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TJ/MS mantém condenação de

agricultor que causou incêndio em


vegetação
Os desembargadores da 2ª Câmara Criminal, por unanimidade, negaram
provimento ao recurso interposto por um agricultor condenado a três anos e 11
meses de reclusão, em regime aberto, além do pagamento de 61 dias-multa,
por causar incêndio em vegetação, crime previsto no artigo 250 do Código
Penal.

A defesa pugnou a absolvição do réu por insuficiência de prova da autoria


delitiva e, subsidiariamente, a desclassificação do crime para a modalidade
culposa. A Procuradoria-Geral de Justiça opinou pelo não provimento do
recurso.

Narra o processo que no dia 22 de maio de 2019, na zona rural de Terenos, o


réu ateou fogo na área de pastagem do lote vizinho ao seu. O fogo alastrou-se
rapidamente, queimando vegetação e árvores do local, causando danos
materiais ao proprietário do lote vizinho e ao meio ambiente.

Para o relator do processo, Des. José Ale Ahmad Netto, a condenação deve ser
mantida. Em seu voto, lembrou que a denúncia está alicerçada em prova
consistente de materialidade e autoria delitiva e apontou que o réu não trouxe
aos autos elementos de convencimento capazes de infirmar a tese acusatória ou
mesmo suscitar dúvida nesse sentido.

O desembargador transcreveu os fundamentos da sentença de primeiro grau


que, em seu entender, muito bem sintetizam o conjunto probatório, os quais ele
adotou como razão de decidir.

“A versão apresentada pelo recorrente no interrogatório é diametralmente


oposta àquela oferecida à autoridade policial e nos autos não se vislumbra
motivo para tamanha divergência. A negativa do réu não possui substrato
probatório mínimo nos autos: ao contrário, há descrição fática de que estava em
sua propriedade na data dos fatos. Foram relatados, inclusive, envolvimentos
anteriores com incêndios, não reportados às autoridades competentes”,
ressaltou o relator.
Na análise do magistrado, o testemunho da vítima confirma tudo o que se
obteve a partir dos elementos de informação colhidos durante a fase de
inquérito, oposto do que ocorreu com o réu.

Quanto ao pedido de desclassificação para a modalidade culposa, o relator


afirmou que nada há nos autos que permita a conclusão que o incêndio foi
provocado por imperícia, negligência ou imprudência, mas sim, por atitude
deliberada de cometer o delito, conforme atestado por laudo pericial. “Diante
disso, nego provimento ao recurso”, concluiu.

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