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Ribeirão Preto
2018
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No que diz respeito aos pacientes infectados com o Vírus da Imunodeficiência Humana
(HIV), causador da Síndrome da Imunodeficiência Adquirida (SIDA) mais conhecida como
AIDS, foi criado por técnicos do Ministério da Saúde (MS) no Brasil um consenso que indica
parâmetros para início do tratamento o que pode garantir a estes a qualidade ampla e que
depende da carga viral plasmática (CV) identificada, a prover à debilitação do sistema de
defesa do organismo, no caso determinado pelos linfócitos T-CD4 (BRASIL, 2008).
Sabe-se atualmente que a transmissão concentra-se entre a faixa etária entre 20-49 anos, na
relação entre homem e mulher, onde a incidência crescente tem ocorrido entre o sexo
feminino de faixa etária de 40-49 anos, o que anteriormente não ocorria, em vista de que
AIDS era considerada como uma doença preconceituosa devido à maior incidência de
transmissão ser entre relação homossexual de homens desprotegidos (BRITO et. al., 2001).
Os pacientes portadores de HIV/AIDS desde 1996, ano em que foi publicada a Lei 9.313 tem
garantia do acesso a TARV, conforme as recomendações terapêuticas vigentes no Brasil
(BRASIL, 2008). Desta maneira a TARV, tem aumentado de forma significativa à expectativa
de vida dos portadores HIV/AIDS, além da melhora nos indicadores de mortalidade,
morbidade já que a dinâmica viral e celular tem sido mais bem estudada, assim como os
mecanismos de ação farmacológica dos medicamentos anti-retrovirais (ARV) que permitem o
controle clínico da imunodeficiência causada pelo HIV (BARBOSA; SOUZA, 2007; VIDAL,
2007). Realizar os testes nem sempre é uma decisão fácil. O diagnóstico de infecção pelo HIV
é obtido por meio da sorologia que identifica anticorpos anti-HIV após a exposição ao vírus.
O diagnóstico é tão importante quanto às informações que devem ser fornecidas antes de
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realizar o teste como, formas de transmissão, significado dos resultados dos exames
(BRASIL, 2008).
Segundo a Constituição Federativa do Brasil (1988), a saúde é direito de todos é um dever do
Estado, desta maneira, o Sistema Único de Saúde (SUS), é o responsável pelo atendimento a
cerca de 180 milhões de pessoas, com mérito considerável (BRASIL, 1988). Para o
tratamento do HIV/AIDS fornecido pelo SUS não é diferente, entretanto, a busca dos
pacientes revela algumas falhas por meio da terapia fornecida e aplicabilidade do mesmo
(STORPIRTIS et. al., 2008). Sendo assim, a atenção farmacêutica pode mostrar a necessidade
da adesão ao tratamento adequado e ao uso de medicamentos, assim como evitar as infecções
oportunistas, além disso, também previne contra outras doenças e prepara o paciente com HIV
ou com qualquer doença para o enfrentamento psicossocial (BARBOSA; SOUZA, 2007).
Atualmente uma ferramenta de grande importância e que tem auxiliado a atenção
farmacêutica, fornecida pelo Ministério da Saúde é o Sistema de Controle Logístico de
Medicamentos (SICLOM), que por meio dos registros de dispensação da farmácia amostrados
é um marcador na utilização de serviços de saúde e como indicador indireto para identificar
pacientes em risco da não adesão à TARV e incorporado à prática clínica tem permitido
acompanhar os indivíduos HIV/AIDS (BRASIL, 2008). A presença do profissional
farmacêutico nos estabelecimentos de saúde tem se intensificado principalmente nesta última
década após o resgate de suas atribuições por meio da assistência e atenção farmacêutica
(CIPOLLE; STRAND; MORLEY, 2006; NUNN et. al., 2007). O conceito inclui não somente
os medicamentos para o tratamento do indivíduo que se fazem necessários, mas também das
atividades que são essenciais como a ética de responsabilidade e compromisso com os
pacientes, que irão redefinir e identificar os farmacêuticos como provedores profissionais da
saúde, fato que garante a eficácia e a segurança antes, durante e após o tratamento (CIPOLLE;
STRAND; MORLEY, 2006). O intuito é de oferecer por meio da Atenção Farmacêutica (AF)
o conhecimento que lhe é atribuído para promover o uso seguro e apropriado aos
medicamentos e permitir uma maior qualidade e adesão ao tratamento e convívio social
(STORPIRTIS et. al., 2008; FONTES, 2007). A dificuldade e aceitação dos pacientes
aderirem ao tratamento tem sido um desafio e uma ameaça para a saúde individual como para
a Saúde Pública (BONOLO et. al., 2007). Segundo Gomes (2008), a estrutura das estratégias
ainda precisa ser melhor desenvolvida e planejada de forma que priorizem a busca dos
pacientes ausentes ou aqueles com retirada irregular para prevenir a descontinuidade da
terapia ou não adesão.
