Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
TUNDRA
TUNDRA ALPINA
A Tundra Alpina encontra-se em vários países e situa-se no topo das altas montanhas, muito
fria e ventos, não há árvores. Ao contrário da Tundra Ártica, o solo apresenta uma boa drenagem e
não apresenta permafrost. Vegetação: ervas, arbustos e musgos, tal como a Tundra Ártica. Animais:
cabras da montanha, alces, marmotas (pequeno roedor), insetos (gafanhotos, borboletas,
escaravelhos).
TAIGA
Também conhecida como floresta de coníferas ou floresta boreal, localiza-se exclusivamente
no Hemisfério Norte, encontra-se em regiões de clima frio e com pouca umidade. Distribui-se ao
longo de uma faixa situada entre os 50 e 60º de latitude Norte e abrange áreas da América do
Norte, Europa e Ásia. Localiza-se, portanto, a Sul da Tundra.
Clima: subártico, com ventos fortes e gelados durante o ano todo, recebem pouca precipitação: 40-
100cm/ano. As estações do ano são duas, Inverno e Verão. O Inverno é muito frio, longo e seco,
caindo à precipitação sob a forma de neve; os dias são pequenos. O Verão é muito curto e úmido e os
dias são longos.
Os valores da temperatura oscilam entre -54º e 21ºC.
Solo: fino, pobre em nutrientes e cobre-se de folhas e agulhas caídas das árvores tornando-se ácido
e impedindo o desenvolvimento de outras plantas.
Vegetação: pouco diversificada devido às baixas temperaturas registradas (a água do solo encontra-
se congelada), constituída por coníferas - abetos (Abeto do Norte) e pinheiros (como o Pinheiro
Silvestre).
Animais: alces, renas, veados, ursos, lobos, raposas, linces, arminhos, martas, esquilos, morcegos,
coelhos, lebres e aves diversas como, por exemplo, pica-paus e falcões. Os charcos e pântanos que
surgem no Verão constituem um ótimo local para a procriação de uma grande variedade de insetos.
Muitas aves migradoras vêm até a Taiga para nidificar e alimentar-se desses insetos. Tal como na
Tundra, não aparecem répteis devido ao frio.
DESERTO
L u g a r e s m u i t o q u
Formado de areia e rochas. Animais:
insetos, aracnídeos, répteis, aves,
camelo.
BIOMAS BRASILEIROS
Localizado entre 5º de latitude N a 32º de latitude S, com altitudes que vão do nível do mar
a mais de 3.000 m e importantes variações de condições climáticas, O Brasil, com uma superfície
territorial de 8.511.996 km2 e no ranking dos países de maior megabiodi-versidade do mundo, ocupa a
quinta colocação, reúne cerca de 70% de todas as espécies vegetais e animais do Planeta. A
biodiversidade pode ser
qualificada pela diversidade em
ecossistemas, em espécies
biológicas, em endemismos e
em patrimônio genético. Devido
a sua dimensão continental e à
grande variação
geomorfológica e climática, o
Brasil abriga 07 (sete) biomas,
49 (quarenta e nove)
ecorregiões, já classificadas, e
incalculáveis ecossistemas.
Neste contexto, é inegável a
importância do conhecimento e
da conservação de seus biomas
tanto para o equilíbrio do
planeta quanto para a
conservação da natureza como
um legado às próximas
gerações.
AMAZÔNIA
CAATINGA
PANTANAL
CERRADO
Nome regional dado às savanas Brasileiras, cerca de 85% do grande platô
que ocupa o Brasil central era originalmente dominado pela paisagem do
cerrado, representando cerca de 1,5 a 2 milhões de km 2, ou
aproximadamente 20% da superfície do País. Estende-se pela região
central do País, compreendendo os estados de Goiás, Tocantins, Mato
Grosso, Mato Grosso do Sul, o oeste de e da Bahia, o sul do Maranhão e
parte de Piauí, chegando a Rondônia e Pará.
Clima: quente, semi-úmido notadamente sazonal, com verão chuvoso e
inverno seco. A pluviosidade anual fica entorno de 800 a 1600 mm.
Solo: são geralmente muitos antigos, quimicamente pobres e profundos. A paisagem do cerrado é
caracterizada por extensas formações savânicas, interceptadas por matas ciliares ao longo dos rios,
no fundo de vale. Entretanto, outros tipos de vegetação podem aparecer na região dos cerrados, tais
como: os campos úmidos e as veredas de buritis, onde o lençol freático é superficial. Os campos
rupestres podem ocorrer nas maiores altitudes e as florestas mesófilas situam-se sobre os solos
mais férteis. Mesmo as formas savanicas exclusivas não são homogêneas, havendo uma grade variação
no balanço entre a quantidade de árvores e de herbáceas, formando um gradiente estrutural, que vai
do cerrado completamente aberto (o campo limpo – vegetação dominadas por gramíneas sem a
presença dos elementos lenhosos, árvores e arbustos) ao cerrado fechado (o cerradão com grandes
quantidades de árvores e aspectos fisionomicamente florestal). As formas intermediárias são o
campo sujo, o campo cerrado e o cerrado, de acordo com uma densidade crescente de árvores.
Vegetação: as árvores do cerrado são muitos peculiares, com troncos tortos, cobertos por uma
cortiça grosso, cujas folhas são geralmente grandes e rígidas. Muitas plantas herbáceas têm órgãos
subterrâneos para armazenar água e nutrientes. Cortiça grossa e estruturas subterrâneas podem ser
interpretadas como algumas das muitas adaptações desta vegetação às queimadas periódicas a que é
submetida, protegendo as plantas da destruição e capacitando-as para rebrotar após o fogo.
