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GERAL

Justiça manda desfazer lavouras sobre


áreas de queimadas no Pantanal mato-
grossense
07/06/2023 21:34

Uma liminar concedida ao Ministério Público do Estado de Mato Grosso


obriga os proprietários de uma fazenda localizada na comarca de Itiquira
de se absterem de explorar áreas queimadas nos incêndios que
acometeram o Pantanal em 2020, independentemente de serem áreas
protegidas ou suscetíveis de exploração. A liminar determina que pastagens
exóticas e lavouras implantadas sobre áreas de vegetação nativa degradada
pelo incêndio florestal deverão ser desfeitas.

A decisão institui um sumidouro de carbono sobre toda a área de


vegetação nativa da propriedade existente em 2020 (antes do incêndio
florestal), averbando-se tal fato na matrícula do imóvel. Também
determinou à secretaria estadual de Meio Ambiente que se abstenha de
expedir novas autorizações para desmatamento ou de implantação de
pastagens exóticas no imóvel, bem como que revogue as autorizações de
supressão de vegetação nativa eventualmente emitidas, até a completa
reparação dos danos ambientais.

Os proprietários da fazenda terão que implementar ações efetivas de


combate ao fogo a incêndios florestais, com a realização de aceiros, a fim
de impedir que as áreas de vegetação nativa possam vir a ser novamente
atingidas pelo fogo descontrolado. Deverão, ainda, elaborar e executar
Projeto de Recuperação de Áreas Degradadas em razão da identificação de
228 focos de fogo ativos na propriedade entre junho de 2016 e junho de
2021.

Além disso, terão que apresentar laudo de constatação de reparação do


dano ambiental que demonstre a evolução da recuperação das áreas
atingidas pelo fogo, no prazo de 90 dias.

A juíza Fernanda Mayumi Kobayashi ressalta que, “na ordem jurídica atual,
é incontroversa a possibilidade de imposição ao proprietário rural do dever
de recomposição da vegetação, mesmo que não tenha sido ele o
responsável direto pela degradação”.

“A decisão é inovadora porque, mesmo não havendo comprovação de que


os requeridos agiram intencionalmente, permitir a semeadura de capim
exótico em áreas queimadas se traduziria em proveito econômico de um
desastre ambiental. Isso incentivaria o uso do fogo para disfarçar o
desmatamento ilegal, já que é mais difícil comprovar o nexo de causalidade.
A decisão também é importante por considerar a dimensão climática do
evento e por ressaltar o dever de cuidado que proprietários possuem em
relação à prevenção com os incêndios florestais”, destacou o promotor de
Justiça Claudio Ângelo Correa Gonzaga, autor da ação.

Redação Só Notícias (foto: assessoria)

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