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A Realização das Profecias de Dom Bosco

2003/2063 – OS ANOS DECISIVOS

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JOÃO GILBERTO PARENTI COUTO

A Realização
das Profecias
de Dom Bosco
2003/2063 – os anos decisivos

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Copyright © 2009 by João Gilberto Parenti Couto
Todos os direitos reservados

email: jgparenti@hotmail.com

Formatação
Elizabeth Miranda

Revisão:
Ana Emília de Carvalho

capa:
Túlio Oliveira

Proibida a reprodução total ou parcial.


Os infratores serão processados na forma da lei.

Couto, João Gilberto Parenti.


C 87r A Realização das Profecias de Dom Bosco 2003 /
2063: os anos decisivos / João Gilberto Parenti Couto.
– Belo Horizonte: Mazza Edições, 2009.
0 p. ; 2cm.

ISBN: 978-85-760-69-8

Ensaios brasileiros. I. Título.

CDD: B869.3
CDU: 82.3.3(8)-

Mazza Edições Ltda.


Rua Bragança, 0 – Bairro Pompéia – Telefax: (3) 38-059
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Sumário
Prefácio............................................................................................7
O BRASIL DAS PROFECIAS
A Nova Canaã..................................................................................9
Caraíbas – Os Profetas Primitivos..................................................9
São Brandão – O Profeta do “Achamento”..................................0
Os Portugueses – Os Descobridores do Paraíso..........................
A Aliança Renovada......................................................................2
AS PROFECIAS DE DOM BOSCO
Introdução.....................................................................................5
Um Sonho de Dom Bosco............................................................6
Dom Bosco Sonhou Brasília?.......................................................9
Outras Profecias Sobre Brasília....................................................2
A Realização das Profecias............................................................25
2003/2063 – OS ANOS DECISIVOS
A Geração Excluída (823/883)..................................................28
A Primeira Geração (883/93)..................................................28
A Segunda Geração (93/2003)..................................................29
A Terceira Geração (2003/2063)...................................................29
A FERROVIA TRANSCONTINENTAL DOM BOSCO
O Eixo Central...............................................................................35
A Via Leste.....................................................................................37
A Variante “A”................................................................................38
A Variante “B”...............................................................................38
EDUCAÇÃO: O CALCANHAR-DE-AQUILES DA
SOCIEDADE BRASILEIRA
Introdução.....................................................................................0
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As Causas do Fracasso da Escola Públicano Brasil....................3
Uma Disputa de Poder e Prestígio...............................................5
O Poder da Igreja no Brasil...........................................................50
Os Sabotadores da Escola Pública...............................................52
O Combate à Escola Pública na República Velha.......................57
A Criação da Rede Particular de Ensino.....................................60
O Advento da Revolução de 30....................................................62
A Escola Pública de Tempo Integral............................................6
Um Projeto Nacional.....................................................................65
Carta ao Ministro Mangabeira Unger..........................................65
Cartas aos Políticos e Governantes...............................................7
Conclusão......................................................................................8
Posfácio..........................................................................................88
Os Novos Tempos......................................................................96
A Síndrome do Sapo Fervido..................................................98
Bibliografia..................................................................................00
O Autor.........................................................................................0

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PREFÁCIO

As profecias de Dom Bosco são interpretadas nesta obra


à luz de nossa história, revelando que os anos de 2003/2063
serão decisivos para o Brasil e a América do Sul, quando este
continente se transformará numa terra prometida onde mana
leite e mel. Esse presságio alvissareiro é confirmado por outras
profecias sobre a Terra Brasilis, assunto abordado no primeiro
capítulo, O Brasil das Profecias.
No capítulo seguinte, As profecias de Dom Bosco, o sonho
visionário desse santo é analisado com base nos dados disponíveis
em publicações diversas, principalmente no trabalho do Padre
José de Vasconcellos, O Centenário de um sonho, publicado no
Boletim Salesiano, em 983.
No terceiro capítulo, 2003/2063 – Os Anos Decisivos, as
profecias de Dom Bosco são decodificadas, revelando os segredos
confiados a esse santo por um emissário divino que o guiou em
seu sonho premonitório. Essa interpretação foi divulgada pela
primeira vez em 2006 em um livro de minha autoria, intitulado
A Ferrovia de Dom Bosco, publicado pela Mazza Edições, de Belo
Horizonte, MG (primeira edição).
No quarto capítulo, A Ferrovia Transcontinental Dom Bosco,
são feitas algumas considerações sobre possíveis traçados dessa
ferrovia e as implicações econômicas, sociais e estratégicas para
o Brasil e para a América do Sul.
No quinto e último capítulo, Educação – O Calcanhar-de-
Aquiles da sociedade brasileira, o assunto tratado é a educação,
objeto da vida e obra de Dom Bosco. Esta abordagem é mais
do que uma homenagem a este educador. É um alerta para os

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professores e professoras, que devem refletir sobre essa questão
e analisar o porquê do fracasso da escola pública em nosso País.
Neste particular, a Igreja Católica Apostólica Romana precisa
fazer um mea-culpa e procurar corrigir erros do passado, em
que pese a contribuição das congregações religiosas como os
Salesianos de Dom Bosco. Igual procedimento deve ser adotado
pela elite brasileira, que também precisa refletir sobre sua
responsabilidade nesse assunto.
Quanto aos políticos e governantes da atualidade, o
melhor que podem fazer para a educação é trabalharem pela
implantação da Escola Pública de Tempo Integral, tornando-a
obrigatória e universal para todos os níveis de ensino, isto é,
da Pré-Escola ao término do Ensino Médio, e universalizando,
também, as creches comunitárias. Com essas medidas, o Brasil
deixará a situação vergonhosa em que se encontra, como mostra
um estudo da UNESCO (Jornal Folha de São Paulo, 25//2008,
p. C6), segundo o qual apenas o Nepal, o Suriname e doze países
africanos têm repetência maior que a brasileira, décimo quinto
colocado numa escala que começa com o Burundi, o número ,
e que vai até 50.

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O BRASIL DAS PROFECIAS

A Nova Canaã
O Brasil, se levarmos em conta os fatos ligados à sua
história, parece ser um país marcado para ser uma nova Canaã,
terra onde mana leite e mel, pois, além da bíblica terra prometida,
é o único território cuja ocupação foi precedida de sinais e
procurado por povos peregrinos que ansiavam por uma terra
abençoada e cuja posse foi assegurada por promessas divinas. No
caso da terra de Canaã, este compromisso está no livro do Gênesis
(Gn 2, -9) e, no que diz respeito à Terra Brasilis, a partilha foi
referendada pelo Tratado de Tordesilhas e sacramentada pela
bula do Papa Júlio II, investido de poderes celestiais (Mt 6, 8-
9). Em ambos os casos, os novos posseiros portavam bandeiras
que os identificavam, como está registrado no Livro dos Números
(Nm 2) e nos anais da história do Brasil.

Caraíbas – Os Profetas Primitivos


Do livro A Viagem do Descobrimento (Bueno, 998),
extraímos os seguintes trechos, para que tal colocação seja bem
compreendida:
Os indígenas, com os quais Nicolau Coelho travou o primeiro
contato, eram, se saberia mais tarde, da tribo tupiniquim.
Pertenciam à grande família Tupi-Guarani que, naquele início
do século XVI, ocupava praticamente todo o litoral do Brasil.
Os tupiniquins eram cerca de 85 mil e viviam em dois locais

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da costa brasileira: no sul da Bahia, da altura de Ilhéus até a
foz do rio Doce (já no atual estado do Espírito Santo), e numa
estreita faixa entre Santos e Bertioga, no litoral norte de São
Paulo. Como os demais tupis-guaranis, tinham chegado às
praias do Brasil, movidos não apenas por um impulso nômade,
mas por seu envolvimento em uma ampla migração de fundo
religioso. Partindo de algum ponto da bacia do rio Paraná,
no território hoje ocupado pelo Paraguai (ainda que alguns
estudiosos acreditem que o movimento talvez tenha começado
na Amazônia), os tupis-guaranis iniciaram uma longa marcha
em busca da Terra Sem Males. Liderados por profetas – chamados
de Caraíbas –, eles haviam chegado à costa brasileira ao redor do
ano 000 da Era Cristã. (p. 9)

São Brandão – O Profeta do “Achamento”

A ilha do Brasil, ou ilha de São Brandão, ou ainda Brasil


de São Brandão, era uma das inúmeras ilhas que povoam a
imaginação e a cartografia européias da Idade Média, desde o
alvorecer do século IX. Também chamada de “Hy Brazil”, essa
ilha mitológica, “ressonante de sinos sobre o velho mar”, se
“afastava” no horizonte sempre que os marujos se aproximavam
dela. Era, portanto, uma ilha “movediça”, o que explica o fato de
sua localização variar tanto de mapa para mapa. Segundo a lenda,
Hy Brazil teria sido descoberta e colonizada por São Brandão,
um monge irlandês que partiu da Irlanda para alto-mar no ano
de 565. Como São Brandão nascera em 60, ele teria 05 anos
quando iniciou sua viagem. O nome “Brazil” provém do celta
bress, que deu origem ao verbo inglês to bless (abençoar). Hy
Brazil, portanto, significa “Terra Abençoada”. Desde 35 até
pelo menos 72 o nome Hy Brazil podia ser visto em mapas
e globos europeus, sempre indicando uma ilha localizada no
oceano Atlântico. Até 62, expedições ainda eram enviadas à
sua procura. (p. 3)

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Os Portugueses – Os Descobridores do Paraíso
Mas para todos os efeitos legais, essa mitológica ilha já
havia sido “achada” pelos portugueses em 500, que a batizaram
de “Ilha de Vera Cruz” – Cabral, ao avistá-la, chamara-a de “Terra
de Vera Cruz” –, posteriormente rebatizada de “Terra de Santa
Cruz”. O duplo nome atribuído à nova terra tem ligação com sua
dupla unção batismal, pois a primeira missa foi celebrada numa
ilha (Coroa Vermelha), no dia 26 de abril (domingo da Pascoela),
e a segunda, no continente no dia o de maio. O rito de sagração
da nova terra está descrito em detalhes na carta que Pero Vaz de
Caminha enviou ao rei de Portugal. Este documento, único na
literatura universal, e que todo brasileiro deveria ter uma cópia,
representa na verdade a Certidão de Nascimento do Brasil, pois
foi lavrada por um funcionário público no desempenho de suas
funções. Nela é narrado, passo a passo, tudo o que se passou a
partir de 2 de abril, quando se notou os primeiros sinais de
terra, as algas chamadas de botelho e rabo-de-asno, até o dia o
de maio, quando foi celebrada a missa no continente e encerrada
a missão do “achamento”. Pelos trechos seguintes, extraídos
dessa carta, pode-se notar o quanto o sagrado prevaleceu sobre o
profano nesses dias cerimoniosos, quando a deposição de armas
e o desarmamento de espíritos assinalaram o encontro pacífico
entre povos belicosos, prenunciando assim a vocação brasileira
de integrar raças diferentes em um convívio harmonioso, no
qual a miscigenação será seu traço mais marcante. A narrativa
da segunda missa exemplifica o espírito de paz e confiança
mútua, reinantes nesse encontro entre povos de formação e
origens diferentes, e da própria humanidade com suas raízes.
Na realidade, o que os portugueses descobriam foi o paraíso
perdido, ainda intacto e habitado pelos filhos de Adão e Eva sem
vestígios da queda; portanto, um convite à miscigenação, a qual
foi praticada sem muita hesitação, tornando o Brasil um caso
singular na história universal.


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A Aliança Renovada
Narra Caminha (TUFANO, 999):
Plantada a cruz, com as armas e a divisa de Vossa Alteza, que
primeiramente lhe pregaram, armaram um altar ao pé dela. Ali
disse missa o padre Henrique, a qual foi cantada e oficiada pelos
religiosos e sacerdotes. Ali na missa estiveram conosco cerca
de cinqüenta ou sessenta deles, que ficaram de joelhos, assim
como nós. E quando se chegou ao Evangelho, que nos erguemos
todos em pé, com as mãos levantadas, eles se levantaram conosco
e alçaram as mãos, ficando assim até que se acabasse; e então
tornaram-se a assentar como nós. E quando levantaram a
Deus, que nos pusemos de joelhos, eles se puseram todos assim
como nós estávamos, com as mãos levantadas e em tal maneira
sossegados, que, certifico a Vossa Alteza, nos fez muita devoção.
(p.56)
Acabada a pregação, como Nicolau Coelho trouxesse muitas
cruzes de estanho com crucifixos, que lhe ficaram ainda da outra
viagem (alusão à viagem de Vasco da Gama às Índias, em 98,
da qual Nicolau Coelho participara), decidimos colocar uma no
pescoço de cada um. Para isso, o padre frei Henrique se assentou
ao pé da cruz e ali passou a colocar no pescoço de cada um deles
uma cruz atada em um fio, fazendo que primeiro a beijassem e
levantassem as mãos. Muitos vieram e foram assim colocadas
todas as cruzes, umas quarenta ou cinqüenta. (p.58)
Pelo que se deduz dessa cerimônia, não só a nova terra foi
consagrada a Deus, mas seus habitantes também o foram, tudo
sob um céu onde uma grande cruz presidia esse ritual cheio de
significado, a qual, nessa ocasião, fora batizada por Mestre João,
o astrônomo da missão, como informa Bueno (998, p. 05): “De
fato, naquela noite, ao observar as estrelas do Hemisfério Sul,
Mestre João chamaria sua principal constelação de Cruzeiro do
Sul”.
Tais acontecimentos indicam também que, tanto o
continente como a plataforma continental brasileira foram
abençoados em nome de um Deus que presidiu a conquista dos
portugueses, congregados que estavam na Ordem de Cristo, sob
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cujo pavilhão e símbolo tomaram posse da nova terra, em uma
ilha (Coroa Vermelha) situada na faixa de Dom Bosco (5/20o S),
onde foi celebrada a primeira missa.
De acordo com Pero Vaz de Caminha (Tufano, 999):
No domingo da Pascoela, pela manhã, determinou o Capitão de ir
ouvir missa e pregação naquele ilhéu. Mandou a todos os capitães
que se arranjassem nos batéis e o acompanhassem. E assim foi
feito (...) Naquele ilhéu, mandou armar um pavilhão e, dentro
dele, um altar muito bem preparado. E ali, na presença de todos,
mandou rezar missa, a qual foi rezada pelo padre frei Henrique,
em voz entoada, e acompanhada com aquela mesma voz pelos
outros padres e sacerdotes. A missa segundo meu parecer, foi
ouvida por todos, com muito prazer e devoção. O Capitão estava
com a bandeira da Ordem de Cristo, com a qual saiu de Belém.
Ela esteve sempre levantada, da parte do Evangelho. (p. 38-39)
Contrastando com essa estada tranqüila e a perenidade do
símbolo que marcou o nascimento de uma nação predestinada,
a constelação do Cruzeiro do Sul, a continuação da viagem dos
portugueses ao Oriente foi atribulada e assinalada pela fugaz
passagem de um cometa, como informa um dos tripulantes da
esquadra cabralina (relação do piloto anônimo): “Aos 2 dias
do dito mês de maio, apareceu em nosso trajeto, rumando em
direção à Arábia, um cometa com uma cauda muito comprida,
que nos acompanhou durante oito ou dez noites”.
A simbologia dos eventos que marcaram a rápida passagem
(Páscoa) dos portugueses pela Terra Brasilis, que teve início no
Bairro de Belém em Lisboa, com um ritual de bênção da bandeira
da Ordem de Cristo, e término nas costas brasileiras, após uma
travessia que durou toda uma quaresma (Tempo de Penitência
– quarenta dias que representam os 0 anos da caminhada dos
hebreus pelo deserto), pode ser resumida num ato singelo: a
distribuição aos nativos da nova terra das “muitas cruzes de
estanho com crucifixos”, portadas por Nicolau Coelho. Se essas
cruzes sobraram no Oriente, onde não prosperaram, aqui, ao
contrário, foram todas plantadas e produziram abundantes
frutos, tornando o Brasil a maior nação cristã do mundo.

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Concluindo, é bom lembrar que a primeira missa não
foi celebrada no continente e sim no seu vestíbulo, o Ilhéu de
Coroa Vermelha, onde foi desfraldada a bandeira da Ordem de
Cristo, e a segunda, no continente, onde foi plantada a Cruz
de Cristo, reproduzindo assim o ritual de sagração da Terra de
Canaã, ocorrida por ocasião da viagem dos israelitas pelo deserto
(Êxodo) e a parada que aí fizeram para serem purificados, antes de
entrarem nessa Terra Prometida. Este ritual está simbolizado nas
duas tendas erguidas no deserto (Hb 9, -5), onde um vestíbulo,
“o Santo” (primeira tenda, onde se encontrava o candelabro),
precedia “o Santo dos Santos” (segunda tenda, abrigo da arca
da aliança), e repetido com os mesmo detalhes no Templo de
Jerusalém e nas igrejas católicas. Esse duplo ritual de sagração
se repetiu também por ocasião da construção de Brasília, quando
foram celebradas duas missas. A primeira, no “deserto”, a
pedido de Bernardo Sayão (vide capitulo seguinte), e a segunda,
“oficial”, na inauguração da cidade, a mando do seu construtor-
mor, o Presidente Juscelino Kubitschek.



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AS PROFECIAS DE DOM BOSCO

Introdução
Embora mais de um século se tenha passado desde a
chegada dos Salesianos ao Brasil e do sonho de Dom Bosco,
no qual vaticinou um futuro brilhante para a congregação que
fundou e para a terra que os acolheu, a Terra Brasilis, esta secular
ordem religiosa ainda não se dignou a brindar o povo brasileiro
com uma versão em português do texto integral desse sonho,
anotado pelo Padre Lemoyne e corrigido pelo próprio Dom
Bosco. Na falta desse texto, e como diz o dito popular – Quem
não tem cão caça com gato –, vamos ao gato, no caso, o econômico
artigo do Padre José de Vasconcellos, O Centenário de um sonho,
publicado no Boletim Salesiano (edição brasileira, ano 33, n.,
jul./ago. 983, p. 6-). Neste artigo, com cinco capítulos, o então
Diretor do Centro Salesiano de Documentação e Pesquisa, de
Barbacena-MG, dedica os três primeiros para analisar esse Sonho
no contexto dos Sonhos de Dom Bosco e os últimos para o Sonho
propriamente dito. Estes dois capítulos finais – Um sonho de Dom
Bosco e Dom Bosco Sonhou Brasília? – estão a seguir reproduzidos
na integra com os mesmos títulos.
Dom Bosco – João Belchior Bosco – nasceu em Becchi
(Castelnuevo d’Asti), norte da Itália, a 6 de agosto de 85.
Fundou a Ordem dos Salesianos (Sociedade Salesianos de Dom
Bosco e Filhas de Maria Auxiliadora). Faleceu em Turim, a 3
de janeiro de 888, aos 72 anos. Foi canonizado em o de abril de
93, pelo Papa Pio XI.