Acredita-se que, como em muitas savanas do mundo, os ecossistemas de cerrado vêm co-existindo
como o fogo desde tempos remotos, inicialmente como incêndios naturais causados por relâmpagos ou
atividades vulcânicas e, posteriormente, causados pelo homem. Tirando proveito da rebrota do
estrato herbáceo que se segue após uma queimada em cerrado, os habitantes primitivos destas
regiões aprenderam a se servir do fogo como uma ferramenta para aumentar a oferta de forragem
aos seus animais (herbívoros) domesticados, o que ocorre até hoje.
A grande variabilidade de habitats nos diversos tipos de cerrado suporta uma enorme
diversidade de espécies de plantas e animais. Estudos recentes, como o apresentado por J. A. Ratter
e outros autores em “Avanços no Estudo da Biodiversidade da Flora Lenhosa do Bioma Cerrado”, em
1995, estimam o número de plantas vasculares em torno de 5 mil; e que mais de 1.600 espécies de
mamíferos, aves e répteis já foram identificados nos ecossistemas de cerrado (Fauna do Cerrado,
Costa et al., 1981). Entre a diversidade de invertebrados, os mais notáveis são os térmitas (cupins) e
as formigas cortadeiras (saúvas). São eles os principais herbívoros do cerrado, tendo uma grande
importância no consumo e na decomposição da matéria orgânica, assim como constituem uma
importante fonte alimentar para muitas outras espécies animais. O cerrado se constitui ainda, num
verdadeiro pomar natural, em que frutos se destacam pela variedade de formas, cores, sabores e
aromas e são utilizados diretamente in natura ou através de produtos elaborados, como doces e
bebidas. Cerca de uma centena de espécies vegetais dessa região fornecem ao homem frutas
saborosas e nutritivas, e um número incalculável é utilizado pela fauna silvestre. Destacam-se a
mangaba, cagaita, marmelada-de-cachorro, o batiputá ou bacupari, o baru, marolo, pequi, guabiroba,
araçá, araticum, caju, jatobá e o murici.
Considerado até recentemente como um ambiente pobre, o cerrado é hoje reconhecido como
a savana mais rica do mundo com a presença de alta diversidade vegetal e animal. Estima-se que
existam no bioma de 10.000 espécies plantas, sendo 4.400 endêmicas. A fauna apresenta espécies de
aves, 16 de mamíferos com 19 endêmicas, 150 espécies de anfíbios sendo 45 endêmicas, 120 espécies
de répteis das quais 45 são endêmicas. Apenas no Distrito Federal há 90 espécies cupins, 1.000
espécies de borboletas, 500 espécies de abelhas e vespas e 250 espécies nativas de orquídeas
(IBAMA, 2002).
O bioma permaneceu relativamente preservado até a década de 1950. A partir do início dos
anos 60 iniciou-se um processo de ocupação e o estabelecimento de atividades agrícolas na região o
que propiciou a rápida redução da biodiversidade destes ecossistemas. A pressão urbana com a
construção da capital federal contribuiu como um dos importantes focos de atração de população
para a região central, além de que nesse período o crescimento urbano e industrial da região sudeste
forçou a agricultura para a região centro-oeste. Outro fator relevante foi a conseqüente abertura de
rodovias de acesso e a introdução de insumos agrícolas (iniciada com a invasão da pecuária extensiva)
capazes de contornar os problemas de acidez, a presença de altas concentrações de alumínio no solo
tornou possível a expansão dos plantios arroz e trigo.
Nas décadas de 1970 e 1980 muitos programas governamentais foram lançados com o
propósito de estimular o desenvolvimento da região do cerrado através de subsídios para o
estabelecimento de fazendas e melhorias tecnológicas para a agricultura e o aumento na produção
agropecuária. Este acelerado crescimento da fronteira agrícola originou desmatamentos, queimadas,
uso de fertilizantes químicos e agrotóxicos que resultou em 67% de áreas do cerrado a serem
consideradas altamente modificadas com voçorocas, assoreamento e
envenenamento dos ecossistemas.
MATA ATLÂNTICA
Em 1500 a paisagem dominante na costa brasileira era a densa e
exuberante a Floresta Atlântica se estendia a partir do litoral, penetrando o
continente em direção ao interior por extensões variadas, de acordo com as
características geográficas e climáticas. Estima-se que grande parte dos dois
a quatro milhões de índios que viviam no país neste período, habitava na Mata Atlântica. Desde esta
época até 1850 foram devastadas enormes áreas de mata em busca dos recursos naturais existentes,
o primeiro a ser explorado foi o pau-brasil ( Caesalpinia echinata) que ocorria em toda a extensão da
Floresta e hoje sua ocorrência natural está praticamente extinta.
Fatores como a mineração, os ciclos da cana-de-açúcar e do café, a pecuária e o processo
desordenado de ocupação e industrialização contribuíram para a redução acelerada da cobertura
vegetal deste bioma.
Os primeiros estudos e registros sobre a Mata Atlântica, desenvolvidos a partir do século
XIX mostram que esta floresta cobria boa parte do litoral brasileiro, estendendo-se tanto na região
litorânea como nos planaltos e serras do interior que vai desde o Rio Grande do Norte até o Rio
Grande do Sul, de forma quase contínua. Ao longo de toda a costa brasileira sua largura varia entre
pequenas faixas e grandes extensões, apresentando uma variedade de formações que engloba um
diversificado conjunto de ecossistemas florestais com estruturas e composições florísticas bastante
diferenciadas, acompanhando as características climáticas da vasta região onde ocorre e a exposição
aos ventos úmidos que sopram do oceano.
Localizam-se sobre uma imensa cadeia de montanhas, ao longo da costa brasileira, na qual o
substrato dominante compreende rochas cristalinas. As montanhas mais antigas estendem-se em
áreas da serra do mar e foram formadas por atividades tectônicas. Morros arredondados são
formados por grandes blocos normalmente de rochas magmáticas. Já as rochas calcáreas vulneráveis
à dissolução química, formam cavernas e grutas.
