Você está na página 1de 27

ALEXANDRE LEARDINI

ADVOGADO – OAB/SP 116.937

EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA 2ª VARA DA

FAZENDA PÚBLICA DA COMARCA DE CAMPINAS

Processo nº 1000379–04.2022.8.28.0114

LAURO PÉRICLES GONÇALVES, brasileiro, casado,

advogado, portador da cédula de identidade RG nº 7.363.531 SSP/SP, inscrito no

CPF/ME sob o nº 023.099.208-00, domiciliado e residente na Rua Santa Cruz, nº 474,

Ap. 111, Condomínio Residencial Gasparetto, Cambuí, em Campinas/SP, CEP 13024-

100, pelo advogado e procurador infra firmado (ut mandato), nos autos da Ação de

Responsabilidade Civil por Atos de Improbidade Administrativa c.c. Reparação de

Dano ao Erário que lhe promove o MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DE

SÃO PAULO, com arrimo no Art.335 do Código de Processo Civil, e demais

disposições legais aplicáveis, debaixo de merecida vênia e profundo respeito, no prazo

legal, oferece resposta sob a forma de

CONTESTAÇÃO

e, a esse propósito, passa a alinhavar suas razões fáticas e jurídicas.

Praça Dona Olivia Guedes Penteado, 136 Tel:. (19) 993480868


Jardim Chapadão – Campinas – SP – CEP 13070-061 aleardini@gmail.com
ALEXANDRE LEARDINI
OAB/SP 116.937

I- TEMPESTIVIDADE

O prazo de 30 dias úteis para apresentação de defesa por todos

os demandados, conta-se a partir da juntada do mandado citatório de fls. 195, ocorrida

em 30/11/2022.

Considerando o feriado do dia da Justiça em 09/12/2022,

conforme Provimento CSM 2677/2022, e a suspensão dos prazos processuais devido ao

recesso de final de ano e férias forenses, de 20/12/2022 à 31/12/2022 e de

01/01/2023 à 06/01/2023, recesso forense, de 07/01/2023 à 20/01/2023, férias

forenses, conforme Art. 116, § 2º do RITJSP, e Art. 220 do CPC, o dies ad quem será em

14/02/2023, de forma que a resposta protocolada nesta data é tempestiva.

II- INTRODUÇÃO

O Ministério Público do Estado de São Paulo ajuizou a presente

ação de responsabilidade civil por ato de improbidade administrativa c.c. ressarcimento

de danos em face do Requerido e outros agentes públicos, baseado no Inquérito Civil n°

14.0713.000128/2020-72.

A instauração do referido inquérito se deu após representação

encaminhada pelo E. Tribunal de Contas do Estado de São Paulo, que julgou irregular a

prestação de contas da SANASA-Sociedade de Abastecimento de Água e Saneamento

S.A., referente ao balanço geral do exercício de 2011, nos autos TC 250/026/11, com

sentença foi proferida em 10/02/2017 e acórdão publicado em 10/05/2019.

Praça Dona Olivia Guedes Penteado, 136 Tel:. (19) 993480868


Jardim Chapadão – Campinas – SP – CEP 13070-061 aleardini@gmail.com
ALEXANDRE LEARDINI
OAB/SP 116.937

Pretende o ilustre Parquet por meio desta ação a condenação

dos Requeridos em ressarcimento de danos causados ao erário, por suposta prática de

atos de improbidade administrativa que teriam se efetivado por meio de doações

supostamente irregulares.

Alega o digno representante Ministerial que essas doações

seriam desprovidas de amparo legal e interesse público.

Assevera, também, que as referidas doações não teriam relação

com as finalidades institucionais da SANASA S.A. e, ainda, não teriam sido precedidas

de procedimento administrativo e de fiscalização sobre o destino dos valores doados

aos beneficiários, “Movimento Vida Melhor”, “Projeto Guadalupara” e “Conselho

Nacional de Defesa Ambiental-CNDA”.

Entretanto, o Autor reconhece que a presente Ação de

Improbidade Administrativa já se encontra prescrita em relação a este Requerido, tanto

pelo disposto na Lei nº 8.429/92, quanto pela Lei nº 14.230/21, limitando-se ao pedido

inaugural de condenação ao ressarcimento de dano ao erário, sem qualquer outro

pedido de condenação especificada do Art. 12 da Lei de Improbidade Administrativa.

Contudo, razão não lhe assiste, inexistindo fato que autorize a

condenação do Requerido almejada pelo digno Parquet, conforme demonstração em

frente.

III- PRELIMINARMENTE,

Praça Dona Olivia Guedes Penteado, 136 Tel:. (19) 993480868


Jardim Chapadão – Campinas – SP – CEP 13070-061 aleardini@gmail.com
ALEXANDRE LEARDINI
OAB/SP 116.937

Antes de tudo, destaca-se que a exordial é abstrata e genérica,

beirando a inépcia, pois não há nos autos sequer indícios que possam dar mínima

sustentação a alegada prática de conduta ímproba por parte deste Requerido, não só

pela ausência dos requisitos legais necessários para a tipificação das condutas de

improbidade administrativas imputadas (Art. 10, inc. XII ou, subsidiariamente, Art. 11

ambos da Lei nº 8.429/92 ou, ainda, Art. 10, inciso XII da Lei nº 14.230/21), como

também por total ausência de elementos probatórios.

É, portanto, desprovida de fundamentos fáticos e jurídicos,

devendo desta forma, ser considerada improcedente em face deste Requerido, senão

veja-se.

