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Leitura — Texto de opinião

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Leia o artigo de opinião de Ferreira Fernandes, publicado no Diário de notícias.


Posteriormente, responda ao questionário que se segue.

10 Os Maias, Os Maias e o fim do mundo

Diz-se dos tolos que, quando se aponta a Lua, eles olham para o dedo. Os Maias
tinham a reação inversa. Ótimos astrónomos, enquanto apontavam para o
alinhamento dos planetas, não viram chegar os Espanhóis, que deram cabo deles. De
que lhes serviu serem uma civilização superior? Pois esses notórios incapazes de
15preverem o desastre próprio ganharam agora fama por anunciarem o fim dos outros:
um antigo calendário maia marcou o fim do mundo para o próximo 21 de dezembro.
Tolice acreditada por meio mundo (a Internet pôs-se nervosa, anunciaram-se suicídios)
a ponto de, ontem, um cientista da NASA ter de desmentir. O choque de planetas, a
tempestade solar e outros apocalipses antes do Natal, tudo aldrabices.

20 Acredito, e aconselho a leitura não do fatídico calendário dos Maias, mas de Os


Maias. No fim do romance de Eça, os amigos Carlos da Maia e João da Ega dedicam-se
a conversa dramática: «Não a vale a pena viver...», diz um. O outro concorda. E ambos
chegam à conclusão de a única certeza ser o pó que nos espera. Porquê correr, pois,
por alguma coisa?... Aí, Carlos olha para o relógio e vê que estavam atrasados para o
25jantar no Hotel Bragança. E deitam-se os dois a correr atrás da carruagem que os
levará ao «paio com ervilhas»... Assim acaba Os Maias, e é uma mensagem que
merece mais Internet do que a outra, dos Maias. Leitor, quando lhe apontarem o fim
do mundo, a 21, olhe para o bacalhau e a couve tronchuda, dias depois.

Ferreira Fernandes, «Os maias, Os Maias e o fim do mundo), Diário de notícias,


30 http://www.dn.pt/opiniao/opiniao-dn/ferreira-fernandes/interior/os-maias-os-maias-e-o-fim-do-
mundo-2920786.html, 01/12/2012
(consultado em 31 de outubro 2015, com adaptações).

1. Explique como um facto histórico é integrado na argumentação do autor acerca da


35 validade das profecias dos maias.

ENTRE NÓS E AS PALAVRAS • Português • 11.o ano • Material fotocopiável • © Santillana 1


2. Identifique o recurso expressivo presente na expressão «o pó que nos espera» (l.
13).

3. Transcreva a expressão que indica o destinatário das palavras do autor do texto,


40 classificando-a sintaticamente.

4. Sintetize, numa frase, o conselho apresentado pelo autor do texto.

5. Tratando-se de um artigo de opinião, o texto contém marcas inequívocas de


45 subjetividade. Transcreva três verbos e dois nomes que o comprovem.

ENTRE NÓS E AS PALAVRAS • Português • 11.o ano • Material fotocopiável • © Santillana 2


Correção

1. A conquista de vários territórios da América do Sul pelos Espanhóis é um facto


50 incluído na argumentação, de tom irónico, que encontramos nos primeiros
períodos do texto. Com efeito, uma civilização conhecida pelas suas profecias foi
incapaz de prever o seu próprio futuro.

2. Aceitam-se dois recursos expressivos: metáfora (pó — desaparecimento) e


55 perífrase (morte).

3. «Leitor» (l. 17). A expressão tem a função sintática de vocativo.

4. Seguir a vida atendendo à busca dos prazeres, como o da comida, porque só na


60 vivência quotidiana e na perseguição desses prazeres esquecemos o pensamento
sobre a inevitabilidade da morte e a ideia de que a nossa existência pode terminar
apenas em «pó». Só assim, agindo, valerá a pena viver.

5. Verbos: «acredito», «aconselho» e «merece». Nomes: «tolices» e «aldrabices».

5ENTRE NÓS E AS PALAVRAS • Português • 11.o ano • Material fotocopiável • © Santillana 3

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