que se prendem iniciados por z: cristãmente, irmãmente, sãmente; lãzudo,
a substantivos em -eio ou -eia (sejam formados em português maçãzita, manhãzinha, romãzeira.
ou venham já do latim); assim se regulam: aldear, por aldeia;
alhear, por alheio; cear por ceia; encadear por cadeia; pear, por
Base VII
peia; etc. Estão no segundo caso todos os verbos que têm nor-
Dos ditongos
malmente flexões rizotónicas/rizotônicas em -eio, -eias, etc.:
clarear, delinear, devanear, falsear, granjear, guerrear, hastear,
1) Os ditongos orais, que tanto podem ser tónicos/tô-
nomear, semear, etc. Existem, no entanto, verbos em -iar,
nicos como átonos, distribuem-se por dois grupos gráficos
ligados a substantivos com as terminações átonas -ia ou -io,
principais, conforme o segundo elemento do ditongo é re-
que admitem variantes na conjugação: negoceio ou negocio
presentado por i ou u: ai, ei, éi, ui; au, eu, éu, iu, ou: braçais,
(cf. negócio); premeio ou premio (cf. prémio/prêmio); etc.
caixote, deveis, eirado, farnéis (mas farneizinhos), goivo,
f) Não é lícito o emprego do u final átono em palavras de goivar, lençóis (mas lençoizinhos), tafuis, uivar; cacau, ca-
origem latina. Escreve-se, por isso: moto, em vez de mótu (por caueiro, deu, endeusar, ilhéu (mas ilheuzito), mediu, passou,
exemplo, na expressão de moto próprio); tribo, em vez de tríbu. regougar.
g) Os verbos em -oar distinguem-se praticamente dos Obs:
verbos em -uar pela sua conjugação nas formas rizotónicas/
Admitem-se, todavia, excecionalmente, à parte destes
rizotônicas, que têm sempre o na sílaba acentuada: abençoar
dois grupos, os ditongos grafados ae (= âi ou ai) e ao (âu ou
com o, como acentuo, acentuas, etc.
au): o primeiro, representado nos antropónimos/antropôni-
mos Caetano e Caetana, assim como nos respetivos deriva-
Base VI dos e compostos (caetaninha, são-caetano, etc.); o segundo,
Das vogais nasais representado nas combinações da preposição a com as for-
mas masculinas do artigo ou pronome demonstrativo o, ou
seja, ao e aos.
Na representação das vogais nasais devem observar-se
õe. Exemplos: cães, Guimarães, mãe, mãezinha; cãibas, cãibei- -e tónico/tônico, geralmente provenientes do francês, esta vo-
ro, cãibra, zãibo; mão, mãozinha, não, quão, sótão, sotão- gal, por ser articulada nas pronúncias cultas ora como aberta
zinho, tão; Camões, orações, oraçõezinhas, põe, repões. Ao ora como fechada, admite tanto o acento agudo como o acen-
lado de tais ditongos pode, por exemplo, colocar-se o diton- to circunflexo: bebé ou bebê, bidé ou bidê, canapé ou canapê,
go ui; mas este, embora se exemplifique numa forma popu- caraté ou caratê, croché ou crochê, guiché ou guichê, matiné
lar como rui = ruim, representa-se sem o til nas formas muito ou matinê, nené ou nenê, ponjé ou ponjê, puré ou purê, rapé
e mui, por obediência à tradição. ou rapê. O mesmo se verifica com formas como cocó e cocô, ró
(letra do alfabeto grego) e rô. São igualmente admitidas formas
b) Os ditongos representados por uma vogal seguida
como judô, a par de judo, e metrô, a par de metro.
da consoante nasal m são dois: am e em. Divergem, porém,
nos seus empregos: b) As formas verbais oxítonas, quando, conjugadas
com os pronomes clíticos -lo(s) ou -la(s), ficam a terminar
54 55
na vogal tónica/tônica aberta grafada -a, após a assimilação Base IX
e perda das consoantes finais grafadas -r, -s ou -z: adorá-lo(s) Da acentuação gráfica das palavras paroxítonas
(de adorar-lo(s)), dá-la(s) (de dar-la(s) ou dá(s)-la(s)), fá-lo(s)
(de faz-lo(s)), fá-lo(s)-às (de far-lo(s)-ás), habitá-la(s)-iam (de
habitar- -la(s)-iam), trá-la(s)-á (de trar-la(s)-á). 1) As palavras paroxítonas não são em geral acentu-
adas graficamente: enjoo, grave, homem, mesa, Tejo, vejo,
c) As palavras oxítonas com mais de uma sílaba termi-
velho, voo; avanço, floresta; abençoo, angolano, brasileiro;
nadas no ditongo nasal grafado -em (exceto as formas da 3a
descobrimento, graficamente, moçambicano.
pessoa do plural do presente do indicativo dos compostos de
ter e vir: retêm, sustêm; advêm, provêm; etc.) ou -ens: acém, 2) Recebem, no entanto, acento agudo:
detém, deténs, entretém, entreténs, harém, haréns, porém, a) As palavras paroxítonas que apresentam, na sílaba
provém, provéns, também. tónica/tônica, as vogais abertas grafadas a, e, o e ainda i ou u
d) As palavras oxítonas com os ditongos abertos gra- e que terminam em -l, -n, -r, -x e -ps, assim como, salvo raras
fados -éi, -éu ou -ói, podendo estes dois últimos ser seguidos exceções, as respectivas formas do plural, algumas das quais
ou não de -s: anéis, batéis, fiéis, papéis; céu(s), chapéu(s), passam a proparoxítonas: amável (pl. amáveis), Aníbal, dócil
ilhéu(s), véu(s); corrói (de corroer), herói(s), remói (de remo- (pl. dóceis), dúctil (pl. dúcteis), fóssil (pl. fósseis), réptil (pl.