3.1- DA RETROATIVIDADE DOS DISPOSITIVOS MAIS BENÉFICOS

INTRODUZIDOS NO ORDENAMENTO PELA LEI Nº 14.230/21

De proêmio, verifica-se que a Lei nº 8.429/1992 (LIA) sofreu

profundas alterações com a entrada em vigor da Lei nº 14.230/2021 que introduziu no

ordenamento jurídico Pátrio dispositivos legais mais benéficos ao Requerido.

À semelhança do que ocorre em matéria penal, no Direito

Administrativo Sancionador (Direito Público Sancionador) há a incidência de

princípios, especialmente os direitos e garantias individuais e os princípios

fundamentais consagrados no texto Constitucional, da qual faz parte o princípio da

retroatividade da lei mais benéfica prevista no art. 5°, inc. XL, da CF 1.

1 a lei penal não retroagirá, salvo para beneficiar o réu.

Praça Dona Olivia Guedes Penteado, 136 Tel:. (19) 993480868


Jardim Chapadão – Campinas – SP – CEP 13070-061 aleardini@gmail.com
ALEXANDRE LEARDINI
OAB/SP 116.937

Ensina o i. jurista Marçal Justen Filho 2 que apesar da

Constituição se referir à “lei penal”, é evidente que essa garantia se estende a qualquer

norma de natureza punitiva, uma vez que não existe qualquer característica

diferenciada da lei penal que propicie a retroatividade da lei punitiva não penal.

Como bem salientam os juristas Daniel Amorim Assumpção

Neves e Rafael Carvalho Rezende Oliveira 3 a aplicação da retroatividade da norma

sancionadora mais benéfica também encontra previsão no Art. 9° do Pacto de São José

da Costa Rica, que não restringe a aplicação deste princípio ao Direito Penal.

Nessa esteira, data vênia, nas hipóteses em que a novel

legislação altera os elementos constitutivos do tipo, especificamente para excluir a

ilicitude de certas condutas, a norma sancionatória mais benéfica deve ser aplicada.

Assim, a regra superveniente deve ser aplicada,

retroativamente, para alcançar condutas que, até então, eram reputadas como ilícita,

em razão da atual atipicidade que não mais autoriza a punição.

Tanto que o preceito gizado no Art. 1°, §4º, da LIA, inserido pela

Lei nº 14.230/2021, determina a aplicação dos princípios constitucionais do Direito

Administrativo Sancionador ao sistema de improbidade, verbis:

2 Marçal Justen Filho - Reforma da lei de improbidade administrativa comentada e comparada: Lei

14.230, de 25 de outubro de 2021, 1ª Edição, RJ, Forense, 2022, p. 292


3 Daniel Amorim Assumpção Neves e Rafael Carvalho Rezende Oliveira - Improbidade Administrativa:

Direito Material e Processual 9ªediçao revista atualizada e ampliada: Gen/Editora Forense, 2022. p.28
5

Praça Dona Olivia Guedes Penteado, 136 Tel:. (19) 993480868


Jardim Chapadão – Campinas – SP – CEP 13070-061 aleardini@gmail.com
ALEXANDRE LEARDINI
OAB/SP 116.937

Art. 1º O sistema de responsabilização por atos de

improbidade administrativa tutelará a probidade na organização do

Estado e no exercício de suas funções, como forma de assegurar a

integridade do patrimônio público e social, nos termos desta Lei.

§ 4º Aplicam-se ao sistema da improbidade disciplinado

nesta Lei os princípios constitucionais do direito administrativo

sancionador.

Nesse sentido, o e. Tribunal de Justiça de São Paulo tem

admitido a retroatividade da lei mais benéfica em razão do seu caráter sancionatório

desde a vigência da LF nº 14.230/2021, nas diversas Câmaras, verbis:

“APELAÇÃO AÇÃO CIVIL POR ATO DE IMPROBIDADE

ADMINISTRATIVA DANO AO ERÁRIO E VIOLAÇÃO AOS

PRINCÍPIOS DA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA. Não se olvide

que por se tratar de legislação superveniente própria do direito

material sancionador (art. 1º, §4º, da LF nº 8.429/92, com a

redação atribuída pela LF nº 14.230/2021), suas disposições

devem ser aplicadas de imediato e, inclusive, retroativamente,

desde que para beneficiar o réu (art. 5º, inciso XL, da

CF/889).”4

4 TJ-SP Apelação nº 1000554-80.2019.8.26.0638. 4ª Câmara de Direito Público. Des. Relator: Paulo

Barcellos Gatti. Julg.: 03/12/2021


6

Praça Dona Olivia Guedes Penteado, 136 Tel:. (19) 993480868


Jardim Chapadão – Campinas – SP – CEP 13070-061 aleardini@gmail.com
ALEXANDRE LEARDINI
OAB/SP 116.937

“7. Superveniência da Lei n. 14.203/2021 que, em seu artigo 1º,

§4º estabelece ao sistema de improbidade a aplicação dos

princípios constitucionais do Direito Administrativo

Sancionador. Retroatividade da norma mais benéfica, por

disposição específica da mesma (art. 1.º §4.º). Supressão das

modalidades culposas. Atos de improbidade administrativa

somente dolosos, não verificados na espécie. Ausência de má-fé

no trato com o dinheiro público ou obtenção de vantagem.