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Um Sonho de Dom Bosco
“Na noite que precede a festa de Santa Rosa de Lima (30
de agosto) tive um sonho”. Assim começa Dom Bosco a narrar
um de seus sonhos mais famosos, tido em 883, um mês e pouco
depois da chegada dos primeiros Salesianos ao Brasil.
Cecília ROMERO publicou, em 978, esplêndido estudo
sobre “Os Sonhos de Dom Bosco”. Porque se tratava de edição
crítica, restringiu-se a estudar somente 0 sonhos, tidos entre
870 e 887, porque deles poderia ter à mão versão manuscrita
atribuível a Dom Bosco, por dois títulos: ou porque inteiramente
redigida de próprio punho, ou porque chegada até nós em
manuscritos de outrem, mas cuja revisão final é garantida por
apostilas da mão de Dom Bosco.
Esse é exatamente o caso do sonho de 30 de agosto:
manuscrito do P. Lemoyne com correções do próprio punho
de Dom Bosco; e é sobre o texto crítico de Romero que nos
basearemos para a tradução de alguns trechos do sonho. Porque é
quase impossível publicá-lo aqui na íntegra; ele sozinho ocuparia
boa parte deste Boletim Salesiano: são quase dez páginas das
Memórias Biográficas, formato 20 x 0 mm, tipo 6 com as
linhas não intercaladas (Vol. XVI, p. 385-39).
Contou-o Dom Bosco numa reunião do Capítulo Geral da
Congregação, no dia  de setembro daquele ano. O Pe. Lemoyne,
que recolhia as memórias do Santo, transcreveu-o imediatamente
e submeteu-o à correção de Dom Bosco.
“Percebi que estava dormindo e parecia-me, ao mesmo
tempo, correr a toda velocidade, a ponto de me sentir cansado de
correr. (...) Enquanto hesitava se se tratava de sonho ou realidade,
pareceu-me entrar em um salão, onde se achavam muitas pessoas,
falando de assuntos vários”.
E o Santo reproduz profusamente o assunto da conversa.
“Nesse ínterim, aproxima-se de mim um jovem de seus
dezesseis anos, amável e de beleza sobre-humana, todo radiante
de viva luz, mais clara que a do sol”.
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O misterioso guia o acompanhou durante toda a fantástica
viagem e se apresenta como amigo seu e dos Salesianos; vem, em
nome de Deus, dar-lhe um pouco de trabalho.
“Vejamos de que se trata. Que trabalho é este?”.
– Sente-se a esta mesa e puxe esta corda.
No meio do salão havia uma mesa, sobre a qual estava
enrolada uma corda. Vi que a corda estava marcada com linhas e
números, como se fôra uma fita métrica. Percebi mais tarde que o
salão estava situado na América do Sul, exatamente sobre a linha
do Equador, correspondendo os números impressos na corda aos
graus geográficos de latitude”.
Segue a narração de uma vista de conjunto da América do
Sul, esclarecendo o Santo:
“Via tudo em conjunto, como em miniatura. Depois, como
direi, pude ver tudo em sua real grandeza e extensão. Foram os
graus marcados na corda, correspondentes exatamente aos graus
geográficos de latitude, que me permitiram gravar na memória
os pontos sucessivos que visitei na segunda parte do sonho.
Meu jovem amigo continuava: Pois bem, estas montanhas
são como balizas, são um limite. Entre elas e o mar está a messe
oferecida aos Salesianos. São milhares, são milhões de habitantes
que esperam o seu auxílio, aguardam a fé. Aquelas montanhas
eram as cordilheiras da América do Sul e o mar o Oceano
Atlântico.”
Prossegue o sonho mostrando a Dom Bosco como
conseguiria guiar tantos povos ao rebanho de Cristo.
“Eu ia pensando: mas, para se conseguir isso, vai ser
preciso muito tempo. Exclamei, então, em voz alta: não sei o que
pensar. Porem, o moço ajuntou, lendo meus pensamentos:
– Isto acontecerá antes que passe a segunda geração.
– E qual será a segunda geração, perguntei.
– A presente não conta. Será uma outra, depois outra.
– E quantos anos compreendem cada geração?
– Sessenta anos.
– E depois?
– Quer ver o que sucederá depois?
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Venha cá.
E, sem saber como, encontrei-me numa estação
ferroviária.
Havia muita gente. Embarcamos.
Perguntei onde estávamos. Respondeu o jovem:
– Note bem! Observe! Viajaremos ao longo da cordilheira.
O sr. tem estrada aberta também para leste, até ao mar. É outro
dom de N. Senhor. Assim dizendo, tirou do bolso um mapa, onde
vi assinalada a diocese de Cartagena. Era o ponto de partida.
Enquanto olhava o mapa, a máquina apitou e o comboio
se pôs em movimento. Viajando, meu amigo falava muito, mas
nem tudo eu podia entender, por causa do barulho do trem.
Aprendi, no entanto, coisas belíssimas e inteiramente novas
sobre astronomia, náutica, meteorologia, sobre a fauna, a flora e
a topografia daqueles lugares, que ele me explicava com precisão
maravilhosa.
Ia olhando através das janelas do vagão e descortinava
variadas e estupendas regiões. Bosques, montanhas, planícies,
rios tão grandes e majestosos que eu não era capaz de os crer
assim tão caudalosos, longe que estavam da foz. Por mais de
mil milhas, costeamos uma floresta virgem, inexplorada ainda
agora. Meus olhos tinham uma potência visual surpreendente,
não encontrando óbice que os detivesse de estender-se por todas
aquelas regiões. Não só as cordilheiras, mas também as cadeias
de montanhas isoladas naquelas planuras intermináveis eram por
mim contempladas (o brasil?) [Sic: com ponto de interrogação e
com inicial minúscula, no manuscrito original].
Tinha debaixo dos olhos as riquezas incomparáveis deste
solo que um dia serão descobertas. Via numerosas minas de metais
preciosos, filões inexauríveis de carvão, depósitos de petróleo tão
abundantes como nunca se encontraram em outros lugares.
Mas não era ainda tudo. Entre o grau 5 e o 20 havia uma
enseada bastante longa e bastante larga, que partia de um ponto
onde se forma um lago. Disse então uma voz repetidamente:
quando se vier cavar as minas escondidas no meio deste montes
(desta enseada), aparecerá aqui a terra prometida, que jorra leite
e mel. Será uma riqueza inconcebível”.
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Continua a viagem, ao longo da cordilheira, rumo ao sul;
continua a descrição das regiões da bacia do Prata, dos Pampas
e da Patagônia, até Punta Arenas e o Estreito de Magalhães. “Eu
olhava tudo. Descemos do trem”. Voltando-se para o jovem guia,
Dom Bosco lhe diz:
“Já vi bastante. Agora leva-me a ver os meus Salesianos
da Patagônia. Levou-me. Eu os vi. Eram muitos, mas eu não
os conhecia e entre eles não havia nenhum dos meus antigos
filhos. Todos me olhavam admirados e eu lhes dizia: “Não me
conheceis? Não conheceis Dom Bosco?
– Oh Dom Bosco! Nós o conhecemos, mas só de retrato.
Pessoalmente, é claro que não.
– E D. Fagnano, D. Lasagna, D. Costamagna, onde estão?
– Não os conhecemos. São os que para cá vieram em tempos
passados, os primeiros Salesianos que vieram da Europa. Mas já
morreram há muitos anos!
A esta resposta eu pensava cheio de espanto: – Mas isto é
um sonho ou uma realidade? E batia as mãos uma contra a outra,
tocava os braços, me sacudia todo, e ouvia o barulho das mãos e
sentia o meu corpo. Estava nesta agitação quando me pareceu que
Quirino tocasse às Ave-Marias da manhã; mas tendo despertado,
percebi que eram os sinos da paróquia de São Benigno. O sonho
tinha durado a noite toda”.

Dom Bosco Sonhou Brasília?


Como podemos observar, no que possa aplicar-se a Brasília,
o sonho fixa, com clareza pouco freqüente nas chamadas visões
imaginárias, três pontos: tempo, lugar, evento anunciado. Só
para o terceiro a linguagem é simbólica:
a) Tempo
Recordemos o diálogo do sonho:
– Isto acontecerá antes que passe a segunda geração.
– Qual será a segunda geração?
– A presente não conta. Será uma outra, depois outra.
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(E Dom Bosco, querendo ainda mais clareza):
– Quantos anos compreendem cada geração?
– Sessenta anos.
Se a primeira destas gerações começou em 883, ano do
sonho, a segunda teve início sessenta anos depois, em 93, e se
estende até o ano 2003. A construção e consolidação de Brasília
estão assim bem dentro do período anunciado: entre 93 e
2003.
b) Lugar
Dom Bosco localizou o evento na faixa compreendida
pelos paralelos 5 a 20, entre a Cordilheira dos Andes e o Oceano
Atlântico. Exatamente onde foi instalada a nova Capital do
Brasil.
c) Evento anunciado
Embora o Leit-motiv do sonho seja o futuro missionário da
Congregação na América do Sul, Dom Bosco viu incidentalmente
também outras coisas, tanto rios caudalosos e florestas imensas,
como minas de ouro, de pedras preciosas, depósitos de petróleo.
(Monteiro Lobato, a este respeito, cita o sonho numa de suas
obras). Creio, pois, poder afirmar que ele viu, em 883, o que
hoje começamos a ver no Brasil.
Reforça a convicção o teor mesmo do texto, embora em
estilo simbólico; em nenhum outro ponto da referida faixa
continental um acontecimento como a construção de Brasília
obteve repercussão maior no progresso e na riqueza de um país.
Convém, no entanto, recordar aqui, como elemento para
a História, o nascedouro desta interpretação do sonho. Não é
devida aos Salesianos, como poderia parecer.
No início da construção da nova Capital, quando a proeza
parecia estranha e temerária à maioria dos brasileiros, o Dr.
Segismundo Mello, Procurador do Estado de Goiás, e residente
hoje em Brasília, bateu à porta do Ateneu Dom Bosco de Goiânia
com uma dúvida e um pedido: era verdade que Dom Bosco, em
sonho, havia antevisto Brasília? Onde obter o texto do sonho?
Nenhum salesiano do Ateneu sabia de nada!

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A REALIZAÇÃO DAS PROFECIAS-1.ind20 20 17/02/2009 10:16:32


O fato é menos estranhável do que poderia parecer à
primeira vista: a biografia completa de Dom Bosco, com o título de
Memorie Biografiche, tem 6.30 páginas e ocupa 9 alentados
volumes escritos em italiano; não há tradução portuguesa. Nada
de admirar, portanto, se a maior parte dos atuais Salesianos não
a tenha lido nunca por inteiro, ou por falta de tempo ou (os das
gerações mais novas) por já não dominarem completamente a
língua. As pequenas biografias escritas em português não contam
senão um ou outro dos sonhos de Dom Bosco. Não este, que é
muito grande.
Mas o Diretor do Ateneu, P. Cleto Caliman, pôs-se a
vasculhar nas Memórias Biográficas e lá encontrou, no vol. XVI,
o texto integral do sonho de 883. Nele, sob a guia de um jovem
amigo já falecido, Luiz Colle, Dom Bosco fez a fantástica viagem
pela América do Sul, resumida no item  deste estudo.
Ao verificar que Brasília estava situada justamente entre
os paralelos 5 e 20 e que o tempo coincidia com o previsto no
sonho, os defensores de Brasília, com o Dr. Segismundo à frente,
encheram-se de entusiasmo e de certezas. Bernardo Sayão, um
dos pioneiros, logo arranjou ocasião e pretexto para uma Missa,
que os salesianos do Ateneu celebraram, sem alarde, no desértico
planalto entrevisto no sonho. Foi, na realidade, a primeira Missa
de Brasília.
Israel Pinheiro que, por intermédio de um tio Padre, Mons.
Pinheiro, Cooperador salesiano, tinha velhas afinidades com
Dom Bosco, vibrou, e imediatamente comunicou a descoberta
ao Presidente Juscelino Kubitschek. Este, dramaticamente
necessitado de apoios para sua obra grandiosa, tratou logo de
fazer expor na sala principal do Catetinho o trecho do Sonho
possivelmente referente a Brasília, emoldurado em quadro que
ainda lá se acha e parece ter-se inspirado no texto para a frase
famosa que se encontra gravada no seu monumento da Praça dos
Três Poderes: “Deste Planalto central...”
A fim de colocar sob a proteção do Santo os trabalhos
da construção da nova Capital, Israel Pinheiro fez questão de
empregar o primeiro ferro e o primeiro cimento chegados ao

2

A REALIZAÇÃO DAS PROFECIAS-1.ind21 21 17/02/2009 10:16:32


canteiro de obras na construção de uma ermida votiva a Dom
Bosco, desenhada por Niemeyer. Fé-la reproduzir, anos mais
tarde, em escala menor, na sua residência oficial de Prefeito de
Brasília, a Granja do Ipê. Bom mineiro, quis em seguida conferir,
com os próprios olhos, o manuscrito original do sonho, cuja cópia
xerox me fez requisitar à Casa Mãe dos Salesianos na Itália.
Como conseqüência de tudo isto, a cidade nasceu embalada
na certeza de ter sido sonhada por um santo e é por isso que a
devoção a Dom Bosco é tão popular entre os brasilienses.
Quando, em 96, chegou a hora de escolher Patrono
litúrgico para ela, a Autoridade eclesiástica local, com muito
acerto, pensou em Nossa Senhora Aparecida. Mas, por
coincidência (ou “elegância da Divina Providência”, como
costumava dizer o Papa Pio XI), nesta data, eram ex-alunos
salesianos o Presidente da República, Jânio Quadros (ex-aluno
do Colégio S. Joaquim, de Lorena, SP), o Prefeito Paulo de Tarso
(ex-aluno do Colégio Dom Bosco, do Araxá, MG) e o Presidente
da Novacap Randall Espírito Santo Ferreira (ex-aluno do Ginásio
Salesiano de Silvânia, GO). Os três ex-alunos, atendendo também
a apelo unânime da população em minuta preparada por quem
escreve este estudo, firmaram juntos petição à Santa Sé para que
S. João Bosco fosse declarado Co-Patrono da Cidade, o que veio
a acontecer.
Deste modo, no último domingo de agosto, dia festivo mais
próximo à data do famoso sonho, os brasilienses, tendo à frente
o seu Arcebispo, organizam, todos os anos, piedosa romaria à
ermida de Dom Bosco.
Em conclusão, se repetirmos a pergunta: “Dom Bosco
Sonhou Brasília?”, creio se possa responder:
. É certo que o Santo, no “sonho” de 883, pensou no
Brasil: lá está explicita a alusão, embora em forma
interrogativa, no manuscrito do sonho tido pelos
entendidos como o mais autêntico. (Há vários outros)
2. É igualmente certo que o lugar e o tempo coincidem
plenamente, sem qualquer ginástica exegética, com os
da construção de Brasília.
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A REALIZAÇÃO DAS PROFECIAS-1.ind22 22 17/02/2009 10:16:33


3. Quanto ao evento anunciado (grande riqueza, progresso),
estou atento à advertência da lógica escolástica sobre
a falácia possível no argumento: “depois disto, logo,
por causa disto”: Post hoc, ergo propter hoc. Mas
há, inegavelmente, relação de causa e efeito entre a
transferência da Capital e o surto de progresso que se
deu no País a partir daquela realização, não só na região
Centro-Oeste, como seria de esperar, mas no Brasil
como um todo. Só não o vêem os que não querem ver;
os dados e as estatísticas estão aí, à vista de todos.
. Seria indevido pedir maior clareza e mais especificação
num sonho-visão. Manifestações como estas, como as dos
profetas da Escritura, são de sua natureza imaginárias,
envoltas em expressões ora obscuras, ora simbólicas,
que se prestam a mais de uma interpretação. Mas ainda
assim, sobre o essencial, como vimos, há mais clareza
neste “sonho” do que em geral nas previsões deste
tipo.
5. Convém ainda não esquecer que Dom Bosco nunca esteve
na América, não tinha maiores estudos de Geografia, e
que os mapas da época, sobretudo os das regiões extra-
européias, eram bastante incompletos e vagos.

Em tempo:

a) Os representantes mais altos da Congregação Salesiana e


seus melhores estudiosos jamais se pronunciaram sobre o assunto
e a reação de seus Superiores Maiores a este respeito foi sempre
de reticência. O escrito acima representa opinião estritamente
pessoal.
b) Uma advertência aos angustiados com a situação atual
do País: – a segunda geração, preanunciada no sonho para o
advento de uma era de prosperidade e riqueza, só termina no ano
2003. Até lá... nada se perde em esperar para conferir.

