027858-3, de Palhoça Relator: Des. Pedro Manoel Abreu
Constitucional. Ação direta de inconstitucionalidade. Alegada
ofensa dos arts. 4.º, II, 12, 13, 14 e 15 da Lei Estadual n. 14.661/2009 ao disposto nos arts. 4.º, 16, caput, 181 e 182 da Carta Estadual. Caráter programático dos dispositivos constitucionais. Diretriz de preservação ambiental expressamente prevista na Lei 14.661/09. Presunção de constitucionalidade da norma não derruída na actio. Bacia da Vargem do Braço. Comunidade lá instalada há décadas. Construção de mansões, abertura de estradas e movimentação de solo verificadas antes da edição da nova legislação ambiental. Relevância da degradação ambiental que deve ser apurada em sede de ação civil pública, meio apropriado para a exigência do cumprimento de políticas públicas definidas em Carta Constitucional. Liminar denegada. Os dispositivos constitucionais dados por violados em sede desta ação direta de inconstitucionalidade constituem-se todos em normas constitucionais de eficácia programática, ou normas-programa, que são "aquelas normas constitucionais através das quais o constituinte, em vez de regular, direta e imediatamente, determinados interesses, limitou-se a traçar-lhes os princípios para serem cumpridos pelos seus órgãos (legislativos, executivos, jurisdicionais e administrativos), como programas das respectivas atividades, visando à realização dos fins sociais do Estado" (SILVA, José Afonso da. Aplicabilidade das Normas Constitucionais. 6. Ed. São Paulo: Malheiros, 2003. p. 138). In casu, não se evidencia, de forma cristalina, a inconstitucionalidade alegada, porque a Lei 14.661/09 declara, em atenção ao comando constitucional, a necessidade de preservação das bacias hídricas da Vargem do Braço. "Há que falar, atualmente, em um efetivo direito à tutela metaindividual. Na Constituição Federal de 1988, reforça-se a necessidade de uma nova visão processual, posto que a Carta Magna contém inúmeros dispositivos que implicam a fixação de direitos subjetivos transindividuais (por exemplo, o art. 225, ao tratar do meio ambiente) e, como é cediço que não se pode mais aceitar passivamente a argumentação de que a Constituição escrita não passa de uma mera folha de papel (Lassale), sobressai a necessidade de o processo fornecer mecanismos hábeis para que se possa atingir o que Loewenstein denominava de Constituição normativa. Destaca-se, então, a ação civil pública como forma de permitir que políticas públicas (saúde, educação, escola e quejandos) sejam determinadas em prol da efetividade da Constituição" (FREIRE JÚNIOR, Américo Bedê. O Controle Judicial de Políticas Públicas. São Paulo: RT, 2005. p. 97).
Vistos, relatados e discutidos estes autos de Ação Direta de
Inconstitucionalidade n. 2009.027858-3, da comarca de Palhoça (1ª Vara Cível), em que é requerente Procurador Geral de Justiça do Estado de Santa Catarina, e requerido Estado de Santa Catarina e outro:
ACORDAM, em Órgão Especial, à unanimidade, rejeitar a preliminar de
extinção da ação pela inadequação e, no mérito, por maioria, julgar improcedente a ação. Custas legais.
RELATÓRIO
Cuida-se de ação direta de inconstitucionalidade ajuizada pelo
Procurador Geral de Justiça do Estado de Santa Catarina e pelo Coordenador Geral do Centro de Controle de Constitucionalidade - CECCON contra dispositivos da Lei Estadual n. 14.661/2009, sancionada pelo Governador do Estado de Santa Catarina e elaborada pela Assembléia Legislativa do Estado de Santa Catarina. Pretendem os requerentes, em breve síntese, suspender definitivamente as disposições dos arts. 4.º, II, 12, 13, 14 e 15 da Lei Estadual n. 14.661/2009. Para tanto, argumentam que o Parque Estadual Serra do Tabuleiro foi idealizado como área de preservação integral, na qual deveria ser repelida qualquer forma de exploração dos recursos naturais ali existentes. Sustentaram que no ano de 2009 foi editada a Lei Estadual n. 14.661, que criou, em seu art. 4.º, um mosaico dentro do Parque da Serra do Tabuleiro, constituído por Áreas de Preservação Ambiental - APAs, excluindo da proteção integral várias unidades que antes compunham o Parque. Verberaram, nesse caminho, que ao contrário dos Parques, as APAs admitem a utilização sustentável dos recursos naturais. Assim, em resumo, transformar um Parque em uma Área de Proteção Ambiental - APA, significa um abrandamento da limitação antes imposta, demonstrando que o legislador pretendeu ser mais permissivo em relação àquela área em que antes a utilização dos recursos naturais era vedada. Afirmou ainda que a Área de Proteção Ambiental é a menos restritiva dentre as doze categorias de unidades na legislação vigente. Gabinete Des. Pedro Manoel Abreu-DAKF Sublinharam ser certo, contudo, que a reversão de determinadas áreas do Parque para Área de Proteção Ambiental, contanto que realizada por lei, é possível, desde que obedecidos os princípios básicos do Direito Ambiental, como é o caso dos incisos III e IV do art. 4.