Negligência durante a gestão. 8. Sentença reformada. Decreto

de improcedência da ação. Recurso provido. [...] Por essa razão,

de rigor o provimento do recurso interposto pelo réu e a

consequente inversão da sentença para julgar improcedente o

pedido inicial, por força da superveniência da Lei nº

14.230/2021, aplicada ao caso concreto, cuja retroatividade é

prevista em seu artigo 1º, §4º.”5

“Observe-se, por fim, que não há prova de dolo, elemento

subjetivo essencial para a configuração da improbidade

administrativa, conforme dispõe a Lei 8.429/92, com a redação

dada pela Lei 14.230/2021, que comporta aplicação retroativa

por seu caráter sancionatório e por beneficiar o réu.”6

5 TJ-SP Apelação nº 1001594-31.2019.8.26.0369. 9ª Câmara de Direito Público. Des. Relator: Oswaldo

Luiz, Julg. 10/11/2021


6 TJ-SP Apelação Cível, 10ª Câmara de Direito Público, Des. Relatora: Teresa Ramos Marques, Julg.

16/11/2021.
7

Praça Dona Olivia Guedes Penteado, 136 Tel:. (19) 993480868


Jardim Chapadão – Campinas – SP – CEP 13070-061 aleardini@gmail.com
ALEXANDRE LEARDINI
OAB/SP 116.937

Além disso, essa já era a tendência predominante da

jurisprudência em nossas Cortes Superiores, a exemplo do julgamento do

Tema 1.199 pelo c. Supremo Tribunal Federal, em sede de repercussão

geral, que revogou a modalidade culposa de improbidade, retroagindo aos

fatos anteriores que não tiveram condenação transitada em julgado.

Portanto, data máxima vênia, conclui-se que os dispositivos

supervenientes mais benéficos trazidos pela Lei nº 14.230/21 devem ser aplicados ao

presente caso, retroativamente, conforme o disposto na Constituição Federal, normas

infraconstitucionais e precedentes de nossas Cortes Superiores, o que fica requerido.

IV - MÉRITO

4.1- DA PREJUDICIAL: PRESCRIÇÃO DA PRETENSÃO PUNITIVA

Na prefacial, o Ministério Público reconhece que em relação a

este Requerido a presente Ação de Improbidade Administrativa se encontra prescrita,

tanto pelo disposto na Lei nº 8.429/92, quanto pelas alterações introduzidas pela Lei

nº 14.230/21.

Porém, sem respaldo na atual legislação, propôs a presente ação

de reparação de danos ao erário totalmente improcedente, como será demonstrado em

frente.

Importante salientar que o c. Supremo Tribunal Federal, em

sede de repercussão geral, decidiu que somente são imprescritíveis as ações de

ressarcimento ao erário resultante de prática de ato de improbidade administrativa

dolosa, verbis:

Praça Dona Olivia Guedes Penteado, 136 Tel:. (19) 993480868


Jardim Chapadão – Campinas – SP – CEP 13070-061 aleardini@gmail.com
ALEXANDRE LEARDINI
OAB/SP 116.937

“São imprescritíveis as ações de ressarcimento ao erário

fundadas na prática de ato doloso tipificado na Lei de

Improbidade Administrativa”.7

Desta maneira, como não há na petição inicial sequer descrição

de conduta dolosa praticada por este Requerido, quanto mais que se enquadre no tipo

delitivo da improbidade administrativa prevista pela Lei nº 8.429/92, a pretensão

exordial de ressarcimento não resiste a perfunctório exame jurídico, pois está, à

evidência plena, fulminada pela prescrição, uma vez transcorrido o prazo legal de 5

(cinco) anos entre a data de sua desvinculação do cargo de presidente da SANASA S.A

(2013) e a propositura da presente demanda, ex vi legis do Art.23, inciso I, da Lei nº

8.429/92.

Acresce que, a ausência de descrição de conduta dolosa

praticada pelo Requerido, quanto mais demonstração e comprovação, enseja a

atipicidade ato de improbidade pois sem dolo não há que se falar improbidade

administrativa e, consequentemente, inexiste dano ao erário e qualquer valor a ser

ressarcido aos cofres públicos, ex vi da Lei nº 14.230/21.

4.2- DA COMPROVADA IMPOSSIBILIDADE JURÍDICA DE EXISTÊNCIA

DE MÁ-FÉ NA CONDUTA DO REQUERIDO – INCORRÊNCIA DE ATO DE

IMPROBIDADE ADMINISTRATIVA DE ACORDO COM A LIA

O digno Parquet fundamenta o pedido na alegação de ter

existido má-fé na conduta do Requerido, porque conhecida a sentença proferida pelo E.

7 STF. Plenário.RE 852475/SP, Rel. orig. Min. Alexandre de Moraes, Rel. p/ acórdão Min. Edson Fachin, j.

em 08/08/2018 - Repercussão Geral Tema 897.


9

Praça Dona Olivia Guedes Penteado, 136 Tel:. (19) 993480868


Jardim Chapadão – Campinas – SP – CEP 13070-061 aleardini@gmail.com
ALEXANDRE LEARDINI
OAB/SP 116.937

Tribunal de Contas, nos autos do TC 11585/026/08, e tinha prévia ciência dos autos do

processo nº 1028159-60.2015.8.26.0114 (ação de improbidade administrativa).

É incontroverso que o Dr. LAURO PÉRICLES

GONÇALVES deixou o cargo na SANASA S.A. no ano de 2013.

É incontroverso também que a SANASA S.A. recorreu da

referida sentença do Tribunal de Contas, de sorte que as doações realizadas no

exercício de 2011 ao CNDA foram feitas com base em parecer jurídico,

consubstanciado na tese do recurso interposto pela SANASA S.A. contra a sentença do

TC, de forma que a matéria encontrava-se pendente de decisão definitiva.

Como se verifica no documento encartado às fls. 242,

somente em 10/01/2015 é que foi proferido acórdão pelo TC e em

19/01/2015 que houve o trânsito em julgado!