er), sóis. répteis; var. reptil, pl. reptis); cármen (pl. cármenes ou car-
mens; var. carme, pl. carmes); dólmen (pl. dólmenes ou dol-
2) Acentuam-se com acento circunflexo:
mens), éden (pl. édenes ou edens), líquen (pl. líquenes), lú-
a) As palavras oxítonas terminadas nas vogais tónicas/ men (pl. lúmenes ou lumens); açúcar (pl. açúcares), almíscar
tônicas fechadas que se grafam -e ou – o, seguidas ou não de (pl. almíscares), cadáver (pl. cadáveres), caráter ou carácter
-s: cortês, dê, dês (de dar), lê, lês (de ler), português, você(s); (mas pl. carateres ou caracteres), ímpar (pl. ímpares); Ájax,
avô(s), pôs (de pôr), robô(s). córtex (pl. córtex; var. córtice, pl. córtices), índex (pl. index;
b) As formas verbais oxítonas, quando, conjugadas var. índice, pl. índices), tórax (pl. tórax ou tóraxes; var. tora-
com os pronomes clíticos -lo(s) ou -la(s), ficam a terminar ce, pl. toraces); bíceps (pl. bíceps; var. bicípite, pl. bicípites),
nas vogais tónicas/tônicas fechadas que se grafam -e ou -o, fórceps (pl. fórceps; var. fórcipe, pl. fórcipes).
moina, paranoico, zoina. Também neste caso são preteridas as antigas grafias
4) É facultativo assinalar com acento agudo as formas det em, interv em, mant em, prov em, etc.
verbais de pretérito perfeito do indicativo, do tipo amámos, 6o) Assinalam-se com acento circunflexo:
louvámos, para as distinguir das correspondentes formas do
a) Obrigatoriamente, pôde (3a pessoa do singular do
presente do indicativo (amamos, louvamos), já que o timbre
pretérito perfeito do indicativo), que se distingue da corres-
da vogal tónica/tônica é aberto naquele caso em certas va-
pondente forma do presente do indicativo (pode).
riantes do português.
b) Facultativamente, dêmos (1a pessoa do plural do pre-
5) Recebem acento circunflexo:
sente do conjuntivo), para se distinguir da corresponden-
a) As palavras paroxítonas que contêm, na sílaba tóni- te forma do pretérito perfeito do indicativo (demos); fôrma
ca/tônica, as vogais fechadas com a grafia a, e, o e que termi- (substantivo), distinta de forma (substantivo; 3a pessoa do
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singular do presente do indicativo ou 2a pessoa do singular Base X
do imperativo do verbo formar). Da acentuação das vogais tónicas/tônicas grafadas i e u das
7 ) Prescinde-se de acento circunflexo nas formas ver-
o
palavras oxítonas e paroxítonas
bais paroxítonas que contêm um e tónico/ tônico oral fecha-
do em hiato com a terminação -em da 3a pessoa do plural do 1) As vogais tónicas/tônicas grafadas i e u das pala-
presente do indicativo ou do conjuntivo, conforme os casos: vras oxítonas e paroxítonas levam acento agudo quando
creem, deem (conj.), descreem, desdeem (conj.), leem, preveem, antecedidas de uma vogal com que não formam ditongo e
redeem (conj.), releem, reveem, tresleem, veem. desde que não constituam sílaba com a eventual consoan-
8) Prescinde-se igualmente do acento circunflexo te seguinte, excetuando o caso de s: adaís (pl. de adail), aí,
para assinalar a vogal tónica/tônica fechada com a grafia o atraí (de atrair), baú, caís (de cair), Esaú, jacuí, Luís, país, etc.;
alaúde, amiúde, Araújo, Ataíde, atraíam (de atrair), atraísse
em palavras paroxítonas como enjoo, substantivo e flexão
(id.), baía, balaústre, cafeína, ciúme, egoísmo, faísca, faúlha,
de enjoar, povoo, flexão de povoar, voo, substantivo e flexão
graúdo, influíste (de influir), juízes, Luísa, miúdo, paraíso,
de voar, etc.
raízes, recaída, ruína, saída, sanduíche, etc.
9) Prescinde-se, quer do acento agudo, quer do cir-
2) As vogais tónicas/tônicas grafadas i e u das palavras
cunflexo, para distinguir palavras paroxítonas que, tendo
oxítonas e paroxítonas não levam acento agudo quando,
respectivamente vogal tónica/tônica aberta ou fechada,
antecedidas de vogal com que não formam ditongo, cons-
são homógrafas de palavras proclíticas. Assim, deixam de
tituem sílaba com a consoante seguinte, como é o caso de
se distinguir pelo acento gráfico: para(á), flexão de parar, e
nh, l, m, n, r e z: bainha, moinho, rainha; adail, paul, Raul;
para, preposição; pela(s) (é), substantivo e flexão de pelar,
Aboim, Coimbra, ruim; ainda, constituinte, oriundo, ruins,
e pela(s), combinação de per e la(s); pelo(é), flexão de pelar,
triunfo; atrair, demiurgo, influir, influirmos; juiz, raiz; etc.