º da norma estadual em análise. Entretanto, grifaram que o mesmo não ocorre com o art. 4.º, II, da Lei Estadual n. 14.661/2009, pois a conversão da Vargem do Braço, de Parque à Área de Proteção ambiental ofendeu diretamente a Constituição Estadual e jamais poderia ter sido excluída do Parque da Serra do Tabuleiro. Asseveraram que na Vargem do Braço está situado o manancial de Pilões, responsável direto pelo abastecimento de água de milhares de pessoas que habitam a região da Grande Florianópolis e que a utilização pela população local pode acarretar sérios gravames ao povo catarinense. A transformação da área em comento provocará inevitavelmente o próprio esgotamento da água potável. Assim, argumentaram que os art. 4º, II, e arts. 12 a 15 que o regulamentam contrariaram de forma expressa os arts. 4.º, 16 caput, 181, caput, e 182, I, II e III da Carta Estadual. Disseram, ainda, estar ganhando corpo no ordenamento jurídico o princípio constitucional do não retrocesso ecológico, previsto, de forma implícita, por força da norma extensiva do art. 4.º da Constituição Estadual, como mecanismo de defesa e segurança jurídica ante o risco de supressão de direitos constitucionais já reconhecidos, porém não irrestritamente protegidos por institutos próprios, tais como o direito adquirido, o ato jurídico perfeito, a coisa julgada e o reconhecido status de cláusula pétrea. Ao final, requereram a declaração de inconstitucionalidade dos arts. 4º, II, 12, 13, 14 e 15 da Lei Estadual n. 14.661/2009. Com a inicial foram juntados documentos. Seguindo o trâmite da Lei de Regência (Lei Estadual 12.069/2001, art. 10), as autoridades públicas requeridas foram notificadas para prestarem informações, que foram efetivamente prestadas às fls. 292-393. A douta Procuradoria Geral de Justiça, instada, manifestou-se pela concessão monocrática da liminar requestada, ad referendum do Tribunal Pleno, decisão efetivamente proferida pelo Relator do processo, como consta à fl. 396. Pela relevância da matéria, a Associação Rural da Comunidade da Vargem do Braço foi admitida no feito na condição de amicus curiae e, em seguida, a liminar foi cassada pelo Tribunal Pleno. Lavrou parecer pela douta Procuradoria-Geral de Justiça o Exmo. Sr. Dr. Raulino Jacó Bruning.
VOTO
Trata-se de ação direta de inconstitucionalidade, na qual pretendem os
autores ver declarada a inconstitucionalidade dos arts. 4.º, II, 12, 13, 14 e 15 da Lei Estadual n. 14.661/2009, em face de suposta ofensa ao art. 182, II, III e IV da Constituição do Estado de Santa Catarina. Preliminarmente, descabe falar em extinção da presente actio pela via
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da inadequação, em vista de ensejar o processo alguma discussão probatória. Em verdade, são atacados dispositivos de lei em tese, quais sejam, os arts. 4.º, II, 12, 13, 14 e 15 da Lei n. 14.661/2009, por vulneração ao art. 182, incisos II, III e IV da Carta Estadual. A prova documental que instruiu os autos e, bem assim, o debate sobre um possível aumento da degradação ambiental representam o pano de fundo da dialética jurídica que medeia o reconhecimento ou não da inconstitucionalidade dos dispositivos legais atacados. Bem de ver que a causa de pedir fática constante da exordial indica uma possível afronta ao texto da Constituição do Estado, principalmente pelo intitulado princípio do não retrocesso ecológico, uma vez que a conversão da Vargem do Rio do Braço, de Parque a Área de Proteção Ambiental significaria um abrandamento da limitação legal antes imposta, já que a APA seria a menos restritiva dentre as doze categorias de unidades existentes na legislação pátria. Como ensina Oswaldo Luiz Palu, "a inconstitucionalidade é a mácula da norma, a premissa para a conseqüência da inconstitucionalidade (sanção), que poderá ser a inexistência, a nulidade, a anulabilidade, a mera irregularidade etc" (in Controle de Constitucionalidade: conceito, sistemas e efeitos. São Paulo: RT, 1999, p. 65). Daí porque, somente em atos dos agentes dos Poderes Constituídos poderá residir a inconstitucionalidade. Vale dizer, portanto, que aos particulares em suas relações privadas ou mesmo em suas relações jurídico-públicas não se dirá que praticam atos inconstitucionais passíveis de censura pela corte ou tribunal constitucional onde houver. Nesse caso, as sanções serão, evidentemente, de outra ordem. Se, v.g., a família ou a sociedade não