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Mestrado em Engenharia de Estruturas

F d õ d
Fundações de E
Estruturas
t t

Fundações superficiais

Jaime Santos
1
Fundações superficiais

Sapata isolada Sapata contínua Ensoleiramento geral

2
Fundações superficiais
Estados limites (EC7):

• perda de estabilidade global

• rotura por insuficiente capacidade resistente

• rotura por deslizamento

• rotura conjunta do terreno e da estrutura

• rotura estrutural por movimento da fundação

• assentamento excessivo

• empolamento excessivo

• vibrações excessivas

3
Métodos de dimensionamento
de fundações superficiais (EC7)
1 Método directo
1. 2 Método indirecto
2. 3 Método prescritivo
3.

• Método directo:

- fazem-se análises separadas para cada um dos estados limites (ELU e ELUt).

- No anexo D é apresentado
p um exemplo
p de um método analítico p
para o
cálculo da capacidade resistente de fundações em solos (fórmulas da
capacidade de carga).

- No anexo F são apresentados exemplos de métodos de avaliação de


assentamentos.

4
Métodos de dimensionamento
de fundações superficiais (EC7)
1 Método directo
1. 2 Método indirecto
2. 3 Método prescritivo
3.

• método indirecto:

- com base em experiência comparável e resultados de ensaios de campo ou


de laboratório ou de observação escolhidos, tendo em referência as acções
correspondentes aos estados limites de utilização,
utilização de modo a satisfazer os
requisitos de todos os estados limites relevantes.

• método prescritivo:

- com base na capacidade resistente nominal.

No anexo G é apresentado um exemplo de um método de avaliação da


capacidade resistente nominal de fundações em maciços rochosos.
5
Fundações superficiais
Estabilidade global
• Locais inclinados,
inclinados taludes
naturais ou aterros, ou nas
suas proximidades
V
• Proximidade de escavações
ou estruturas de suporte
• Proximidade de cursos de
água, canais ...
• Proximidade de minas ou
de estruturas enterradas

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Fundações
ç superficiais
p
• Capacidade resistente do terreno ao carregamento
• Capacidade resistente ao deslizamento

V
H Ea
Ep ou Rp

V = componente vertical da carga Ep ou Rp= impulso passivo


H = componente horizontal da carga Ea = impulso activo
R = resistência 7
Fundações superficiais

V
H Ea
Ep ou Rp

R
Rotura p
por insuficiente capacidade
p
resistente do terreno:

Vd ≤ Rd
Rotura p
por deslizamento:
Hd ≤ Rd + Rp;d 8
Rotura p
por insuficiente capacidade
p
resistente do terreno

Em condições drenadas:

1 *
qr′ = γ B ′N γ s γ iγ + c′N c sc ic + q ′N q s q iq
2
Em condições
ç não drenadas:

q r = 5.14 cu sc ic + q

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Rotura por deslizamento
Condições drenadas

Rd = V'd tg δd

• despreza-se a coesão efectiva c'

• δd = φ
φ'cv;d (para fundações betonadas contra o terreno)
• δd = 2/3 φ
φ'cv;d (para fundações pré-fabricadas)
Condições não drenadas
Rd = Ac cu;d (Ac é a área da fundação sob compressão)

Sd ≤ 0.4 Vd (no caso de ser possível a água ou o ar


atingirem a interface fundação-solo argiloso)
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Assentamentos (EC7)
Cálculo de assentamentos em solos saturados ou
em solos não saturados:

s = s0 + s1 + s2

s0 – assentamento imediato; em solos saturados deve


deve-se
se a
deformações distorcionais a volume constante; em solos não
saturados deve-se a deformações distorcionais e a variações
volumétricas
l ét i

s1 – assentamento por consolidação (primária)

s2 – assentamento por fluência (compressão ou consolidação


secundária)
11
Estimativa do assentamento imediato:
(soluções elásticas) B1

q B2
q⋅B
s=
E
(
1 − ν 2 ⋅ If ) q

s∝B

ensões:
s = f (q, B, E, ν, I f )

z∝ B
bolbo de te

O assentamento depende:

q- tensão aplicada (acréscimo)

