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POS0967 RESPONSABILIDADE AMBIENTAL PENAL PG1548-212-5 – 202122.ead-19041.

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No dia 5 de novembro de 2015, com o estouro da Barragem de Fundão e, consequentemente, da


Barragem Santarém, o Brasil conheceu um dos maiores danos ambientais da sua história recente.
O dano ambiental “é a lesão aos recursos ambientais, com consequente degradação – alteração adversa ou
in pejus – do equilíbrio ecológico e da qualidade de vida” (MILARÉ, 2011, p. 1119). Como uma das
consequências ao dano, há a possibilidade de responsabilização penal ambiental, conforme estabelece a
Lei 9.605/98, denominada Lei de Crimes Ambientais.
Com base no estudo do caso Samarco/Mariana-MG, faça uma análise dos crimes ambientais advindos do
evento, bem como das consequências jurídicas possíveis. Elenque as medidas jurídicas possíveis para o
caso e as possibilidades de resolução do problema.

O direito ambiental demorou para ser aceito no mundo jurídico por ser muito subjetivo,
principalmente quanto a sua definição. Para compreender o conceito de direito ambiental, é
necessário compreender o sentido do dano ambiental. Dano ambiental é o prejuízo do Meio
Ambiente, e, meio ambiente é segundo o artigo 3º, inciso I, da Lei 6.938/81, um conjunto de
condições, leis, influências e interações de ordem física, química e biológica, que permite, abriga e
rege a vida em todas as suas formas. Ou seja, tudo que podemos conceber neste plano é um tipo
de meio ambiente – pode ser físico, artificial, cultural ou do trabalho. Danos ao meio ambiente não
são causados exclusivamente por pessoas físicas, inclusive, os maiores danos são causados por
pessoas jurídicas, que, por muito tempo utilizaram este instituto para se esquivarem das
penalidades que poderiam lhes ser imputadas. Porem, a Constituição Federal, em seu art. 225,
§3º, prevê que as condutas e atividades consideradas lesivas ao meio ambiente sujeitarão os
Infratores, pessoas físicas ou jurídicas, a sanções penais e administrativas, Independentemente
da obrigação de reparar os danos causados.
Em novembro de 2015, aconteceu o rompimento da barragem de Fundão, propriedade da
Mineradora Samarco S.A. situada no município de Mariana, vazaram mais de sessenta metros
cúbicos de rejeitos de minério, atingindo mais de dez mil metros quadrados de área e destruindo o
distrito de Bento Rodrigues, afetando Águas Claras, Ponte do Gama, Pacatu, Barra Longa, Rio
Doce e Pedras, além das quarenta cidades na Região Leste de Minas Gerais e no Espirito Santo.
Causou o soterramento por completo de um distrito, a morte de 19 pessoas, a contaminação do
rio Doce e a mudança de vida de mais 500 mil habitantes da região tingida.
Não há dúvida quanto à responsabilidade da Mineradora, o ato de instalar uma empresa
dessa magnitude caracteriza que seus sócios assumiram a culpa caso houvesse algum acidente.
Independente de estar com as vistorias em dia e de toda documentação estar correta quanto ao
funcionamento da barragem, se o dano ambiental ocorreu, já que a efetividade da tutela
ambiental, é justamente evitar o dano. Portanto, a empresa deve ser responsabilizada
administrativamente, civilmente e penalmente.
Foi cometido crime de poluição qualificado, crimes contra a fauna, flora, ordenamento
urbano e patrimônio cultural, a administração ambiental. Segundo o código penal, crime de
inundação, de desabamento/desmoronamento, homicídios e suas qualificadoras e Crimes de
lesão corporal. Dos crimes previstos na legislação ambiental, há evidências da ocorrência das
circunstâncias agravantes previstas no artigo 15, II, para obter vantagem pecuniária; afetando ou
expondo a perigo, de maneira grave, a saúde pública ou o meio ambiente; concorrendo para
danos à propriedade alheia; atingindo áreas de unidades de conservação ou áreas sujeitas, por
ato do Poder Público, a regime especial de uso; atingindo áreas urbanas ou quaisquer
assentamentos humanos; em período de defeso à fauna; à noite.
Deve haver a responsabilização dos sócios, sem a desconsideração da personalidade
jurídica. O montante a ser pago referente às indenizações deve ser retirado inicialmente da
empresa, sendo os sócios responsáveis solidariamente. Já a responsabilização penal pelos
crimes cometidos deverá alcançar apenas os sócios, pois pessoa jurídica não comete crime. A
sanção sofrida pela empresa deverá ser no âmbito administrativo, imputando medidas
socioeducativas e alterando seu modo de funcionamento.

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