pelo(s) (ê), substantivo ou combinação de per e lo(s); polo(s)
(ó), substantivo, e polo(s), combinação antiga e popular de 3) Em conformidade com as regras anteriores leva
por e lo(s); etc. acento agudo a vogal tónica/tônica grafada i das formas oxí-
tonas terminadas em r dos verbos em -air e -uir, quando es-
10) Prescinde-se igualmente de acento gráfico para
tas se combinam com as formas pronominais clíticas -lo(s),
distinguir paroxítonas homógrafas heterofónicas/ hetero-
60 61
Obs: Base XI
Se, neste caso, a consoante final for diferente de s, tais Da acentuação gráfica das palavras proparoxítonas
vogais dispensam o acento agudo: cauim.
6) Prescinde-se do acento agudo nos ditongos tónicos/ 1) Levam acento agudo:
tônicos grafados iu e ui, quando precedidos de vogal: dis-
a) As palavras proparoxítonas que apresentam na síla-
traiu, instruiu, pauis (pl. de paul).
ba tónica/tônica as vogais abertas grafadas a, e, o e ainda i,
7) Os verbos arguir e redarguir prescindem do acento u ou ditongo oral começado por vogal aberta: árabe, cáusti-
agudo na vogal tónica/tônica grafada u nas formas rizotó- co, Cleópatra, esquálido, exército, hidráulico, líquido, míope,
nicas/rizotônicas: arguo, arguis, argui, arguem; argua, arguas, músico, plástico, prosélito, público, rústico, tétrico, último.
argua, arguam. Os verbos do tipo de aguar, apaniguar, apazi-
b) As chamadas proparoxítonas aparentes, isto é, que
guar, apropinquar, averiguar, desaguar, enxaguar, obliquar,
apresentam na sílaba tónica/tônica as vogais abertas grafa-
delinquir e afins, por oferecerem dois paradigmas, ou têm
das a, e, o e ainda i, u ou ditongo oral começado por vogal
as formas rizotónicas/rizotônicas igualmente acentuadas
aberta, e que terminam por sequências vocálicas pós-tóni-
no u mas sem marca gráfica (a exemplo de averiguo, averi-
cas/pós-tônicas praticamente consideradas como ditongos
guas, averigua, averiguam; averigue, averigues, averigue, ave-
crescentes (-ea, -eo, -ia, -ie, -io, -oa, -ua, -uo, etc.): álea, náusea;
riguem; enxaguo, enxaguas, enxagua, enxaguam; enxague,
etéreo, níveo; enciclopédia, glória; barbárie, série; lírio, prélio;
enxagues, enxague, enxaguem, etc.; delinquo, delinquis,
mágoa, nódoa; exígua, língua; exíguo, vácuo.
delinqui, delinquem; mas delinquimos, delinquís) ou têm
as formas rizotónicas/rizotônicas acentuadas fónica/fônica 2) Levam acento circunflexo:
e graficamente nas vogais a ou i radicais (a exemplo de ave- a) As palavras proparoxítonas que apresentam na sí-
ríguo, averíguas, averígua, averíguam; averígue, averígues, laba tónica/tônica vogal fechada ou ditongo com a vogal
averígue, averíguem; enxáguo, enxáguas, enxágua, enxá- básica fechada: anacreôntico, brêtema, cânfora, cômputo,
guam; enxágue, enxágues, enxágue, enxáguem; delínquo, devêramos (de dever), dinâmico, êmbolo, excêntrico, fôsse-
delínques, delínque, delínquem; delínqua, delínquas, delín- mos (de ser e ir), Grândola, hermenêutica, lâmpada, lôstre-
qua, delínquam). go, lôbrego, nêspera, plêiade, sôfrego, sonâmbulo, trôpego.
damente (de ávido), debilmente (de débil), facilmente (de tar, anguiforme, arguir, bilíngue (ou bilingue), lingueta, lin-
fácil), habilmente (de hábil), ingenuamente (de ingénuo/in- guista, linguístico; cinquenta, equestre, frequentar, tranqui-
gênuo), lucidamente (de lúcido), mamente (de má), somen- lo, ubiquidade.
te (de só), unicamente (de único), etc.; candidamente (de Obs:
cândido), cortesmente (de cortês), dinamicamente (de dinâ- Conserva-se, no entanto, o trema, de acordo com a
mico), espontaneamente (de espontâneo), portuguesmente Base I, 3o, em palavras derivadas de nomes próprios estran-
(de português), romanticamente (de romântico). geiros: hübneriano, de Hübner, mülleriano, de Müller, etc.