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A REALIZAÇÃO DAS PROFECIAS-1.ind23 23 17/02/2009 10:16:33


Outras Profecias Sobre Brasília
Sobre Brasília eis o que diz Eduardo Bueno, em seu livro
Brasil: Uma História (BUENO, 2002, p. 352-353):
Era uma cidade longamente profetizada. Já em 883, ela aparece
reluzente, nas visões do santo italiano João Bosco. Um século
antes, fizera parte dos sonhos libertários dos inconfidentes,
fulminados em 789. Em 83, o jornalista Hipólito José da
Costa, redator do Correio Brasiliense, editado em Londres,
deu novo alento à idéia de transferir a capital do Brasil para o
interior, “junto às cabeceiras do Rio São Francisco”. No início
de 822 surgiria, em Lisboa, um livreto, redigido nas Cortes,
determinando que, “no centro do Brasil, entre as nascentes dos
confluentes do Paraguai e do Amazonas fundar-se-á a capital do
Brasil, com a denominação de Brasília”. No mesmo ano, após
a Independência, José Bonifácio defenderia, na Constituinte,
a idéia de erguer a nova capital “na latitude de 5o, em sítio
sadio, ameno, fértil e regado por um rio navegável”. Em 852,
o historiador Francisco Adolfo de Varnhagen tornou-se o
principal defensor de Brasília e, em 877 seria o primeiro a viajar
ao Planalto Central tentando demarcar o ponto ideal.
Achou-o “no triângulo formado pelas lagoas Formosa, Feia e
Mestre d’Armas, pelo fato de fluírem para o Amazonas, o São
Francisco e o Prata”. Proclamada a República, o artigo 3o da
nova Constituição estabeleceu que a capital de fato seria mudada
para o Planalto Central. Por isso, em 892, à frente da recém-
formada Comissão Exploradora do Planalto Central, o cientista
Luís Cruls demarcou “um quadrilátero de .00 quilômetros
para nele ser erguida a nova cidade”. Em 922, o presidente
Epitácio Pessoa baixou um decreto determinando que no dia
7 de setembro daquele ano (centenário da Independência)
fosse assentada a pedra fundamental da nova capital, na cidade
de Planaltina (GO), localizada no “quadrilátero Cruls”, hoje
perímetro urbano de Brasília. A idéia de transferir a capital
para os longínquos descampados do cerrado seria mantida nas
constituições de 93 e de 96. Mas só começou de fato a sair
do papel no dia  de abril de 955, num comício em Jataí (GO),
quando o então candidato à Presidência Juscelino Kubitscheck

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A REALIZAÇÃO DAS PROFECIAS-1.ind24 24 17/02/2009 10:16:33


decidiu fazer a mais óbvia das promessas de campanha: jurou
que iria “cumprir a Constituição”. Então, como o próprio JK
conta no livro Por que construí Brasília, algo de surpreendente
aconteceu – e mudou os destinos do Brasil.
De acordo com JK, ao final do comício em Jataí, “uma voz forte se
impôs” e o interpelou. “O senhor disse que, se eleito, irá cumprir
rigorosamente a Constituição. Desejo saber se pretende pôr em
prática a mudança da capital federal para o Planalto Central”.
JK olhou para a platéia e identificou o interpelante: era um certo
Toquinho. Embora considerasse a pergunta embaraçosa e já
tivesse seu Plano de Metas pronto, JK respondeu que construiria
a nova capital. A partir daí, Brasília virou a “meta-síntese” de
seu governo. Ao assumir a Presidência, apresentou o projeto
ao Congresso como fato consumado. Em setembro de 956, foi
aprovada a lei nº 2.87 que criou a Cia. Urbanizadora da Nova
Capital. As obras se iniciaram em fevereiro de 957, com apenas
3 mil trabalhadores – batizados de “candangos”. Os arquitetos
Oscar Niemeyer e Lúcio Costa foram encarregados de projetar a
cidade “futurista”.

A Realização das Profecias


As visões de Dom Bosco sobre a Terra Brasilis, a exemplo
de Brasília, parece que já está se tornando uma realidade, como
indicam as descobertas de petróleo e gás natural do pré-sal, e
de gás na Bacia do São Francisco, e do maior reservatório de
água doce da América do Sul, na Bacia do Paraná, o Aqüífero
Guarani.
Sobre as ocorrências de gás de petróleo da Bacia do São
Francisco, segue abaixo alguns trechos de interessante artigo do
ex-Ministro de Minas e Energia, Paulino Cícero de Vasconcelos,
publicado no jornal Estado de Minas (/6/2003, p.9) sob o título O
gás do São Francisco, que liga esse fato ao sonho de Dom Bosco:
Um dos maiores geólogos do País, Carlos Walter Marinho
Campos, que no ano passado recebeu post-mortem, a medalha
Eschwege do governo mineiro, foi o homem que levou a

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A REALIZAÇÃO DAS PROFECIAS-1.ind25 25 17/02/2009 10:16:33


Petrobrás para o mar. (...) Quando assumi a Secretaria de
Minas do governo Itamar, já aposentado da Petrobrás, Carlos
Walter, com minha presença, instalou em Ouro Preto o Núcleo
de Engenharia de Petróleo (Nupetro), que somava o notório
potencial de duas renomadas instituições: a Escola de Minas,
na área de geologia, e a Escola Federal de Engenharia de Itajubá
(Efei), em eletricidade e mecânica. Neste dia, com a simplicidade
que contrastava os títulos tantos que acumulara no Brasil e no
exterior, Carlos Walter me dizia que a bacia hidrográfica do São
Francisco pode esconder um oceano de gás. É uma unidade
geotectônica proterozóica – dizia-me. Não deve ter óleo, mas
certamente conterá muito gás natural de petróleo, exatamente
como ocorre na Sibéria e no Mar Amarelo da China, que são,
também, bacias proterozóicas, formada a mais de 500 milhões
de anos. (...) É rezar para que as coisas se apressem e aconteçam.
Aliás, falando em rezar, isso me lembra o jornalista Jorge Faria,
como eu, ex-aluno salesiano. Ele diz – e jura – que o verdadeiro
sonho visionário de Dom Bosco sobre o Centro-Oeste brasileiro
não era Brasília. Era e é o gás do São Francisco.
Para completar essas observações, poderíamos acrescentar
que, na faixa de Dom Bosco (5o / 20o S) existe outros sítios
que se encaixam nas descrições do sonho, como o pantanal
mato-grossense e a região andina do lago Titicaca, os quais, se
pesquisados, poderão apresentar surpresas agradáveis.
Mas é no litoral Atlântico brasileiro que as visões proféticas
de Dom Bosco – “Via numerosas minas de metais preciosos, filões
inexauríveis de carvão, depósitos de petróleo tão abundantes
como nunca se encontraram em outros lugares” – estão se
realizando de forma espetacular, como informa o jornalista
Antônio Machado, em sua coluna Brasil S/A, no Jornal Estado de
Minas (9//2007, p. ):
Ontem, a Petrobrás anunciou que os testes finais no campo de
Tupi, na Bacia de Santos, comprovaram a existência de reserva
explorável de 5 bilhões a 8 bilhões de barris de petróleo de
qualidade, além de gás, o que alça o país no ranking dos grandes
produtores no mundo. (...) A descoberta faz parte de uma área
de 800 quilômetros de extensão por 200 de largura, indo do

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A REALIZAÇÃO DAS PROFECIAS-1.ind26 26 17/02/2009 10:16:34


litoral do Espírito Santo a Santa Catarina, território no qual a
Petrobrás começou a mapear sozinha e em associação com sócios
(em Tupi, por exemplo, está junto do BG Group, da Inglaterra,
dono de 25% da concessão, e da Petrogal/Gap, de Portugal, com
0%). (...) A reserva encontrada em Tupi está a 6 quilômetros de
profundidade – com ,5 a 3 km de lâmina d’água e mais 3 a  km
de uma espessa camada de sal.
Considerando os dados divulgados pelo governo federal,
segundo os quais, o chamado Bloco de Tupi faz parte de um
conjunto de  blocos igualmente promissores, portanto em
condições de comportar reservas da ordem de 300 bilhões
de barris, e que blocos semelhantes podem ocorrer nas bacias
situadas a norte e sul da Bacia de Santos, onde o nível de sal é
conhecido, é possível imaginar reservas da ordem de  trilhão de
barris, o que coloca o Brasil no topo do ranking dos detentores de
grandes reservas de petróleo e gás, pois o potencial dessa faixa
litorânea, de 800 km de extensão por 200 km de largura, equivale
às reservas totais hoje conhecidas em todo o planeta. Isto sem
contar os gigantescos domos de sal descobertos na foz do Rio
Amazonas, cujo potencial petrolífero ainda não foi pesquisado.
Essas descobertas provam que as profecias de Dom Bosco
são dignas de fé. E, mais, a localização das reservas de petróleo
e gás do pré-sal foram aí colocadas de forma providencial, pois
estão protegidas por um oceano, e longe da cobiça de outros
países, porem bem próximas do principal centro consumidor do
País, a Região Sudeste. Segundo o presidente da Petrobrás, José
Sergio Gabrielli, (entrevista ao Jornal Estado de Minas, 8/0/2008,
p.6), 85% das reservas da companhia e 80% de suas refinarias
estão localizadas nessa região, É uma situação privilegiada, em
todos os sentidos, inclusive para montagem de um sistema de
defensivo contra quaisquer ameaças externas.

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A REALIZAÇÃO DAS PROFECIAS-1.ind27 27 17/02/2009 10:16:34


2003/2063 – OS ANOS DECISIVOS

“Porém, o moço ajuntou, lendo em meus pensamentos:


– Isto acontecerá antes que passe a segunda geração.
– E qual será a segunda geração, perguntei.
– A presente não conta. Será uma outra, depois outra.
– E quantos anos compreendem cada geração?
– Sessenta anos.
– E depois?
– Quer ver o que sucederá depois?
Venha cá.”

A Geração Excluída (1823/1883)


(“A presente não conta”)
“A colonização européia, iniciada no período imperial,
respondia a uma atitude comum da oligarquia das nações latino-
americanas, alçada ao poder com a independência: sua alienação
cultural que a fazia ver sua própria gente com olhos europeus”.
(Darcy Ribeiro, O Povo Brasileiro, Companhia das Letras,
1995, p.433)

A Primeira Geração (1883/1943)


(“Será uma outra”)
“Há uma situação de contradição que é: os descendentes
de imigrantes que vieram no fim do século, subvencionados,
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A REALIZAÇÃO DAS PROFECIAS-1.ind28 28 17/02/2009 10:16:34


vieram no fundo dos navios, como gado, porque não cabiam na
economia da Europa, que enfrentava uma crise de desemprego
como a nossa hoje. Nós absorvemos uma dezena de milhões
desses imigrantes. Tem muitos que são excelentes, mas outros
acreditam que fizeram o Brasil. Eles vieram subsidiados, o Brasil
já existia com suas dimensões, já era independente. Eles vieram
outro dia, mas tinham uma atitude muito besta e começam
alguns problemas quando esses bestinhas, que havia muito em
Santa Catarina e no Rio Grande do Sul, começam a falar dos
baianos ou dos pernambucanos ou da gente antiga de sua própria
região. Então o Brasil está vivendo um momento de tensões que
vão dar em diferenças”
(Darcy Ribeiro, entrevista para o Jornal do Brasil, 3//996,
Cad. B, p,5).

A Segunda Geração (1943/2003)


(“Depois outra”)
“Se a primeira destas gerações começou em 883, ano do
sonho, a segunda teve início sessenta anos depois, em 93, e se
estende até o ano 2003. A construção e consolidação de Brasília
estão assim bem dentro do período anunciado: entre 93 e
2003” (Padre José de Vasconcellos).

A Terceira Geração (2003/2063)


(“Quer ver o que sucederá depois? – Venha cá.”)
O que se segue ao diálogo que abre este capítulo, está
descrito no anterior, mas o que queremos ressaltar com essa
análise é o que está acontecendo no presente e o que está
para acontecer nos próximos anos. Segundo o Padre José de
Vasconcellos, “se a primeira destas gerações começou em 883,
ano do sonho, a segunda teve início sessenta anos depois, em

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A REALIZAÇÃO DAS PROFECIAS-1.ind29 29 17/02/2009 10:16:34


93, e se estende até o ano 2003”. Com base nessa interpretação
podemos concluir que, quando o jovem guia de Dom Bosco,
“de beleza sobre-humana, todo radiante de viva luz, mais clara
que a do sol”, diz o que acontecerá depois da segunda geração
– “Quer ver o que sucederá depois? – Venha cá.” – ou seja, depois
do ano 2003, é que a viagem ferroviária de Dom Bosco, que se
segue a esse diálogo, se passa no tempo atual, época da terceira
geração (2003/2063), a escolhida para construir essa ferrovia e
ocupar o território onde, segundo as profecias, “aparecerá a terra
prometida, que jorra leite e mel”.
A escolha dessa geração não foi casual, pois, de acordo
com a narrativa de Dom Bosco, o emissário divino excluiu
uma geração – “a presente não conta” (823/883), ou seja,
a dos imigrantes que aqui chegaram quando o Brasil já era
independente, porém escravocrata. A partir desta geração,
Imperial, seguem-se outras três, Republicanas, cada uma com
uma missão: a primeira (883/93) a de fazer uma revolução
para mudar a face escravocrata do Brasil – a Revolução de 30 –;
a segunda (93/2003), a de edificar Brasília e ocupar o Centro-
Oeste; e a terceira (2003/2063), com o encargo de construir
a ferrovia profetizada por Dom Bosco e povoar sua rota e a
Amazônia, cumprindo assim os desígnios de Deus.
Estas privilegiadas gerações já vêm atuando nesse
sentido, como demonstra a presença de gaúchos, catarinenses e
paranaenses no Centro-Oeste, no Brasil Central, na Amazônia, no
Nordeste, no Paraguai (brasiguaios) e na Bolívia, descendentes
dos imigrantes que não conheceram a escravidão e nem foram
responsáveis por suas mazelas, magistralmente descritas por
Gilberto Freire, em sua monumental obra Casa Grande &
Senzala. Por esta razão, estão livres do ranço escravocrata que
domina certas elites, principalmente as nordestinas, pois estas,
diferentemente das mineiras, paulistas e fluminenses, que
tiveram suas mentalidades escravistas modificadas pelas levas de
imigrantes que aportaram ao País no final do século XIX e início
do século XX, ainda adotam uma postura retrógrada no quadro
político nacional.
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A REALIZAÇÃO DAS PROFECIAS-1.ind30 30 17/02/2009 10:16:35


O Brasil, portanto, encontra-se num momento decisivo
de sua história, cabendo à terceira geração a missão de definir
os rumos do País e quem sairá vencedor nessa disputa: a Casa
Grande & Senzala, que se atém a um passado que não volta mais,
ou o Brasil dos Imigrantes, que marcha para frente em busca de
novos horizontes.

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A REALIZAÇÃO DAS PROFECIAS-1.ind31 31 17/02/2009 10:16:35


IMIGRANTES

Família Parenti
(Fotografia tirada no início do século XX, em Pouso Alegre-MG)
Savério Parenti e Lucia Guigli Parenti (bisavós do autor) e seus filhos
Giovanni (avô – nascido em Riolunato-Modena), Beatrice e Elisabetta.
A família Parenti deixou a Itália pelo Porto de Gênova, viajando para
o Brasil no navio Les Alpes, chegando à Hospedaria dos Imigrantes em
Juiz de Fora-MG, em 20 de maio de 897.

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IMIGRANTES

Família Chiarini
(Fotografia tirada no início do século XX, em Pouso Alegre-MG)

Pietro Chiarini e Francesca Adreucci Chiarini (bisavós do autor) e seus


filhos Francesco, Ângelo, Giuseppe, com suas esposas, Alessandro,
sentado ao lado do pai, e Carolina (avó- nascida em Arezzo-Toscana),
sentada ao lado da mãe. A família Chiarini deixou a Itália pelo Porto
de Gênova, viajando para o Brasil no navio Aquitaine, chegando à
Hospedaria dos Imigrantes em Juiz de Fora-MG, em 3 de agosto de 897.

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A REALIZAÇÃO DAS PROFECIAS-1.ind33 33 17/02/2009 10:16:37


FIGURA 1

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A REALIZAÇÃO DAS PROFECIAS-1.ind34 34 17/02/2009 10:16:37


A FERROVIA TRANSCONTINENTAL DOM BOSCO

O Eixo Central
O eixo central imaginado para a Ferrovia de Dom Bosco
(Figura ), com base no sonho visionário, tem início na cidade de
Cartagena, na Colômbia, e a partir daí segue em direção a Caracas,
na Venezuela, de onde toma o rumo sul, passando sucessivamente
pelas cidades brasileiras de Boa Vista-RR, Manaus-AM, Porto
Velho-RO, Cuiabá-MT e Campo Grande-MS. Desta cidade
continua rumo sul para Assunção, no Paraguai, e Buenos Aires, na
Argentina, de onde prossegue até atingir seu ponto final em Punta
Arenas, no Chile. São cerca de 0.777 km de um percurso que,
começando no Mar das Antilhas, no extremo norte da América
do Sul, termina no Estreito de Magalhães, no seu extremo Sul,
passando por um território de topografia favorável, pois em Boa
Vista, no extremo norte da Bacia Amazônica, a altitude é de 85
metros; altitude que se repete no extremo sul, em Porto Velho,
distante cerca de .686 km. Em Cuiabá, o centro geográfico da
América do Sul e divisor de águas das bacias do Amazonas e do
Prata, distante .56 km de Porto Velho, a altitude é de apenas
76m. De Cuiabá para o Sul, a cota é descendente, pois a região
a ser percorrida até Buenos Aires situa-se na Bacia do Rio da
Prata.
Não bastassem esses fatores extremamente importantes
para o traçado da ferrovia – fato notado por Dom Bosco: “Não
só as cordilheiras, mas também as cadeias de montanhas isoladas
naquelas planuras intermináveis eram por mim contempladas
(o brasil?)” –, acresce ainda que, em ambas as extremidades, ela
faz junção com os dois maiores oceanos do globo, o Atlântico
35

A REALIZAÇÃO DAS PROFECIAS-1.ind35 35 17/02/2009 10:16:38


e o Pacífico. No extremo sul, esses oceanos estão ligados pelo
Estreito de Magalhães, onde se localiza Punta Arenas. No extremo
norte, em território colombiano, está projetada a construção de
um canal para ligar esses dois oceanos ao nível do mar. O valor
estratégico combinado desses fatores, o Estreito de Magalhães,
o Canal Colombiano e a Ferrovia de Dom Bosco, faz crer que
realmente esta ferrovia transcontinental, que supera a famosa
Transiberiana com seus 9.000 km (de Moscou a Vladivostok),
é de inspiração divina e foi concebida para colocar os países da
América do Sul num plano superior no concerto das nações, e
protegê-los de ameaças externas, como a Quarta Frota americana,
reativada para patrulhar as águas latino-americanas, tornando-as
inseguras ao tráfico marítimo.