De igual modo, a ação de improbidade administrativa,

processo nº 1028159-60.2015.8.26.0114, foi ajuizada no ano de 2015,

exatamente em seguida ao trânsito em julgado da sentença do TC, ou seja,

muito tempo depois que o Requerido já tinha deixado o cargo.

Assim, impossível considerar que o Dr.

LAURO PÉRICLES GONÇALVES agiu com má-fé ao assinar as

doações, tendo deixado o cargo no ano de 2013!

10

Praça Dona Olivia Guedes Penteado, 136 Tel:. (19) 993480868


Jardim Chapadão – Campinas – SP – CEP 13070-061 aleardini@gmail.com
ALEXANDRE LEARDINI
OAB/SP 116.937

Veja, Excelência, que a conduta do Requerido não

seria considerada ilícita nem na vetusta legislação, pois a prática do ato

administrativo com base em parecer jurídico afasta a culpa, quanto mais o

dolo (LIA, art. 21, §§ 1º e 2º)!

Além disso, todas as doações exigiram contrapartida que foram

realizadas, não havendo assim como se cogitar que o Requerido obteve algum proveito

com essas doações.

A SANASA S.A., por sua vez, obteve benefício fiscal com as

doações realizadas, de sorte que não há que se falar em dano ao erário.

4.3- DA ATIPICIDADE DAS CONDUTAS IMPUTADAS AO REQUERIDO -

AUSÊNCIA DE REQUISITOS LEGAIS PARA CONFIGURAÇAO DE

IMPROBIDADE ADMINISTRATIVA

Ainda que seja superada a prejudicial acima, no que tange ao

meritum causae, melhor sorte não terá o digno Parquet.

A doutrina conceitua improbidade administrativa, do ponto de

vista material, como sendo uma conduta desonesta e desleal. A desonestidade

consubstancia-se na manifestação direta em sentido oposto a probidade, a decência, a

moral e aos costumes; enquanto a deslealdade é a quebra da lealdade que, no caso,

decorre do abuso das prerrogativas administrativas que foram facultadas para o

desempenho de determinada atividade administrativa.8

8 Calil Simão. Improbidade Administrativa. Teoria e Prática. 6ª Edição, Ed. Mizuno, pág. 59
11

Praça Dona Olivia Guedes Penteado, 136 Tel:. (19) 993480868


Jardim Chapadão – Campinas – SP – CEP 13070-061 aleardini@gmail.com
ALEXANDRE LEARDINI
OAB/SP 116.937

Atribuir a pecha de desonesto e desleal ao Dr. LAURO

PÉRICLES GONÇALVES é uma heresia cometida apenas por quem não o

conhece como pessoa e administrador público que dedicou sua vida ao

município de Campinas, fatos notórios e encontrados facilmente.

O Ministério Público, entretanto, ousou propor a ação baseado

em conjecturas genéricas insustentáveis, sem qualquer verossimilhança, mormente em

relação à pessoa do Requerido.

Não há na prefacial sequer a descrição e

individualização de condutas, quanto mais demonstração do nexo

causal entre a conduta de cada Requerido e o suposto resultado

lesivo ao erário, muito menos a descrição do modo de

enriquecimento ilícito de cada agente público.

Inegável, assim, que a ação proposta carece da descrição,

demonstração e comprovação de qualquer conduta dolosa deste Requerido, tal como

impõem as substanciais alterações ocorridas na LIA, como se verifica no comando legal

do Art.17, § 6 da Lei 14.230/21, verbis:

Art. 17. A ação para a aplicação das sanções de que trata

esta Lei será proposta pelo Ministério Público e seguirá o procedimento

comum previsto na Lei nº 13.105, de 16 de março de 2015 (Código de

Processo Civil), salvo o disposto nesta Lei.

12

Praça Dona Olivia Guedes Penteado, 136 Tel:. (19) 993480868


Jardim Chapadão – Campinas – SP – CEP 13070-061 aleardini@gmail.com
ALEXANDRE LEARDINI
OAB/SP 116.937

§ 6º A petição inicial observará o seguinte:

I - deverá individualizar a conduta do réu e apontar os

elementos probatórios mínimos que demonstrem a ocorrência das

hipóteses dos arts. 9º, 10 e 11 desta Lei e de sua autoria, salvo

impossibilidade devidamente fundamentada;

II - será instruída com documentos ou justificação que

contenham indícios suficientes da veracidade dos fatos e do dolo imputado

ou com razões fundamentadas da impossibilidade de apresentação de

qualquer dessas provas, observada a legislação vigente, inclusive as

disposições constantes dos arts. 77 e 80 da Lei nº 13.105, de 16 de março de

2015 (Código de Processo Civil).

Como se vê, para que ações desta natureza tenham

chance de prosperar a lei exige a demonstração efetiva e devidamente

comprovada da existência do ato ilícito.

Para tanto, de acordo com o Art.17, § 6 da Lei

14.230/21, a petição inicial deveria conter a descrição e comprovação da

conduta “dolosa”, sua autoria, o resultado lesivo como também o elemento

anímico, sem o qual não há que se falar em responsabilidade civil de

reparação do dano!!!

À evidência, a petição inicial, ora respondida, não cumpre os

requisitos legais acima transcritos, haja vista que a causa de pedir está lastreada apenas

em alegações infundadas que jamais caracterizariam as condutas tipificadas no Art. 10,

13

Praça Dona Olivia Guedes Penteado, 136 Tel:. (19) 993480868


Jardim Chapadão – Campinas – SP – CEP 13070-061 aleardini@gmail.com
ALEXANDRE LEARDINI
OAB/SP 116.937

inciso XII ou Art. 11° ambos da Lei nº 8.429/92, tampouco a almejada tese subsidiária

de enquadramento no Art. 10°, inciso XII, da Lei nº 14.230/21.