O solo é bastante raso, com pH ácido, pouco ventilado, sempre úmido e extremamente pobre,
recebendo pouca luz, devido à absorção dos raios solares pelo extrato arbóreo. A umidade e a
presença de grande quantidade de matéria-orgânica tornam o solo susceptível à ação de
microorganismos decompositores que possibilitam o aproveitamento dos nutrientes e sais minerais
pelos vegetais. O solo raso e encharcado é favorável ao desbarrancamento e à erosão, evento
bastante comum na floresta atlântica.
Apresenta um alto índice pluviométrico, em média, os valores variam entre 1.800 a 3.600 mm
por ano, esta característica é conseqüência da condensação da brisa oceânica carregada de vapor que
é empurrada para as regiões continentais chegando nas escarpas das serras.
A maioria dos rios é perene, constantemente alimentados pela água da chuva que, com maior
intensidade, contribui para a mudança de curso destes rios, resultando na erosão de suas margens
externas e acúmulo de sedimento nas margens internas. A partir da mudança de curso, também
podem ser formadas lagoas de água doce, brejos e lagunas de água salobra (próximas ao mar). Estes
rios, alimentados pela chuva, são chamados “rios de água clara”, mas também existem os rios de “água
preta”, que possuem lentos cursos de água que drenam as planícies das restingas e mangues,
recebendo grande quantidade de matéria-orgânica ainda em decomposição, o que lhes confere a
coloração escuta. São rios que formam os estuários e, portanto, possuem relação com a água salgada,
dependendo das condições da maré e da época do ano.
A fauna da Floresta Atlântica representa uma das mais ricas em diversidade de espécies e está
entre as cinco regiões do mundo que possuem o maior número de espécies endêmicas. Está
intimamente relacionada com a vegetação, tendo uma grande importância na polinização de flores, e
dispersão de frutos e sementes.
Apresenta uma das mais elevadas riquezas de aves do planeta, com 1020 espécies, sendo 188
endêmicas e 104 ameaçadas de extinção.
Possui 250 espécies de mamíferos, sendo 55 endêmicas, com a possibilidade de existirem
diversas espécies desconhecidas, são os componentes que mais sofreram com os vastos
desmatamentos e a caça. Há uma grande quantidade de roedores e quirópteros (morcegos), e apesar
de não ser tão rica em primatas quanto a Amazônia, possui um número razoável de espécies (Adams,
2000). Concentra 370 espécies de anfíbios, cerca de 65% das espécies brasileiras conhecidas,
destas, 90 são endêmicas, evidenciando a importância deste grupo. Possui 150 espécies de répteis,
onde grande parte apresenta distribuição geográfica, ocorrendo em outras formações como a
Amazônia, Cerrado e a Caatinga, no entanto, são conhecidas muitas espécies endêmicas da Mata
Atlântica como o jacaré-de-papo-amarelo (Caiman latirostris) (MMA, 2000). O número total de
espécies de peixes é 350, destas, 133 são endêmicas. O alto grau de endemismo é resultado do
processo de evolução das espécies, em área isolada das demais bacias hidrográficas brasileiras
(MMA, 2000).
A vegetação presente nos ecossistemas da Mata Atlântica são formações florestais e não
florestais, tais como: Floresta Ombrófila Densa, Floresta Ombrófila Aberta, Floresta Ombrófila
Mista, Floresta Estacional Semidecidual, Floresta Estacional Decidual, Manguezais, Restingas,
Campos de Altitude, Brejos Interioranos e Encraves Florestais do Nordeste (IBGE, 1993). Estima-se
que a diversidade total de plantas que a Mata Atlântica possua somente considerando o grupo das
angiospermas seja de 55.000 a 60.000 espécies.
Atualmente, o crescimento urbano e o consumo dos recursos é o principal fator de
degradação da Mata Atlântica, considerando que restam apenas 8% da cobertura original e que este
bioma possui uma importância social, econômica e ambiental para o país. Ë necessário que sejam
adotadas políticas públicas para aplicação de medidas eficientes para a conservação, recuperação e
que incentive efetivamente o seu uso sustentável.
CAMPOS SULINOS
Este bioma abrange uma área de 210 mil km2, que se
estende pelo Rio Grande do Sul e ultrapassa as fronteiras
com o Uruguai e Argentina.
Também é conhecido pelo de nome de pampas.
Os campos sulinos ou pampas, termo indígena para “região
plana”, são marcados pelo clima subtropical, isto é, apresenta
temperaturas amenas e chuvas regulares durante todo o ano.
A vegetação é predominantemente herbácea, com alturas que
variam de 10 a 50 cm. A paisagem é homogênea e plana,
assemelhando-se, para quem os avista de longe, a um imenso
tapete verde.
No litoral do Rio Grande do Sul, a paisagem já se apresenta diferenciada, com ambientes
alagados e a vegetação é formada por espécies como o junco, gravatás e aguapés, habitat ideal para
existência de uma expressiva fauna. O Banhado do Taim é um dos exemplos de grande importância em
função de sua riqueza natural, notadamente de seus solos.
Nas encostas do planalto, ocorrem os chamados campos altos, área de transição com
predomínio de araucárias – sendo mais conhecida como Mata dos Pinhais. Por apresentar solo fértil e
condições naturais favoráveis, os Campos Sulinos atraíram muitos agricultores e pecuaristas para a
região, que se expandiram as áreas agropecuárias de maneira inadequada e sem planejamento,
gerando como conseqüências o desgaste do solo iniciando um processo de desertificação, em áreas do
bioma.