2) Nas palavras derivadas que contêm sufixos iniciados
por z e cujas formas de base apresentam vogal tónica/tôni-
ca com acento agudo ou circunflexo, estes são suprimidos:
aneizinhos (de anéis), avozinha (de avó), bebezito (de bebé/
64 65
Base XV 3) Emprega-se o hífen nas palavras compostas que
Do hífen em compostos, locuções e encadeamentos vocabulares designam espécies botânicas e zoológicas, estejam ou não
ligadas por preposição ou qualquer outro elemento: abóbora-
menina, couve-flor, erva- doce, feijão-verde; bênção-de-deus,
1) Emprega-se o hífen nas palavras compostas por erva-do-chá, ervilha-de-cheiro, fava-de-santo-inácio, bem-
justaposição que não contêm formas de ligação e cujos ele- me-quer (nome de planta que também se dá à margarida e ao
mentos, de natureza nominal, adjetival, numeral ou verbal, malmequer); andorinha-grande, cobra-capelo, formiga-branca;
constituem uma unidade sintagmática e semântica e man- andorinha-do-mar, cobra-d’água, lesma-de-conchinha; bem-
têm acento próprio, podendo dar-se o caso de o primeiro te-vi (nome de um pássaro).
elemento estar reduzido: ano-luz, arcebispo-bispo, arco-íris,
4) Emprega-se o hífen nos compostos com os advérbios
decreto-lei, és-sueste, médico-cirurgião, rainha-cláudia, te-
bem e mal, quando estes formam com o elemento que se lhes
nente-coronel, tio-avô, turma-piloto; alcaide-mor, amor-
segue uma unidade sintagmática e semântica e tal elemento
perfeito, guarda-noturno, mato-grossense, norte-americano,
começa por vogal ou h. No entanto, o advérbio bem, ao con-
porto-alegrense, sul-africano; afro-asiático, afro-luso-brasilei-
trário de mal, pode não se aglutinar com palavras começa-
ro, azul-escuro, luso-brasileiro, primeiro-ministro, primeiro-
das por consoante. Eis alguns exemplos das várias situações:
sargento, primo-infecção, segunda-feira; conta-gotas, finca-
bem-aventurado, bem-estar, bem-humorado; mal-afortunado,
pé, guarda-chuva.
mal-estar, mal-humorado; bem-criado (cf. malcriado), bem-
Obs: ditoso (cf. malditoso), bem-falante (cf. malfalante), bem-
Certos compostos, em relação aos quais se perdeu, em mandado (cf. malmandado), bem-nascido (cf. malnascido),
certa medida, a noção de composição, grafam-se aglutina- bem-soante (cf. malsoante), bem-visto (cf. malvisto).
damente: girassol, madressilva, mandachuva, pontapé, pa-
Obs:
raquedas, paraquedista, etc.
2) Emprega-se o hífen nos topónimos/topônimos com- Em muitos compostos, o advérbio bem aparece agluti-
postos, iniciados pelos adjetivos grã, grão ou por forma ver- nado com o segundo elemento, quer este tenha ou não vida
bal ou cujos elementos estejam ligados por artigo: Grã-Breta- à parte: benfazejo, benfeito, benfeitor, benquerença, etc.
Alsácia-Lorena, Angola-Brasil, Tóquio-Rio de Janeiro, etc.). geral com o segundo elemento mesmo quando iniciado por
o: coobrigação, coocupante, coordenar, cooperação, coope-
rar, etc.
Base XVI
c) Nas formações com os prefixos circum- e pan-, quan-
Do hífen nas formações por prefixação, recomposição e
do o segundo elemento começa por vogal, m ou n (além de
sufixação
h, caso já considerado atrás na alínea a): circum-escolar, cir-
cum-murado, circum-navegação; pan-africano, pan-mágico,
1) Nas formações com prefixos (como, por exemplo: pan-negritude.
ante-, anti-, circum-, co-, contra-, entre-, extra-, hiper-, infra-, d) Nas formações com os prefixos hiper-, inter- e super-,
intra-, pós-, pré-, pró-, sobre-, sub-, super-, supra-, ultra-, etc.) quando combinados com elementos iniciados por r: hiper-
e em formações por recomposição, isto é, com elementos requintado, inter-resistente, super-revista.
68 69
e) Nas formações com os prefixos ex- (com o sentido Base XVII
de estado anterior ou cessamento), sota-, soto-, vice- e vizo-: Do hífen na ênclise, na tmese e com o verbo haver
ex-almirante, ex-diretor, ex-hospedeira, ex-presidente, ex-
primeiro-ministro, ex-rei, sota-piloto, soto-mestre, vice-pre-
sidente, vice-reitor, vizo-rei. 1) Emprega-se o hífen na ênclise e na tmese: amá-lo,
dá-se, deixa-o, partir-lhe; amá-lo-ei, enviar- -lhe-emos.
f) Nas formações com os prefixos tónicos/tônicos acen-
tuados graficamente pós-, pré- e pró-, quando o segundo ele- 2) Não se emprega o hífen nas ligações da preposição
mento tem vida à parte (ao contrário do que acontece com de às formas monossilábicas do presente do indicativo do
as corres- pondentes formas átonas que se aglutinam com verbo haver: hei de, hás de, hão de, etc.
o elemento seguinte): pós-graduação, pós-tónico/pós-tônico Obs:
(mas pospor); pré-escolar, pré-natal (mas prever); pró-africa- 1. Embora estejam consagradas pelo uso as formas ver-
no, pró-europeu (mas promover). bais quer e requer, dos verbos querer e requerer, em vez de quere
2) Não se emprega, pois, o hífen: e requere, estas últimas formas conservam-se, no entanto, nos
a) Nas formações em que o prefixo ou falso prefixo casos de ênclise: quere-o(s), requere-o(s). Nestes contextos, as
termina em vogal e o segundo elemento começa por r ou s, formas (legítimas, aliás) qué-lo e requé-lo são pouco usadas.