Kilometragens (Aproximadas)

Cartagena/Fronteira Colômbia-Venezuela..........................300 km
Fronteira Colômbia-Venezuela/Caracas..............................800 km
Caracas/Fronteira Venezuela-Brasil....................................200 km
Fronteira Venezuela-Brasil/Boa Vista-RR......................... 220 km
Boa Vista/Manaus-AM.........................................................785 km
Manaus/Porto Velho-RO......................................................90 km
Porto Velho/Cuiabá-MT.....................................................56 km
Cuiabá/Campo Grande-MS.................................................69 km
Campo Grande/Ponta Porã-MS (Fronteira com o
Paraguai)...............................................................................336 km
Ponta Porã (Fronteira com o Paraguai)/Assunção.............30 km
Assunção/Buenos Aires......................................................35 km
Buenos Aires/Punta Arenas............................................. 2.00 km

RESUMO

Colômbia...............................................................................300 km
Venezuela............................................................................2.000 km
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A REALIZAÇÃO DAS PROFECIAS-1.ind36 36 17/02/2009 10:16:38


Brasil....................................................................................392 km
Paraguai.................................................................................30 km
Argentina...........................................................................3.620 km
Chile......................................................................................25 km
Total................................................................................. 0.777 km

A Via Leste
A Via Leste, pelo que disse o jovem guia de Dom Bosco, faz
parte do mesmo plano superior: “Note Bem! Observe! Viajaremos
ao longo da cordilheira. O sr. tem estrada aberta também para
leste, até o mar. É outro dom de N. Senhor”. Para seguir para
o mar, rumo ao leste, percorrendo em sua maior extensão esse
“outro dom de N. Senhor”, o ponto de partida situa-se em Porto
Velho, em Rondônia, a cidade mais a oeste do eixo central, e o
ponto final na cidade portuária do Recife, em Pernambuco, no
extremo leste do continente. Este trajeto, praticamente em linha
reta, tem cerca de 3.200 km e a topografia também é favorável,
pois em Palmas, capital do Estado do Tocantins, situada a meio
caminho desses pontos extremos, a altitude gira em torno de
200m. A distância Porto Velho-Palmas é de aproximadamente
.700 km e de Palmas a Recife cerca de .500 km. Alem disso,
Palmas esta situada no eixo da Ferrovia Norte-Sul, a qual com
seus .550 km, quando prontos, ligará os Estados do Maranhão,
Tocantins e Goiás ao sistema ferroviário sul. No seu extremo
norte, no Estado do Maranhão, a conexão se faz com a Estrada
de Ferro Carajás, que termina no Porto de Itaqui, em São Luís.
A sinergia entre essas três importantes ferrovias e seus terminais
portuários, somada às demandas do agronegócio, serão fatores
determinantes para transformar o Brasil Central e o Nordeste,
em regiões privilegiadas para produzirem alimentos para um
mundo faminto. Como disse o guia de Dom Bosco: “É outro
dom de N. Senhor”.
37

A REALIZAÇÃO DAS PROFECIAS-1.ind37 37 17/02/2009 10:16:38


A Variante “A”
A Variante “A” é uma alternativa que possibilitará incluir
a Bolívia e norte da Argentina na área de influência da Ferrovia
de Dom Bosco. Essa ligação poderá ser feita a partir da cidade
de Porto Velho, no estado de Rondônia, onde tem início a Via
Leste, seguindo um traçado que cortará de norte a sul a região
sub-andina da Bolívia, sua nova fronteira agrícola, passando
por Santa Cruz de la Sierra até atingir a cidade Argentina de
Salta, onde fará ligação com o sistema ferroviário desse país que
demanda a Buenos Aires. É uma variante importante, pois de
Porto Velho a Santa Cruz são cerca de .000 km, e desta cidade
até a divisa com a Argentina outros 600 km. Desta divisa até
Salta, deve-se acrescentar 300 km e, a partir daí, até Buenos
Aires, mais .800 km. No total são 3.700 km, sendo .900 km de
novas ferrovias (625 km no Brasil, 975 km na Bolívia e 300 km na
Argentina). Como fator adicional para valorizar a Variante “A”,
deve-se ressaltar que, em Santa Cruz de la Sierra, essa variante
fará junção com a ferrovia que, partindo desta cidade, liga o leste
boliviano ao sistema ferroviário brasileiro, em Corumbá, no
Estado de Mato Grosso do Sul, e com o Eixo Central, em Campo
Grande, no mesmo Estado. O percurso total até este ponto é de
.000 km, sendo 625 km na Bolívia e 375 km no Brasil.

A Variante “B”
A Variante “B” é uma via que já está pronta. Formada
pelo sistema ferroviário brasileiro, ela parte de Campo Grande,
no Estado de Mato Grosso do Sul, rumo ao sul, atravessando os
estados de São Paulo, Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do
Sul até atingir a fronteira com a Argentina, em Uruguiana/Passo
de los Libres, num percurso de 2.832 km. Desta cidade, onde se
conecta com o sistema ferroviário argentino, segue para Buenos
Aires cumprindo um trajeto de aproximadamente 900 km. A
38

A REALIZAÇÃO DAS PROFECIAS-1.ind38 38 17/02/2009 10:16:38


partir de Campo Grande, portanto, a Ferrovia de Dom Bosco
bifurca-se, seguindo o Eixo Central para Assunção e Buenos
Aires num percurso de 2.02 km, e a variante “B” pelo sistema
ferroviário brasileiro/argentino até atingir o mesmo destino,
totalizando cerca de 3.732 km, onde voltam a se encontrar
para prosseguir numa só via até Punta Arenas, no Chile. Um
ramal adicional, com cerca de 890 km, ligando Porto Alegre a
Montevidéu, colocará também o Uruguai no roteiro da Ferrovia
de Dom Bosco, aumentando ainda mais o poder de integração
continental desta ferrovia e fortalecendo os laços econômicos do
Mercosul.

Kilometragens (Aproximadas)

Campo Grande/São Paulo..................................................0 km


São Paulo/Curitiba............................................................... 08 km
Curitiba/Florianópolis........................................................ 300 km
Florianópolis/Porto Alegre................................................. 76 km
Porto Alegre/Uruguaiana.................................................... 63 km
Uruguaiana/Passo de los Libres/Buenos Aires................. 900 km
Porto Alegre/Montevidéu................................................... 890 km

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A REALIZAÇÃO DAS PROFECIAS-1.ind39 39 17/02/2009 10:16:38


EDUCAÇÃO: O CALCANHAR-DE-AQUILES DA
SOCIEDADE BRASILEIRA

Introdução
A história registra um impasse – a lenda do Nó Górdio
– que retrata a situação da educação pública no Brasil, que patina
na mediocridade por falta de uma decisão corajosa do governo
federal para mudar o quadro estabelecido e implantar a Escola
Pública de Tempo Integral.
Segundo a Enciclopédia Delta Larousse,
na mitologia grega, tornada universal no mundo romano, a vida
era o fio que Cloto fiava, Láquesis dobava e Átropo cortava.
No fio da vida o nó representa a interrupção, o obstáculo. (...)
Foi no templo de Zeus, localizado em Górdios, às margens
do rio Sangário, que Alexandre cortou com golpe de espada o
“nó gordio”, do qual dizia um oráculo que quem o desatasse se
tornaria o senhor da Ásia.
O jornalista Mário Fontana, em sua coluna no Jornal
Estado de Minas (//200, p.), esclarece essa questão:
A história é a seguinte. No ano 333 antes de Cristo, Alexandre, o
Grande, na sua marcha para o Oriente, chega à cidade de Gordium,
na Anatólia, capital da Frigia. Lá o rei Midas lhe apresenta o
carro de guerra do rei Gordius (pai de Midas), em que havia uma
lança presa no carro por um nó que ninguém conseguia desatar:
o nó górdio. Dizia a profecia que quem conseguisse desatar o nó
conquistaria a Ásia. Alexandre tenta por diversas vezes desatar o
nó, mas não consegue. Vendo que esta tarefa impossível, arranca

0

A REALIZAÇÃO DAS PROFECIAS-1.ind40 40 17/02/2009 10:16:39


de sua espada e corta o nó ao meio, dizendo: Está desatado. E
parte em conquista da Ásia.
São muitos os “nós” que mantêm o Brasil atado à miséria
e à opressão e identifica-los e “desatá-los” é tarefa de todos os
brasileiros que querem construir um país mais justo e fraterno,
principalmente os políticos e governantes que foram eleitos
para isso. O mais importante desses “nós”, que “amarra” o
desenvolvimento econômico e social do País, é a Escola Pública
de Tempo Integral, um nó que, se desatado, acabará de vez com
a pilantropia praticada pela elite, ONGs, pessoas inescrupulosas,
e toda sorte de expedientes caritativos voltados para a infância e
juventude carentes.
Essa postura assistencialista e hipócrita, que no passado era
financiada por eventos beneficentes patrocinados pelas socialites,
como bingos e jantares, e que tinha um caráter meramente
social, agora virou um negócio empresarial bastante rentável,
verdadeiramente uma festa, pois descobriram uma fonte
inesgotável para financiá-lo, o dinheiro público, via deduções
do Imposto de Renda. É fazer cortesia com dinheiro alheio
aproveitando da omissão do poder público no cumprimento de
suas obrigações, no caso, a escola pública. Educação é assunto
de Estado, e não uma questão menor a ser tratada por ONGs
e entidades empresariais.
Para denunciar essa situação, escrevi a seguinte carta ao
Presidente Lula:

Belo Horizonte, 9 de agosto de 2008.

Exmo. Sr.
Luiz Inácio Lula da Silva
Presidente da República
Brasília – DF

Prezado Senhor Presidente,



A REALIZAÇÃO DAS PROFECIAS-1.ind41 41 17/02/2009 10:16:39


Pelo 23º ano consecutivo, a Rede Globo de Televisão
realiza seu show marqueteiro-empresarial denominado Criança
Esperança, destinado a arrecadar dinheiro com doações de
seus telespectadores, para financiar projetos assistencialistas
envolvendo crianças carentes de todos os quadrantes do País.
Neste processo, inovador, pois sua participação se limita a faturar
a imagem do bom mocismo, já que tudo é terceirizado, desde
a arrecadação dos recursos financeiros, creditados diretamente
na conta da UNESCO, até a execução dos projetos, a cargo de
ONGs e outras entidades assistencialistas, o que fica claro é
que os responsáveis por esse grupo empresarial não colocam
um tostão sequer em tudo isso, ao contrário dos empresários
norte-americanos que doam suas fortunas para criarem escolas e
universidades de fama mundial, das quais muito se orgulham, e
que contribuem efetivamente para educar a infância e juventude
de seu país.
O objetivo principal dessa campanha da Rede Globo é
sabotar a escola pública, passando a mensagem de que os graves
problemas estruturais do sistema educacional de nosso País
podem ser superados com iniciativas pontuais praticadas à revelia
do Estado, para o que são pinçados, como exemplos, projetos e
realizações pessoais que são mostrados em seus programas para
sensibilizar os brasileiros e motivá-los a fazerem doações, num
estilo que lembra muito o praticado por certas religiões. Este
discurso é enfatizado pelos repórteres da empresa que, graças ao
alcance dessa televisão, principalmente do Jornal Nacional, têm
um poder de convencimento que supera de longe os discursos de
todos os senadores e deputados federais somados.
O efeito dessa postura é que a sociedade brasileira perde
o foco da questão, não atinando para o que realmente resolve a
situação da infância e juventude carentes do País que é a Escola
Pública de Tempo Integral, solução apontada pelos pioneiros
da Escola Nova na década de 30 do século passado, sabotada
pela elite conservadora daquela época, da qual fazia parte o Dr.
Roberto Marinho, como mostra o trabalho em anexo, retirado de
um livro de minha autoria, intitulado A Ferrovia de Dom Bosco
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A REALIZAÇÃO DAS PROFECIAS-1.ind42 42 17/02/2009 10:16:39


(p. 55-8), publicado pela Mazza Edições, Belo Horizonte-MG,
em 2007 (2. ed.).
Para melhor avaliar essa iniciativa da Rede Globo, e seu
impacto sobre o ensino público, já que nada mudou no quadro
social do País nos seus 23 anos de existência, o caminho mais
indicado é fazer uma pesquisa comparando o ensino ministrado
nos países do G-7 e do BRIC, e se neles o Programa Criança
Esperança teria cabimento.
Agradecendo a atenção e desejando sucesso ao governo de
V.Exa., subscrevo-me.

Cordialmente,

João Gilberto Parenti Couto

Com cópias para os Exmos.(as) Srs.(as) Senadores(as),


Deputados(as) Federais e Ministros da Educação, Fernando
Haddad, e de Assuntos Estratégicos, Mangabeira Unger.

As Causas do Fracasso da Escola Pública


no Brasil
A perenização da miséria no Brasil é fruto de um processo
de exclusão social que tem na educação as raízes mais profundas.
Esta tragédia coletiva é o resultado de um passado escravocrata e
da opção da elite republicana de priorizar as questões econômicas
em detrimento do social. Neste particular é bom lembrar que a
última reforma substancial no ensino brasileiro ocorreu há mais
de sessenta anos, no período revolucionário de Vargas, com a Lei
Capanema, que mudou o ensino no País, como informa Joaquim
Panini (Caminhos Novos na Educação. São Paulo: FTD, 995, p.
286):
Realmente, até 90, praticamente qualquer pessoa podia ensinar,
mesmo sem o credenciamento de títulos. O mesmo acontecendo

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A REALIZAÇÃO DAS PROFECIAS-1.ind43 43 17/02/2009 10:16:39


com as escolas. Com a lei Capanema, publicada em 92, – a
primeira grande lei de ensino no Brasil – as coisas mudaram
substancialmente. As escolas e, sobretudo os professores, tiveram
que legalizar sua situação frente às exigências da lei, o magistério
deixou de ser considerado sacerdócio e passou a ser tido somente
como uma profissão, exigindo interesse, aptidão, e habilitação
legal.
Mas, se tão grande avanço ocorreu em 92, por que a Escola
Pública de Tempo Integral, gestada desde 932 pelos pioneiros da
Escola Nova, foi abortada? A resposta está na luta surda travada
contra a escola pública pela elite conservadora liderada pelo
clero católico, como mostra o seguinte trecho extraído da obra
Caminhos Novos na Educação (Lima, 995, p. 6):
Entendeu a AEC – Associação de Educação Católica –, desde
o primeiro momento, que não basta ficar na oposição. Há
necessidade de penetrar e atuar em todos os órgãos do poder.
Fazer ouvir a nossa voz, colaborando, honradamente, com a
independência de opinião, de nossa filosofia e crença.
Nasceram, assim, os chamados “comandos” no legislativo e no
executivo. Era a estratégia que se impunha: estar presente, lá
onde se decidiam as orientações políticas e administrativas do
ensino nacional. Os primeiros comandos tiveram, no Senado,
o catarinense Nereu Ramos. Na Câmara, o deputado gaúcho,
Tarso Dutra. Traço de união entre os comandos, em caráter
permanente, e a diretoria nacional, foi naqueles 20 primeiro
anos, o ex-constituinte de 93, Dr. Carlos Thompson Flores.
As reuniões eram, geralmente, no palácio São Joaquim, sede do
arcebispado do Rio. Havia também a colaboração da imprensa,
com o conde Pereira Carneiro, no Jornal do Brasil, e o Dr.
Roberto Marinho, em O Globo. Rara era a semana em que não
publicassem algum artigo elaborado na AEC. Outros jornais
como o Diário de Notícias e o Correio da Manhã, colaboraram,
também. A AEC visava formar opinião.
Não houve o mesmo acolhimento, por parte de O Estado de São
Paulo. Às repetidas audiências solicitadas pela AEC, acudia o Dr.
Júlio de Mesquita Filho, declarando, com toda cortesia, que a
linha do jornal era outra. O mentor, naquela época, era o diretor
da Revista Anhembi, Anísio Teixeira, nada favorável à Igreja, e


A REALIZAÇÃO DAS PROFECIAS-1.ind44 44 17/02/2009 10:16:39


ardoroso defensor do ensino estatal. Hoje – como mudam os
tempos! – o Estado está publicando artigos, na nossa linha. O
atual diretor, Júlio de Mesquita Neto, é antigo aluno do colégio
São Luís, de São Paulo.
Os fundamentos dessa conspiração contra a escola
pública e a capitulação de Vargas, que trocou os ideais da Escola
Nova pela Lei Capanema, descritos a seguir, foram levantados
de trechos selecionados das seguintes obras: Caminhos novos na
educação, sob a coordenação de Irmã Severina Alves de Lima
(São Paulo: FTD, 995); Um estudo histórico sobre o catolicismo
militante em Minas, entre 1922 e 1936, de Frei Henrique Cristiano
José Matos (Belo Horizonte: O Lutador, 990); Introdução à
história da Igreja, de Frei Henrique Cristiano José Matos (Belo
Horizonte: O Lutador, 997, 5 ed., v.  e 2); e Os Templários, de
Piers Paul Read (Rio de Janeiro: Imago, 200).

Uma Disputa de Poder e Prestígio


O nó górdio que mantém o Brasil atado à miséria e à
ignorância e que o impede de sair do atraso em que se encontra e
realizar suas potencialidades se situa na escola pública. O fracasso
da escola pública no Brasil é o resultado de uma surda disputa
de poder e prestígio entre a Igreja Católica Apostólica Romana
e o Estado brasileiro, tornada manifesta por ocasião da queda
do Império e conseqüente Proclamação da República, quando
então se processou a separação da Igreja do Estado. Essa disputa,
Igreja/Estado, tem suas raízes nos primórdios do Cristianismo,
por obra e graça do Imperador romano Constantino (306-337).