cumprirem a prestação exigida pelo art. 205 da CR/88, nem assim terão incidido em inconstitucionalidadade (...) A inconstitucionalidade que importa é aquela que atinge diretamente o texto constitucional, sem atos intermédios (PALU, Oswaldo Luiz. Controle de Constitucionalidade: conceito, sistemas e efeitos. ão Paulo: RT, 1999, p. 65). In casu, a discussão entabulada nos autos resolve-se com a confrontação dos dispositivos impugnados e a Constituição Estadual, que representa o parâmetro para a afirmação da constitucionalidade ou não da norma em apreço. Trata-se da discussão da lei em tese, objeto específico da ação direta. Deve-se, por esse motivo, afastar a preliminar de extinção do processo pela inadequação, ressalvando-se o percuciente entendimento lançado na divergência. No tocante ao mérito, a matéria aqui versada é de extrema importância, pois estão em jogo dois dos mais caros valores à sociedade: o meio ambiente e o direito de propriedade. É certo que, nesse particular, o interesse público coletivo deverá suplantar sempre o interesse meramente privado, quando o primeiro estiver, de alguma forma, sendo ameaçado pelo livre exercício do segundo. Por isso mesmo, deve-se, neste momento, confrontar os dispositivos legais aos constitucionais, no afã de identificar alguma afronta ao texto da Constituição Estadual. Pois bem. Os dispositivos impugnados estão assim redigidos: Art. 4º Fica instituído o Mosaico de Unidades de Conservação da Serra do Tabuleiro e Terras de Massiambu, com área total aproximada de 98.400 ha (noventa
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e oito mil e quatrocentos hectares), composto pelas áreas definidas como Zona de Amortecimento e Zona de Transição, incluídas nas coordenadas Planas Aproximadas (C.P.A) que compõem os Anexos I e II, partes integrantes desta Lei e, ainda, das seguintes unidades de conservação da natureza: I - omissis. II - Unidade de Uso Sustentável - Área de Proteção Ambiental da Vargem do Braço. Art. 12. Fica instituída a Área de Proteção Ambiental da Vargem do Braço - APA da Vargem do Braço - com área total aproximada de 935,00 ha (novecentos e trinta e cinco hectares) - cuja localização, limites e confrontações estão descritos no Anexo IV, parte integrante desta Lei. Art. 13. Constituem-se objetivos da APA Vargem do Braço: I - o desenvolvimento sustentável das comunidades abrangidas pela unidade de conservação; II - a proteção dos mananciais hídricos da Bacia da Vargem do Braço; III - o ordenamento da ocupação, uso e utilização do solo e das águas; IV - o disciplinamento do uso turístico e recreativo; V - a proteção dos remanescentes da mata atlântica em estágios médio e avançado de regeneração e da diversidade biológica; VI - a sustentabilidade do uso dos recursos naturais; e VII - a garantia do desenvolvimento do modelo agroecológico da Bacia do Rio Vargem do Braço, respeitando o homem preservacionista rural e possibilitando o pagamento de serviços ambientais, conforme ato a ser expedido pelo Poder Executivo. Art. 14. Caberá à Prefeitura Municipal de Santo Amaro da Imperatriz, à Concessionária Pública ou Privada, detentora da outorga de captação e uso sustentável dos recursos hídricos do Rio Vargem do Braço, à Associação Rural da Comunidade da Vargem do Braço e à Secretaria de Estado do Desenvolvimento Econômico Sustentável, a nomeação do Conselho Deliberativo, no prazo de 1 (um) ano após a publicação desta Lei, que administrará essa unidade de conservação e nomeará seu Chefe. Parágrafo único. O Conselho Deliberativo da APA da Vargem do Braço deverá ter no mínimo 5 (cinco) representantes e no máximo 10 (dez) representantes, todos residentes no Município de Santo Amaro da Imperatriz ou servidores públicos estaduais, garantida a representação paritária entre órgãos públicos e sociedade civil. Art. 15. O Plano de Manejo será elaborado pelo Conselho Deliberativo da unidade de conservação no prazo de 5 (cinco) anos a contar da data de publicação desta Lei. Dito isto, percebe-se que o intuito dos requerentes é combater, a uma só vez, a criação do Mosaico de Unidades de Conservação da Serra do Tabuleiro e Terras de Massiambu, especialmente a classificação da Vargem do Braço como unidade de uso sustentável, Área de Proteção Ambiental. É incontroverso que o Decreto Estadual n. 1.260/1975 criou o Parque Estadual Serra do Tabuleiro, abrangendo os Municípios de Florianópolis, Palhoça, Santo Amaro da Imperatriz, Águas Mornas, São Bonifácio, São Martinho, Imaruí, Garopaba e Paulo Lopes, com o objetivo de proteger e preservar os mananciais de