4.4- DA AUSÊNCIA DE DESCRIÇÃO NA PETIÇÃO INICIAL DE CONDUTA

DOLOSA DIRETA ESPECÍFICA

Em relação ao elemento subjetivo exigido pela lei para os atos

de improbidade administrativa, narra o Ministério Pùblico na petição inicial que

“Ainda que, supostamente, houvesse dificuldade em se identificar o dolo direto nas

suas condutas, não se poderia negar a existência do dolo eventual, pois os

demandados, ao menos, assumiram o risco de agir em desacordo a lei”.

Veja, Excelência, não tendo sequer descrito uma

conduta dolosa direta genérica que teria sido praticada pelo Requerido, o

Ministério Público tenta imputar-lhe um suposto dolo eventual.

No entanto, a novel lei não contempla o dolo direto

genérico e o dolo eventual, tampouco o debatido dolo por mera voluntariedade

antes da alteração da LIA, uma vez que no § 2° do Art. 1°, introduzido pela Lei nº

14.230/2021, o dolo está definido como a vontade livre e consciente de alcançar

o resultado ilícito, não bastando a voluntariedade do agente, e, portanto,

exigindo que seja demostrada a intenção de praticar o tipo e não o mero

enquadramento abstrato, adota a Lei, expressamente a Teoria da Vontade

e não a do Assentimento, afastando desta forma as hipóteses de dolo direto

genérico e eventual.

14

Praça Dona Olivia Guedes Penteado, 136 Tel:. (19) 993480868


Jardim Chapadão – Campinas – SP – CEP 13070-061 aleardini@gmail.com
ALEXANDRE LEARDINI
OAB/SP 116.937

Na lição de Calil Simão9 a partir da alteração legislativa os atos

de improbidade administrativa passam, expressamente, a reclamar dolo específico,

assim entendido como a demonstração da perseguição, pelo agente, da finalidade ilícita

(resultado ilícito) prevista na norma legal que representa a violação da probidade

administrativa no caso concreto.

A partir da alteração legislativa, não basta o dolo direto

genérico, até então admitido pelo c. Superior Tribunal de Justiça, para configurar os

atos de improbidade administrativa.

Houve também acirrados debates entres os Ministros do C. STJ

acerca do dolo por mera voluntariedade (REsp nº 765.21)

No entanto, a alteração ocorrida na LIA colocou uma pá de cal

nas diversas correntes que buscavam, a qualquer custo, punir o agente público, com

base no dolo direto genérico e no dolo por mera voluntariedade.

Desta feita, com a superveniência de dispositivos legais mais

benéficos que devem retroagir para atingir fatos pretéritos, como já abordado

anteriormente, resta analisar as alegações do Autor acerca das supostas práticas de

improbidade administrativa, sob a égide do disposto na Lei nº 14.230/21.

Assim, observando o disposto no artigo 1° e seus parágrafos

tem-se que:

9 Calil Simão. Improbidade Administrativa. Teoria e Prática. 6ª Edição, Ed. Mizuno, pág. 108
15

Praça Dona Olivia Guedes Penteado, 136 Tel:. (19) 993480868


Jardim Chapadão – Campinas – SP – CEP 13070-061 aleardini@gmail.com
ALEXANDRE LEARDINI
OAB/SP 116.937

Art. 1º O sistema de responsabilização por atos de

improbidade administrativa tutelará a probidade na organização do

Estado e no exercício de suas funções, como forma de assegurar a

integridade do patrimônio público e social, nos termos desta Lei.

Parágrafo único. (Revogado)

§ 1º Consideram-se atos de improbidade administrativa

as condutas dolosas tipificadas nos arts. 9º, 10 e 11 desta Lei, ressalvados

tipos previstos em leis especiais.

§ 2º Considera-se dolo a vontade livre e consciente de

alcançar o resultado ilícito tipificado nos arts. 9º, 10 e 11 desta Lei, não

bastando a voluntariedade do agente.

§ 3º O mero exercício da função ou desempenho de

competências públicas, sem comprovação de ato doloso com fim ilícito,

afasta a responsabilidade por ato de improbidade administrativa.

Conforme se verifica no comando legal acima transcrito, a Lei

nº 14.230/2021 apenas tipificou como improbidade administrativa as condutas dolosas

específicas, extinguindo a modalidade culposa de improbidade administrativa.

O legislador preocupou-se, inclusive, em conceituar o dolo, ou

seja, para o agente público esteja incurso nas penas da improbidade administrativa, a

atual legislação descreve como conduta típica e antijurídica “a ação voluntaria e

consciente a fim de causar um resultado ilícito”, ou seja, a lei exige que o agente

público tenha (i) consciência da antijuridicidade de sua conduta e (ii) a vontade de

consumar a infração por meio de uma ação ou omissão, excluindo-se desta forma a

mera voluntariedade.

16

Praça Dona Olivia Guedes Penteado, 136 Tel:. (19) 993480868


Jardim Chapadão – Campinas – SP – CEP 13070-061 aleardini@gmail.com
ALEXANDRE LEARDINI
OAB/SP 116.937

Assim, as condutas ímprobas são aquelas permeadas de má-fé,

desencadeadas pela maldade em oposição a boa-fé, a fim de causar um resultado ilícito.

Como já dito acima, impossível considerar que o Requerido

praticou os atos por má-fé, sendo que todos foram amparados por parecer jurídico.

Importante ressaltar que são dois os elementos do dolo: (i) a

“consciência”, ou seja, o conhecimento do fato - que se constitui a ação típica – e (ii) a

“vontade”, o elemento volitivo em realizar este fato10.