E, ν - parâmetros elásticos do terreno

B - dimensão da fundação

If - factor de forma da fundação 12


Assentamento imediato num solo argiloso saturado
Trata-se de um assentamento distorcional a volume constante que pode ser
estimado
ti d com base
b na expressão
ã da
d teoria
t i da d elasticidade:
l ti id d
qB
s0 = (1 − νu2 ) If
Eu
O valor de Eu pode ser estimado com base em correlações com a resistência
não drenada cu. A relação Eu/cu depende essencialmente da plasticidade do
material e do nível de tensões aplicadas.
aplicadas Indicam
Indicam-sese algumas correlações
correntes sugeridas por Folque (1985):
Argilas moles
Eu/cu = 250 para argila de alta plasticidade (IP > 50%) solicitada com tensões
elevadas (τ > 0.5 cu)
Eu/cu = 1000 ppara argila
g de baixa p plasticidade solicitada com tensões modestas

Argilas fortemente sobreconsolidadas


Eu/cu ≈ 400
13
Assentamento imediato num solo argiloso saturado

A relação Eu/cu pode ser correlacionada


com o índice de plasticidade IP e com o
grau de sobreconsolidação OCR.
Indica-se, a este propósito, a proposta
empírica de Jamiolkowski et al. (1979).
IP<30

Eu/cu De referir, que o módulo não drenado Eu


depende do nível de deformação.
30<IP<50 A proposta referida
f é,
é em princípio,
í
aplicável a fundações correntes em que o
IP>50
ç médio é da ordem de
nível de deformação
10-4 a 10-3.
OCR

14
Assentamento por consolidação primária

O assentamento por consolidação primária ou assentamento hidrodinâmico


pode ser estimado aplicando a teoria de consolidação unidimensional
desenvolvida por Terzaghi.

Δσ
Δσ

Δσ' esqueleto sólido

Δu á
água intersticial
i t ti i l

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Assentamento secular (compressão secundária)

Assentamento por compressão secundária:


- ocorre a tensão efectiva constante
- deve-se, para o caso dos solos argilosos, à tixotropia ou a outras reacções
químicas que podem alterar a estrutura do solo.

Buisman propôs a seguinte expressão empírica para a estimativa do


assentamento por compressão secundária:

s2 = H Cα log t

em que Cα = 0.00018 wn ; wn é o teor em água natural expresso em %


t = tempo
t ; H = espessura da
d camada
d
É de sublinhar que para fins práticos e estruturas correntes, os assentamentos
por compressão
p p secundária são em,, regra
g geral,
g , de desprezar.
p
16
Valores limites dos movimentos

ω
smáx βmáx
θ Δsmáx
θ – rotação
t ã
ω
β – rotação relativa ou distorção angular
ω - inclinação
smáx – assentamento máximo
Δ máx – assentamento diferencial máximo
Δs
17
Valores limites dos movimentos
(EN 1997
1997-1:2004
1:2004 - Anexo H)
• Rotações relativas máximas

Estado limite de utilização na estrutura


A rotação relativa máxima aceitável está provavelmente
compreendida na gama de valores entre cerca de 1/2000 e
1/300.
Para muitas estruturas é aceitável uma rotação
ç relativa máxima
de 1/500.

Estado limite último na estrutura


A rotação relativa susceptível de provocar um estado limite último
é de cerca de 1/150.

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Valores limites das rotações (Bjerrum 1966)
• Rotações máximas

(L=5m Δsmáx
1/150 – Danos estruturais em edifícios correntes (L=5m, á =3,3cm)
=3 3cm)

1/250 – Rotação de edifícios rígidos (torna-se visível) (L=5m, Δsmáx=2cm)

1/300 – Fendilhação em paredes contínuas (L=5m, Δsmáx=1,67cm)

1/500 – Fendilhação em edifícios correntes (L=5m, Δsmáx=1cm)

1/600 – Acréscimo de carga em estruturas com diagonais (L=5m, Δsmáx=0,8cm)

(L=5m Δsmáx=0,67cm)
1/750 – Equipamentos sensíveis a assentamentos (L=5m, =0 67cm)

19
Valores limites dos movimentos
(EN 1997
1997-1:2004
1:2004 - Anexo H)
• Assentamentos admissíveis
(
(estruturas normais
i com fundações
f d i l d )
isoladas)

São muitas vezes aceitáveis assentamentos totais até 50mm e


assentamentos diferenciais entre pilares adjacentes até 20mm.

