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MAPA – Material de Avaliação Prática da Aprendizagem

Acadêmico: LUIZ HENRIQUE SILVA AMORIM R.A. 23402479-5

Curso: Tecnologia em Segurança Pública

Disciplina: Governo e Gestão: Estrutura do Setor Público

Valor da atividade: 3,5 Prazo: 21/04/2024 23:59

ATIVIDADE:

Olá, estudante!!!

O objetivo desta atividade MAPA é que você possa imergir nos estudos sobre
Governo e Gestão.

Infelizmente, em janeiro de 2019, o Brasil ficou marcado por uma grande


tragédia ambiental que marcou o país. A referida tragédia aconteceu na cidade de
Brumadinho, localizada em Minas Gerais, onde ocorreu o rompimento da barragem
da Mina Córrego do Feijão, pertencente à empresa Vale S.A., a qual resultou em uma
avalanche de rejeitos de mineração que devastou a região. Centenas de pessoas
foram mortas ou ficaram desaparecidas, além de causar danos ambientais
significativos ao Rio Paraopeba e áreas adjacentes.

Fonte: https://agenciabrasil.ebc.com.br/geral/noticia/2019-01/barragem-da-vale-rompe-em-
brumadinho-mg. Acesso em: 18 jan. 2024.

Considerando o contexto fático do desastre ocorrido na Cidade de


Brumadinho, Estado de Minas Gerais, sob perspectiva das regras e princípios do
Direito Público, proponho como objeto de estudo a problemática sobre as
possibilidades e limites da responsabilização civil do Estado, afinal, o Estado pode
ser obrigado a reparar os danos juntamente com a Vale. Pode a Vale utilizar como
tese de defesa para isentar de eventual responsabilidade o prévio licenciamento,
existência de laudo atestando a segurança da barragem ou por eventual fato da
natureza?
A Vale (até 2007 Companhia Vale do Rio Doce – CVRD), responsável pelo
empreendimento, há menos de dois meses antes de romper a barragem, obteve uma
licença ambiental do Conselho Estadual de Política Ambiental (Copam) que autorizou
a retirada de material na barragem de rejeitos. Sabe-se que para a exploração de
recursos minerais a legislação exige o licenciamento ambiental e autorização.
Ademais, a Constituição Federal consagrou em seu artigo 225 o direito a um
meio ambiente ecologicamente equilibrado, apontando-o como um bem de uso
comum da população e essencial à sadia qualidade de vida, imponto ao poder público
e à coletividade o dever de defendê-lo e preservá-lo. Neste contexto, sabe-se que
competência para fiscalizar a segurança das barragens de mineração é da Agência
Nacional de Mineração (ANM), segundo a Política Nacional de Segurança de
Barragens (Lei nº 12.334/2010).
Depreende-se da situação narrada, uma conduta lesiva, dano e nexo causal,
trazendo à baila a discussão sobre o instituto da responsabilidade civil, previsto no
artigo 927 do Código Civil, com o seguinte teor: “aquele que, por ato ilícito (Arts. 186
e 187), causar dano a outrem, fica obrigado a repará-lo”.
A relevância deste estudo paira em analisar a efetiva possibilidade do Estado
ser responsabilizado por fato decorrente de uma empresa privada, cuja principal
atividade é a mineração que por sua vez impacta diretamente no meio ambiente. E
ao falar em meio ambiente, impõe-se ao poder público e à coletividade o dever de
defendê-lo e preservá-lo.

Para compreender a dimensão dos danos acarretados pelo rompimento da


barragem e as ações realizadas pela empresa VALE, convido você a consultar o
endereço eletrônico:
https://vale.com/pt/reparacao?https://vale.com/pt/reparacao&gad_source=1&gclid=C
j0KCQiAtaOtBhCwARIsAN_x-3KwQDrtxgMy9unAl-
9r37rhjYJfof9NJKIOPOnylNFnXTCxSJ_G6i0aAvt_EALw_wcB, analisando os
principais aspectos dessa tragédia que impactou a vida de milhares de pessoas.
Ademias, leia o seguinte trecho a seguir:
“A livre iniciativa (CF, art. 1º, IV e 170, caput) não se revela um fim em si
mesmo, mas um meio para atingir os objetivos fundamentais da República, inclusive
a tutela e preservação do meio ambiente para as presentes e futuras gerações (CF,
art. 225)”.

Fonte: https://portal.stf.jus.br/constituicao-supremo/artigo.asp?abrirBase=CF&abrirArtigo=225.
Acesso em: 18 jan. 2024.

Proponho a você a seguinte reflexão: ciente de que o Estado, ao desempenhar


sua função administrativa, está amparado pelos denominados poderes
administrativos, qual ou quais poderes você, leitor, visualiza na atuação do Estado
em face da empresa Vale?

“Concepção do Estado de Direito que implica a submissão do aparato estatal


à ordem jurídica. Isso compreende o dever de indenizar as perdas e danos
decorrentes de sua conduta. A responsabilidade civil do Estado consiste no dever de
indenizar os danos materiais e morais sofridos por terceiros em virtude de ação ou
omissão antijurídica imputável ao Estado, tal como os lucros cessantes relacionados”.

Fonte: JUSTEN FILHO, M. Curso de direito administrativo. Grupo GEN, 2023. E-book. Disponível em:
https://app.minhabiblioteca.com.br/#/books/9786559645770. Acesso em: 12 dez. 2023.