Constantino acreditava que havia chegado ao poder com a


ajuda do Deus dos cristãos. Às vésperas da crucial batalha com o
imperador rival Maxêncio na Ponte Mílvio, junto dos muros de
Roma, fora-lhe dito num sonho (ou possivelmente numa visão)
que pintasse um monograma cristão nos escudos de seus soldados
5

A REALIZAÇÃO DAS PROFECIAS-1.ind45 45 17/02/2009 10:16:40


com as palavras In hoc signo vinces (Com este sinal vencerás).
(Read, p. 39)

Constantino sucessivamente adotou outras medidas


favoráveis aos cristãos, como se quisesse fazer da religião cristã
um instrumento de fortalecimento e unidade do Estado, que
também procurava robustecer por outros meios (reforma da
burocracia civil e dos comandos militares; medidas econômicas
e fiscais; etc.). Em particular, Constantino parece ter visto no
monoteísmo uma forma de legitimar a monarquia: a um só Deus
do universo corresponde um só soberano ou monarca para o
Império. Também a transformação da antiga Bizâncio numa nova
cidade, Constantinopla, inaugurada em 330, pareceu significar o
abandono, por parte do imperador, da Roma pagã e a substituição
por uma nova Capital cristã (Matos, 997, v. , p. 97)

Entre os atos de Constantino em favor da Igreja, podem ser


citados: + A concessão de imunidades ou isenção de obrigações
pessoais para com o Estado (impostos, etc.), tanto para os
sacerdotes pagãos, como para o clero católico. + Reconhecimento
jurídico das decisões episcopais: os bispos podem arbitrar causas
também de pagãos. + Abolição da crucificação e proibição das
lutas de gladiadores, que, no entanto, continuarão ainda por um
século. + Permissão à Igreja de receber heranças e doação de
grandes igrejas ou basílicas (Basílica do Latrão e de São Pedro, em
Roma; Santo Sepulcro, em Jerusalém; Natividade, em Belém...).
+ Reconhecimento do domingo como feriado e progressiva
redução das festas pagãs. (Matos, 997, v. , p.97-98)

A propósito deste período e de imperadores com


Constantino, Constâncio e, mais tarde, Justiniano (527-565),
falou-se em cesaropapismo. O termo é moderno e indica uma teoria
segundo a qual o poder civil e o poder religioso se reuniriam
numa só pessoa, a do imperador, que exerceria conjuntamente as
funções de imperador e de papa. (Matos, 997, v. , p. 02-03)
6

A REALIZAÇÃO DAS PROFECIAS-1.ind46 46 17/02/2009 10:16:40


A Igreja assumiu mais do que as funções do extinto
Império: era o Império Romano na mente do povo. Ser romano
era ser cristão; ser cristão era ser romano. Depois de Justiniano,
o mundo mediterrâneo passou a considerar a si mesmo não mais
como uma sociedade na qual o cristianismo era apenas a religião
dominante, mas uma sociedade totalmente cristã. Os pagãos
desapareceram nas classes mais elevadas, e mesmo no campo
(...) o não-cristão constatava que era um fora-da-lei num Estado
unificado. Num sentido real e consciente, os bispos da Igreja
Católica assumiram as responsabilidades da classe senatorial
romana: essa foi a hipótese básica por trás da retórica e do
cerimonial do papado medieval. (Read, p. 6)

Por volta de 300, deu-se um desentendimento entre


o Papa Bonifácio VIII (29-303) e o rei Filepe IV, o Belo
(285-3), da França. Conflitos semelhantes, surgidos, via
de regra, por motivos de delimitação de poderes, já haviam
ocorrido em épocas anteriores, como conseqüência natural
da fusão de competências entre o poder espiritual e temporal.
Por maiores que tivessem sido os choques, até então uma coisa
ficara incontestável: a união inquebrantável de Igreja e Estado,
sob a dupla autoridade de papa e monarca. A novidade estava
exatamente em não mais se tratar de uma simples questão de
rivalidade, mas de um profundo questionamento sobre a origem
do poder. Felipe sustentava que sua autoridade régia derivava
diretamente de Deus e, conseqüentemente, não se submetia
a nenhuma restrição por parte do Papa. Como monarca, era
inteiramente independente e somente em questões de fé teria de
obedecer ao pontífice. Em outras palavras: o rei subtraiu toda
vida política à direção da Igreja. (Matos, 997, v., p. 286-287)

O ano de 300 marcou o ponto alto do pontificado de


Bonifácio VIII e na época pareceu o auge das reivindicações
pontifícias à jurisdição universal. (...) O papa Bonifácio,
exultante, apareceu diante dos peregrinos sentado no trono de
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A REALIZAÇÃO DAS PROFECIAS-1.ind47 47 17/02/2009 10:16:40


Constantino, segurando espada, coroa e cetro e gritando: Eu sou
César!. (Read, p. 276-277)

A morte de Bonifácio não pôs fim ao conflito entre o Papa


e a França. (...) Finalmente, a escolha recaiu sobre Clemente V
(305-3), arcebispo de Bordéus. Este se mantivera neutro
na luta partidária, sendo figura bem vista por Felipe. Não foi
uma eleição muito feliz. A fim de restabelecer a paz o mais breve
possível, fez grandes concessões a Felipe, que não seriam benéficas
para a Igreja. Apoiou um processo contra a Ordem dos Templários,
que o rei queria aniquilar, provavelmente para se apoderar de
suas riquezas. O processo realizou-se de forma completamente
arbitrária e as atitudes autocráticas de Felipe provam que o
prestígio do Papa diminuíra notavelmente. Embora as acusações
feitas não fossem comprovadas, Clemente suspendeu a Instituição
dos Templários (307). A vontade de Felipe prevaleceu. (Matos,
997, v. , p. 289)

Em Portugal, a Ordem do Templo, com permissão do papa,


tinha sido reorganizada como Ordem de Cristo. Aí, também, era
controlada pelos reis portugueses, que conseguiram instalar
príncipes reais ou outros favoritos como mestres. Seus feitos
mais significativos se deram sob seu mestre, o príncipe Henrique,
nomeado em 8, o qual usou a riqueza da ordem para financiar
expedições exploratórias à costa da África, ao redor do cabo
da Boa Esperança e por fim à Ásia. No século XVI, o controle
das ordens passou para a Coroa, e, como as sucessivas bulas
papais atenuaram os votos de pobreza, castidade e obediência, a
qualidade de membro transformou-se meramente numa questão
de honra e prestígio. (Read, 338)

A partir da segunda metade do século XV, Espanha e Portugal


assumem, progressivamente, a hegemonia da expansão
colonial européia, sob a égide da incipiente política econômica
do mercantilismo. Dilatar a fé e o império, impor-se pela cruz e
espada, são diferentes maneiras de exprimir a implantação dos
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A REALIZAÇÃO DAS PROFECIAS-1.ind48 48 17/02/2009 10:16:40


impérios ibéricos, ao mesmo tempo mercantis e salvacionista.
(Matos, 1997, v. 2, p. 89-90)

Na Península Ibérica existia a mentalidade, amplamente


difundida, segundo a qual Portugal e Espanha foram escolhidos
por Deus para difundir a fé cristã nas novas terras já descobertas
ou a serem conhecidas. Trata-se de um messianismo que ressoa,
inclusive, nas obras de Las Casas quando afirma que Deus havia
eleito o povo espanhol como ministro da fé (As vinte razões).
Também Antônio Vieira SJ [608-697] se faz porta-voz dessa
convicção, afirmando que nesses tempos surge um novo império,
o reino de Cristo na terra, governado pelo Papa (poder espiritual)
e pelo rei de Portugal (poder temporal). (MATOS, 997, v.2,
p.95/97)

Cinco séculos de luta contra os Mouros na Península


Ibérica [c.750-92], movimento conhecido como Reconquista
Cristã, inculcou nos ibéricos um espírito de cruzada: usar a força
das armas como meio legítimo na defesa da fé! Imbuídos desta
mesma mentalidade os conquistadores declaram justa a guerra,
caso os indígenas negarem a aceitar pacificamente a fé. O grito crê
ou morre dos cruzados medievais recebe aqui uma nova aplicação.
(Matos, 997, v. 2, p. 97)

Quanto à implantação da Igreja-Instituição e à organização


eclesiástica, constatamos que em 5 foram criadas as três
primeiras sedes episcopais, entre elas a de Santo Domingo
(arquidiocese em 56). A Igreja no Brasil dependia inicialmente
do Bispado de Funchal, nas Ilhas Açores. Em 55 erigiu-se a
diocese de São Salvador da Bahia. De 55 a 676 houve um só
bispo para toda a América portuguesa e somente em 707, com
as Constituições Primeiras do Arcebispo da Bahia, é que surge uma
estrutura eclesiástica mais definida. (Matos, 997, v. 2, p. 95)

Através de sucessivas concessões pontifícias que confiavam


aos monarcas ibéricos o cuidado da Igreja em terras ultramarinas,
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A REALIZAÇÃO DAS PROFECIAS-1.ind49 49 17/02/2009 10:16:41


por eles descobertas e conquistadas, a evangelização da América
Latina estava, de fato, nas mãos da Coroa, e, conseqüentemente,
era integrada ao projeto colonial de dominação. Eram, de fato, os
reis de Espanha e Portugal que enviavam os missionários e que
tinham o direito de receber os dízimos, para financiar a catequese
e o culto. Pertencia-lhes, igualmente, a faculdade de criar novas
dioceses, nomear bispos e outros dignitários eclesiásticos. Toda
a comunicação com Roma era sujeita ao controle do monarca.
O funcionamento do padroado foi, igualmente, bem além
da legislação escrita e o poder colonial chegou a dominar por
completo a instituição eclesiástica, cerceando, de forma abusiva,
sua vida interna e seus representantes, entre eles particularmente
as Ordens Religiosas. Um dos aspectos práticos do padroado era
que ninguém podia tornar-se cristão sem, ao mesmo tempo, passar
a ser súdito do rei da Espanha ou de Portugal. Efetivamente,
expansão imperialista e conversão cristã caminhavam de mãos
dadas! (Matos, 997, v. 2, p. 00)

O Poder da Igreja no Brasil


A colônia portuguesa nas Américas segue um itinerário
sui generis. A 7 de setembro de 822 um príncipe da casa real
portuguesa, Dom Pedro I, rompe os laços políticos com a
Metrópole, tornando o Brasil um país independente. É instituído
o regime monárquico e proclamado o Império do Brasil, com
constituição outorgada em 2 de fevereiro de 82, na qual
a religião católica é declarada oficial (artigo 5º) e o Imperador
considerado o protetor natural da Igreja, com todas as prerrogativas
do antigo Padroado luso (artigo 02). (Matos, 997, v. 2, p. 9)

No Brasil verificamos, no período em questão, vários


choques entre o poder imperial e a Igreja por causa do regalismo.
Após o posicionamento das autoridades políticas em relação ao
direito inalienável do padroado, ora transferido naturalmente para
a pessoa do Imperador (827), e o episódio de quase ruptura
50

A REALIZAÇÃO DAS PROFECIAS-1.ind50 50 17/02/2009 10:16:41


com Roma (833) devido às atitudes de Diogo Antônio Feijó
(78-83), as tensões entre a Igreja e Estado não cessam.
Assim, em 855 é proibida a admissão de noviços às antigas
Ordens Religiosas do Império, medida que provoca uma
drástica diminuição numérica desses institutos, levando-os à
beira da extinção em fins do período monárquico. Famosa foi a
Questão Religiosa (872-875), ligada à infiltração maçônica em
irmandades de Belém e Olinda, cidades que viram seus bispos
aprisionados e condenados a trabalhos forçados. (Matos, 997,
v. 2, p. 23)

Proclamada a República, em 5 de novembro de 889, logo


aos 7 de janeiro de 890, o Governo Provisório publicou o Decreto
da separação da Igreja e do Estado. Antes de chegar à publicação
desse revolucionário Estatuto, de tão decisiva importância sócio-
política, houve várias tentativas de impedi-lo ou, pelo menos,
amenizar suas conseqüências. Os líderes católicos continuavam a
defender em tese o ideal de união entre Igreja e Estado, aceitando
a separação como situação de fato, após a promulgação do Decreto
nr. 9-A, de 7 de janeiro de 890. Obviamente ninguém desejava
um simples retorno à política imperial referente à Igreja, aquela
falsa união e escravizamento, aquele regime de privilégios e subsídios
com que se mascarava a opressão (Pe. Júlio Maria, CSSR), mas seria
inaceitável confundir a separação com a hostilidade ou com a
indiferença. (Matos, 990, p.2)

Não se pode negar que o documento de 7--890 é sereno,


discreto e preciso; não contém excessos e nem esconde ódios.
Não deixa de ser a carta de alforria do catolicismo no Brasil,
abolindo no art. º o padroado com todas as suas instituições,
recursos e prerrogativas; proibindo no art. º ao governo federal
leis, regulamentos ou atos administrativos sobre a religião;
declarando no art. 2º o direito de todas as confissões religiosas ao
exercício de seu culto, sem obstáculos aos seus atos particulares
ou públicos; assegurando no art. 3º a liberdade religiosa, não só
aos indivíduos isoladamente considerados, mas ainda às Igrejas

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A REALIZAÇÃO DAS PROFECIAS-1.ind51 51 17/02/2009 10:16:41


que os unem numa mesma comunhão; estabelecendo no art.
5º a personalidade jurídica para todas as Igrejas e comunhões
religiosas, e mantendo a cada uma o domínio de seus bens.
(Matos, 990, p.3)

Os Sabotadores da Escola Pública


Apesar das intervenções e apelos da Hierarquia católica, a
Constituição republicana de 2 de fevereiro de 89, adotou uma
filosofia a-religiosa e nitidamente laicista, eliminando – como
vimos – a evocação do nome de Deus na Carta Magna, proibindo
o ensino religioso nas escolas públicas e não reconhecendo o
matrimônio religioso para efeitos civis. Essa mesma política de
laicização do Estado, no entanto, não foi seguida pelo Congresso
Constituinte de Minas Gerais que, no dia 5 de junho de 89,
decretou e promulgou a Constituição Mineira em nome de Deus
Todo Poderoso. Comenta Mons. Carlos de Vasconcellos, no seu
discurso de instalação do º Congresso Catequístico Brasileiro de
928: Minas repudiava assim a apostasia oficial da Constituição atéia
da República Brasileira, inspirada pelo positivismo. Se esta não foi
ainda batizada, como dizia Júlio Maria, e conserva o pecado original
de apostasia, o Estado de Minas, desde o berço, recebeu ao menos a
graça do batismo de desejo! (Matos, 990, p.6)

Apesar da separação oficial de Igreja e Estado no Brasil,


consagrada pelo Decreto 9-A, de 7 de janeiro de 890, e
incorporada na constituição de 89, assistimos, na Primeira
República, a um curioso processo de reaproximação dos dois
poderes. A Igreja não se conforma com uma posição secundária
na vida nacional, apelando aos sentimentos religiosos da absoluta
maioria da população. Já nos primeiros anos da República os
bispos mostram claramente que não aceitam a opinião que entre
a Igreja e o Estado deve ter pouco ou quase nenhum contato,
nenhuma cooperação, em suma, legalmente têm que se ignorar
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mutuamente. Independência não quer dizer separação, afirma o
Episcopado em sua Carta Pastoral de 890. (Matos, 990, p. 5)

O processo de reaproximação entre a Igreja e Estado, nas


primeiras quatro décadas do regime republicano, não é retilíneo
e conhece um vai-e-vem, que revela os interesses em jogo naquela
etapa histórica. (...) Em 905 o Brasil foi agraciado com o primeiro
cardinalato da América Latina, na pessoa de Dom Joaquim
Arcoverde de Albuquerque Cavalcanti (897-930), arcebispo do
Rio de Janeiro. (...) Em 99 a representação diplomática junto
à Santa Sé foi elevada à categoria de Embaixada, enquanto, no
Brasil, a Nunciatura recebeu o status de primeira classe. (...) Em
maio de 92 foi celebrado, com grandes festividades, o jubileu de
ouro sacerdotal do Cardeal Arcoverde. Além da impressionante
Missa Campal, especialmente organizada pelos nossos militares,
em que tomaram parte mais de dez mil soldados de terra e
mar e a comunhão dos intelectuais, quando das mãos de S. Ex.
Rvdma., o Snr. D. Sebastião Leme, mais de 500 homens de letras,
professores, cientistas, acadêmicos, artistas, etc. receberam
a Sagrada Comunhão, o que mais chamou a atenção foi o fato
de o governo da República ter tomado parte conspícua nessas
festividades. No dia  de maio de 92, compareceu ao Palácio São
Joaquim, no Rio de Janeiro, o próprio Presidente da República,
Dr. Arthur Bernardes (922-926), acompanhado do Sr. Dr.
Estácio Coimbra, vice-presidente, das casas civil e militar e de
todo o Ministério, para homenagear o purpurado. Era a primeira
vez, depois da separação da Igreja e do Estado, que uma autoridade
eclesiástica recebia tais honras por parte do Chefe da Nação. Houve
20 minutos de conversação amistosa. Trocaram-se discursos e
foram tiradas fotografias, em que, ao lado do Cardeal e de outros
prelados, aparecem o Presidente da República e seu séqüito. Uma
hora depois, Dom Arcoverde e todos os Bispos presentes foram
agradecer a distinção do Governo Brasileiro. À saudação de Dom
Joaquim Silvério de Souza (905-933), Arcebispo de Diamantina,
respondeu o Presidente com um discurso que foi uma verdadeira
apologia da ação da Igreja Católica no Brasil. Mas o ponto alto

