Universidade Estadual de Montes Claros

Curso Tecnologia em Agronegócio

Disciplina: Direito das Obrigações e Contratos
2º Semestre de 2023
Professora: Izabela Alves Drumond Fernandes
Nome: Ana Cristina Teixeira dos Reis

Tema: Responsabilidade civil

Em janeiro de 2023, foi noticiado nas grandes mídias brasileiras a ocorrência de grande
incêndio no galpão da empresa Bom de fogo Ltda., especializada na produção materiais
químicos e localizada no interior do estado de Minas Gerais. O incêndio causou a
explosão de diversos dos materiais químicos inflamáveis que estavam em estoque na
fábrica, aumentando o fogo gerado pelo incêndio inicial, o qual se expandiu para
diversos imóveis ao redor da fábrica. Dentre esses imóveis, estava o de Dona Joana,
possuidora de grande fazenda voltada para a criação de gado e que contava com sua
Reserva Legal devidamente averbada e preservada, nos termos do artigo 12 do Código
Florestal (Lei nº 12.651/2012).

Devido ao incêndio, toda a área do imóvel de Dona Joana foi consumida pelo incêndio,
que atingiu inclusive o gado que estava nas pastagens, não restando nenhum. Além
disso, o fogo dizimou toda a vegetação do imóvel, incluindo a área de Reserva Legal do
imóvel.

Devastada com a situação e enfrentando sérios problemas financeiros, tendo em vista

que tirava todo seu sustento da venda de leite e do gado, três meses depois do incêndio
Dona Joana vendeu seu imóvel a preço de banana para o Sr. João, grande empresário do
ramo alimentício que pretendia instalar uma fábrica no local e se aproveitaria da
situação do imóvel, cuja ausência de vegetação facilitaria o início da construção da
obra.

Após um ano da ocorrência do incêndio, tendo constatado que a Reserva Legal do

imóvel agora de propriedade do Sr. João não havia sido reflorestada, o Ministério
Público ajuizou ação civil pública em face do Sr. João, pleiteando sua condenação ao
reflorestamento da área e ao pagamento de indenização por danos morais coletivos no
valor de R$ 100.000,00 (cem mil reais).
Diante dos fatos narrados, responda:

a) O Sr. João tem responsabilidade pelo reflorestamento da área de Reserva Legal do

imóvel e pelo pagamento da compensação pelos danos morais coletivos? Qual o
fundamento?

Responsabilidade do Sr. João pelo Reflorestamento e Danos Morais Coletivos:

O Sr. João pode ser responsabilizado pelo reflorestamento da área de Reserva Legal do
imóvel e pelo pagamento da compensação por danos morais coletivos. O fundamento
para essa responsabilidade está no Art. 14 da Lei da Política Nacional do Meio
Ambiente, lei 6.938/81, o poluidor é obrigado, "independentemente de culpa, a
indenizar ou reparar os danos causados ao meio ambiente e a terceiros, afetados por sua
atividade".

Art. 299, do Código Civil. É facultado a terceiro assumir a obrigação do devedor, com o
consentimento expresso do credor, ficando exonerado o devedor primitivo, salvo se
aquele, ao tempo da assunção, era insolvente e o credor o ignorava. Parágrafo único.
Qualquer das partes pode assinar prazo ao credor para que consinta na assunção da
dívida, interpretando-se o seu silêncio como recusa.

No caso, o Sr. João adquiriu o imóvel ciente da ausência de reflorestamento na Reserva

Legal, que foi destruída pelo incêndio ocorrido na propriedade de Dona Joana. Como
novo proprietário, ele assume a responsabilidade pela recomposição da Reserva Legal,
conforme determina a legislação ambiental. A omissão no reflorestamento pode
acarretar a obrigação de reparação dos danos ambientais, além da possibilidade de
pagamento de indenização por danos morais coletivos.

b) Caso Sr. João seja condenado nos termos requeridos pelo Ministério Público, ele
possuiria algum direito de entrar contra dona Joana e contra a empresa Bom de Fogo?
Justifique.

Possíveis Direitos de Regresso do Sr. João contra Dona Joana e Bom de Fogo:

Contra Dona Joana:

O Sr. João poderia buscar entrar contra Dona Joana se ficar comprovado que ela ocultou
informações relevantes sobre a situação ambiental da propriedade no momento da
venda. Se Dona Joana omitiu intencionalmente ou forneceu informações falsas sobre a
destruição da Reserva Legal e outros impactos ambientais, ela pode ser responsabilizada
pelos danos causados ao Sr. João.

Contra Bom de Fogo:

O Sr. João também pode ter direitos de entrar contra a empresa Bom de Fogo,
considerando que o incêndio na fábrica desta empresa foi a causa principal da
destruição do imóvel. Se for possível estabelecer que a empresa foi negligente na
prevenção de incêndios ou violou normas de segurança, o Sr. João pode buscar
indenização pelos prejuízos sofridos, incluindo os custos associados ao reflorestamento
da Reserva Legal. No entanto, a responsabilidade civil dependerá da análise detalhada
dos fatos, das obrigações contratuais entre as partes envolvidas e da legislação aplicável.