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Sobre este estudo, visa-se estabelecer questões relativas as formas de adesão e suas
dificuldades e possibilidades, tentando entender o por que é tão difícil aceitar e colaborar com
essa nova maneira de viver dos infectados, no nosso âmbito, focado na AIDS, e realizar o
aprofundamento sobre esta dificuldade de adesão terapêutica.
2. ADESÃO AO TRATAMENTO
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Com a filosofia que envolve os exercícios que rege a AF, em atender uma necessidade social
e adotar técnicas do cuidado com o paciente provendo suas necessidades sobre os
medicamentos. O primeiro exercício está em garantir a terapêutica farmacológica do paciente
de forma que seja correta, eficaz, além da segurança e do planejamento. O segundo passo é
identificar, resolver e prevenir problemas que interfiram na garantia da terapêutica prestada. E
por fim, assegurar-se, que tratamento tenha excelência, por meio de seus conhecimentos,
habilidades e experiência para alcançar tal propósito (SILVA et. al., 2009; SALDANHA, et.
al., 2009). O farmacêutico deve agir de modo a identificar, resolver, prevenir, quantificar,
prever e intervir para efetividade farmacológica e de maneira segura, desta forma o
profissional deve estar atento ao Problema Relacionado ao Medicamento (PRM), como se
apresenta e de que forma isso influência, sendo que, este tem um grande efeito sobre o
cuidado que o paciente necessita receber (CIPOLLE; STRAND; MORLEY, 2006; ROMEU
et. al., 2009).
Isso vai depender também de que maneira o paciente é exposto dada uma situação, onde o
potencial e a rapidez com que o dano pode surgir quanto aos PRM por isso a importância da
avaliação do farmacêutico, das necessidades e problemas relacionados à TARV, de modo a
identificar a percepção e aplicação deste paciente, e da equipe multidisciplinar onde o
tratamento seja mais eficaz (BRASIL, 2008; CIPOLLE; STRAND; MORLEY, 2006).
Dentre estes pontos fica evidente de que a relação terapêutica com o paciente é fundamental
no diálogo de atenção farmacêutica, permitindo uma atuação mais consistente do profissional,
em benefício do indivíduo. Os tratamentos farmacológicos disponíveis têm aumentado
constantemente de maneira que além da cooperação do paciente, haja uma colaboração por
parte dos demais profissionais da saúde para o bem-estar deste paciente, dessa forma Cipole,
Strand e Morley (2006), afirma que: “Todas estas informações específicas do paciente
ajudarão o farmacêutico a decidir se o paciente vai conseguir aderir ao regime de tratamento
tal como prescrito. Sem as informações corretas, há a possibilidade de se tomar decisões
inapropriadas e ações incorretas.”
A adesão a TARV é estabelecida pela literatura que a sua supressão parcial leva à falha
virológica mais precoce da resistência viral. Para garantir a adesão é necessário que o paciente
tome mais de 95% das doses prescritas, o que não ocorre devido as reação adversa
medicamentosa (RAM) e interações medicamentosas (SILVA et. al., 2009). O convívio diário
com preconceitos e discriminações entre amigos e familiares pode contribuir com mudanças
durante o tratamento dependendo da personalidade e do comportamento de cada paciente, o
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que consequentemente a pode vir a ter uma baixa adesão. Outros casos para não adesão a
TARV, está no uso de drogas ilícitas e álcool que são fatores determinantes para não adesão
ao tratamento de doenças crônicas (BRASIL, 2008; PORTELA; LOTROWSKA, 2006).
O início do tratamento, as trocas de esquema e a ocorrência de efeitos adversos são momentos
essenciais de reforço a adesão ao tratamento. O apoio a adesão deve começar mesmo antes do
início da terapia anti-retroviral, persistindo ao longo de todo tratamento, conforme as
necessidades de cada paciente, mesmo para aqueles considerados inicialmente como
“aderentes” (BRASIL, 2008).
Antes de prosseguir com o tratamento, o paciente necessita ser avaliado quanto aos riscos em
potencial aos ARV, consequentemente a terapia não deve ser iniciada sem que as devidas
recomendações sejam tomadas e que a importância da adesão ao tratamento seja o foco de
maneira que paciente entenda e aceite, objetivo que deve ser buscado pelas equipes e serviços
de saúde, estabelecendo-se uma relação de co-responsabilidade entre estes e o paciente
somente assim terapia farmacológica (SILVA et. al., 2009; SALDANHA, et. al., 2009). Uma
pessoa portadora de HIV/AIDS na fase avançada da infecção tem um risco maior em contrair
comorbidades, que são as infecções oportunistas como tuberculose, pneumonia, que o médico
deverá tratar através de medicamentos. Esta pode ser uma fase difícil, pois há risco de
interação com os medicamentos utilizados para o tratamento do HIV (SILVA et. al., 2009;
SALDANHA, et. al., 2009). O esquema para a terapia anti-retroviral inicial deve levar alguns
fatores em consideração, como o potencial de adesão, potência e toxicidade imediata ou a
longo prazo, presença de comorbidades, adequação ao esquema à rotina (SILVA et. al., 2009;
SALDANHA, et. al., 2009). O TARV, deve sempre incluir combinações de três drogas,
“coquetel”, dois Inibidores da Transcriptase Reversa Análogos de Nucleosídeos (ITRN)
associados a um Inibidor de Transcriptase Reversa Não análogo de Nucleosídeo (ITRNN) ou
a um Inibidor da Protease, o qual é considerado a posologia mais simples, o que na maioria
dos casos facilita a adesão (BRASIL, 2008).