Os Campos em geral, parecem ser formações edáficas (do próprio solo) e não climáticas. A
pressão do pastoreio e a prática do fogo não permitem o estabelecimento da vegetação.
A conversão dos campos em outros tipos de uso vem transformando profundamente sua
paisagem e colocando suas espécies sob ameaça de extinção. As queimadas ilegais, praticadas
anualmente, estão entre os principais problemas que afetam os Campos Sulinos além do uso agrícola
com os plantios de soja tem descaracterizado intensamente a paisagem.
Os Campos Sulinos têm sido ainda fustigados pela proliferação descontrolada de espécies
exóticas. Esse processo de invasão foi iniciado a partir de plantios de pinus e eucaliptus realizados ao
longo de rodovias, o que tem ocasionado a perda da biodiversidade do bioma, à quebra de seu
equilíbrio hídrico e à descaracterização da paisagem, afetando o potencial turístico e gerando
prejuízos para o poder público, que constantemente precisa ser acionado para erradicar tais espécies
invasoras.
ZONA COSTEIRA
A costa brasileira abriga um mosaico de ecossistemas de alta
relevância ambiental. Ao longo do litoral brasileiro podem ser
encontrados manguezais, restingas, dunas, praias, ilhas, costões
rochosos, baías, brejos, falésias, estuários, recifes de corais e outros
ambientes importantes do ponto de vista ecológico, todos
apresentando diferentes espécies de animais e vegetais. Isso se deve
às diferenças climáticas e geológicas da costa brasileira. Os manguezais, de expressiva ocorrência na
zona costeira, cumprem funções essenciais na reprodução biótica da vida marinha. Além do mais, é na
zona costeira que se localizam a maior presença residual de Mata Atlântica.
O litoral amazônico inicia na foz do rio Oiapoque e se estende até o delta do rio Parnaíba,
apresenta grande extensão de manguezais exuberantes, assim como matas de várzeas de marés,
campos de dunas e praias. Abriga uma rica biodiversidade de espécies de crustáceos, peixes e aves.
O litoral nordestino começa na foz do rio Parnaíba e vai até o Recôncavo Baiano, é marcado
pela presença de recifes calcíferos e areníticos, além de dunas que, quando perdem a cobertura
vegetal que as fixam, movem-se com a ação do vento. Ocorrem também manguezais, restingas e
matas. Nas águas do litoral nordestino vivem o peixe-boi marinho e a tartaruga marinha, ambos
ameaçados de extinção.
O litoral sudeste segue do Recôncavo Baiano até o Estado de São Paulo, é a área mais
densamente povoada e industrializada do País. Suas áreas características são as falésias, os recifes e
as praias de areias monazíticas (mineral de cor marrom-escura). É denominada pela Serra do Mar e
tem a costa muito recortada, com várias baías e pequenas enseadas, cujo ecossistema mais
importante vem a ser a Mata de Restinga que é habitada por espécies dentre as quais a preguiça-de-
coleira e o mico-leão-dourado espécies ameaçadas de extinção.
O litoral sul começa no Estado do Paraná e termina no Arroio Chuí, no Rio Grande do Sul.
Conta com muitas áreas de banhados e manguezais, cujos ecossistemas proporcionam a presença de
diversas espécies de aves e mamíferos como capivaras além de espécies como o ratão-do-banhado e
de lontras também ameaçadas de extinção.
A densidade demográfica média da zona costeira brasileira fica em torno de 87 hab./km 2,
sendo cinco vezes superior à média nacional que é de 17 hab./ km 2, Pela densidade demográfica nota-
se que a formação territorial foi estruturada a partir da costa, tendo o litoral como centro difusor
de frentes povoadoras, ainda em movimento na atualidade. Hoje, metade da população brasileira
reside numa faixa de até duzentos quilômetros do mar, o que equivale a um efetivo de mais de 70
milhões de habitantes, cuja forma de vida impacta diretamente os ecossistemas litorâneos.
O bioma representa hoje uma das maiores fontes de contaminação do meio marinho no
território brasileiro provenientes de ações industriais, em função de que as grandes cidades
litorâneas abrigam um número significativo de complexos industriais dos setores de maior impacto
sobre o meio ambiente (química, petroquímica e celulose) bem como da ausência dos serviços básicos
nos centros urbanos abrangidos por este.
Os espaços litorâneos possuem riquezas significativas de recursos naturais e ambientais, no
entanto, com a intensidade que o processo de ocupação desordenado vem ocorrendo, todos os
ecossistemas presentes na costa litorânea do Brasil estão sob ameaça, pois a zona costeira apresenta
situações que necessitam tanto de ações preventivas como corretivas para o seu planejamento e
gestão, a fim de atingir padrões de sustentabilidade para estes ecossistemas.
Ecossistemas Brasileiros
Estudos de Representatividade Ecológica nos Biomas Brasileiros
2.1 Ecorregiões
Entende-se por ecorregião um conjunto de comunidades naturais, geograficamente distintas,
que compartilham a maioria das suas espécies, dinâmicas e processos ecológicos, e condições
ambientais similares, que são fatores críticos para a manutenção de sua viabilidade a longo
prazo (Dinnerstein,1995).