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água, da flora, da fauna, de determinados aspectos geológicos, da paisagem e dos locais apropriados ao lazer e à atração turística e que foi ele reclassificado pela novel legislação. Entretanto, o objetivo desta ação direta é demonstrar afronta da norma legal impugnada aos arts. 4.º, 16, caput, 181, caput, e 182, I, III e IV, da Carta Estadual. Esses dispositivos constitucionais estão assim redigidos: Art. 4º O Estado, por suas leis e pelos atos de seus agentes, assegurará, em seu território e nos limites de sua competência, os direitos e garantias individuais e coletivos, sociais e políticos previstos na Constituição Federal e nesta Constituição, ou decorrentes dos princípios e do regime por elas adotados, bem como os constantes de tratados internacionais em que o Brasil seja parte, observado o seguinte: I - as omissões do Poder Público que tornem inviável o exercício dos direitos constitucionais serão supridas na esfera administrativa, sob pena de responsabilidade da autoridade competente, no prazo de trinta dias, contados do requerimento do interessado, sem prejuízo da utilização de medidas judiciais; II - são gratuitos, para os reconhecidamente pobres, na forma da lei: a) o registro civil e a certidão de nascimento; b) a cédula individual de identificação; c) o registro e a certidão de casamento; d) o registro e a certidão de adoção de menor; e) a assistência jurídica integral; f) registro e a certidão de óbito; III - o sistema penitenciário estadual garantirá a dignidade e integridade física e moral dos presidiários, facultando-lhes assistência espiritual e jurídica, aprendizado profissionalizante, trabalho produtivo e remunerado, bem como acesso aos dados relativos a execução das respectivas penas; IV - a lei cominará sanções de natureza administrativa, econômica e financeira a entidades que incorrerem em discriminação por motivo de origem, raça, cor, sexo, idade, estado civil, crença religiosa ou de convicção política ou filosófica, e de outras quaisquer formas, independentemente das medidas judiciais previstas em lei; V - o Poder Judiciário assegurará preferência no julgamento do "habeas-corpus", do mandado de segurança e de injunção, do "habeas-data", da ação direta de inconstitucionalidade, popular, indenizar por erro judiciário e da decorrente de atos de improbidade administrativa. Art. 16. Os atos da administração pública de qualquer dos Poderes do Estado obedecerão aos princípios de legalidade, impessoalidade, moralidade e publicidade. § 1º Os atos administrativos são públicos, salvo quando a lei, no interesse da administração, impuser sigilo. § 2º A administração é obrigada a fornecer a qualquer interessado certidão ou cópia autenticada, no prazo máximo de trinta dias, de atos, contratos e convênios administrativos, sob pena de responsabilidade da autoridade competente ou do servidor que negar ou retardar a expedição. § 3º A autoridade competente terá o mesmo prazo do parágrafo anterior para atender requisições do Poder Judiciário, se outro não for o prazo por ele fixado. § 4º A lei fixará prazo para o proferimento da decisão final no processo contencioso administrativo-tributário, sob pena de seu arquivamento e da impossibilidade de revisão ou renovação do lançamento tributário sobre o mesmo
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fato gerador. (ADIN STF 124-8 - art. 16, § 4º - Liminar deferida em parte - Resultado final: procedente) § 5º No processo administrativo, qualquer que seja o objeto ou o procedimento, observar-se-ão, entre outros requisitos de validade, o contraditório, a defesa ampla e o despacho ou decisão motivados. § 6º A publicidade dos atos, programas, obras, serviços e as campanhas dos órgãos e entidades da administração pública, ainda que não custeadas diretamente por esta, deverão ter caráter educativo, informativo ou de orientação social, delas não podendo constar símbolos, expressões, nomes ou imagens que caracterizem promoção pessoal de autoridades ou servidores públicos, e serão suspensas noventa dias antes das eleições, ressalvadas as essenciais ao interesse público. Art. 181. Todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, impondo-se ao Poder Público e à coletividade o dever de defendê-lo e preservá-lo para as presentes e futuras gerações. Art. 182. Incumbe ao Estado, na forma da lei: I - preservar e restaurar os processos ecológicos essenciais e prover o manejo ecológico das espécies e ecossistemas; III - proteger a fauna e a flora, vedadas as práticas que coloquem em risco sua função ecológica, provoquem extinção de espécie ou submetam animais a tratamento cruel; IV - definir, em todas as regiões do Estado, espaços territoriais e seus componentes a serem especialmente protegidos, sendo a alteração e a