“O tema responsabilidade do Estado investiga o dever estatal de ressarcir


particulares por prejuízos civis e extracontratuais experimentados em decorrência de
ações ou omissões de agentes públicos no exercício da função administrativa. Os
danos indenizáveis podem ser materiais, morais ou estéticos. Disciplinado pelo art.
37, § 6º, da Constituição Federal: “As pessoas jurídicas de direito público e as de
direito privado prestadoras de serviços públicos responderão pelos danos que seus
agentes, nessa qualidade, causarem a terceiros, assegurado o direito de regresso
contra o responsável nos casos de dolo ou culpa” (Mazza, 2023, p. 154).
Fonte: MAZZA, A. Manual de direito administrativo. São Paulo: Saraiva, 2023. E-book. Disponível
em: https://app.minhabiblioteca.com.br/#/books/9786553627055. Acesso em: 18 jan. 2024.

“Autarquias são pessoas jurídicas de direito público interno, pertencentes à


Administração Pública Indireta, criadas por lei específica para o exercício de
atividades típicas da Administração Pública” (Mazza, 2023, p. 82).

Fonte: MAZZA, A. Manual de direito administrativo. São Paulo: Saraiva, 2023. E-book. Disponível
em: https://app.minhabiblioteca.com.br/#/books/9786553627055. Acesso em: 18 jan. 2024.

Assim, observa-se que a Lei nº 13.575, de 26 de dezembro de 2017, cria a


Agência Nacional de Mineração (ANM). Sobre essa agência, realize uma pesquisa,
com escopo de analisar sua natureza jurídica, características e atribuições. Em
seguida, responda às seguintes indagações:

a) considerando o rompimento da barragem e os prejuízos materiais,


morais e ambientais, e diante da possibilidade de responsabilizar o Estado, qual
a previsão da Constituição Federal de 1988 sobre o tema?
A Constituição Federal de 1988 é a materialização de todas as conquistas de
uma coletividade que evoluiu ao longo dos anos. Nela estão impressos os valores
essenciais, as garantias fundamentais e a estruturação do Estado, pois o Estado
possui diversos deveres e reponsabilidades que, em seu exercício, são passíveis
de causar danos à sociedade.
Na possibilidade de responsabilizar o estado, de acordo ao art. 37, §
6º da Constituição Federal de 1988, que fala da responsabilidade extracontratual do
Estado, que diz o seguinte: Art. 37. A administração pública direta e indireta de
qualquer dos Poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios
obedecerá aos princípios de legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade e
eficiência e, também, ao seguinte: §6º As pessoas jurídicas de direito público e as
de direito privado prestadoras de serviços públicos responderão pelos danos que
seus agentes, nessa qualidade, causarem a terceiros, assegurado o direito de
regresso contra o responsável nos casos de dolo ou culpa.
Isso significa que, no caso de um rompimento de barragem com danos materiais,
morais e ambientais, o Estado pode ser responsabilizado por falhas na fiscalização,
monitoramento ou regulamentação das atividades relacionadas à barragem. Essas
disposições visam garantir a proteção do meio ambiente e a responsabilização efetiva
em casos de danos ambientais, buscando prevenir futuras ocorrências e promover
uma gestão ambiental mais responsável.

b) sobre a responsabilidade civil, qual modalidade deve ser aplicada diante de


eventual responsabilização do Ente Federativo?
A responsabilidade do Estado é a obrigação dos órgãos públicos e demais entes
estatais de reparar os danos que seus agentes causarem no exercício da função
pública. Diante de eventual responsabilização do Ente Federativo, deve ser aplicada
a modalidade de responsabilidade civil objetiva. Isso significa que, para que o
Estado seja responsabilizado, não é necessário provar a existência de dolo ou culpa,
bastando comprovar o nexo de causalidade entre a conduta estatal e o dano causado.

c) apresente os elementos configuradores da responsabilidade civil objetiva e


subjetiva, explicando-os e correlacionando com o desastre da cidade de
Brumadinho.
Responsabilidade civil subjetiva, é aplicada quando basta demonstrar o
dano provocado pelo agente do Estado, e o nexo causal. No desastre de
Brumadinho, a responsabilidade civil é inegavelmente objetiva.
Os elementos configuradores da responsabilidade civil objetiva são a conduta, o
dano e o nexo de causalidade. Na responsabilidade objetiva, não é necessário
comprovar a culpa ou dolo do agente estatal, bastando demonstrar que o dano foi
causado em decorrência da conduta estatal e que há um nexo de causalidade entre
essa conduta e o dano sofrido pela vítima.

No caso do desastre da cidade de Brumadinho, os elementos configuradores da


responsabilidade civil objetiva podem ser identificados da seguinte forma:

- Conduta: Atos de fiscalização, licenciamento e monitoramento por parte do Estado,


que poderiam ter sido negligentes, permitindo a ocorrência do rompimento da
barragem.
- Dano: Os prejuízos materiais, morais e ambientais decorrentes do rompimento da
barragem, incluindo perda de vidas humanas, destruição de propriedades, danos ao
meio ambiente, entre outros.
- Nexo de causalidade: Deve ser demonstrado que a conduta negligente do Estado
contribuiu de forma direta para a ocorrência do desastre, ou seja, que houve uma
relação de causa e efeito entre a conduta estatal e o dano causado. Isso pode ser
comprovado por meio de investigações, laudos técnicos, entre outros elementos de
prova.

Portanto, a responsabilidade civil objetiva do Estado pode ser aplicada no caso do


desastre de Brumadinho, considerando os elementos configuradores desse tipo de
responsabilidade.

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