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constituiu, sem dúvida, do banquete no Itamarati, oferecido à
noite daquele dia  de maio, pelo Chanceler Félix Pacheco. Ainda
muitos anos depois, este evento será lembrado pela imprensa
católica como um manifesto congraçamento da República com a
consciência católica da universidade dos brasileiros. Fala-se, na
ocasião, de um verdadeiro batismo da República no Brasil. (Matos,
990, p. 7-9)
A proclamação da República, em novembro de 889,
trouxe como conseqüência a abolição do Padroado, deixando o
catolicismo de ser religião oficial do estado. À semelhança do
que já vinha ocorrendo na Europa, a constituição republicana
decretou a implantação do estado leigo, com as respectivas
conseqüências na área da família e da educação.
Com a mesma força de repúdio à laicizaçao do Estado
e ao casamento civil, os bispos passaram a condenar o ensino
leigo nas escolas. Segundo a hierarquia eclesiástica, a laicização
do ensino era considerada como uma forma prática de ateísmo
e causa de profundos males para o país. Já na reclamação feita
pelo episcopado ao governo provisório, datada de 6 de agosto de
890, existe uma condenação explícita do ensino leigo; numa
interpretação tendenciosa, afirma-se que o governo havia optado
pelo ateísmo oficial: Que há de ser, dentro de poucos anos, quando as
funestas doutrinas do ateísmo nas escola públicas, houverem produzido
entre nós os deploráveis frutos de dissolução e imoralidade que a
experiência de outros países já deixou tristemente evidenciados?
Nas pastorais coletivas de 900, na comemoração do º
centenário da descoberta do Brasil, os bispos voltam a insistir
nessa mesma posição, extremamente polêmica, com relação ao
ensino leigo: Decretou-se que nossas escolas primárias e superiores
fossem seminários de ateísmo, onde nada se ensinasse de religião, nada
de Deus. Este nome adorável poderão os mestres proferir para o insulto
ou negar; não terão liberdade de infundir na inteligência e no coração
dos alunos conhecimento e amor de Deus criador deles e do universo.
É evidente que os bispos manipulam, em defesa de sua
tese, o próprio texto do decreto, estabelecendo uma equivalência
indébita entre ensino leigo e ensino ateu. O fato de se prescindir,
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nas escolas públicas, do ensino da fé católica, de forma alguma
significava que houvesse na mente dos legisladores uma intenção
declarada de promover o ateísmo entre a juventude. O ensino
religioso continuava a ser mantido livremente nas escolas
confessionais das diferentes denominações religiosas.
Apesar do clamor do episcopado, o governo republicano
deixava plena liberdade para que a instituição eclesiástica se
expandisse e se fortalecesse nesse período, o que não ocorria na
época imperial. A convite dos bispos e, sob o estímulo da Santa
Sé, inúmeros institutos religiosos europeus se estabeleceram no
país nas primeiras décadas do regime republicano.
A celebração do concílio plenário latino-americano, em
Roma, em 898, permitiu que a cúria romana confirmasse de forma
definitiva seu domínio sobre as Igrejas oriundas do colonialismo
ibérico. O concílio foi elaborado e conduzido pelos peritos da
Santa Sé, cabendo aos prelados apenas ratificar as diretrizes
romanas. Um dos pontos mais enfatizados, pelo concílio, era a
necessidade de promoção das escolas católicas, como forma de
se contrapor à perspectiva leiga dos estados modernos. A fim de
levar avante esse projeto, recomendava-se que os prelados latino-
americanos continuassem a obter a colaboração de religiosos da
Europa.
O tema escola católica passou a constituir um enfoque
importante da conferência dos bispos do centro-sul do país,
reunidos em São Paulo, em 90.
A escola pública, desprovida do seu caráter sacral, era
condenada explicitamente pelos membros da hierarquia
eclesiástica, afirmando que a Igreja Católica “detesta e condena
as escolas neutras, mistas e leigas, em que se suprime todo o
ensino da doutrina cristã”. E acrescentavam em seguida, fiéis às
orientações do concílio latino-americano: “Esforcem-se, portanto,
os reverendos párocos, pregadores e catequistas, por dissuadir aos pais
de família, que não poderão prestar pior serviço aos filhos, à pátria e ao
catolicismo, que colocar seus filhos em tais escolas, expostos a perigos
tão grandes”.
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O contraponto era a necessidade de escolas de confissão
católica. O clero diocesano foi incentivado a que patrocinasse
essas fundações, no âmbito de suas paróquias: “Nas circunstâncias
em que se acha a Igreja diante do ensino leigo, é de necessidade
inadiável que em todas as paróquias, haja escolas primárias católicas,
a que chamam paroquiais, nas quais a mocidade nascente encontre o
pasto espiritual da doutrina cristã, e de outros conhecimentos para a
vida prática. Ordenamos, portanto, aos reverendos párocos que envidem
todos os esforços para fundá-las o quanto antes, onde as não houver;
e não descansem, enquanto não conseguirem, por si ou por outrem, a
realização deste ideal, em suas paróquias, custe o que custar”.
A finalidade básica da escola paroquial era oferecer aos
meninos uma instrução elementar que lhes permitisse assimilar
melhor os conceitos da doutrina católica, preparando-se assim de
forma adequada para a recepção dos sacramentos da penitência e
da eucaristia. Foi, sobretudo, nas regiões de imigração européia
no sul do país onde esse apelo foi atendido de forma mais plena.
Instalados no Rio Grande do Sul, em 900, os Irmãos
maristas tornaram-se valiosos colaboradores dos parácos na
promoção das escolas católicas. Em Santa Catarina foi fundada
em 93 a congregação das Irmãs Catequistas Franciscanas cuja
finalidade específica era o magistério nas escolas paroquiais.
Não obstante, na medida em que se ampliava a rede escolar
pública, muitas famílias católicas passaram a optar por ela pelo
aspecto da gratuidade, tanto mais que freqüentemente eram os
mesmos professores que lecionavam tanto nas escolas municipais
como nas escolas paroquiais.
Nesse período, intensificou-se no país o ensino secundário,
e os religiosos passaram a ocupar lugar significativo nessa área,
com a fundação dos colégios, nas diversas regiões do país.
Três razões principais podem ser indicadas para essa opção
de atividade, dentro da Igreja do Brasil.
Em primeiro lugar, a maioria das congregações européias,
já se dedicavam anteriormente a esse tipo de atividade; o que
fizeram foi simplesmente transplantar para o país métodos e
obras que já haviam dado bons resultados em outras regiões.
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Além disso, a fundação de escolas passou a constituir
o meio principal de prover o sustento econômico das novas
fundações religiosas, sobretudo quando o governo republicano,
recém-instalado no Brasil, se negava a amparar as obras de cunho
religioso.
Por último, a criação das escolas católicas era uma das
grandes metas do episcopado, sobretudo após o decreto de
separação entre a Igreja e Estado. (Lima, p. 30-33)

O Combate à Escola Pública na República Velha


Após a proclamação da República a Igreja iniciou um
movimento de reação contra o novo regime, em vista de seu
caráter leigo; havia ainda muitos prelados e clérigos saudosistas
da época imperial, quando a instituição eclesiástica gozava de
uma série de privilégios, por ser o catolicismo religião.
A legitimação do governo republicano foi promovida,
sobretudo, pelos positivistas, cuja doutrina teve grande aceitação
no exército, através do incentivo ao espírito cívico.
A partir das comemorações do centenário da independência,
registra-se uma mudança de estratégia por parte da Igreja: a
ênfase do discurso eclesiástico passa a ser a união entre fé católica
e pátria brasileira.
Na concepção do episcopado, era necessário recuperar a
influência junto ao poder político. De fato, a partir da década de
20, iniciou-se uma etapa que pode ser designada como Restauração
católica ou neo-Cristandade brasileira. (Lima, p. 37)

Diante desta situação a Igreja procura reforçar seus quadros


internos e também sua organização externa. Excluída da vida
pública, quer aumentar sua influência e prestígio na sociedade
civil, mediante uma atuação mais destacada na educação (com
colégios católicos, geralmente destinados à elite), nas obras sociais,
na imprensa e nas pias associações de leigos. Nesta tarefa recebe
enorme apoio de Congregações religiosas européias que afluem,
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em grande número, ao Continente. Interessante também é o
ingente esforço da hierarquia para conquistar um lugar para a
Igreja na escola pública, com campanhas a favor do ensino religioso
na rede educacional oficial. (Matos, 997, v. 2, p. 25)

A escola neutra é uma calamidade, um sistema mentiroso,


escrevia Leão XIII. Em face de Cristo, senhores, não há meio
termo; a alternativa é a da estrada de Damasco: ou com Paulo se
o segue ou com Saulo se o persegue. A escola sem Deus é contra
Deus. (Matos, 990, p. 76)

Na sua Carta Pastoral de 29-3-92, já escrevera Dom


Silvério Gomes Pimenta, Arcebispo de Mariana: “Escolas
chamadas neutra, ou atéias, são perniciosíssima invenção para
arrancar do coração da infância, e depois da sociedade, a fé e os
sentimentos religiosos. Este nefando empenho se acoberta e se
procura defender com a capa de liberdade de consciência, de
civilização, de progresso, quando na realidade não é senão uma
guerra nutrida contra a fé católica, alvejada principalmente com
tais medidas”. Outros falam da “monstruosidade perversa do
ensino leigo” e do “mais violento vírus que se possa inocular a
uma nação para corrompê-la”. (Matos, 990, p. 75)

A lição da história nos ensina que o grupo ou partido que tiver


o monopólio da escola, cedo ou tarde, triunfará. É indispensável
que os católicos sinceros e esclarecidos, seguindo um plano
bem traçado, iniciem uma luta sem tréguas contra o princípio
da laicidade do ensino. Urge uma propaganda intensa, ardente,
contra a violação odiosa da vontade popular pela imposição
iníqua – a um povo inteiramente católico! – de um ensino que ele
não quer. O grito de guerra de todo o exército católico deve ser:
Queremos Deus nas escolas! As escolas são nossas, somos nós
que as pagamos e sustentamos, não as queremos sem o ensino
da Religião! Fora o ensino leigo! Para nós, como para nossos
irmãos de crença de todos os países não há escolher o campo de
batalha: só poder ser o da salvação da infância e da mocidade pela

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destruição do ensino leigo, ou ao menos pela subtração dos filhos
dos católicos à sua mortífera influência. Unindo as imensas forças
católicas em todo o território nacional, fazendo pressão sobre as
autoridades municipais, estaduais e federais, a Igreja conseguirá,
em breve, que Jesus Cristo e a Religião dos nossos ancestrais
voltem a ocupar, no ensino, o lugar de honra que lhe compete e
que, só pela mais tirânica e criminosa imposição de uma ínfima
minoria de falsos democratas lhes havia sido arrancado. Desse
recobrar de esforços pelo ensino religioso – afirmam os bispos da
Província Eclesiástica de Mariana, no Apelo dirigido ao Clero,
aos chefes de família e aos professores, Pouso Alegre, 7 de maio
de 927 – há de surgir uma nova floração de energias e virtudes,
a pontearem de esperanças os horizontes da Pátria e a atraírem
sobre vós as mais preciosas recompensas do céu. (Matos, 990,
p. 76-77)

A campanha pelo ensino religioso teve em Minas contornos


específicos. Aí a luta foi mais intensa e conseguiram-se vitórias,
que serviram de estímulo para os católicos de outras regiões do
país. (...) As coisas mudaram quando o Governador positivista
João Pinheiro da Silva e seus secretário de Interior, Carvalho
Brito, em 906, proibiram o ensino religioso na escola oficial,
deixando, igualmente, de subvencionar os seminários católicos.
(Matos, 990, p. 77-78)

Já em 890, na sua Carta Pastoral Coletiva, o episcopado


brasileiro dizia: “Nós vemos nas escolas, desde as ínfimas até as
superiores, erguerem-se cátedras de pestilência a exalar os seus
miasmas deletérios, e enquanto nesses santuários poluídos da
ciência os professores do ateísmo perverterem a incauta mocidade
sedenta de saber...”.
É convicção profunda entre os católicos “esclarecidos”
da época, que a escola neutra, ou seja, “sem Deus”, não educa,
porque “não forma o caráter, nem o homem, cuja vida espiritual
não pode abstrair da religião”.
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Encontramos semelhante argumentação nas próprias
diretrizes oficiais da Igreja, desde pronunciamentos pontifícios,
posicionamento do episcopado nacional e local, até simples
orientações nas suas respectivas paróquias. (Matos, 990, p. 88)

Um dos aspectos mais importantes na obra de


“recristianização” do Brasil, durante o período da “Primeira
República”, é, sem sombra de dúvida, a campanha desenvolvida
pela Igreja para reintroduzir o ensino religioso nas escolas da rede
pública. Na opinião católica da época, trata-se de uma questão de
vida ou morte: sem bases cristãs na mocidade, não haverá futuro
para o Brasil. A questão se enquadra numa perspectiva mais
ampla: a implantação da “ordem cristã” na sociedade brasileira.
(Matos, 990, p.73)

A “questão escolar” no Brasil não é fenômeno isolado


no conjunto da Igreja Universal. Amplamente conhecidos
sãos os ingentes esforços, por exemplo, dos católicos franceses
em defesa da escola católica, como demonstra, entre outros,
o famoso discurso de Charles de Montalembert (80-870)
perante a “Chambre des Pairs”, em 83. Particularmente
instrutiva é também a ação dos católicos holandeses quanto à
escola confessional cristã, na qual se destaca a figura de Herman
Schaepiman (8-903) que conseguiu a colaboração política
do partido protestante, para garantir o reconhecimento, e, mais
tarde, a plena subvenção do ensino cristão particular (em 920,
já depois de sua morte). (Matos, 990, p. 75)

A Criação da Rede Particular de Ensino


As orientações de Roma a respeito da “escola católica”
servem de estímulo e apoio aos católicos brasileiros em construir
sua própria “rede particular de ensino”. Em sua Pastoral Coletiva
de 922, os Bispos recordam aos fiéis a exortação de Leão XIII,
quando escrevem: “Pelo que ao nosso país concerne, o Papa Leão
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XIII, na Carta ‘Litteras a vobis’ diz: ‘Estabeleçam-se também
escolas para instrução dos meninos, a fim de não suceder que,
com grande detrimento da fé e dos costumes, recorram, como
sói acontecer, às escolas dos hereges ou freqüentem colégios
onde não se faz menção nenhuma da doutrina católica, exceto
talvez para caluniá-lo.’ Escusado é encarecer a importância das
palavras pontifícias. À sua luz rasga-se o caminho que devemos
trilhar, sob pena de perderem a fé verdadeira não poucos dos que
têm a ventura de nascer no generoso grêmio da Igreja”. Pio XI
– na sua Encíclica “Divini Illius Magistri”, de 929, pondera:
“...é indispensável que todo o ensino e toda a organização da
escola: mestres, programas, livros, em todas as disciplinas, sejam
regidos pelo espírito cristão, sob a direção e vigilância maternal
da Igreja Católica, de modo que a Religião seja verdadeiramente
fundamento e coroa de toda a instrução, em todos os graus, não só
elementar, mas também média e superior”. Dom Leme já tocara o
ideal da escola “integralmente católica”, na sua Pastoral de 96:
“Nós queremos escolas francamente religiosas. Nesse intuito não
mediremos trabalhos. (...) A escola – repete Dom Leme, citando
Leão XIII – é o campo de batalha em que se decide o caráter
cristão da sociedade”. (Matos, 990, p. 9)]

Uma das maiores desgraças que atingiu o Brasil no


período da Primeira República é, segundo muitos católicos da
época, a difusão dos “colégios protestantes ou americanos”, na
Terra de Santa Cruz. Na sua “Circular de 3--906” o Arcebispo
de Mariana declara sem rodeios: “Falo de meninos de ambos
os sexos, que os pais não temem confiar a colégios e mestres
protestantes, heterodoxos, ou ainda sem religião. Não vêem esses
pais que com semelhante procedimento impelem seus filhos para
a apostasia, fazendo-os perder no colégio, ou nas aulas, as verdades
católicas que aprenderam, ou deviam aprender em casa. País que
assim tratam seus filhos são diante de Deus réus de um crime,
que o Apóstolo classifica de apostasia, mais grave que a mesma
infidelidade: ‘Si quis suorum máxime domesticorum curam
no habet, fidem negavit, et est infideli deterior’ (I Tim.5,8). ...”
(Matos, 990, p. 92-93)
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O Advento da Revolução de 30
A partir da década de 20, portanto, a Igreja procura uma
reaproximação com o Estado, não em termos de subordinação,
mas de colaboração. A hierarquia eclesiástica mostra-se disposta
a colaborar com o governo na manutenção da ordem pública,
mas exige em troca que o Estado atenda às suas reivindicações
de ordem religiosa. Essa aliança passou a ser mantida após a
revolução de 930, com a ascensão dos novos líderes políticos.
Para conquistar o apoio da Igreja, não faltaram concessões
explícitas do governo revolucionário, como a autorização para o
ensino religioso nas escolas públicas. (Lima, p. 38-39)

Getúlio Vargas (883-95), que dirigirá os destinos


da Nação a partir da Revolução de 930, primeiro como chefe
do Governo Provisório (930-93), depois como Presidente
Constitucional (93-937) e ditador (937-95), ficará
eternamente grato a Dom Leme, que evitou o derramamento
de sangue na deposição de Washington Luiz (870-957) como
presidente da República em 930. Durante o Estado Novo (937-
95) – na realidade o regime ditatorial de Vargas – realizar-se-á
um pacto moral entre a Igreja e o Estado, garantia de uma posição
privilegiada do catolicismo no Brasil. Notável foi a bem sucedida
campanha da Igreja para conseguir a implantação do ensino
religioso na escola pública, em nível regional (Minas Gerais,
928) e, pouco depois, em nível nacional (Decreto do Governo
Federal de 93). (Matos, 997, v. 2, p. 29)

Para José Oscar Beozzo 935 é o “ano chave” da década


de 30. “A Revolução de 930 permite o desbloqueio de inúmeras
forças sociais que se radicalizam mais profundamente em 935,
quando começa a se fechar o espaço, para estas forças populares
emergentes, ocupado cada vez pelo reagrupamento das classes
dominantes e pela intervenção do Estado. (...) A Igreja se adapta
ao “projeto populista” de Vargas, apresentando-se como força
moderadora nas tensões e conflitos sociais da época. Defende
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a ordem social vigente, agora “batizada” pela Carta Magna de
3, e o princípio de “obediência à Autoridade estabelecida”. Vê
no comunismo o grande inimigo a ser combatido, devido à sua
inspiração materialista e espírito revolucionário. Neste contexto
nascem as simpatias de significativos setores da Igreja no Brasil
pelo movimento integralista, que trazia em seu programa o
tríplice lema: Deus, Pátria e Família, valores extremamente
caros ao catolicismo da época. (Matos, 990, p. 26)

Esse período é também marcado por importantes reformas


educativas promovidas tanto em nível federal como estadual.
Esse interesse e entusiasmo pela educação foi provocado pelo
movimento da escola nova, tendo com principais líderes
Fernando de Azevedo, Sampaio Dória, Lourenço Filho e Anísio
Teixeira.
Alguns líderes católicos manifestaram-se, desde o início,
favoráveis a esse movimento renovador da escola, como Mário
Casassanta, Jônatas Serrano e Everardo Backheuser. Mas a
posição católica mais ampla foi de reservas, quando não de franca
oposição, destacando-se nessa linha Alceu Amoroso Lima.
(Lima, p. -2)
O período de um século que antecede à fundação da AEC
(8-9) é marcado inicialmente por um forte atrelamento da
educação católica às diretrizes eclesiásticas romanas, tendo como
finalidade promover prioritariamente o ensino da doutrina cristã.
Essa postura autoritária e antiliberal da Igreja assumiu força no
Brasil a partir de 8, quando Dom Antônio Ferreira Viçoso
tomava posse da diocese de Mariana, iniciando o movimento
dos Bispos reformadores e com a fundação do colégio jesuíta, do
Desterro, nesse mesmo ano.
A grande meta da educação era a formação da classe
dirigente do país. Por isso, a maioria dos colégios destinava-
se tanto aos filhos da tradicional aristocracia rural como da
burguesia emergente.
A derrocada dos regimes autoritários, ao final da Segunda
Guerra Mundial, marca o início de uma nova era, abrindo-se
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também a escola católica para as idéias da escola nova e para os
novos projetos de uma sociedade liberal e democrática.
Em 95, com o término da Segunda Guerra Mundial,
a tradicional perspectiva eclesiástica começou a ser abalada.
O avanço das idéias democráticas na Europa, com profundas
repercussões na política e na sociedade brasileira, obrigaram a
Igreja a rever suas posições. (Lima, p. 2-23)