supressão permitidas somente através de lei, vedada qualquer utilização que comprometa a integridade dos atributos que justifiquem sua proteção; Percebe-se que, sem exceção, que os dispositivos constitucionais dados por violados constituem-se em sua maioria de normas constitucionais de eficácia programática, ou normas-programa, que são aquelas normas constitucionais através das quais o constituinte, em vez de regular, direta e imediatamente, determinados interesses, limitou-se a traçar-lhes os princípios para serem cumpridos pelos seus órgãos (legislativos, executivos, jurisdicionais e administrativos), como programas das respectivas atividades, visando à realização dos fins sociais do Estado (SILVA, José Afonso da. Aplicabilidade das Normas Constitucionais. Ed. ão Paulo: Malheiros, 2003. p. 138). As normas constitucionais de eficácia programática indicam os fins do Estado, definem as metas esquecidas pelo liberalismo econômico. É errôneo pensar que são elas destinadas ao cidadão, porque para ele só incidem indiretamente. Na verdade, voltam-se as normas programáticas aos agentes políticos do Estado, que detém o controle das fontes normativas e dos atos de execução delas. Estão umbilicalmente atreladas à disciplina das relações econômico-sociais e, como adverte José Afonso da Silva, o problema que se coloca agudamente na doutrina recente consiste em buscar mecanismos constitucionais e fundamentos teóricos para superar o caráter abstrato e incompleto das normas definidoras de direitos sociais, ainda concebidas como programáticas, a fim de possibilitar sua concretização prática. Cogita-se de responder à seguinte questão, posta por Canotilho: "em que medida pode uma lei fundamental transformar-se em programa normativo do Estado e da sociedade. Mais concretamente: como pode (se é que pode) uma constituição servir de fundamento
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para o alargamento das tarefas estaduais e para a incorporação de fins econômico-sociais, positivamente regulantes das instâncias de regulação jurídica-" (SILVA, José Afonso da. Aplicabilidade das Normas Constitucionais. . Ed. ão Paulo: Malheiros, 2003. p. 141). O direito ao meio ambiente, expressa-se tanto na Constituição Federal, em seu art. 225, como no seu correspondente na Carta Estadual (art. 181), ao estabelecerem que "todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, impondo-se ao Poder Público e à coletividade o dever de defendê-lo e preservá-lo para as presentes e futuras gerações". Estes dispositivos constituem normas programáticas que obrigam o Poder Público e a coletividade a defender e a preservar o meio ambiente, no presente e futuro. Nesse tocante, o exame da questão não permite concluir que o disposto nos artigos da Lei impugnada contraria a Carta Estadual, porque: a) em princípio, a lei não admite a degradação ambiental, antes, a repele, definindo a Bacia da Vargem do Braço como APA (art. 4.º, II, e art. 12, da Lei 14.661/09); b) a norma impugnada estabelece o desenvolvimento sustentável das comunidades que ocupavam a área há décadas (art. 13, Lei n. 14.661/09); c) há preservação dos mananciais hídricos da Vargem do Braço (art. 13, II, Lei n. 14.661/09); c) a lei determina o ordenamento da ocupação, uso e utilização do solo e das águas (art. 13, II, Lei 14.661/09); d) no art. 14, da lei em apreço, há determinação para a criação de um Conselho Deliberativo, que ficará encarregado de administrar a unidade de conservação e, por fim; e) em seu art. 15, a norma determina a criação de um projeto de manejo, que deverá seguir as normas ambientais, visando o desenvolvimento sustentável da região. Ora, as famílias que ocupam a localidade lá estão residindo há décadas, não havendo qualquer prova ou indício de que, após o advento da novel Lei, tenha se agravado a degradação da área a preservar. Nesse tocante, basta ver a evolução da área, conforme demonstram as fotografias de fls. 118 (1978); 120 (2004); 122 (2006). À fl. 123, entretanto, figura uma grande edificação, certamente preocupante, porque, além de supostamente ocupar área de preservação ambiental, promoveu o plantio e a movimentação do solo, bem como abriu estrada, entre outras circunstâncias. Esse fato, todavia, não pode ser objeto de controle concentrado de constitucionalidade, e merece total atenção do Ministério Público, que poderá, a seu juízo, promover ação civil pública em defesa do meio ambiente. Bem se diga - e isso é inegável - que o problema ora proposto envolve questão fundiária que tem gerado estado de tensão há mais de 28 anos, provocando graves conflitos sociais, especialmente decorrentes da ocupação desordenada do solo. Colhe-se, no tocante, das informações prestadas pela Assembléia Legislativa do Estado de Santa Catarina, à fl. 294, ao referir-se ao Projeto de Lei que originou a norma ora impugnada: O Projeto de Lei reconhece patenteado o estado de tensão permanente, derivado da gravidade da questão fundiária até hoje, transcorridos quase 28 anos (vinte e oito) anos, não enfrentada pelo Estado de Santa Catarina, que originou graves conflitos sociais e econômicos, além de gerar limitações na gestão adequada do território conservado, comprometendo o desenvolvimento sustentável do patrimônio natural estadual e em especial dos Municípios abrangidos por seus