1. Sudoeste da Amazônia 2. Várzeas de Iquitos
3. Florestas do Caqueta 4. Campinaranas de Alto Rio Negro
5. Interflúvio do Japurá/Solimões-Negro 6. Interflúvio do Solimões/Japurá
7. Várzeas do Purus 8. Interflúvio do Juruá/Purus
9. Interflúvio do Purus/Madeira 10. Várzeas de Monte Alegre
11. Interflúvio do Negro/Branco 12. Florestas de Altitude das Guianas
13. Savanas das Guianas 14. Florestas das Guianas
15. Tepuis 16. Interflúvio do Uamatá/Trombetas
17. Interflúvio do Madeira/Tapajós 18. Interflúvio do Tapajós/Xingu
19. Várzeas do Gurupá 20. Interflúvio do Xingu/Tocantins-Araguaia
21. Várzeas do Marajó 22. Interflúvio do Tocantins-Araguaia/Maranhão
23. Florestas Secas de Chiquitano 24. Cerrado
25. Pantanal 26. Chaco Úmido
27. Campos Sulinos 28. Florestas de Araucária
29. Florestas do Interior do Paraná/Paranaíba 30. Florestas Costeiras da Serra do Mar
31. Campos Ruprestes 32. Florestas Costeiras da Bahia
33. Florestas do Interior da Bahia 34. Florestas Costeiras de Pernambuco
35. Florestas do Interior de Pernambuco 36. Brejos Nordestinos
37. Caatinga 38. Manguezais do Amapá
39. Manguezais do Pará 40. Restingas Costeiras do Nordeste
41. Manguezais da Bahia 42. Manguezais do Maranhão
43. Restingas da Costa Atlântica 44. Manguezais da Ilha Grande
45. Manguezais do Rio Piranhas 46. Manguezais do Rio São Francisco
47. Florestas Secas do Mato Grosso 48. Florestas Secas do Nordeste
49. Florestas de Babaçu do Maranhão
2.2 Valoração da biodiversidade
A Convenção sobre Diversidade Biológica - CDB reconhece que a biodiversidade possui
valores econômicos sociais e ambientais. Logo no primeiro parágrafo do texto esse
reconhecimento é explicitado: “Consciente do valor intrínseco da diversidade biológica e dos
valores ecológico, social, econômico, científico, educacional, cultural, recreativo e estético da
diversidade biológica e de seus componentes”.
A seguir, o artigo 1º define os objetivos da Convenção como sendo “a conservação da
biodiversidade biológica, a utilização sustentável de seus componentes e a repartição justa e
eqüitativa dos benefícios derivados da utilização dos recursos genéticos”. Complementando, o
artigo 11 destaca a necessidade de utilizar instrumentos econômicos na gestão da
conservação da biodiversidade, afirmando que: “cada parte contratante deve, na medida do
possível e conforme o caso, adotar medidas econômica e socialmente racionais que sirvam de
incentivo à conservação e utilização sustentável de componentes da diversidade biológica”.
Assim, a CDB busca demonstrar, como estratégia de proteção à biodiversidade, que a
conservação e o uso sustentável da biodiversidade têm valor econômico e que a utilização de
critérios econômicos é relevante na sua implementação, ou seja, apregoa ser imprescindível o
reconhecimento do valor econômico da biodiversidade por aqueles que participam de sua
gestão.
Hoje, a maioria das decisões de políticas públicas se baseia em considerações econômicas.
Assim, o conhecimento dos montantes dos valores econômicos associados à conservação, à
preservação e ao uso sustentável da biodiversidade é a forma contemporânea de garantir que
a variável ambiental tenha peso efetivo nas tomadas de decisões em políticas públicas.
Neste contexto, a Economia Ambiental, fundamentada na Teoria Econômica Neoclássica,
incorpora hoje métodos e técnicas de valoração que buscam integrar as dimensões ecológicas,
econômicas e sociais, de forma que capture os valores econômicos associados à conservação
e à preservação da diversidade biológica. O objetivo é tirar as formulações neoclássicas do
nível teórico de abstração e enfrentar o desafio de medir as variáveis indispensáveis à
implementação e à instrumentalização de políticas públicas.
2.3 Conceito
O conceito de Valor Econômico Total - VET, desenvolvido pela Economia Ambiental, é uma
estrutura útil para identificar, em qualquer escala, os diversos valores associados aos recursos
ambientais. De acordo com esse conceito, o valor econômico da biodiversidade consiste nos
seus valores de uso e de não-uso. Os primeiros são compostos pelos valores de uso direto, de
uso indireto e de opção; e os últimos, de não-uso, incluem os valores de herança e de
existência. O diagrama a seguir ilustra estas relações.
Os valores de uso direto (VUD) dos recursos ambientais são derivados do uso direto da
biodiversidade como atividades de recreação, lazer, colheita de recursos naturais, caça, pesca,
educação.
Os valores de uso indireto (VUI) são oriundos dos usos indiretos, abrangendo, de forma ampla,
as funções ecológicas da biodiversidade como proteção de bacias hidrográficas, preservação
de habitat para espécies migratórias, estabilização climática, seqüestro de carbono.
Os valores de opção (VO) de um recurso ambiental derivam da opção de usar o recurso no
futuro. Os usos futuros podem ser diretos ou indiretos, ou seja, podem incluir o valor futuro da
informação derivada do recurso em questão.
Os valores de não-uso (VNU) são aqueles que as pessoas atribuem ao recurso ambiental, sem
que este esteja ligado a algum de seus usos. São dois os valores de não-uso: o valor de
herança (VH) relativo ao beneficio econômico de saber que outros se beneficiarão, no futuro,
do recurso ambiental, e o valor de existência (VE), que reflete o benefício econômico da
existência de um recurso ambiental, embora ele não seja conhecido e, provavelmente, nunca
será conhecido nem usado.
Desta forma, o conceito de VET mostra que a preservação, a conservação e o uso sustentável
da biodiversidade abrangem uma ampla variedade de bens e serviços, começando pela
proteção de bens tangíveis básicos para a subsistência do homem, como alimentos e plantas
medicinais, passando pelos serviços ecossistêmicos que apóiam todas as atividades humanas
e terminando com valores de utilidade simbólica. Ou seja, o VET é igual à soma de todos estes
distintos valores. Em outras palavras: VET = VUD + VUI + VUO + VNU.
