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“Você já é brasileiro, cara!

Sempre quando me deparo com comentários do tipo: “ah, pensei que você fosse
brasileiro”, “você parece brasileiro” e etc...eu paro pra pensar no que realmente me faz
parecer brasileiro?! Não acredito que seja a fala, pois, basta abrir a boca que muitos
percebem que não sou daqui...então, é bem provável que seja a minha fisionomia, a
pele, o meu jeito, comportamento...mas, nenhum desses argumentos serve como
justificação para eu parecer ou não com um brasileiro. Afinal, existem vários “tipos de
brasileiros”...não há razões plausíveis para existir um modelo puro, fixo e essencial do
que é ser brasileiro, santomense ou outra nacionalidade qualquer...hehehe, e quando
escuto a seguinte fala: “Você já é brasileiro, cara!” eu percebo uma tentativa de me
“(e)levar” a ser brasileiro (não que seja um problema sê-lo, mas a questão é que eu não
sou, hehehe!), ou, de me “(des)locar” da concepção de ser santomense (e africano
também!), como se o fato de eu ser santomense e africano não bastasse para ser quem
sou...como se tivesse me tornado brasileiro (engraçado, a ideia de parecer um brasileiro,
faz de mim americano?), simplesmente, por estar agora inserido nesse espaço
diaspórico, historicamente construído como Brasil, rsrsrs...ora bem, a minha construção
histórica é outra...está ligada metafisicamente à São Tomé e Príncipe, à África...a partir
daí, dessa ligação com a pátria, posso ser cidadão do mundo, sentir-me em outros
códigos culturais, porém, sendo santomense...

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