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limites. Aliem-se ainda mais, problemas relativos à ocupação desordenada do solo, principalmente na região costeira denominada Baixada do Massiambu, resultando em um imenso passivo social e legal, impondo medidas urgentes para a manutenção dos ecossistemas referidos no ato de criação do Parque. Para os órgãos responsáveis pela edição da norma em apreço, o Projeto de Lei e a própria Lei atacada baseiam-se nas premissas de proteção ambiental; equacionamento dos conflitos sociais e o reordenamento urbano e rural, além da sustentabilidade econômica e financeira. Portanto, ao menos em tese, pretendeu-se resolver os grandes problemas locais de ocupação desordenada do solo e de proteção ambiental. Conciliá-los, realmente, consubstancia a tarefa mais complexa. A controvérsia foi submetida à Secretaria de Biodiversidade e Florestas, integrada ao Ministério do Meio Ambiente, que emitiu parecer. Dentre as suas considerações, destacam-se as seguintes: 2.1 O Parque Estadual Serra do Tabuleiro (PEST), com seus 87.405 hectares, é a maior unidade de Conservação de Proteção Integral do Estado de Santa Catarina, abrangendo aproximadamente 1% to território do Estado. Essa unidade de conservação protege importantes remanescentes de formações florestais e ecossistemas associados do Bioma Mata Atlântica: restingas, manguezais, floresta ombrófila mista e campos de altitude, distribuídos em ilhas, praias, planícies e montanhas nos nove municípios cujos territórios estão especialmente abrangidos pelo Parque. Segundo informação proveniente da Fundação de Meio Ambiente do Estado de Santa Catarina - FATMA (www.fatma.sc.gov.br) o PEST engloba, além da porção continental, as ilhas de Fortaleza/Araçatuba, Andrade, Papagaio Pequeno, Três Irmãs, Moleques do Sul, Siriú, Coral, dos Cardos e a ponta sul da Ilha de Santa Catarina (...). O PEST abriga mananciais que fornecem água potável para centenas de milhares de habitantes da Grande Florianópolis, e também para inúmeros processos de produção agrícola, pecuária e industrial, mostrando-se essencial para a sustentabilidade sociambiental da região (fl. 345). A polêmica em torno da Lei n. 14.661/2009 resulta, como dito, de conflitos e tentativas de conciliação históricas, entabuladas entre moradores locais e órgãos imbuídos da defesa ambiental. Claramente, a discussão acentuou-se quando o Executivo, antes mesmo de ultimadas as reuniões do chamado Grupo de Trabalho - GT/Fórum, instado pelo Fórum Parlamentar do Parque Estadual Serra do Tabuleiro, de iniciativa da Assembléia Legislativa, encaminhou a esta última o Projeto de Lei que resultou na aprovação da norma sob enfoque. Acerca desse problema, a Secretaria de Biodiversidade e Florestas sublinhou (fl. 346): Antecipando-se à conclusão dos trabalhos do GT/Fórum, e aos encaminhamentos formais do Fórum Parlamentar, o Poder Executivo Estadual, no início de novembro de 2008, encaminhou à Assembléia Legislativa do Estado de Santa Catarina o Projeto de Lei Estadual 0347/2008. Ao que consta, o referido PL opõe-se ao esforço interinstitucional em torno da implantação efetiva daquela importante Unidade de Conservação. 2.8. Segundo informação proveniente de relatos do GT, destaca-se que ao longo de quase três anos o trabalho do Fórum envolveu dezenas de reuniões,
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possibilitando a participação de representantes das comunidades envolvidas, assim como a elaboração de levantamentos e estudos que subsidiaram o conjunto das propostas de solução para os problemas existentes no Parque, o qual deverá ser ainda objeto de análise do referido Fórum Parlamentar. 