A Escola Pública de Tempo Integral


A Escola Pública de Tempo Integral não é novidade no setor
educacional brasileiro, pois, na década de 90, o educador
Anísio Teixeira chegou a implantá-la na Bahia, a Escola Parque
de Salvador, e, em passado mais recente, o ex-Governador do
Estado do Rio de Janeiro, Leonel Brizola, tentou e fracassou
na implantação dessa escola nos seus dois mandatos (83/86 e
9/9).
Na atualidade, o Estado de Minas Gerais, e a prefeitura
de Belo Horizonte, estão tentando, ainda que timidamente,
implantar esse tipo de escola, porém de forma isolada e sem
articulação com um projeto nacional. Além disso, é preciso
que os governantes entendam que não adianta procurar atalhos
para substituir a Escola Pública de Tempo Integral, como o ensino
a distância, os chamados telecursos, que foram criados por
entidades empresariais para desviar a atenção da sociedade para a
precariedade do ensino público. Todavia, esse tipo de curso pode
ser útil nas salas de aulas, como suporte pedagógico, mas com
a presença de professores ou monitores, e não como método de
ensino regular, substituindo, mesmo que parcialmente, o ensino
presencial; política adotada, em 2008, pelo Estado de São Paulo,
onde até 20% da carga horária será oferecida na modalidade a
distância.
Aqui é bom lembrar que os Estados da Federação que
implantarem a Escola Integral, serão aqueles que comandarão
os destinos da nação, pois seus naturais prevalecerão sobre os
concorrentes de outros estados, onde essa escola estiver ausente.
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A REALIZAÇÃO DAS PROFECIAS-1.ind64 64 17/02/2009 10:16:44


Um Projeto Nacional
Para enfatizar a necessidade da implantação da Escola
Pública de Tempo Integral a nível nacional, e obrigatória para
todos os níveis, isto é, da pré-escola ao termino do ensino médio,
inclusive creches comunitárias, e corrigir distorções observadas
no sistema educacional brasileiro, escrevi ao Ministro Mangabeira
Unger, ao Presidente Lula, a diversos ministros, aos senadores e
deputados federais, seguintes cartas:

Carta ao Ministro Mangabeira Unger


Belo Horizonte, 3 de setembro de 2008.

Exmo. Sr. Ministro


Roberto Mangabeira Unger
Secretaria de Assuntos Estratégicos da Presidência da
República
Brasília – DF

Prezado Senhor,

Estimulado pela compreensão de V. Exa., que agradeço


desde já, às minhas manifestações sobre a realidade de nosso
País, na forma de críticas e sugestões, tomo a liberdade de, mais
uma vez, voltar com alguns comentários, agora sobre o sistema
educacional, assunto que tenho procurado sensibilizar políticos
e governantes por meio de livros e cartas. O foco principal
dessas mensagens tem sido a Escola Pública de Tempo Integral,
tema que gostaria de aprofundar nesta correspondência, pois a
implantação dessa escola colocará a sociedade brasileira num
patamar educacional mais elevado, habilitando a infância e a
juventude com ferramentas apropriadas para exercitarem, em
sua plenitude, os direitos de cidadania.
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A REALIZAÇÃO DAS PROFECIAS-1.ind65 65 17/02/2009 10:16:44


O primeiro passo para implantar a Escola Pública de Tempo
Integral, funcionando das 7 às 7 horas, abrangendo a Pré-Escola,
e o ciclo básico infanto-juvenil (Ensino Fundamental e Médio),
será de caráter político-administrativo, pois algumas medidas
fundamentais e estruturais terão de ser tomadas. A primeira delas
será transferir do Ministério da Educação, para o Ministério de
Ciência e Tecnologia, a administração das universidades e tudo o
que se relacionar com o ensino superior. Com esta medida, o País
ficará sabendo exatamente quanto o governo federal investe em
Ciência & Tecnologia, e quanto gasta com o ensino básico, pois
hoje em dia essas despesas são englobadas na rubrica “educação”,
dificultando uma análise mais aprofundada das deficiências
setoriais.
Com essa medida, o Ministério da Educação passará a cuidar
exclusivamente do ensino básico, monitorando e dando apoio, o
qual passará a ser de competência exclusiva dos Estados, ficando
os municípios com a responsabilidade de administrar as Creches
Comunitárias, para crianças de 0 até 3 anos de idade, e o Sistema
Único de Saúde (SUS). Nesse novo modelo, o ensino básico será
dividido em quatro ciclos: Pré-Escola ( a 6 anos), Infantil (7 a
0 anos), Adolescente ( a ) e Juvenil (5 a 8), totalizando
quinze anos de escolaridade de tempo integral, tempo suficiente
para prepará-las para a vida adulta como cidadãos conscientes de
seus deveres e obrigações.
Para a implantação desse novo modelo, é preciso um
planejamento cuidadoso, com metas a curto, médio e longo
prazos, a fim de que a improvisação não venha a comprometer o
projeto antes mesmo de ele ser iniciado. Para isso, é necessário
que sua implantação comece pelas capitais dos Estados, inclusive
suas regiões metropolitanas, expandindo a seguir para os centros
mais populosos e, finalmente, para todas as cidades e vilas rurais
do País. Durante esse período de transição, o modelo atual
continuará existindo, mas dentro de uma programação que vise
à sua extinção num determinado prazo. Além disso, é preciso
também que todas as outras escolas de Ensino Fundamental
e Médio, mantidas com o dinheiro público, em nível federal,
66

A REALIZAÇÃO DAS PROFECIAS-1.ind66 66 17/02/2009 10:16:44


estadual e municipal, como os CEFETs, o Colégio Pedro II, os
colégios militares, as escolas preparatórias de cadetes do Exército,
Marinha e Aeronáutica, e também os estabelecimentos escolares
vinculados às polícias estaduais, sejam incorporados à Escola
Integral, que será a única escola mantida com o dinheiro público
para atender toda a população, sem discriminações ou exceções.
Nessa fase de transição, os colégios e demais escolas
militares adotarão o currículo da Escola Pública de Tempo
Integral, e substituirão seus uniformes por Abadás, que passarão
a ser de uso obrigatório na Escola Integral para diferenciá-la
dos estabelecimentos hoje existentes. Para que os alunos saibam
que pertencem a um grupo, mantendo sua individualidade,
cada um terá seu nome estampado no Abadá. Além disso,
esses estabelecimentos militares de ensino abrirão suas portas
à população em geral e se desvincularão das Forças Armadas,
passando para o controle dos Estados onde se situarem. Essa
mudança será benéfica para a escola pública, hoje reservada aos
pobres, pois, ao matricular seus filhos na escola integral, a classe
média exigirá, como sempre fez, ensino de qualidade. Este fato
contribuirá também para eliminar discriminações e privilégios,
fortalecendo, conseqüentemente, a democracia.
As Forças Armadas, por sua vez, a partir dessa transformação
escolar, administrarão apenas as academias para formação de
oficiais, as quais selecionarão seus alunos por meio de vestibular,
aberto a todos os jovens, de ambos os sexos, eliminando quaisquer
privilégios para filhos de militares. Isto deve ser obrigatório, pois
hoje em dia, segundo a imprensa, cerca de 60% dos oficiais têm
parentescos entre si, gerando uma casta separada da sociedade
e propiciando a formação de clãs familiares dominantes dentro
das corporações, como os Geisel, que, entre três irmãos generais,
sendo um deles Ministro do Exército, escolheram por conta
própria, durante o regime militar, qual seria o Presidente da
República. O eleito por esse triunvirato foi o General Ernesto
Geisel. Essa mudança também reforçará o sentimento de
democracia nos altos escalões das Forças Armadas, beneficiando
toda a sociedade.
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A REALIZAÇÃO DAS PROFECIAS-1.ind67 67 17/02/2009 10:16:44


Para que a Escola Pública de Tempo Integral passe a ser
respeitada pelos alunos e pela sociedade, é necessário também
que sejam traçadas diretrizes básicas para a sua implantação e
funcionamento, regulando desde os projetos arquitetônicos das
escolas, passando pelos currículos, até um sistema de manutenção
e segurança de suas instalações. Neste planejamento, em que tudo
deverá ser padronizado, devem ser levadas em conta as características
de cada ciclo educacional (Pré-Escola, Infantil, Adolescente e
Juvenil), os quais deverão funcionar em unidades escolares separadas
e especialmente projetadas para os fins a que se destinam, inclusive
dotadas de cantinas, banheiros, áreas de recreação e de esportes,
bibliotecas, laboratórios, administração, etc.
Quanto ao currículo, o ponto a destacar na Escola
Integral será o Ciclo Juvenil (5-8 anos), que passará a ser
profissionalizante, absorvendo o Sistema S e os CEFETs, que serão
reformulados para se integrarem ao novo modelo. Além disso, a
critério de cada Unidade de Ensino, como poderão ser chamadas
as Escolas de Tempo Integral, terá a liberdade de escolher, em
função da demanda, quais os cursos profissionalizantes que
oferecerão aos alunos. Neste caso, uma lei especial criará cursos
técnicos para atender às demandas da sociedade, como auxiliares
de enfermagem, laboratoristas, monitores educativos, etc. Assim,
todo aluno que freqüentar, e concluir, o Ciclo Juvenil estará apto
não só a concorrer aos vestibulares para entrar nas universidades,
como também para exercer a profissão para o qual foi treinado.
Além dos Abadás, que substituirão os uniformes, os alunos
da Escola Integral receberão gratuitamente todo o material escolar,
não gastando nada para seu aprendizado. Tudo será fornecido
pelo Estado, inclusive três alimentações diárias: café da manhã,
ao chegar à escola; almoço, ao meio-dia; e lanche reforçado ao
final da jornada, antes de serem liberados. O cardápio para essas
refeições, próprio para a faixa etária de cada ciclo, será elaborado
por nutricionistas, e preparado na cantina da escola. Além disso,
cada aluno terá um armário privativo para guardar seus pertences
escolares, devidamente protegidos por um sistema de segurança
eletrônico.
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A REALIZAÇÃO DAS PROFECIAS-1.ind68 68 17/02/2009 10:16:45


Para cuidar da saúde dos alunos, dos professores e dos
funcionários administrativos, cada escola terá consultório
médico, clínica dentária e uma enfermaria para ocorrências
rotineiras, cujos serviços poderão ser prestados por clínicas
especializadas mediante contrato de prestação de serviços, o que
também poderá ocorrer com os serviços de limpeza e segurança.
Com isso haverá um maior controle dos gastos, da qualidade e da
regularidade dos serviços prestados.
Na Era do Pré-sal, segundo o Presidente Lula, não haverá
falta de recursos para a educação, mas, até que esse tempo chegue,
há necessidade de se tomar algumas medidas para possibilitar a
implantação da Escola Pública de Tempo Integral no menor tempo
possível. A primeira delas será construir uma unidade para cada
ciclo de ensino nas capitais dos Estados, para servir de modelo-
padrão para novas construções e adaptação das existentes, como os
CIEPs do Rio de Janeiro. A segunda será fazer um levantamento
de todos os recursos financeiros destinados à educação, em nível
federal, estadual e municipal, inclusive as renúncias e incentivos
fiscais, loterias, verbas destinadas a ONGs, etc., que hoje são
aplicadas de forma aleatória sem nenhuma vinculação com um
projeto básico de educação. Um exemplo dessa situação foram
os gastos do Comitê Olímpico Brasileiro (COB), na última
Olimpíada, cuja performance dos atletas foi considera pífia pelo
Jornal Estado de Minas (-9-2008, p.6), que informa: “Nos quatro
anos do ciclo olímpico, os patrocínios de empresas estatais e os
recursos da Lei Piva despejaram cerca de R$ 692 milhões nesse
investimento esportivo, o que fez cada uma das 3 medalhas
conquistadas – as duas de futebol estão excluídas, pois o esporte
não recebe dinheiro público – custar R$ 53 milhões”.
Para finalizar, gostaria de abordar a questão das Creches
Comunitárias, pois, como diz o ditado, “a educação vem do berço”,
razão porque a ele se deve dedicar especial atenção. Os cuidados
que as crianças de 0 a 3 anos de idade receberem nessa faixa etária
é que definirão seu desempenho na escola e seu lugar na sociedade
quando adulto, pois é nessa ocasião que todos os sinais vitais do
ser humano são formados. Antecedendo essa fase, igualmente
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A REALIZAÇÃO DAS PROFECIAS-1.ind69 69 17/02/2009 10:16:45


importante, é a sua gestação. Portanto, os cuidados com o pré-
natal estão ligados à primeira infância, e assim tanto a assistência
às gestantes, quanto aos recém-nascidos, e seu crescimento até
3 anos, devem ser acompanhados como se fosse uma só etapa
da vida. Para isso é preciso que as Creches Comunitárias sejam
projetadas para comportarem também uma clinica médica para
atender as gestantes durante a gravidez e conduzirem o processo
pré-natal com os cuidados devidos e acompanharem o período
pós-parto e a amamentação. Este tipo de atendimento facilitará
as futuras e jovens mamães a se familiarizarem com o trato dos
recém-nascidos, evitando problemas futuros.

Esses Centros de Atendimento Materno-Infantil, se assim


podemos chamá-los, devem ser projetados para atender a um
número limitado de gestantes e crianças, a fim de se evitar
contaminações de doenças próprias dessa fase, principalmente
durante a amamentação. Esses centros também devem ser
padronizados, como sugerido para as Escolas de Tempo Integral,
bem como seu sistema operacional, o qual poderá empregar as
próprias mães com tempo disponível para cuidarem das crianças,
após, evidentemente, serem treinadas para isso. Para disseminar
esse tipo de unidade padrão, o governo federal financiará um
projeto piloto em cada capital, para que as prefeituras de cada
Estado copiem seu modelo e o adotem em seus municípios. A
verba para financiar a disseminação desses centros virá do Pré-
sal, como prometeu o presidente Lula. Mas, se até lá faltar, a
solução será remanejar as mal aplicadas no setor de saúde.
Agradecendo a atenção de V. Exa., subscrevo-me.

Cordialmente,

João Gilberto Parenti Couto


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A REALIZAÇÃO DAS PROFECIAS-1.ind70 70 17/02/2009 10:16:45


Cartas aos Políticos e Governantes
Belo Horizonte, 29 de junho de 2008.

Exmo. Sr.
Presidente da República
Luiz Inácio Lula da Silva

Exmos. Srs. Ministros


de Assuntos Estratégicos, Mangabeira Unger, e da Defesa, Nelson
Jobim

Exmos.(as) Srs.(as)
Senadores(as) e Deputados(as) Federais

Assunto: Reflexões sobre o simbolismo e lições que encerram


a tragédia do Morro da Providência (Rio de Janeiro/junho de
2008) e a Guerra de Canudos (Bahia-896/897).

Prezados(as) Senhores(as),

Como registra a história, os primeiros habitantes do Morro


da Providência foram os combatentes desmobilizados da Guerra
de Canudos, apelidados de favelados, nome tirado de uma planta
comum nos campos de batalha daquela região, o qual, a partir
desse primeiro aglomerado de excluídos da sociedade, serviu
para nomear outros guetos urbanos que permeiam a “Cidade
Maravilhosa”. Favelado, desde então, passou a ser sinônimo
de marginal, e as favelas, valhacouto de ladrões, assassinos e
traficantes de drogas.
Para combater esses favelados, a sociedade vem aplicando
o mesmo método usado em Canudos, no alvorecer da República,
ainda no século XIX, quer dizer, a força policial estadual e, quando
esta se mostrar incompetente, apelar para o Exército. Por uma
ironia da história, os mesmos elementos que levaram o Exército
brasileiro a se macular em Canudos, há mais de um século,
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A REALIZAÇÃO DAS PROFECIAS-1.ind71 71 17/02/2009 10:16:45


repetem-se na atualidade, ou seja, um oportunista com verniz
religioso manipulando uma comunidade de excluídos para disso
tirar o melhor proveito, e os governantes, atentos a sua manobra,
para também se beneficiarem. Na favela do sertão baiano, toda
população foi dizimada, cerca de 25.000 habitantes, e na carioca,
por enquanto, as vítimas foram três jovens indefesos. Em ambos
os casos, prevaleceu a estratégia militar: naquela época erradicar
um mal pela raiz; agora dividir para dominar, como fez o jovem
tenente ao jogar uma favela contra a outra.
Cento e onze anos, portanto, não foram suficientes
para que os políticos, governantes, militares e a sociedade se
libertassem do axioma de que a questão social é caso de polícia,
como verbalizou um líder da República Velha; e mais do que
isso, que a força bruta deve prevalecer sobre supostos direitos
dos cidadãos, como aconteceu com os três favelados do Morro
da Providência, que foram executados por marginais de outra
favela a mando do Exército brasileiro, num serviço terceirizado,
do tipo blackwater, que pode virar moda, se a sociedade não reagir
com soluções práticas e eficientes para o resgate da cidadania
dos excluídos, em sua maioria ainda sofrendo da síndrome das
senzalas: a submissão sem contestação, que gera o conformismo
paralisante. Aqui é bom lembrar o exemplo do ex-Governador
de Minas Gerais, Milton Campos, que, tendo de enfrentar uma
greve de ferroviários, devido ao atraso no pagamento de salários,
deixou de lado conselhos para reprimir os grevistas com a polícia
estadual, dizendo que o melhor seria mandar o trem pagador, o
que foi feito restabelecendo a ordem sem violência.
Considerando que, para solucionar o problema social
criado pela minifavela de Canudos, com seus 25.000 habitantes,
foi necessário empregar todo Exército brasileiro, é fácil imaginar
o quanto será necessário de força bruta para dominar os favelados
da Região Metropolitana do Rio de Janeiro, acima de 2 milhões e
meio, em caso de uma rebelião qualquer, que pode ser detonada
por fatores aleatórios, seja por desvio de comportamento de
elementos da força repressora, como a atitude impensada do
jovem oficial, ou uma fatalidade qualquer que foge ao controle
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A REALIZAÇÃO DAS PROFECIAS-1.ind72 72 17/02/2009 10:16:46