Valor Econômico
Pode-se definir valoração econômica como o processo de atribuir valores monetários aos bens
e serviços derivados dos recursos ambientais (biodiversidade), independentemente de
existirem ou não preços de mercado relacionados a eles.
Os métodos de valoração econômica podem ser agrupados em três categorias:
i) métodos baseados em preços de mercados reais, ii) métodos baseados em preços de
mercados substitutos e iii) métodos baseados em preços de mercados simulados.
i) Os métodos baseados em preços de mercados reais empregam a informação existente sobre
os preços de mercado como um indicador do valor monetário dos bens e serviços derivados da
diversidade biológica. As técnicas incluem os métodos de: preço de mercado do produto; de
custo real; e o de mudança produtividade.
ii) Os métodos baseados em preços de mercados substitutos diferem do anterior na medida em
que a informação sobre os preços de mercado é utilizada indiretamente como valor substituto
para calcular os benefícios dos bens e serviços derivados da diversidade biológica. Nestes
incluem-se os seguintes métodos: de custo de oportunidade; de custo viagem; de custos de
reposição; métodos baseados em custos preventivos/defensivos e hedônicos.
iii) Os métodos baseados em preços de mercados simulados são empregados quando não
existe informação de mercado ou ela é insuficiente para ser usada como uma aproximação da
informação verdadeira. Neste caso, é feita uma pesquisa de campo em amostra(s)
representativa(s) das populações humanas para levantar dados sobre a disposição a pagar
(DAP) ou disposição a receber (DAR) pelos benefícios dos bens e serviços derivados da
diversidade biológica. O método da Valoração Contingente é o mais conhecido destes
métodos.
Caatinga
A Caatinga é um ecossistema único com ocorrência de rica
vegetação em região semi-ári
Valoração Caatinga
Cerrado
O bioma Cerrado é considerado como um ecossistema tropical
de Savana, com similares na África e na Austrália
A área nuclear ou core do Cerrado está distribuída, principalmente, pelo Planalto Central
Brasileiro, nos Estados de Goiás, Tocantins, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, parte de Minas
Gerais, Bahia e Distrito Federal, abrangendo 196.776.853 ha. Há outras áreas de Cerrado,
chamadas periféricas ou ecótonos, que são transições com os biomas Amazônia, Mata
Atlântica e Caatinga.
Os Cerrados são, assim, reconhecidos devido às suas diversas formações ecossistêmicas. Sob
o ponto de vista fisionômico temos: o cerradão, o cerrado típico, o campo cerrado, o campo
sujo de cerrado, e o campo limpo que apresentam altura e biomassa vegetal em ordem
decrescente. O cerradão é a única formação florestal.
O Cerrado típico é constituído por árvores relativamente baixas (até vinte metros), esparsas,
disseminadas em meio a arbustos, subarbustos e uma vegetação baixa constituída, em geral,
por gramíneas. Assim, o Cerrado contém basicamente dois estratos: um superior, formado por
árvores e arbustos dotados de raízes profundas que lhes permitem atingir o lençol freático,
situado entre 15 a 20 metros; e um inferior, composto por um tapete de gramíneas de aspecto
rasteiro, com raízes pouco profundas, no qual a intensidade luminosa que as atinge é alta, em
relação ao espaçamento. Na época seca, este tapete rasteiro parece palha, favorecendo,
sobremaneira, a propagação de incêndios.
A típica vegetação que ocorre no Cerrado possui seus troncos tortuosos, de baixo porte, ramos
retorcidos, cascas espessas e folhas grossas. Os estudos efetuados consideram que a
vegetação nativa do Cerrado não apresenta essa característica pela falta de água – pois, ali se
encontra uma grande e densa rede hídrica – mas sim, devido a outros fatores edáficos (de
solo), como o desequilíbrio no teor de micronutrientes, a exemplo do alumínio.
O Cerrado brasileiro é reconhecido como a savana mais rica do mundo em biodiversidade com
a presença de diversos ecossistemas, riquíssima flora com mais de 10.000 espécies de
plantas, com 4.400 endêmicas (exclusivas) dessa área.. A fauna apresenta 837 espécies de
aves; 67 gêneros de mamíferos, abrangendo 161 espécies e dezenove endêmicas; 150
espécies de anfíbios, das quais 45 endêmicas;120 espécies de répteis, das quais 45
endêmicas; apenas no Distrito Federal, há 90 espécies de cupins, mil espécies de borboletas e
500 espécies de abelhas e vespas.
Até a década de 1950, os Cerrados mantiveram-se quase inalterados. A partir da década de
1960, com a interiorização da capital e a abertura de uma nova rede rodoviária, largos
ecossistemas deram lugar à pecuária e à agricultura extensiva, como a soja, arroz e ao trigo.
Tais mudanças se apoiaram, sobretudo, na implantação de novas infra-estruturas viárias e
energéticas, bem como na descoberta de novas vocações desses solos regionais, permitindo
novas atividades agrárias rentáveis, em detrimento de uma biodiversidade até então pouco
alterada.
Durante as décadas de 1970 e 1980 houve um rápido deslocamento da fronteira agrícola, com
base em desmatamentos, queimadas, uso de fertilizantes químicos e agrotóxicos, que resultou
em 67% de áreas do Cerrado “altamente modificadas”, com voçorocas, assoreamento e
envenenamento dos ecossistemas. Resta apenas 20% de área em estado conservado.
A partir da década de 1990, governos e diversos setores organizados da sociedade debatem
como conservar o que restou do Cerrado, com a finalidade de buscar tecnologias embasadas
no uso adequado dos recursos hídricos, na extração de produtos vegetais nativos, nos
criadouros de animais silvestres, no ecoturismo e outras iniciativas que possibilitem um modelo
de desenvolvimento sustentável e justo.