devendo estas consoantes duplicar-se, prática aliás já gene- 2. Usa-se também o hífen nas ligações de formas
ralizada em palavras deste tipo pertencentes aos domínios pronominais enclíticas ao advérbio eis (eis-me, ei-lo) e ain-
científico e técnico. Assim: antirreligioso, antissemita, con- da nas combinações de formas pronominais do tipo no-lo,
trarregra, contrassenha, cosseno, extrarregular, infrassom, vo-las, quando em próclise (por ex.: esperamos que no-lo
minissaia, tal como biorritmo, biossatélite, eletrossiderurgia, comprem).
microssistema, microrradiografia.
b) Nas formações em que o prefixo ou pseudoprefixo
termina em vogal e o segundo elemento começa por vogal Base XVIII
diferente, prática esta em geral já adotada também para os
Do apóstrofo
termos técnicos e científicos. Assim: antiaéreo, coeducação,
72 73
b) Por uma ou duas formas vocabulares, se não cons- contidos, tudo em grifo): O Senhor do Paço de Ninães ou O
tituem, de modo fixo, uniões perfeitas (apesar de serem cor- senhor do paço de Ninães, Menino de Engenho ou Menino
rentes com esta feição em algumas pronúncias): de um, de de engenho, Árvore e Tambor ou Árvore e tambor.
uma, de uns, de umas, ou dum, duma, duns, dumas; de al- d) Nos usos de fulano, sicrano, beltrano.
gum, de alguma, de alguns, de algumas, de alguém, de algo,
e) Nos pontos cardeais (mas não nas suas abreviatu-
de algures, de alhures, ou dalgum, dalguma, dalguns, dal-
ras): norte, sul (mas: SW sudoeste).
gumas, dalguém, dalgo, dalgures, dalhures; de outro, de ou-
tra, de outros, de outras, de outrem, de outrora, ou doutro, f) Nos axiónimos/axiônimos e hagiónimos/hagiôni-
doutra, doutros, doutras, doutrem, doutrora; de aquém ou mos (opcionalmente, neste caso, também com maiúscula):
daquém; de além ou dalém; de entre ou dentre. De acordo senhor doutor Joaquim da Silva, bacharel Mário Abrantes, o
com os exemplos deste último tipo, tanto se admite o uso da cardeal Bembo; santa Filomena (ou Santa Filomena).
locução adverbial de ora avante como do advérbio que repre- g) Nos nomes que designam domínios do saber, cursos
senta a contração dos seus três elementos: doravante. e disciplinas (opcionalmente, também com maiúscula): por-
Obs: tuguês (ou Português), matemática (ou Matemática); línguas
e literaturas modernas (ou Línguas e Literaturas Modernas).
Quando a preposição de se combina com as formas ar-
ticulares ou pronominais o, a, os, as, ou com quaisquer pro- 2) A letra maiúscula inicial é usada:
nomes ou advérbios começados por vogal, mas acontece es- a) Nos antropónimos/antropônimos, reais ou fictícios:
tarem essas palavras integradas em construções de infinitivo, Pedro Marques; Branca de Neve, D. Quixote.
não se emprega o apóstrofo, nem se funde a preposição com b) Nos topónimos/topônimos, reais ou fictícios: Lis-
a forma imediata, escrevendo-se estas duas separadamente: a boa, Luanda, Maputo, Rio de Janeiro; Atlântida, Hespéria.
fim de ele compreender; apesar de o não ter visto; em virtude c) Nos nomes de seres antropomorfizados ou mitológi-
de os nossos pais serem bondosos; o facto/ fato de o conhe- cos: Adamastor; Neptuno/ Netuno.
cer; por causa de aqui estares.
d) Nos nomes que designam instituições: Instituto de
Pensões e Aposentadorias da Previdência Social.
Base XIX
der aos elementos constitutivos dos vocábulos segundo a antes da última consoante. Exemplos dos dois casos: cam-
etimologia (a-ba-li-e-nar, bi-sa-vô, de-sa-pa-re-cer, di-sú-ri-co, braia, ec- tlipse, em- blema, ex- plicar, in- cluir, ins- crição,
e-xâ-ni-me, hi-pe- ra-cús-ti-co, i-ná-bil, o-bo-val, su-bo-cu- subs- crever, trans-gredir; abs- tenção, disp- neia, inters- te-
lar, su-pe-rá-ci-do), obedece a vários preceitos particulares, lar, lamb- dacismo, sols- ticial, Terp- sícore, tungs- ténio.
que rigorosamente cumpre seguir, quando se tem de fazer 4) As vogais consecutivas que não pertencem a diton-
em fim de linha, mediante o emprego do hífen, a partição gos decrescentes (as que pertencem a ditongos deste tipo
de uma palavra: nunca se separam: ai- roso, cadei- ra, insti- tui, ora- ção, sacris-
1) São indivisíveis no interior de palavra, tal como ini- tães, traves- sões) podem, se a primeira delas não é u precedi-
cialmente, e formam, portanto, sílaba para a frente as suces- do de g ou q, e mesmo que sejam iguais, separar-se na escrita:
sões de duas consoantes que constituem perfeitos grupos, ou ala- úde, áre- as, ca- apeba, co- ordenar, do- er, flu- idez, per-
sejam (com exceção apenas de vários compostos cujos pre- do- as, vo- os. O mesmo se aplica aos casos de contiguidade
76 77
de ditongos, iguais ou diferentes, ou de ditongos e vogais:
cai- ais, cai- eis, ensai- os, flu- iu.