Podem ser aceitáveis maiores assentamentos desde que as rotações


relativas se situem dentro dos limites aceitáveis e que os
assentamentos não causem problemas com a inclinação ou com as
i f
infraestruturas
t t que acedem
d à estrutura
t t (
(condutas
d t e cabos),
b ) etc.
t

20
Exemplo
p de dimensionamento
VG=800 kN; VQ=400 kN
D=1m NF
B=L Solo arenoso
φ'=32º; γ=20 kN/m3
E=20 MPa;; ν=0,3;
, ; Δhmáx=2cm

Resistência às cargas verticais: Assentamento admissível:


Vd=1,0.800+1,3.400=1320 kN V=800+400=1200 kN

φ'd = 26,56º N γd = 11,59 N qd = 12,59 Δh =


qB
E
( )
1 − ν 2 If
B' B'
s γ = 1 − 0,3 = 0,7 s q = 1 + senφ'd = 1,447 1200
L' L' q = 2 − 20
B
⎡1 ⎤ I f = 0.82
R d = B.L.q rd = ⎢ γ ' BN γd s γ + q ' N qd s q ⎥ B.L =
⎣2 ⎦
⎡1200 ⎤
⎡1 ⎤ ⎢ − 20 ⎥ B
= ⎢ 10.B.11,59.0,7 + 20.12,59.1,477 ⎥ B2 ( )
1 − ν 2 If = ⎣ ( )
⎦ 1 − 0,32 0,82 ≤ 0,02 ⇒
2
qB B
⎣2 ⎦ E 20000
Vd ≤ R d ⇒ B ≥ 1,81m ⇒ B ≥ 2.09m 21
Fundações superficiais em
maciços rochosos fracturados

cunhas de rotura planares

corte
juntas abertas

camada
resistente
deslizamento segundo a
camada menos ç das diaclases
direcção
resistente

22
Índices de
qualidade de
maciços rochosos
Recuperação de tarolo em percentagem
(Rock Quality Designation)

O RQD é um valor modificado da


recuperação da amostra.

M d o grau d
Mede de ffracturação,
t ã nós
ó e
descontinuidades dos maciços rochosos;

RQD = soma do comprimento de peças >


100 mm / comprimento total do tarolo

23
Índices de qualidade de maciços rochosos

• Recuperação de tarolo em percentagem (Rock Quality Designation)

• Estado de Fracturação (F1 a F5)

Espaçamento entre
fracturas (cm) Símbolos Designação
> 200 F1 Muito afastadas
F1 2
F1-2 Afastadas
60 a 200 F2 Afastadas

20 a 60 F3 F3 Medianamente Medianamente
afastadas afastadas
6 a 20 F4 Próximas
F4-5 Próximas
<6 F5 Muito próximas

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Índices de qualidade de maciços rochosos
• Estado de Alteração (W1 a W5):

SÍMBOLOS DESIGNAÇÂO CARACTERÍSTICAS

W1 São Sem sinais de alteração


Sinais de alteração apenas nas
W2 Pouco alterado imediações das
descontinuidades
Alteração em todo o maciço
W3 Medianamente alterado rochoso mas a rocha não é
friável
Alteração em todo o maciço
W4 Muito alterado rochoso e a rocha é parcialmente
friável
A rocha apresenta-se
W5 Decomposto completamente friável com
comportamento de solo

25
Resistência à compressão simples quc

Classificação
ç ((British Standard 5930)) quc ((MPa))
Muito fraca < 1.25
Fraca 1.25 a 5
Moderadamente branda 5 a 12.5
Moderadamente forte 12.5 a 50
Forte 50 a 100
Muito forte 100 a 200
Extremamente forte > 200

26
Fundações superficiais em maciços rochosos
Para maciços com fracturas muito afastadas pode-se tomar para a capacidade
resistente da fundação a resistência à compressão simples da rocha.
rocha

Para maciços rochosos com fracturas próximas a capacidade resistente pode


ser obtida pela expressão seguinte:
q = c Nc + ½ γ B Nγ + γ D Nq

Os factores de capacidade de carga Nc , Nγ


e Nq são indicados na figura ao lado e
diferem dos das fundações em solos dada a
configuração planar das cunhas de rotura.
Para fundações com área circular ou
quadrada deve-se multiplicar:
- o termo cNc por 1.25 ou 1.2;
-o termo ½ γ B Nγγ ppor 0.8 ou 0.7;;
φ (º)
27
Fundações superficiais
em maciços rochosos fracturados
Para a obtenção dos parâmetros de resistência do maciço rochoso, c (coesão)
e φ (ângulo de atrito) torna-se necessário a realização de ensaios. Estes
ensaios para serem representativos,
ensaios, representativos envolvem volumes apreciáveis do maciço
e, por isso, requerem elevados recursos mecânicos.

