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Sara Feliciano de Deus Assunção

RA: 125976

Relatório documentários:

Documentário: Histórias que o Nosso Cinema (Não) Conta “pornochanchada”


O cinema é um reflexo de seu tempo e com muita dedicação, a diretora Fernanda
Pessoa recortou momentos dessa época para demonstrar que mesmo numa linguagem
diferente, temas como o milagre econômico, tortura de presos políticos, aborto,
machismo, recessão, inserção de culturas estrangeiras, comunismo e até mesmo a
sociedade de consumo foram abordados em diálogos e cenas que hoje arrancam risos e
pensamentos sobre como era possível este tipo de coisa.
A montagem é criativa e muito dinâmica e o ritmo contagiante, sempre mesclando entre
os filmes citados de maneira pouco usual ao gênero de documentários. O projeto se
propõe a contar a história do nosso cinema na década de 70, arquivos que até hoje
parecem “esquecidos” ou “ocultados”, visto que muitos diretores e atores iniciaram suas
carreiras nestes trabalhos, nomes como Antonio Fagundes, Maria Lúcia Dahl, Nuno
Leal Maia, Sandra Brea, Grande Otelo e até mesmo o diretor de novelas
globais Silvio de Abreu.

DOCUMENTÁRIO: EX-PAJÉ - DENUNCIA CONSEQUÊNCIAS DA


EVANGELIZAÇÃO DOS ÍNDIOS BRASILEIROS.
Luiz Bolognesi é um de melhores roteiristas brasileiros de ficção. Só no ano passado,
ele assinou o roteiro de dois dos filmes mais importantes do período, “Bingo – O Rei
das Manhãs”, de Daniel Rezende, e “Como Nossos Pais”, de Laís Bodanzky, sua
esposa. Isso para citar apenas dois mais recentes. Mas já havia dentro de sua filmografia
um interesse muito especial pela Amazônia e pelos índios. Além de documentários
sobre a Amazônia, seu longa anterior como diretor foi a animação “Uma História de
Amor e Fúria” (2013), que também contava em parte a história do índio brasileiro.
“Ex-Pajé” é um documentário que mais parece com ficção. A história de Perpera, o
personagem-título, é fascinante em sua dimensão trágica: um homem que se sente
proibido de exercer a sua função tão importante na tribo (dos Paiter Suruí) porque virou
evangélico e os líderes religiosos dizem que o que ele fazia antes era coisa do diabo. E
agora o pobre ex-Pajé tem medo de dormir de luz apagada por causa dos espíritos da
floresta, que estariam furiosos com sua atitude de renúncia.
Esse mal estar é sentido em cada cena, em cada enquadramento, no modo como a
tecnologia e o hábito dos brancos parece invadir aquele espaço. Por outro lado, não há
uma vilanização dessa tecnologia. Como julgar um povo que, como nós, está aberto a
certos confortos, como um ventilador, uma máquina de lavar roupas ou o acesso à
internet? Inclusive, a internet é usada para fins muito nobres por parte dos índios mais
jovens, dispostos a denunciar qualquer invasão de madeireiros ilegais no Facebook, com
apoio internacional.
Mas aí voltamos novamente ao aspecto trágico de Perpera, que veste um terno enorme
para ficar de porteiro na igreja, sem entender sequer a língua portuguesa.
Passa boa parte do tempo olhando para a natureza que parece lhe chamar a todo
instante.

FILME: O Brasil deu certo. E agora ?


No documentário O Brasil Deu Certo. E Agora?, três ex-presidentes da República,
12 ex-ministros de Estado, sete ex-presidentes do Banco Central e especialistas em
finanças como Roberto Setúbal, presidente do banco Itaú, e Alexandre Saes,
professor de história econômica da FAE-USP, revelam o passado da economia
brasileira e refletem sobre o presente e o futuro do país, além de discutir o que é dá
certo.

Se você quer entender os motivos que levaram nossa economia a ser como é, assista a
esse documentário. Melhor do que muitas aulas de história/geografia, os depoimentos
presentes neste filme são esclarecedores e nos fazem sentir “na pele” a época em que a
inflação galopava a passos largos. Só quem nasceu antes do início da década de 80,
consegue se lembrar de como era a movimentação do comércio, na tentativa de manter
os preços sempre em dia. Nem que para isso, fosse necessário fazer uma remarcação
diária dos preços. Ou até mais do que uma vez no mesmo dia …
O filme conta com a participação de 3 ex-presidentes (Sarney, Collor e FHC), e de
vários ex-ministros e ex-presidentes do Banco Central. Lançado em 2013, ainda nos
restava uma dose de “oba oba” em relação ao nosso futuro. Claro, alguns sinais já
surgiam e o quadro atual já começava a ser desenhado. Mas ai de quem ousasse falar
alguma coisa …
Estranhamente não temos a presença de Lula e Dilma …Não sei se não participaram
para não dar crédito às conquistas do plano Real, ou se tinham medo de dar com a
língua nos dentes, entregando o que poderia vir a se tornar o cenário atual.