As unidades de conservação federais no Cerrado compreendem: dez Parques Nacionais, três
Estações Ecológicas e seis Áreas de Proteção Ambiental.
Este projeto abrange toda a área core do bioma Cerrado. Por meio de estudos científicos, o
projeto objetiva delimitar as ecorregiões do Cerrado e analisar a representatividade da
vegetação e áreas protegidas do bioma, identificando as lacunas.
Os temas básicos abordados são: geomorfologia, geologia, solos, clima, vegetação e
sistemática botânica, fauna (insetos, peixes, répteis, aves e mamíferos), e biogeografia. Estão
sendo realizados estudos de compilação e trabalhos de campo para cobrir todas as possíveis
lacunas de conhecimento dos temas que compõem o projeto. Todas as informações são
referenciadas geograficamente e estocadas em banco de dados específico.
O Projeto é coordenado e financiado pelo IBAMA/Decoe, em parceria com a EMBRAPA/CPAC,
IBGE, UnB, UFG e UFU.
Abrange sete municípios do estado de Goiás a oeste do Distrito Federal, sobre a bacia do alto
rio Corumbá. Esta biorregião cobre, aproximadamente, 500 mil ha, com uma população de 240
mil habitantes. O conceito de EcoMuseu pressupõe a existência de um território com o
patrimônio natural bem conservado, belezas cênicas, cachoeiras, rios e florestas para serem
visitados e apreciados pelas comunidades locais e visitantes.
O projeto EcoMuseu do Cerrado objetiva contribuir para a conservação ambiental da bacia do
alto rio Corumbá, com base no planejamento biorregional, por meio de ações planejadas
cooperativamente, voltadas para a conservação da natureza, o uso sustentável dos recursos
naturais e a melhoria da qualidade de vida das populações locais. São desenvolvidas
atividades de apoio às políticas locais de conservação da biodiversidade, saneamento
ambiental, educação ambiental e ecoturismo, valorizando o conhecimento, a cultura e a arte
popular.
O projeto é uma iniciativa pioneira de gestão biorregional bem-sucedida, coordenado e
financiado pelo IBAMA/Decoe, em cooperação técnica com o Instituto Huah do Planalto
Central. Participam da implementação a UFG, a UnB, o Governo de Goiás, as Prefeituras
Municipais, as ONGs e comunidades.
O projeto abrange 10 milhões de ha dos estados de GO, TO, MT, PA, em 36 municípios da
região da ilha do Bananal e bacia dos rios Araguaia e Cristalino. Por ser uma área de transição
entre os biomas Amazônia e Cerrado, apresenta alta diversidade de fauna e flora, sendo
considerada pela Convenção Ramsar, em 1993, uma das sete zonas úmidas do Brasil de
importância internacional. É um corredor composto pelas seguintes áreas protegidas: Parque
Nacional do Araguaia, Área de Proteção Ambiental Meandros do Rio Araguaia, Parque
Estadual do Cantão, duas APAs estaduais e quatro reservas indígenas.
A área do corredor foi considerada como altamente prioritária para a conservação da
biodiversidade, com base em estudos realizados para o bioma Cerrado e Amazônia, pelo MMA,
CI, ISA, IBAMA. Objetiva conservar estes ecossistemas e contribuir para a implementação de
um modelo de desenvolvimento sustentável para a região, por meio de planejamento e de
ações implementadas por todos os associados ao projeto. Estão sendo desenvolvidas ações
de conservação, ordenamento da pesca e do turismo, educação ambiental e sanitária.
Este projeto está sendo executado pelo IBAMA/Decoe, Cenaqua - Centro Nacional de
Conservação e Manejo de Quelônios da Amazônia, em parceria com o IBGE, UnB, UFG, UFU,
Cebrac, CI, Fundação Emas, Governos Estaduais e Municipais, ONGs e comunidades.
Este projeto foi aprovado pela Agência de Cooperação Internacional do Japão – JICA, que
manterá peritos por dois anos no IBAMA para a implementação do corredor ecológico do
Cerrado. O projeto objetiva contribuir para a consolidação de uma política de conservação da
diversidade biológica do Cerrado, mediante a aplicação do conceito de gestão biorregional de
corredores ecológicos em áreas prioritárias.
Situado na confluência dos estados do TO, PI e BA, este projeto está sendo implementado pelo
IBAMA, CI e governos estaduais e municipais. Esta região de ecótono tem uma grande
importância ecológica por conter as nascentes dos rios Tocantins e Parnaíba; aí ocorre um
intenso processo sedimentar com futuros riscos de desertificação se não for conservada.
É considerada área altamente prioritária pelos estudos realizados pelo MMA, CI e IBAMA. O
projeto tem por objetivo manejar esses ecossistemas por meio da gestão biorregional, visando
manter a sua conectividade e analisar a criação de novas áreas protegidas.
Este projeto está situado na bacia do rio Taquari, GO, e interliga o Pantanal com o Cerrado da
região do Parque Nacional de Emas, sob a coordenação da CI e Fundação Emas, em parceria
com o IBAMA, Governos Estaduais e proprietários rurais. Foi reconhecida como altamente
prioritária para a conservação pelos estudos realizados pelo MMA e CI.
Numa seqüência lógica, este corredor prossegue pelas nascentes dos rios Araguaia, passa
pelo Araguaia/Bananal até o rio Tocantins. O IBAMA/Decoe, juntamente com a CI e a
Fundação Emas, estudam abordar toda esta área como um corredor único, para garantir a sua
integridade e conectividade.
Corredor JICA
Valoração Cerrado
O PNCV, com uma área de 60 mil hectares, está situado no município de Alto Paraíso - Goiás,
a 250 quilômetros de Brasília. O parque preserva inúmeras plantas e animais típicos do
Cerrado, alguns ameaçados de extinção, como lobo-guará, capivara, emas e tucanos, além de
possuir grande beleza cênica retratada por cachoeiras, topografia e vegetação.