2.9 Segundo manifestações de lideranças e autoridades locais, a remessa do PL 347.3/2008, teria ignorado o histórico e os resultados alcançados anteriormente. Além disso, o projeto teria criado uma proposta elaborada à revelia do processo interinstitucional acima mencionado. Ao que consta, o PL apresenta conflitos objetivos com a legislação ambiental vigente. O Ministério do Meio Ambiente, em seu parecer, trouxe aos autos importante consideração: tanto o Projeto, como a Lei que dele resultou, supostamente apresentaram conflitos com a Legislação Federal em vigor. Entre os conflitos infraconstitucionais que arrolou, citam-se, para exemplificar (fl. 348): Quando refere-se ao mosaico, o PL não incorpora o disposto nos artigos 26 da Lei Federal n. 9.985/00 (SNUC), e 27 da Lei Estadual n. 11.986/01 (SEUC). É que a legislação vigente pressupõe a existência prévia de um conjunto de unidades de conservação de categorias diferentes ou não, próximas, justapostas ou sobrepostas, e outras áreas protegidas públicas ou privadas. Assim, tecnicamente, quando houver essa realidade que constitua um mosaico, a gestão do conjunto deverá ser feita de forma integrada e participativa, considerando-se os seus distintos objetivos de conservação, de forma a compatibilizar a presença da biodiversidade, a valorização da sociodiversidade e o desenvolvimento sustentável no contexto regional. Assim, segundo o Decreto n. 4.340/2002, que regulamenta a Lei 9985/00, seria pressuposto a existência prévia das unidades de conservação, possibilitando o reconhecimento do mosaico pelo Ministério do Meio Ambiente, a pedido dos órgãos gestores das unidades. Considerando que a lógica da constituição de mosaicos de áreas protegidas, assim como preceitua a Lei 9985/00 e o Decreto 4340/02, seria facilitar e implementar a gestão integrada de áreas sob administração de órgãos diferentes, não faria sentido a criação de um mosaico de unidades de conservação estaduais que são na prática administradas pelo mesmo órgão. Segundo o Decreto 4.340/02, o mosaico é reconhecido por ato do Ministério do Meio Ambiente a pedido dos órgãos gestores das unidades (art. 8.º). Assim, ao que parece, é possível que exista afronta a dispositivos infraconstitucionais, o que não rende ensejo, é consabido, ao controle concentrado de constitucionalidade. Inclina-se a solução da celeuma ao decreto de improcedência da demanda. Feita a consideração quanto à norma estadual atacada, deve-se sublinhar a respeitável decisão monocrática da lavra do eminente Desembargador Luiz Carlos Freyesleben, que detectou que (fl. 405): Fotografias aéreas recentemente tiradas da região da Vargem do Braço (fls. 106-126), que demonstram a devastação de extensas áreas de floresta para construção de mansões sem qualquer tipo de tratamento do esgoto (existem casas até mesmo às margens do rio - fl. 110), e também para a exploração da agricultura, com utilização do maquinário especializado para plantio e colheita. E complementou (fl. 405): Desse modo, penso que esta porção de terras, de onde nasce 80% da água
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potável que abastece a Grande Florianópolis, não pode ficar, por ora, disponível ou à mercê da exploração humana, pois isto significa colocar em risco não só a saúde e a dignidade de milhares de catarinenses, mas também a garantia de vida das futuras gerações, que dependem destes recursos naturais para subsistirem. Embora o fato possa ser considerado grave, tem-se por certo que as irregularidades perpetradas pelos particulares não se iniciaram com o advento da lei, sendo factível presumir que eram anteriores a ela e já contrariavam o ordenamento jurídico. Entretanto, como antes frisado, sob a ótica das duas normas em debate (revogada e revogadora), não há autorização, como é intuitivo, para poluição das fontes de água potável, sendo a Lei n. 14.661/09 inequívoca nesse sentido. Vale dizer que, in casu, o que não era permitido no tocante à proteção dos mananciais hídricos naquela região pela norma revogada, também é vedado na novel legislação. Portanto, nada muda em relação ao confronto do texto legal e as normas programáticas da Constituição do Estado. Em princípio, eventual violação aos dispositivos de Lei deve ser resolvido em sede ação própria, qual seja, a ação civil pública. Ressoa claro na lição de Américo Bedê Freire Júnior: Há que falar, atualmente, em um efetivo direito à tutela metaindividual. Na Constituição Federal de 1988, reforça-se a necessidade de uma nova visão processual, posto que a Carta Magna contém inúmeros dispositivos que implicam a fixação de direitos subjetivos transindividuais (por exemplo, o art. 225, ao tratar do meio ambiente) e, como é cediço que não se pode mais aceitar passivamente a argumentação de que a Constituição escrita não passa de uma mera folha de papel (Lassale), sobressai a necessidade de o processo fornecer mecanismos hábeis para que se possa atingir o que Loewenstein denominava de Constituição normativa. Destaca-se, então, a ação civil pública como forma de permitir que políticas públicas (saúde, educação, escola e quejandos) sejam determinadas em prol da efetividade da Constituição. Nesse diapasão, vale trazer à tona decisão do STJ assim ementada: "Administrativo e processo civil. Ação civil pública. Ato administrativo discricionário: Nova visão. 