A falha terapêutica muitas das vezes não está associada somente as RAM aos fármacos da
TARV, onde os pacientes acabam por conta interromper o uso destes (BRASIL, 2008;
EDWARDS; ARONSON, 2000). O que na maioria dos casos requer a terapia de resgate ARV
que tem constante modificação para abordar a eficácia de novas drogas (inibidores de protease
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potentes ou drogas de novas classes) em pacientes com ampla experiência prévia com ARV,
portadores de vírus multirresistentes, isso se deve aos poucos estudos que tenha comparado
diferentes estratégias da terapia de resgate ARV (SILVA, 2009). As recomendações para
terapia de resgate baseiam-se por vezes em inferências teóricas, estudos pilotos ou sub-
análises de estudos clínicos esboçados para outras finalidades, requer grande valia para este
tipo de situação (BRASIL, 2008; EDWARDS; ARONSON, 2000). O farmacêutico deve
manejar a falha por meio de uma análise detalhada das necessidades do paciente relacionado à
terapêutica, de modo a coletar, combinar e integrar dados específicos do paciente efetuar
decisões, como a TARV é correta, efetiva, segura e mais conveniente possível para o
paciente. Avaliar e identificar os problemas relacionados com o medicamento que possam
interferir nos propósitos do tratamento de modo a ajudar e prevenir durante a TARV
(CIPOLLE; STRAND; MORLEY, 2006; ROMEU et. al., 2009). Por meio das informações
clínicas, quando integradas ao conhecimento e experiência profissional o sucesso da atenção
farmacêutica depende da relação da qualidade terapêutica (CIPOLLE; STRAND; MORLEY,
2006; ROMEU et. al., 2009).
3. MATERIAL E MÉTODO
3.1 Tipo de Pesquisa
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O presente estudo descritivo será realizado por meio de pesquisa e seleção de literatura e
artigos nacionais e internacionais publicados em revistas científicas (eletrônicas) indexadas
nas bases de dados BIREME, SCIELO, MEDLINE, PUBMED e do Ministério da Saúde, em
função de apresentarem como um meio de comunicação de pesquisas relacionadas à Saúde
em Geral.
4. CRONOGRAMA
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ANO: 2019
ATIVIDADES MÊS DE EXECUÇÃO
J F M A MJ J A S O N D
Revisão de literatura X X X X X
Submissão do Projeto ao CEP X
(Comitê de Ética em Pesquisa)
Elaboração dos instrumentos de X X
coleta de dados
Treinamento da entrevistadora X X
Coleta de dados X X X X XX
Codificação, revisão e digitação dos X X
dados
Preparação da edição dos dados X
Análise dos dados X
Redação X
Divulgação dos resultados X X
REFERÊNCIAS
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BARBOSA, A. N.; SOUZA, L. R. Infecção pelo HIV/AIDS: uma doença crônica e tratável.
Revista Racine, São Paulo, v. 17, n.99, p. 32-41, jul. – ago., 2007.
EDWARDS, I. R.; ARONSON, J.K. Adverse drug reactions definitions diagnosis and
management. Lancet, London, v. 356, n. 9237, p. 1255-1259, 2000.
PALELLA, F. J. J. R.; BAKER, R. K.; MOORMAN, A. C.; CHMIEL, J. S.; WOOD, K. C.;
BROOKS, J. T.; HOLMBERG, S. D. Mortality in the Highly Active Anti-retroviral Therapy
Era: Changing Causes of Death and Disease in the HIV Outpatient Study. v. 43, p. 2734,
2006.
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SALDANHA, J. S.; ANDRADE, C.S.; BECK, S. T. Grau de adesão ao tratamento com anti-
retrovirais entre indivíduos HIV positivos atendidos no hospital universitário de Santa Maria,
Santa Maria, v. 35, n. 1, p. 4-9, 2009.
STORPIRTIS, S.; MORI, A. L. P. M.; YOCHIY, A.; RIBEIRO, E.; PORTA, V. Ciências
Farmacêuticas - Farmácia Clínica e Atenção Farmacêutica. Rio de Janeiro, editora Guanabara
Koogan, 2008.
SUCUPIRA, M. C.; SOUZA, I. E.; COSTA, L. J.; SCHEINBERG, M. A.; DIAZ, R. S.;
Antiretroviral treatment failure and HIV-1 genotypic resistance in Sao Paulo. São Paulo,
Brazil, Antiviral Therapy. v. 6, n. 4, p. 263-264, Dec. 2001.