5) Os digramas gu e qu, em que o u se não pronuncia,
nunca se separam da vogal ou ditongo imediato (ne- gue, ne-
guei; pe- que, pe- quei), do mesmo modo que as combinações Nova
gu e qu em que o u se pronuncia: á- gua, ambí- guo, averi- Ortografia
gueis; longín- quos, lo- quaz, quais- quer.
6) Na translineação de uma palavra composta ou de
uma combinação de palavras em que há um hífen, ou mais,
se a partição coincide com o final de um dos elementos ou Decre
membros, deve, por clareza gráfica, repetir-se o hífen no iní- tos
cio da linha imediata: ex- -alferes, serená-los-emos ou serená-
los- -emos, vice- -almirante.
Base XXI
Das assinaturas e firmas
78
Decreto
Legislativo No 54,
de 1995
Aprova o texto do Acordo Ortográfico da
Língua Portuguesa, assinado em Lisboa, em
16 de dezembro de 1990.
81
Decreto Parágrafo único. A implementação do Acordo obe-
decerá ao período de transição de 1º de janeiro de 2009 a 31
No 6.583, de 29 de dezembro de 2012, durante o qual coexistirão a norma or-
tográfica atualmente em vigor e a nova norma e stabelecida.
de Setembro de 2008 Art. 3o São sujeitos à aprovação do Congresso Nacio-
nal quaisquer atos que possam resultar em revisão do refe-
rido Acordo, assim como quaisquer ajustes complementares
Promulga o Acordo Ortográfico da Língua
que, nos termos do art. 49, inciso I, da Constituição, acar-
Portuguesa, assinado em Lisboa, em 16 de
retem encargos ou compromissos gravosos ao patrimônio
dezembro de 1990.
nacional.
Art. 4o Este Decreto entra em vigor na data de sua
O PRESIDENTE DA REPÚBLICA, no uso da atribuição publicação.
que lhe confere o art. 84, inciso IV, da Constituição, e
Brasília, 29 de setembro de 2008; 187º da Independên-
Considerando que o Congresso Nacional aprovou, por cia e 120º da República.
meio do Decreto Legislativo no 54, de 18 de abril de 1995, o
Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa, assinado em Lis-
boa, em 16 de dezembro de 1990; LUIZ INÁCIO LULA DA SILVA
Considerando que o Governo brasileiro depositou o ins- Celso Luiz Nunes Amorim
trumento de ratificação do referido Acordo junto ao Ministério
dos Negócios Estrangeiros da República Portuguesa, na quali-
dade de depositário do ato, em 24 de junho de 1996;
Considerando que o Acordo entrou em vigor interna-
cional em 1º de janeiro de 2007, inclusive para o Brasil, no
plano jurídico externo;
DECRETA:
Art. 1o O Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa,
entre os Governos da República de Angola, da República Fe-
derativa do Brasil, da República de Cabo Verde, da República
de Guiné-Bissau, da República de Moçambique, da República
Portuguesa e da República Democrática de São Tomé e Prín-
cipe, de 16 de dezembro de 1990, apenso por cópia ao pre-
sente Decreto, será executado e cumprido tão inteiramente
como nele se contém.
Art. 2o O referido Acordo produzirá efeitos somente a
partir de 1º de janeiro de 2009.
82 83
Decreto No 6.584, rido Protocolo, assim como quaisquer ajustes complemen-
tares que, nos termos do art. 49, inciso I, da Constituição,
de 29 de Setembro acarretem encargos ou compromissos gravosos ao patrimô-
nio nacional.
de 2008 Art. 3o Este Decreto entra em vigor na data de sua
publicação.
Promulga o Protocolo Modificativo ao Acor- Brasília, 29 de setembro de 2008; 187º da Independên-
do Ortográfico da Língua Portuguesa, as- cia e 120º da República.
sinado em Praia, em 17 de julho de 1998.
LUIZ INÁCIO LULA DA SILVA
DECRETA:
Art. 1o O Protocolo Modificativo ao Acordo Ortográfi-
co da Língua Portuguesa, entre os Governos da República de
Angola, da República Federativa do Brasil, da República de
Cabo Verde, da República de Guiné-Bissau, da República de
Moçambique, da República Portuguesa e da República De-
mocrática de São Tomé e Príncipe, de 17 de julho de 1998,
apenso por cópia ao presente Decreto, será executado e cum-
prido tão inteiramente como nele se contém.
Art. 2º São sujeitos à aprovação do Congresso Nacio-
nal quaisquer atos que possam resultar em revisão do refe-
84 85
Protocolo Modificativo Decreto No 6.585,
ao Acordo Ortográfico de 29 de Setembro de 2008
da Língua Portuguesa Dispõe sobre a execução do Segundo Proto-
colo Modificativo ao Acordo Ortográfico da
Língua Portuguesa, assinado em São Tomé,
Considerando que até à presente data o Acordo Orto- em 25 de julho de 2004.