Desta forma, pode-se afirmar que a atual legislação adotou a

teoria da vontade, ou seja, existirá o dolo quando o agente, de forma, livre e consciente

tenha buscado o resultado ilícito, o que caracteriza o dolo direto e desta forma, excluído

está, a possibilidade de o agente agir para configuração de improbidade administrativa

por dolo eventual, ou seja, quando o agente não quer o resultado, mas assume o risco

de produzi-lo.

Além do dolo direto a legislação acrescenta a necessidade de ser

este dolo específico, na medida que exige que a conduta tenha uma finalidade

especifica, que no caso do Art. 10° seria a lesão ao erário e no Art.11° violação de

princípios da administração pública, os quais não forma sequer descritos na exordial.

Desta forma, para a tipificação por improbidade administrativa

é obrigatório que se demostre a vontade livre e consciente de se alcançar o resultado

10 Calil Simão. Improbidade Administrativa. Teoria e Prática. 6ª Edição, Ed. Mizuno, pág. 102
17

Praça Dona Olivia Guedes Penteado, 136 Tel:. (19) 993480868


Jardim Chapadão – Campinas – SP – CEP 13070-061 aleardini@gmail.com
ALEXANDRE LEARDINI
OAB/SP 116.937

ilícito, que a voluntariedade tenha sido produzida com o objetivo de violar a probidade

administrativa no caso concreto e promover ou obter algum proveito ou benefício

indevido. 11

De acordo com a LIA, deveria constar na petição inicial a

descrição das condutas de cada um dos Requeridos nas doações em questão, haja vista

que apenas integrar o quadro funcional não significa a participação nos atos.

Nessa esteira, não basta o Requerido ter sido signatário dos atos

administrativos que autorizaram as mencionadas doações para ser responsabilizado e

lhe ser imputadas as penas de improbidade administrativa.

Quanto a aplicação da Lei nº 14.230/2021 aos processos em

andamento, o E. Tribunal de Justiça de São Paulo tem reconhecido a

imprescindibilidade da comprovação de conduta dolosa específica dos acusados,

verbis:

“APELAÇÃO AÇÃO CIVIL POR ATO DE IMPROBIDADE

ADMINISTRATIVA DANO AO ERÁRIO E VIOLAÇÃO AOS

PRINCÍPIOS DA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA

Os agentes da Administração Pública e seus contratados, no

exercício das atribuições que lhes são próprias, devem guardar a

mais lídima probidade, a fim de preservar o interesse último

dos atos praticados, qual seja, o bem comum CONTRATAÇÃO

DE SERVIÇOS PELA ADMINISTRAÇÃO

11 Calil Simão. Improbidade Administrativa. Teoria e Prática. 6ª Edição, Ed. Mizuno, pág. 103
18

Praça Dona Olivia Guedes Penteado, 136 Tel:. (19) 993480868


Jardim Chapadão – Campinas – SP – CEP 13070-061 aleardini@gmail.com
ALEXANDRE LEARDINI
OAB/SP 116.937

PÚBLICA COM DISPENSA DE LICITAÇÃO em regra, os

contratos celebrados pela Administração Pública dependem de

prévio procedimento licitatório, pelo qual se assegure a

observância do princípio constitucional da isonomia, a seleção

da proposta mais vantajosa para a administração e a promoção

do desenvolvimento nacional sustentável (art. 3º, da LF nº

8.666/93 e art. 11, da LF nº 14.133/2021) excepcionalmente, a

própria legislação de regência estabelece hipóteses em que o

procedimento formal é dispensado, dispensável ou inexigível,

podendo haver a chamada “contratação direta” - elementos

fático-probatórios dos autos que não evidenciam o alegado

prejuízo ao Erário ou mesmo a conduta atentatória à legalidade

da Administração contratação de empresa para prestação de

serviços gráficos e fornecimento de materiais valor individual

das contratações apontadas como irregulares pelo parquet que

não superou o limite quantitativo estabelecido como teto para a

dispensabilidade da licitação (art. 24, inciso II, da LF nº

8.666/93, vigente à época dos fatos) inocorrência de

superfaturamento ou de sobrepreço, o que afasta o alegado

prejuízo ao Erário efetiva execução das obrigações contratuais

pela empresa-contratada singelas irregularidades formais

(ausência de parecer jurídico art. 38, inciso VI, da LF nº

8.666/93) que não têm o condão de evidenciar o dolo do agente

público, assim considerada a vontade livre e consciente de

alcançar o resultado ilícito (art. 1º, §2º cc. art. 11, §§1º e 4º, da

LF nº 8.429/92, com a redação atribuída pela LF nº

19

Praça Dona Olivia Guedes Penteado, 136 Tel:. (19) 993480868


Jardim Chapadão – Campinas – SP – CEP 13070-061 aleardini@gmail.com
ALEXANDRE LEARDINI
OAB/SP 116.937

14.230/2021) não comprovação da suposta afronta ao princípio

da impessoalidade (contratação direcionada) sentença de

improcedência da demanda mantida. Recurso do Ministério

Público desprovido.” 12

“APELAÇÃO CÍVEL. Ação civil pública. Pretensão direcionada a

ex-prefeito do Município de Nipoã. 1. Improbidade

administrativa. Gastos excessivos com combustível nos

exercícios de 2014 e 2015 e falhas nas licitações realizadas para

a aquisição do produto no referido período. Sentença de parcial

procedência. improbidade administrativa caracterizado de

forma culposa. Redação originária. [...]