1. Na atualidade, o império da lei e o seu controle, a cargo do Judiciário, autorizam que se examinem, inclusive, as razões de conveniência e oportunidade do administrador. 2. Legitimidade do Ministério Público para exigir do Município a execução de política específica, a qual se tornou obrigatória por meio de resolução do Conselho Municipal dos Direitos da Criança e do Adolescente. Tutela específica para que seja incluída verba no próximo orçamento, a fim de atender as propostas políticas certas e determinadas. 4. Recurso especial provido (inserta na Revista de Dialética Processual 14/120). A tutela coletiva tem condições de instrumentalizar o controle de políticas públicas de modo a fornecer à Constituição densidade suficiente para a tutela de direitos transindividuais. Nesse contexto, é de ser repensada a atuação do Parquet, vez que a Constituição Federal de 1988 viabilizou um novo papel ao Ministério Público, colocando no fortalecimento dessa instituição a esperança de que existisse um órgão capaz de viabilizar, pelo direito de ação, a implementação dos nobres ditames do Estado Democrático de Direito (in O Controle Judicial de Políticas Públicas. São Paulo: RT, 2005. p. 97). Cabe, portanto, ao órgão Ministerial provocar, se assim o entender, a competente ação coletiva visando a restituição das áreas atingidas pela degradação
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ambiental, devolvendo o meio ambiente ao status quo ante, servindo-se, desde logo, da legislação vigente. Ao depois, cabe considerar, é certo que as leis regularmente editadas pelo Poder Legislativo gozam de presunção de constitucionalidade, daí porque somente a certeza da inconstitucionalidade dos dispositivos legais atacados permitiria o decreto extremo, o que, na espécie, não ocorre. Nesse tocante, As normas ordinárias e mesmo as complementares são legítimas quando se conformam, formal e substancialmente, com os ditames da constituição. Importa dizer: a legitimidade dessas normas decorre de uma situação hierárquica em que as inferiores recebem sua validade da superior. São legítimas na medida em que sejam constitucionais, segundo um princípio de compatibilidade vertical (SILVA, José Afonso da. Aplicabilidade das Normas Constitucionais. . Ed. ão Paulo: Malheiros, 2003. p. 55). Assim, inexistindo na Lei 14.661/09 afronta direta à Constituição do Estado, e não configurado o aludido retrocesso com a reclassificação do Parque Estadual Serra do Tabuleiro, uma vez que a preservação do meio ambiente ainda está em pauta na legislação catarinense, tampouco evidenciado o aumento da degradação ambiental pela comunidade que habita o Parque da Serra do Tabuleiro há décadas, não há como reconhecer a inconstitucionalidade.
DECISÃO
Ante o exposto, por votação unânime, rejeita-se a preliminar de extinção
da ação por inadequação e, no mérito, por maioria de votos, por maioria, julga-se improcedente a demanda, vencidos os Excelentíssimos Senhores Desembargadores Lédio Rosa de Andrade, Carlos Prudêncio, Trindade dos Santos, José Volpato de Souza e Salim Schead dos Santos, que votaram pela procedência da ação. O julgamento, realizado no dia 20 de julho de 2011, foi presidido pelo Excelentíssimo Senhor Desembargador Trindade dos Santos, com voto, e dele participaram os Desembargadores Pedro Manoel Abreu-Relator, Cláudio Barreto Dutra, Mazoni Ferreira, Irineu João da Silva, Vanderlei Romer, Eládio Torret Rocha, Nelson Schaefer Martins, José Volpato de Souza, Sérgio Roberto Baash Luz, Fernando Carioni, Cesar Abreu, Salete Silva Sommariva, Ricardo Fontes, Salim Schead dos Santos, Jaime Ramos, Newton Janke, Lédio Rosa de Andrade, Carlos Prudêncio e Gaspar Rubik. Florianópolis, 29 de julho de 2011.
Pedro Manoel Abreu
RELATOR
Gabinete Des. Pedro Manoel Abreu-DAKF
Declaração de voto vencido do Exmo. Sr. Des. Luiz Carlos Freyesleben
Ousei divergir da douta maioria pelas razões já expostas na decisão em
que deferi, ad referendum do Tribunal Pleno, o pedido liminar formulado nesta ação direta de inconstitucionalidade (fls. 396-412). Florianópolis, 20 de outubro de 2009
Luiz Carlos Freyesleben
DESEMBARGADOR
Declaração de voto vencido do Exmo. Sr. Des. Luiz Cézar Medeiros
Divergi da douta maioria escudado nos
fundamentos aduzidos no voto do eminente Desembargador Luiz Carlos Freyesleben, relator originário. Florianópolis, 21 de outubro de 2009.
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