gráfico da Língua Portuguesa, assinado em Lisboa, em de-
zembro de 1990, ainda não foi ratificado por todas as partes O PRESIDENTE DA REPÚBLICA, no uso da atribuição
contratantes; que lhe confere o art. 84, inciso IV, da Constituição, e
Que o referido texto original do Acordo estabelecia, em Considerando que foram cumpridos os requisitos para
seu artigo 3, que o referido Acordo entraria em vigor no dia a entrada em vigor do Segundo Protocolo Modificativo ao
1o de janeiro de 1994, após o depósito dos instrumentos de Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa;
ratificação de todos os Estados junto ao Governo da Repúbli-
Considerando que o Governo brasileiro notificou o Mi-
ca Portuguesa;
nistério dos Negócios Estrangeiros da República Portuguesa,
Que o artigo 2 do Acordo, por sua vez, previa a elabo- na qualidade de depositário do ato, em 20 de outubro de
ração, até 1 de janeiro de 1993, de um vocabulário ortográfi- 2004;
co comum da língua portuguesa, referente às terminologias
Considerando que o Acordo entrou em vigor interna-
científicas e técnicas;
cional em 1º de janeiro de 2007, inclusive para o Brasil, no
Que o vocabulário ortográfico comum da língua portu- plano jurídico externo;
guesa deverá ainda ser concluído;
Decidem as partes dar a seguinte nova redação aos dois
DECRETA:
citados artigos:
86 87
Art. 2o Este Decreto entra em vigor na data de sua
publicação.
Acordo do Segundo
Protocolo Modificativo
Brasília, 29 de setembro de 2008; 187º da Independên-
cia e 120º da República. ao Acordo Ortográfico
LUIZ INÁCIO LULA DA SILVA
da Língua Portuguesa
Samuel Pinheiro Guimarães Neto
Fernando Haddad
A República de Angola, a República Federativa do Bra-
João Luiz Silva Ferreira
sil, a República de Cabo Verde, a República da Guiné-Bissau,
a República de Moçambique, a República Portuguesa, a Re-
V CONFERÊNCIA DOS CHEFES DE ESTADO E DE GOVERNO DA pública Democrática de São Tomé e Príncipe e a República
COMUNIDADE DOS PAÍSES DE LÍNGUA PORTUGUESA Democrática de Timor-Leste:
São Tomé, 26 e 27 de julho de 2004 Considerando que, até a presente data, o Acordo Or-
tográfico da Língua Portuguesa, assinado em Lisboa, a 16 de
dezembro de 1990, ainda não pôde entrar em vigor por não
ter sido ratificado por todas as partes contratantes;
Tendo em conta que, desde a IV Conferência de Chefes
de Estado e de Governo da Comunidade de Países de Língua
Portuguesa (CPLP), ocorrida em Brasília a 31 de julho e 1 de
agosto de 2002, se adotou a prática, nos Acordos da CPLP,
de estipular a entrada em vigor com o depósito do terceiro
instrumento de ratificação;
90 91
ortografia, e deverão ser editados, a partir de 2010, somente
na nova ortografia, excetuadas a circulação das reposições
e complementações de programas em curso, conforme es-
pecificação definida e disciplinada pelo Fundo Nacional de
Desenvolvimento da Educação – FNDE. Nova
Ortografia
Art. 3o Este Decreto entra em vigor na data de sua
publicação.
MINI
Brasília, 29 de setembro de 2008; 187º da Independên- Glos
cia e 120º da República.
sário
LUIZ INÁCIO LULA DA SILVA
Samuel Pinheiro Guimarães Neto
Fernando Haddad
João Luiz Silva Ferreira
NOVA ORTOGRAFIA DA LÍNGUA PORTUGUESA
92
A abster
acabralhar
à toa acácia-amarela
abacaxi-branco acadêmico
abacaxicultor açaí-do-pará
abacaxicultura acalorado
abadá açaná
abafa-banana acantilar
abafação acapalhar
abaianar acautelar
abaixadura acéfalo
abaixa-lingua aceleração
abaixo-assinado acém
abalizado acenar
abalizamento acervo
abalo aceso
abduzir acessibilidade
abelha-africana acessível
abelhamirim acessório
abelha-obreira acetona
abençoo achado
abissal acidez
abjugado acocho
abjurável acolá
abóbara-do-mato aço-liga
abóbora açoriano
abóbora-moranga acossar
intrauterino juízes
hábil imenso
inumano junqueira
habilmente ímpar
ipê-amarelo jurássico
haimoré improviso
íris jurema-branca
harmônica inchar
iscúria júri
hélice inconstitucionalidade
islão jurubeba
hemodiálise índex
isótono jus
herege inear
ixa justapor
hermenêutica inesgotável
ixissol justaposição
herói inexato
heroico inexorável izuzo
hibernar infelizmente
Hidráulico influir
108 109
k leão-marinho
leeia
lófio
logística
mãe-d’água
mafabé
Kaiser leem lojista má-fé
kankita legaço lombo-sujo magnálio
kantismo legislatório lontra magnétron
kasoíta légua loquaz mágoa
kelvinômetro lêndea lousa magonguê
Kepler lépalo lucidamente magoo
Kirovita leporino lúcido maioba
Knáutia lésbica lugar mais que tudo
Kochita leucofilo lúmen mais-que-perfeito
Koppita levanta-saia luso-brasileiro majestade
Kuru levedura lutrice majestoso
levez luz e fusco malandéu
L leviatã
libelo
lúzio
luzir
maláquio
malaxador
lábeo liga-liga malcheiroso
lábio limão-bravo malcriado
laborioso
laço
limax M maldanela