7. Superveniência da Lei n. 14.203/2021 que, em seu artigo 1º,

§4º estabelece ao sistema de improbidade a aplicação dos

princípios constitucionais do Direito Administrativo

Sancionador. Retroatividade da norma mais benéfica, por

disposição específica da mesma (art. 1.º §4.º). Supressão das

modalidades culposas. Atos de improbidade administrativa

somente dolosos, não verificados na espécie. Ausência de má-fé

no trato com o dinheiro público ou obtenção de vantagem.

Negligência durante a gestão. 8. Sentença reformada. Decreto

de improcedência da ação. Recurso provido.”13

12 TJ-SP, Apelação nº 1000554-80.2019.8.26.0638, 4ª Câmara de Direito Público, Des. Relator: Paulo

Barcellos Gatti. Julg.: 03/12/2021


13 TJ-SP, Apelação nº 1001594-31.2019.8.26.0369, 9ª Câmara de Direito Público, Des. Relator: Oswaldo

Luiz Palu. Julg. 10/11/2021.


20

Praça Dona Olivia Guedes Penteado, 136 Tel:. (19) 993480868


Jardim Chapadão – Campinas – SP – CEP 13070-061 aleardini@gmail.com
ALEXANDRE LEARDINI
OAB/SP 116.937

“AÇÃO CIVIL PÚBLICA Improbidade administrativa Município

de Vargem Contratação de serviço de manutenção de veículos

com fornecimento de peças Pregão Registro de preços

Formação do preço de referência Irregularidades Dolo e dano

ao erário Não demonstrados Presença de apenas um licitante

Vedação legal Inexistência Cumprimento do contrato

administrativo pelos preços licitados Superfaturamento e dolo

Não demonstrados Sentença de improcedência Reforma

Impossibilidade: - Ausente prova de dolo e de dano ao erário,

não configura improbidade administrativa a fixação do preço de

referência da licitação por meio de consulta a empresas

relacionadas entre si. Inexiste óbice legal para o prosseguimento

do pregão presencial com apenas um licitante. O estrito

cumprimento do contrato administrativo, firmado após regular

licitação, não configura improbidade administrativa. - A

comprovação do dolo é imprescindível para a configuração do

ato de improbidade administrativa.”14

A inovação legislativa incorporou entendimento

jurisprudencial já pacificado também no âmbito do c. Superior Tribunal de

Justiça, bem antes da vigência da Lei nº 14.230/2021.

De acordo com o C. Superior Tribunal de Justiça é necessária a

(i) demonstração de que os supostos benefícios ultrapassaram a esfera patrimonial da

14 TJ-SP, Apelação Cível, 10ª Câmara de Direito Público, Des. Relatora: Teresa Ramos Marques. Julg.:

16/11/2021.
21

Praça Dona Olivia Guedes Penteado, 136 Tel:. (19) 993480868


Jardim Chapadão – Campinas – SP – CEP 13070-061 aleardini@gmail.com
ALEXANDRE LEARDINI
OAB/SP 116.937

sociedade empresária, bem como a (ii) individualização da conduta do

sócio/funcionário no fato imputável, verbis:

“A lei de improbidade administrativa aplica-se ao beneficiário

direto do ato ímprobo, mormente em face do comprovado

dano ao erário público. Inteligência do art. 3º da Lei de

Improbidade Administrativa. No caso, também está claro que

a pessoa jurídica foi beneficiada com a prática infrativa, na

medida em que se locupletou de verba pública sem a devida

contraprestação contratual. Por outro lado, em relação ao seu

responsável legal, os elementos coligidos na origem não lhe

apontaram a percepção de benefícios que ultrapassem a esfera

patrimonial da sociedade empresária, nem individualizaram

sua conduta no fato imputável, razão pela qual não deve ser

condenado pelo ato de improbidade”15

Deste modo, a prova de irregularidade ou da ilegalidade sem

conexão com a prova da violação da probidade, que não pode ser presumida, afasta

qualquer condenação por improbidade administrativa.

Como em nenhum momento ficou demostrado na inicial ter

este Requerido agido com dolo, quanto mais um dolo específico de causar prejuízo ao

erário ou permitir, facilitar ou concorrer para que terceiro se enriqueça ilicitamente

como disposto no art 10° inciso XII, ou ainda, como tipificado no art.11, violar os

15 STJ, REsp 1.127.143/RS, Rel. Min. Castro Meira, Segunda Turma, j. 22.06.2010.

22

Praça Dona Olivia Guedes Penteado, 136 Tel:. (19) 993480868


Jardim Chapadão – Campinas – SP – CEP 13070-061 aleardini@gmail.com
ALEXANDRE LEARDINI
OAB/SP 116.937

princípios da administração pública, não há que se falar em improbidade

administrativa.

Importante ressaltar que todas as doações apontadas na

prefacial foram autorizadas com embasamento legal no Art.154, §4°, da Lei nº

6.404/76 e no Art.24, I, do Estatuto Social da SANASA S.A., abaixo transcrito:

“Art. 154. O administrador deve exercer as atribuições

que a lei e o estatuto lhe conferem para lograr os fins e no interesse da

companhia, satisfeitas as exigências do bem público e da função social da

empresa.

§4°O conselho de administração ou a diretoria podem

autorizar a pratica de atos gratuitos razoáveis em beneficio dos

empregados ou da comunidade de que participe a empresa, tendo em vista

suas responsabilidades sociais.”