Documentário: O Processo

Em 2016 o impeachment de Dilma Rousseff era tão fato consumado que o próprio


documentário O Processo já coleta imagens no Congresso e as organiza - durante a
tramitação junto à Comissão que analisou o pedido e depois na votação em plenário -
para comprovar diagnósticos construídos a priori. Como a alienação do PT, o
isolamento da presidente e as manobras dos investigados pela Lava-Jato redundaram
nessa tramitação de cartas marcadas - essa é a narrativa que a diretora Maria Augusta
Ramos traça sem perder o foco.
Norteado por uma visão de mundo consolidada, portanto, o filme é menos uma
investigação de causas do que um obituário mesmo do governo Dilma. O
Processo começa e termina com a polarização popular, e de um ponto a outro registra
imagens de bastidores e do palco da política para demonstrar como esse teatro
descolado dos interesses do país se desdobra em Brasília. O filme acompanha nomes-
chave do PT (principalmente José Eduardo Cardozo e Gleisi Hoffmann) e uma figura
central do impeachment - a autora do pedido, a advogada Janaína Paschoal - para
personificar a polarização.
O documentarista Frederick Wiseman diz que não expõe sua própria figura de diretor
e entrevistador em seus filmes porque o simples ato de ligar a câmera diante das pessoas
já as faz vestir uma máscara social que corresponde à verdadeira natureza dessas
pessoas. Em O Processo, Maria Augusta Ramos parte da mesma crença, e não seria
diferente: políticos são criaturas midiáticas, e nem é preciso um palanque tão iluminado
assim para que os personagens do filme incorporem suas máscaras. Cardozo é o clássico
político negociador, das intenções nunca evidentes; Hoffmann é a senhora dos sorrisos e
da sensatez, a conciliadora; Paschoal faz a figura emocional que contrapõe a frieza
calculada dos dois primeiros (o que faz dela uma presença simpática no filme, para
muito além do papel de inocente útil que a advogada exerceu para a Oposição no
impeachment).
A partir desses papéis bem definidos, o filme cria dinâmicas de polarização para
comprovar suas teses: Paschoal está sempre grata tirando fotos, jurando apoio e dando
entrevistas a canais sem expressão, Cardozo fica impaciente com uma selfie que demora
demais; Paschoal bebe solitária seu Toddynho, quixotesca nas suas fantasias de
justiciamento, Cardozo parece um ator hollywoodiano interpretando seu próprio papel,
cercado de auxiliares etnicamente diversos. As falas de Hoffmann e de Gilberto
Carvalho que fazem a análise do ocaso do PT servem não só como ressaca do
impeachment mas também ratificam enfim o discurso desesperançado de O Processo: a
política tradicional de representação não atende aos interesses do país e o que temos são
só as máscaras, os jogos, as fantasias.
Quando realizou seus documentários mais conhecidos, sobre o sistema judicial
brasileiro, Justiça e Juízo, Maria Augusta Ramos já partia de uma estrutura parecida:
mostrar de dentro como os rituais da burocracia brasileira só servem para realimentar
seus próprios jogos de poder e aumentar o abismo que separa as instituições e a
população que elas deveriam atender. Se Janaína Paschoal surge como a verdadeira
protagonista de O Processo - a presidente Dilma é mais um espectro que aparece
raramente em ocasiões oficiais ou se entregando à válvula de escape da ovação popular
- talvez seja porque a advogada cumpre no filme a mesma função dos réus desassistidos
de Juízo, ser a leiga do processo, a nossa representante civil "pura" dentro da máquina
que a todos desumaniza.
Que os senadores da República, em certo momento, sequer saibam reconhecer os
prédios de Brasília quando enfim trocam os corredores do Congresso pela rua é o tipo
de imagem de ouro que todo cineasta busca quando faz uma obra pensada para ser a
síntese de algo.

Filme: A Ilha das Flores

A Ilha das flores é um documentário sobre um lixão em Porto Alegre. A narrativa trata
principalmente sobre os problemas causados pelo acumulo de lixo. De forma lúdica e
explicativa, o autor fala sobre o "trajeto" do lixo até a Ilha das Flores, e para onde ele
vai depois.

A crítica do autor vem ao retratar que aquele alimento do ínicio da narrativa que foi
considerado "lixo" por uma família, vai servir de alimento para outras. Isso, a fim de
retratar e denunciar as condições dos moradores da Ilha das Flores. Aborda o atual
modo de produção e consumo do sistema capitalista, que gera o consumismo e,
consequentemente, a desigualdade social.

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