limiar macaco-cipó mal-educado
lacrimal linfático maçada mal-encarado
láctea linfoma macambúzio mal-estar
lactoide língua maçar malgovernar
lagunosa língua-mãe macauã mal-humorado
lamaçada lingueta macedônia má-língua
lambuzar linguiça macho mal-limpo
laminário linguístico maçoca malnascido
pangeia pau-d’água
obá de xangó ousar
panléxico pé de cabra
obam ovífero
pan-ótico pé de galinha
obcecar óvinil
pantim pé de moleque
obélion oxalá
papel pé de vento
óbex oxíbase
oxi-hidrato papel-jornal peça
óbito
oxirrina papelucho pechincha
objeccionar
oxóleo pápio pé-de-meia
obliquar
oxu papisa peito-de-forno
oblique
ozear papo-amarelo peito-de-pomba
oblíquo
ozênico papuã peixada
obnóxio
ózio para(verbo) peixe-agulha
oboaz
114 115
pelos porto-alegrense pré-leitura pseudopatia
penacho porto-grandense pré-letrado pseudoprofessor
pera português pré-levantamento psicopata
pé-rapado portuguesa premissa psicose
percevejo portuguesada pré-moldado pterália
perdoo porzita premorrer público
perênquima posar premorso pumacaá
pérgula pós-doutorado pré-natal punçoar
perístole pós-eleitoral pré-parto pungência
perixenite pós-escolar presa pupiloscopia
pérsea pós-escrito pretensão pústula
pertinaz pós-exílio pretermissão puxa-briga
pesquisa pós-formação pretraçado puxa-encolhe
pêssego pós-graduação preveem puxar
petórrito pós-letal pré-vestibular
petrose pós-operatório primazia
petúnia-da-terra possesso primeiro-ministro Q
piauiense povoo primeiro-sargento quadrafônico
piloroplástico poxa primeiro-tenente quadrático
pilotaxe pozólito pró-africano quadrijugado
pilotricácia pra xeológico pró-britânico quadrissecular
pimenta-do-pará prá-frente procônsul quadrivelocidade
pimpil pragmático procúbito quadrúmano
pináceo prajá pródico quadúpede
pinguim prândio pró-europeu quantizar
pior prato-cheio proeza quase
plástico praxe progeotropia queda de asa
124
de dirigentes mundiais de todos os tempos. Estiveram presentes 124 Chefes de Estado e de Governo. Os países,
Em 2000, as “8 Metas do Milênio” foram aprovadas por 191 países da ONU, em Novo Iorque, na maior reunião
POR UMA CULTURA DE PAZ E NÃO VIOLÊNCIA 1
Ouviram do Ipiranga as margens plácidas Deitado eternamente em berço esplêndido, Terra do sol, do amor, terra da luz! Tua jangada afoita enfune o pano!
De um povo heróico o brado retumbante, Ao som do mar e à luz do céu profundo, Soa o clarim que tua glória conta! Vento feliz conduza a vela ousada!
E o sol da Liberdade, em raios fúlgidos, Fulguras, ó Brasil, florão da América, Terra, o teu nome e a fama aos céus remonta Que importa que no seu barco seja um nada
Brilhou no céu da Pátria nesse instante. Iluminado ao sol do Novo Mundo! Em clarão que seduz! Na vastidão do oceano,
Nome que brilha - esplêndido luzeiro Se à proa vão heróis e marinheiros
Se o penhor dessa igualdade Do que a terra mais garrida Nos fulvos braços de ouro do cruzeiro! E vão no peito corações guerreiros!
Conseguimos conquistar com braço forte, Teus risonhos, lindos campos têm mais flores;
Em teu seio, ó Liberdade, “Nossos bosques têm mais vida”, Mudem-se em flor as pedras dos caminhos! Sim, nós te amamos, em aventuras e mágoas!
Desafia o nosso peito a própria morte! “Nossa vida” no teu seio “mais amores”. Chuvas de prata rolem das estrelas... Porque esse chão que embebe a água dos rios
E despertando, deslumbrada, ao vê-.las Há de florar em meses, nos estios
Ó Pátria amada, Ó Pátria amada, Ressoa a voz dos ninhos... E bosques, pelas águas!
Idolatrada, Idolatrada, Há de florar nas rosas e nos cravos selvas e rios, serras e florestas
Salve! Salve! Salve! Salve! Rubros o sangue ardente dos escravos. Brotem no solo em rumorosas festas!
Brasil, um sonho intenso, um raio vívido Brasil, de amor eterno seja símbolo Seja teu verbo a voz do coração, Abra-se ao vento o teu pendão natal
De amor e de esperança à terra desce, O lábaro que ostentas estrelado, verbo de paz e amor do Sul ao Norte! sobre as revoltas águas dos teus mares!
Se em teu formoso céu, risonho e límpido, E diga o verde-louro desta flâmula Ruja teu peito em luta contra a morte, E desfraldado diga aos céus e aos mares
A imagem do Cruzeiro resplandece. – Paz no futuro e glória no passado. Acordando a amplidão. A vitória imortal!
Peito que deu alívio a quem sofria Que foi de sangue, em guerras leais e francas,
Gigante pela própria natureza, Mas, se ergues da justiça a clava forte, e foi o sol iluminando o dia! E foi na paz da cor das hóstias brancas!
És belo, és forte, impávido colosso, Verás que um filho teu não foge à luta,
E o teu futuro espelha essa grandeza Nem teme, quem te adora, a própria morte.
Dos filhos deste solo és mãe gentil, Dos filhos deste solo és mãe gentil,
Pátria amada, Pátria amada,
Brasil! Brasil!