“Art.24: A Diretoria terá amplos poderes de

administração e gestão dos negócios sociais, podendo realizar todas as

operações que se relacionarem como objeto da Sociedade inclusive:

I. Efetuar doações e contribuições às instituições cívicas,

culturais, religiosas e filantrópicas de utilidade pública e a órgãos dos

poderes públicos”

23

Praça Dona Olivia Guedes Penteado, 136 Tel:. (19) 993480868


Jardim Chapadão – Campinas – SP – CEP 13070-061 aleardini@gmail.com
ALEXANDRE LEARDINI
OAB/SP 116.937

As doações autorizadas pelo Requerido, ora Contestante,

observaram um tramite administrativo e eram embasadas em parecer jurídico se

concretizando pelo “Termo de Doação”.

Sempre foram pautadas na legalidade e em consonância com as

responsabilidades sociais da SANASA S.A., tendo como finalidade o bem comum e o

interesse público, sendo feitas a entidades que desenvolvem nobre atividade em prol da

comunidade desta cidade.

Não há que se falar que o Requerido agiu de forma dolosa e com

fim ilícito!!!!

Desta forma, com a máxima vênia e devido respeito, está

afastada a responsabilidade por ato de improbidade administrativa, conforme disposto

no Art 1°, § 3°, da Lei 14.230/2021, por ausência de descrição e comprovação de ato

doloso com fim ilícito.

4.5- DA SUPOSTA CONDUTA TIPIFICADA DO ART. 10, INCISO XII DA LEI

Nº 14.230/2021

Dispõe a lei no caput do Art. 10, e no inciso XII que:

“Art. 10. Constitui ato de improbidade administrativa

que causa lesão ao erário qualquer ação ou omissão dolosa, que enseje,

efetiva e comprovadamente, perda patrimonial, desvio, apropriação,

malbaratamento ou dilapidação dos bens ou haveres das entidades

24

Praça Dona Olivia Guedes Penteado, 136 Tel:. (19) 993480868


Jardim Chapadão – Campinas – SP – CEP 13070-061 aleardini@gmail.com
ALEXANDRE LEARDINI
OAB/SP 116.937

referidas no art. 1º desta Lei, e notadamente: (Redação dada pela Lei

nº 14.230, de 2021)

XII - permitir, facilitar ou concorrer para que terceiro se

enriqueça ilicitamente;”

São requisitos para configuração da pratica de conduta

tipificada no art. 10 da Lei 14.230/2021: (i) a necessidade de conduta dolosa, comissiva

ou omissiva, do agente ou de terceiro, (ii) a efetiva e comprovada lesão ao erário e (iii) o

nexo causal ou etiológico entre a lesão ao erário e a conduta do agente público ou

terceiro, os quais não foram demostrados nem comprovados pelo Autor da presente

demanda.16

A questão da exigência legal de dolo já foi abordada acima e já

foi demonstrado que o digno representante do Ministério Público sequer descreveu na

prefacial que o presente Requerido agiu com dolo, muito menos dolo específico que é o

único capaz de configurar o ato de improbidade administrativa.

Além da ausência de comprovação do dolo específico o

Ministério Público também não demostrou a efetiva e comprovada perda patrimonial, o

desvio, a apropriação, o malbaratamento ou dilapidação dos bens ou haveres que a

SANASA S.A. teria sofrido, que não pode ser presumido!!!

16 Daniel Amorim Assunpção Neves e Rafael Carvalho Rezende Oliveira, Improbidade Administrativa :

Direito Material e Processual 9ªediçao revista atualizada e ampliada: Gen/Editora Forense, 2022. p.108
25

Praça Dona Olivia Guedes Penteado, 136 Tel:. (19) 993480868


Jardim Chapadão – Campinas – SP – CEP 13070-061 aleardini@gmail.com
ALEXANDRE LEARDINI
OAB/SP 116.937

De igual modo, não há comprovação das condutas tipificadas

inciso XII do art. 10, qual sejam, permitir, facilitar ou concorrer para que terceiro se

enriqueça ilicitamente!!!!!

Ademais, o Ministério Público sequer demostrou o nexo causal

entre a lesão ao erário e a conduta do agente público ou do terceiro.

Como se vê, não há que se falar que as doações autorizadas com

base no Art. 154, §4° da Lei nº 6.404/76, no Art. 24, inciso I, do Estatuto Social da

SANASA S.A., possam configurar atos de improbidade administrativa como pretendido

pelo Ministério Publico, haja vista que precedidas por procedimento administrativo,

com parecer jurídico e, ainda, sob infundadas alegações sem quaisquer demonstrações

e comprovações da existência de dolo específico, de lesão ao erário, nexo de

causalidade, e vantagem do agente público!!!

Portanto, não se encontram presentes os elementos

caracterizadores da improbidade administrativa, razão pela qual a ação de

ressarcimento ao erário deverá ser julgada improcedente, como corolário da mais

lídima Justiça!

V- DOS PEDIDOS

Pelo suso exposto, debaixo de merecida vênia e profundo

respeito, requer a V. Excia.:

1- o recebimento desta resposta, sob a forma de contestação,

para todos os fins e efeitos jurídicos;

26

Praça Dona Olivia Guedes Penteado, 136 Tel:. (19) 993480868


Jardim Chapadão – Campinas – SP – CEP 13070-061 aleardini@gmail.com
ALEXANDRE LEARDINI
OAB/SP 116.937

2- a produção de todas as provas admitidas em direito,

notadamente a documental e testemunhal, conforme rol que segue;

4- no mérito, requer o decreto de improcedência da ação,

como de Direito e, principalmente, J U S T I Ç A!

Termos em que, j., do esclarecido deferimento de V. Excia.

EE. R.M.

Campinas, 08 de fevereiro de 2023.

ALEXANDRE LEARDINI

27

Praça Dona Olivia Guedes Penteado, 136 Tel:. (19) 993480868


Jardim Chapadão – Campinas – SP – CEP 13070-061 aleardini@gmail.com

Você também pode gostar