Para obras correntes, indica-se, a título de orientação, a proposta de Kullawy e


Goodman (1987) onde os parâmetros de resistência são correlacionados com o
índice RQD e com a resistência à compressão simples da rocha intacta quc :

RQD = 0 a 70% ; c = 0.1 quc ; φ = 30º

RQD = 70 a 100% ; c = 0.1 quc ; φ = 30º a 60º

28
Deformabilidade de maciços rochosos
Para o cálculo do assentamento da fundação é necessário estimar o módulo
de deformabilidade do maciço rochoso Em. Para obras correntes o módulo Em
pode ser estimado através da expressão seguinte:

Em=j Mr quc

onde j é um factor relacionado com o espaçamento das descontinuidades


definido pela tabela seguinte:
Qualidade do RQD (%) Fracturas por V(campo)/V(lab) Factor do
maciço rochoso metro maciço j
Muito
M it fraca
f 0 – 25 15 0 – 0.2
02 0.2
0 2
Fraca 25 – 50 15 – 8 0.2 – 0.4 0.2
Razoável 50 – 75 8–5 0.4 – 0.6 0.2 – 0.8
Boa 75 – 90 5–1 0 6 – 0.8
0.6 08 0 5 – 0.8
0.5 08
Excelente 90 – 100 1 0.8 – 1.0 0.8 – 1.0

V(campo) e V(laboratório) – velocidade de propagação das ondas sísmicas em campo e


em laboratório
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Deformabilidade de maciços rochosos

Grupo Tipo de rocha Factor Mr


1 Calcários puros e Dolomitos 600
A it carbonatados
Arenitos b t d d de b
baixa
i porosidade
id d

2 Ígneas, Oolitos e Calcários margosos, Arenitos 300


bem cimentados, Siltito com cimento carbonatado,
h M
rochas Metamórficas
t ó fi e Xi
Xistos
t ((planos
l d
de
clivagem/foliação paralelos à fundação)

3 Calcários muito margosos, Arenitos pouco 150


i t d
cimentados, A
Argilitos
ilit cimentados
i t d e XiXistos
t ((planos
l
de clivagem/foliação perpendiculares à fundação)

4 Argilitos e Xistos não cimentados 75

30
Fundações
ç superficiais
p em maciços
ç rochosos
(EN 1997-1:2004)

No dimensionamento de fundações superficiais em maciços rochosos


devem ser tidos em conta os seguintes aspectos:
- a deformabilidade e a resistência do maciço rochoso e o
assentamento admissível da estrutura a suportar;
- a presença sob a fundação de camadas com fracas características
mecânicas
â i (
(zonas d dissolução,
de di l ã falhas,
f lh etc.);
t )
- a presença de planos de estratificação e outras descontinuidades e
respectivas características;
- o estado de alteração, decomposição e fracturação do maciço
rochoso;;
- a perturbação do estado natural do maciço rochoso provocada
pelos trabalhos de construção.

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Fundações superficiais em maciços rochosos
(EN 1997-1:2004)

As fundações superficiais em maciços rochosos podem normalmente


ser dimensionadas utilizando o método da capacidade resistente
nominal.

No Anexo G é apresentado um exemplo de um método para a


obtenção da capacidade resistente nominal de fundações superficiais
em maciços rochosos.
rochosos

Para rochas ígneas, gneisses, calcários e arenitos sãos e resistentes,


a capacidade resistente é limitada pela resistência à compressão do
betão da própria fundação.

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EC7 - Anexo G
Exemplo de um método para a determinação da capacidade resistente
presumida do terreno de fundações superficiais em rocha

Admite-se a hipótese de que a estrutura pode tolerar assentamentos até 0,5 % da largura da fundação. Os valores
da capacidade resistente presumida para outros assentamentos podem ser obtidos através de uma proporção
directa. Para rochas brandas e fracturadas com diaclases abertas ou preenchidas deverão ser utilizados valores
reduzidos da capacidade resistente unitária presumida.
EC7 - Anexo G
EC7 - Anexo G
Fundações
Recomendações Gerais
Folque (1979)

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