O projeto, em andamento, tem como objetivo estimar o valor de existência atribuído pela
população de Brasília ao PNCV, utilizando o método Avaliação Contingente. As informações
necessárias à estimativa estão sendo obtidas por meio de um levantamento de dados com
aplicação de questionário específico que é enviado por mala direta para o entrevistado, que o
lê, responde e o retorna para o IBAMA.
Pantanal
O bioma Pantanal é a planície mais importante em áreas úmidas da América do Sul
A CIMA - Comissão Interministerial para Preparação da Conferência das Nações Unidas sobre
Meio Ambiente e Desenvolvimento-SI/PR, 1991, define o Pantanal mato-grossense como “a
maior planície de inundação contínua do planeta”. Sua localização geográfica é de particular
relevância, uma vez que representa o elo de ligação entre o Cerrado, no Brasil Central, o
Chaco, na Bolívia, e a região Amazônica, ao Norte, identificando-se, aproximadamente, com a
bacia do alto Paraguai.
O Pantanal funciona como um grande reservatório, provocando uma defasagem de até cinco
meses entre as vazões de entrada e saída. O regime de verão determina enchentes entre
novembro e março no norte e entre maio e agosto no sul, neste caso sob a influência
reguladora do Pantanal.
Os solos, de modo geral, apresentam limitações à lavoura. Nas planícies pantaneiras
sobressaem solos inférteis (lateritas) em áreas úmidas (hidromórficas) e planossolos, além de
várias outras classes, todos alagáveis, em maior ou menor grau, e de baixa fertilidade. Nos
planaltos, embora predominem também solos com diversas limitações à agricultura, sobretudo
à fertilidade, topografia ou escassez de água, existem situações favoráveis.
Como área de transição, a região do Pantanal ostenta um mosaico de ecossistemas terrestres,
com afinidades, sobretudo, com os Cerrados e, em parte, com a floresta Amazônica, além de
ecossistemas aquáticos e semi-aquáticos, interdependentes em maior ou menor grau. Os
planaltos e as terras altas da bacia superior são formados por áreas escarpadas e testemunhos
de planaltos erodidos, conhecidos localmente como serras. São cobertos por vegetações
predominantemente abertas, tais como campos limpos, campos sujos, cerrados e cerradões,
determinadas, principalmente, por fatores de solo (edáficos) e climáticos e, também, por
florestas úmidas, prolongamentos do ecossistema amazônico.
A planície inundável que forma o Pantanal, propriamente dito, representa uma das mais
importantes áreas úmidas da América do Sul. Nesse espaço podem ser reconhecidas planícies
de baixa, média e alta inundação, destacando-se os ambientes de inundação fluvial
generalizada e prolongada. Esses ambientes, periodicamente inundados, apresentam alta
produtividade biológica, grande densidade e diversidade de fauna.
A ocupação da região, de acordo com pesquisas arqueológicas, se deu há, aproximadamente,
dez mil anos por grupos indígenas. A adequação de atividades econômicas ao Pantanal surgiu
do processo de conquista e aniquilamento dos índios guatós e guaicurus por sertanistas. Foi
possível implantar a pecuária na planície inundável, que se tornaria a única economia estável e
permanente até os nossos dias. Dentro de um enfoque macroeconômico, a planície
representou, no passado, um grande papel no abastecimento de carne para outros estados do
país. No entanto, esta economia se encontra em decadência.
Uma série de atividades de impacto direto sobre o Pantanal pode ser observada, como garimpo
de ouro e diamantes, caça, pesca, turismo e agropecuária predatória, construção de rodovias e
hidrelétricas. Convém frisar a importância das atividades extensivas nos planaltos circundantes
como uma das principais fontes de impactos ambientais negativos sobre o Pantanal.
O processo de expansão da fronteira, ocorrido principalmente após 1970, foi a causa
fundamental do crescimento demográfico do Centro-Oeste brasileiro. A região da planície
pantaneira, com sua estrutura fundiária de grandes propriedades voltadas para a pecuária em
suas áreas alagadiças, não se incorporou ao processo de crescimento populacional. Não
houve aumento significativo em número ou população das cidades pantaneiras. No planalto,
contudo, o padrão de crescimento urbano foi acelerado. Como todas as cidades surgidas ou
expandidas nessa época, as de Mato Grosso e Mato Grosso do Sul não tinham e nem têm
infra-estrutura adequada para minimizar o impacto ambiental do crescimento acelerado,
causado, principalmente, pelo lançamento de esgotos domésticos ou industriais nos cursos
d’água da bacia. Esse tipo de poluição repercute diretamente na planície pantaneira, que
recebe os sedimentos e resíduos das terras altas.
O mesmo processo de expansão da fronteira foi responsável pelo aproveitamento dos cerrados
para a agropecuária, o que causou o desmatamento de vastas áreas do planalto para a
implantação de lavouras de soja e arroz, além de pastagens. O manejo agrícola inadequado
nessas lavouras resultou, entre outros fatores, em erosão de solos e no aumento significativo
de carga de partículas sedimentáveis de vários rios. Além disso, agrava-se o problema de
contaminação dos diversos rios com biocidas e fertilizantes.
A presença de ouro e diamantes na baixada cuiabana e nas nascentes dos rios Paraguai e São
Lourenço vem atraindo milhares de garimpeiros, cuja atividade causa o assoreamento e
compromete a produtividade biológica de córregos e rios, além de contaminá-los com mercúrio.
Segundo a WWF (1999), existem no Pantanal 650 espécies de aves, 80 de mamíferos, 260 de
peixes e 50 de répteis.