das autoridades. Diante de um quadro instável como esse, é bom
que as autoridades competentes, políticos, governantes, militares
e a sociedade em geral reflitam sobre a necessidade de mudar
o enfoque dessa questão social representada pelas favelas que
sufocam as metrópoles brasileiras, principalmente as da Região
Sudeste, onde se concentram a maioria dos libertos das senzalas
e dos migrantes nordestinos.
A minifavela de Canudos foi erradicada, mas as sementes
trazidas nas botas de seus algozes germinaram em solo carioca,
onde renasceu cem vezes maior. A solução, portanto, não passa
pela força bruta, mas sim por um planejamento estratégico que
contemple medidas a curto, médio e longo prazos, envolvendo os
cidadãos e os espaços onde habitam. Em boa hora, o Presidente
Lula criou a Secretaria de Assuntos Estratégicos, pois ela poderá,
com as ferramentas hoje disponíveis, como a informática as
imagens de satélites, planejar o reordenamento do espaço urbano
das regiões metropolitanas, erradicando as favelas em situação de
riscos ou insalubres, com a criação de novos bairros para abrigar
os favelados, ou reurbanizando as existentes, quando possível.
Em todos os casos, o saneamento básico deve acompanhar todo
o processo, inclusive medidas de preservação do meio ambiente
que, no caso da “Cidade Maravilhosa”, está a exigir ação imediata
para que as florestas que recobrem suas montanhas não sejam
derrubadas para dar lugar a barracos, como ocorre atualmente.
Além disso, é necessário, também, a criação de pólos de
desenvolvimento fora das regiões metropolitanas, para atrair
a população flutuante que procura as capitais dos Estados em
busca de oportunidades de trabalho. Um exemplo de sucesso
nesta estratégia descentralizadora é dado pelo Estado de Minas
Gerais, que em passado recente criou uma companhia estatal para
implantar distritos industriais fora da Região Metropolitana de
Belo Horizonte. Este é um exemplo que a Secretaria de Assuntos
Estratégicos pode analisar para elaboração de um plano de
ação para todo o País. Neste planejamento, inclusive, pode ser
analisado também o impacto econômico e social que trará a
implantação da Ferrovia Transcontinental Dom Bosco, que pode
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A REALIZAÇÃO DAS PROFECIAS-1.ind73 73 17/02/2009 10:16:46


criar um novo eixo de desenvolvimento no centro do Brasil e da
América do Sul, aliviando a pressão demográfica nas capitais do
litoral atlântico. Este imã poderoso é fundamental também para
contrabalançar o desenvolvimento das regiões Sul e Sudeste, em
função da exploração das gigantescas reservas de petróleo e gás
de seu litoral, a qual pode acentuar ainda mais os desequilíbrios
regionais, se não houver um planejamento a curto, médio e longo
prazos, pois essa riqueza irá atrair pessoas e investimento em
buscas de oportunidades, gerando uma explosão populacional
e, conseqüentemente, a favelização generalizada dos Estados do
Rio de Janeiro e do Espírito Santo, o Vale do Paraíba no eixo
Rio-São Paulo, e o litoral paulista, neste caso à custa da Mata
Atlântica.
Para encerrar esta carta cidadã, é bom lembrar que todas
essas medidas só fazem sentindo se o ser humano for o centro
das atenções. Resgatar os favelados da marginalidade em que se
encontram e inseri-los na sociedade organizada é uma prioridade
de governo que se impõe num planejamento estratégico que
vise transformar o Brasil numa potência em escala global, pois
é impossível imaginar que essa pretensão se concretize com o
atual quadro de desigualdade social. O primeiro passo nesse
sentido é implantar a Escola Pública de Tempo Integral, a começar
pelos grandes centros urbanos onde os brasileiros residentes em
favelas não têm nenhuma chance de exercer plenamente os seus
direitos de cidadania, hoje reservados aos filhos da elite e da classe
média, dada a precariedade do ensino aí ministrado. Nas favelas,
é bom lembrar, o limite de idade para os rapazes mais espertos,
portanto, os mais rebeldes, é de 30 anos, pois serão mortos antes
de completarem essa idade, já que a educação que receberam, se
a receberam, não permite que usem a inteligência em atividades
produtivas, restando como ferramenta de libertação a arma de
fogo que os condenam à morte prematura.
A mudança deste quadro só pode ocorrer com a implantação
da Escola Pública de Tempo Integral, funcionando das 7 às 7
horas, abrangendo creches comunitárias, pré-escola e ciclo
básico infanto-juvenil (Ensino Fundamental e Médio), período
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A REALIZAÇÃO DAS PROFECIAS-1.ind74 74 17/02/2009 10:16:46


suficiente para ministrar um curso abrangente que contemple
todos os aspectos necessários à formação de cidadãos conscientes
de seus direitos e obrigações. Com esta medida, nenhuma
criança ou jovem ficarão soltos na rua à mercê de criminosos.
Esse resgate social as libertará também das garras das ONGs
e outras entidades assistencialistas, públicas ou privadas, que
fazem desses brasileiros marginalizados um meio de vida muito
rentável, pois todas suas ações são custeadas com dinheiro
público, via deduções do imposto de renda, ou verbas públicas
repassadas a fundo perdido. Acabar com essa farsa é tarefa de um
órgão governamental como a Secretaria de Assuntos Estratégicos
da Presidência da República, a qual deve também considerar a
transferência do Ensino Superior para o Ministério de Ciência
e Tecnologia, como ocorre no Estado de Minas Gerais, ficando
o Ministério da Educação com o encargo de monitorar e ditar
as normas de funcionamento do ensino básico em todo o País,
o qual passará a ser de competência exclusiva dos Estados,
ficando as prefeituras com o encargo de administrar as creches
comunitárias.
Finalmente é bom lembrar que o trato da questão das favelas
não deve limitar-se a iniciativas pontuais e demagógicas, como o
tal “Cimento Social”, do Morro da Providência, ou outras, como
instalar teleféricos aqui, ou pintar as casas de branco acolá. O que
interessa para a sociedade brasileira é uma proposta inteligente
para acabar com esses guetos urbanos, e não maquiá-los para
esconder essa vergonha nacional. Afinal de contas, será a elite
pensante tão burra que ainda não sacou que toda a violência que
sofre se deve ao grau de miseralibilidade de metade da população
do País?! Como pode haver respeito à cidadania numa cidade
onde bairros bem estruturados disputam espaço com favelas? A
ficha ainda não caiu? Que civilização cretina é essa, a nossa, onde
se sai em passeatas levando pombinhas de papel para pedir paz
e, no seu horizonte visível, estão as favelas carentes de tudo? E
o Partido dos Trabalhadores, o PT, e o Presidente Lula, um ex-
favelado, que até agora não mostraram para que vieram? E os
militares, que no passado se recusavam a exercer as funções de

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A REALIZAÇÃO DAS PROFECIAS-1.ind75 75 17/02/2009 10:16:46


Capitães-do-Mato, para caçar negros fugidos, mas agora discutem
filigranas jurídicas para participarem do esporte predileto de
governantes sanguinários: a caça de perigosos narcotraficantes
calçados de havaianas, ou descalços mesmo. Alguns desses pé-
de-chinelo, seminus e desarmados, são abatidos por militares
transportados em helicópteros de última geração, para deleite
das autoridades competentes e enredo de filmes premiados. O
resultado de tudo isso é que a cidadania tem medo de subir os
morros cariocas, preferindo as areias de Copacabana, onde se
dedica a espetar balõezinhos e pequenas cruzes na tentativa de
sensibilizar uma sociedade corrompida pela escravidão.
Agradecendo-lhes a atenção, subscrevo-me.

Cordialmente,

João Gilberto Parenti Couto

Belo Horizonte, 27 de agosto de 2008.

Exmo. Sr.
Luiz Inácio Lula da Silva
Presidente da República
Palácio do Planalto
Brasília – DF

Assunto: Censo da Juventude

Prezado Senhor Presidente,

O Jornal Estado de Minas, do dia 25 do corrente mês, traz


uma reportagem sobre o drama vivido pelo Exército brasileiro
para recrutar soldados para lutarem na 2ª Guerra Mundial, diante
da precariedade das condições de saúde e educação da juventude,
numa época em que a população do país era de 2 milhões de
habitantes.
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A REALIZAÇÃO DAS PROFECIAS-1.ind76 76 17/02/2009 10:16:46


Essas informações, constantes de relatórios secretos do
Ministério da Guerra, revelam que “Foi grande o trabalho de
preparar homens para a guerra, a fim de que o Brasil cumprisse
sua palavra empenhada. Os esforços despendidos por nós para
preparar 5 mil homens, é (sic) bem maior do que outra nação
adiantada para organizar um contingente de 25 mil homens. A
subnutrição, a falta de higiene e a sífilis, as três em ação combinada
com o analfabetismo, são elementos negativantes na formação de
qualquer tropa em terras brasileiras”. (...) “Há necessidade de
uma ação governamental incisiva para combater os males sociais
que afligem nossa população: o analfabetismo, o baixo estalão de
vida, a alimentação parca e pouco nutritiva, a higiene precária,
a sífilis, a lepra e as doenças venéreas”, recomendou Dutra a
Vargas.
Esse estado de coisas ainda está presente na sociedade
brasileira, agora levantada pelos empresários que encontram
dificuldades para contratar mão de obra para seus
empreendimentos, fato que V. Exa. não desconhece, pois tem
anunciado muitos projetos emergenciais para minimizar essa
situação, tanto na área da educação, como na da saúde, inclusive
no reforço alimentar da população, com a merenda escolar e o
bolsa família. Todavia, na Era do pré-sal, que se anuncia, quando
teremos recursos financeiros suficientes para colocar o Brasil
num patamar de país desenvolvido, como os do G-7, é preciso
fazer mais, muito mais, e mirar mais alto. O objetivo a ser
alcançado é que o país tenha uma juventude educada, sadia, e
pronta para o exercício pleno da cidadania, aí incluídos direitos
e obrigações.
Para isso é necessário um planejamento estratégico que
contemple medidas a curto, médio e longo prazos, envolvendo
os ministérios de Assuntos Estratégicos, da Defesa, da Educação,
e da Saúde, o qual terá como ponto de partida um levantamento
censitário do estado atual da juventude brasileira. O caminho
mais indicado para executar esse trabalho é fazê-lo por ocasião
do alistamento militar e durante os exames de seleção dos
conscritos para incorporação às Forças armadas, inclusive as
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A REALIZAÇÃO DAS PROFECIAS-1.ind77 77 17/02/2009 10:16:47


jovens que passarão a prestar o serviço militar obrigatório. Esse
censo juvenil poderá ser feito em duas etapas. Na primeira,
durante o alistamento militar, os rapazes e moças com idade entre
6 e 7 anos, preencherão questionários elaborados por esses
ministérios para atender suas demandas especificas e orientar
os trabalhos da fase seguinte: o exame de seleção para prestação
do serviço militar. Nesta primeira etapa o objetivo principal é
levantar dados pessoais, examinando certidões de nascimento,
escolaridade, etc.
Com base nessas informações o Ministério da Defesa
emitirá uma Carteira de Identidade Nacional, cujo número
será obrigatoriamente utilizado em todos os documentos de
fé pública, como passaportes, títulos de eleitor, carteiras de
motorista, CPF, etc. Esses dados, armazenados num Banco de
Dados do Ministério da Defesa, serão repassados às Polícias
Federal, que passará a emitir segundas vias, e Estaduais, aos
Tribunais Eleitorais, e ao Ministério da Fazenda. Com base
nessas informações essas instituições poderão criar seus próprios
Bancos de Dados, para emitir seus documentos ou acrescentar
outras informações de seus interesses, não podendo, todavia,
modificar os dados originais, os quais só poderão ser alterados
pelo Ministério da Defesa mediante decisão judicial.
Na segunda etapa, a seleção para incorporação às Forças
Armadas, o enfoque principal será o exame de saúde de todos
os alistados, o qual será formatado pelo Ministério da Defesa
em conjunto com o Ministério da Saúde, pois os resultados
poderão ser amplamente utilizados por esses ministérios para
os mais variados fins. Por isso mesmo, as informações sobre
cada conscrito serão confidenciais, de uso restrito das Forças
Armadas, liberando-as, para uso público, somente na forma de
números estatísticos. As análises laboratoriais, por exemplo,
que deverão incluir obrigatoriamente exames de sangue, urina
e fezes, poderão também fornecer o tipo sanguíneo e o DNA
dos reservistas; dados que serão repassados a eles mediante
solicitação por escrito. Alem disso, em comum acordo, esses
ministérios poderão criar também Bancos de Sangue no país
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A REALIZAÇÃO DAS PROFECIAS-1.ind78 78 17/02/2009 10:16:47


todo para atender a população, os quais serão abastecidos com
doações daqueles dispensados do serviço militar.
Finalmente é bom esclarecer que esse processo de
avaliação da juventude brasileira, feito num momento crucial
de seu desenvolvimento físico, e formação intelectual, é de
fundamental importância para o País, que assim terá em mãos
dados consistentes para avaliar as políticas públicas voltadas para
as crianças e adolescentes, e o potencial dos jovens para sustentar
seu desenvolvimento econômico e participar da defesa nacional.
Alem disso, deve-se ter em mente, que essa avaliação evoluirá
com o tempo, para responder as necessidades da sociedade,
acompanhamento que será feito pelo Ministério de Assuntos
Estratégicos, que ficará encarregado de integrar todos os dados
e relatórios, para, em conjunto com esses ministérios, traçarem
uma política nacional de valorização da juventude, a curto, médio
e longo prazos. É, portanto, um serviço de cidadania prestado
pelo Estado num momento mágico na vida de cada jovem: a
passagem da adolescência para a vida adulta. Dinheiro – para
implantar esse censo juvenil, mensal, semestral, ou anual, de vital
importância para um planejamento estratégico, que vise colocar
o Brasil no grupo de nações desenvolvidas –, não irá faltar na Era
do pré-sal, pois se propala por aí que é de tal magnitude que no
Brasil não há espaço para ele (sic).
Agradecendo a atenção e desejando sucesso ao governo de
V.Exa., subscrevo-me.

Cordialmente,

João Gilberto Parenti Couto

Com cópias para os Exmos. Srs. Ministros, de Assuntos


Estratégicos, Mangabeira Unger, da Defesa, Nelson Jobim,
da Educação, Fernando Haddad, e da Saúde, José Gomes
Temporão.
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A REALIZAÇÃO DAS PROFECIAS-1.ind79 79 17/02/2009 10:16:47


Belo Horizonte, 0 de outubro de 2008.

Exmo. Sr.
Luiz Inácio Lula da Silva
Presidente da República
Palácio do Planalto
Brasília – DF

Prezado Senhor Presidente,

Segundo noticiário da Folha Online (Gabriela Guerreiro


e Renata Giraldi), hoje disponível na Internet, “A ordem no
governo é esperar o desenrolar das turbulências nos mercados
financeiros antes de definir medidas que poderão ser anunciadas
no país para enfrentar a crise originada nos EUA. Em reunião
no Planalto, os ministros que integram o grupo de coordenação
política do governo reconheceram, no entanto, que a crise
teve desdobramentos não previstos anteriormente pela equipe
econômica”.
Diante desse quadro, e tendo em mente os reiterados
pronunciamentos de V. Exa., de que a educação é uma prioridade
de governo, gostaria de sugerir algumas medidas para que as
prioridades do setor econômico não invalidem essa opção.
A sugestão é no sentido de rever o orçamento para o próximo
ano, concentrando na implantação da Escola Pública de Tempo
Integral todos os recursos que podem ser remanejados, inclusive
aqueles que seriam destinados as ONGs, e outros incentivos
dedutíveis do Imposto de Renda.
Como a manutenção de todas as atividades econômicas
deve ser mantida para garantir empregos e rendas, a implantação
dessa escola atenderá esses objetivos, pois para seu funcionamento
haverá necessidade não só de professores, mas de uma complexa
estrutura de apoio, toda ela brasileira, envolvendo desde a
construção civil, até a produção de material escolar; segmentos
esses que empregam grande quantidade de mão de obra com
pouca especialização, portanto a mais carente de empregos.
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A REALIZAÇÃO DAS PROFECIAS-1.ind80 80 17/02/2009 10:16:47


Para agilizar o processo de implantação dessa escola, o
governo pode criar um programa de treinamento rápido para
formar monitores escolares, dada a carência de professores, como
fez o governo norte-americano na Segunda Guerra Mundial,
com o TWI, para treinar operários em seu esforço de guerra.
Esses monitores atuariam como auxiliares dos professores no
acompanhamento, e na aplicação de testes, de aulas, cursos,
palestras, conferências, documentários, etc., ministradas através
da televisão e da internet. A contratação desses monitores, de
ambos os sexos, deve privilegiar aqueles que concluíram o
segundo grau, com idade entre 8 e 30 anos, e que não freqüentam
universidades e nem conseguiram seu primeiro emprego. É
um estímulo, que talvez os levem a escolherem a carreira do
magistério como profissão.
Agradecendo a atenção e desejando sucesso ao governo de
V. Exa., inclusive na superação dessa crise, subscrevo-me.

Cordialmente

João Gilberto Parenti Couto

CONCLUSÃO
Mas não basta a implantação pura e simples da Escola
Pública de Tempo Integral, e das creches comunitárias, ambas
universais e obrigatórias, para que todos os brasileiros exerçam
seus direitos à cidadania, e a violência urbana não prevaleça sobre
as práticas civilizadas de comportamento coletivo. É necessário
mais do que isso, é preciso que a implantação dessa escola se
faça no bojo de uma reforma radical do sistema educacional
brasileiro, a começar pela separação da educação básica do
ensino universitário, cabendo ao Ministério da Educação o
monitoramento do ensino básico, e ao Ministério da Ciência e
Tecnologia o gerenciamento do universitário.
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A REALIZAÇÃO DAS PROFECIAS-1.ind81 81 17/02/2009 10:16:47


Nesse novo modelo, como foi sugerido anteriormente, os
Estados se responsabilizariam pelo ensino básico, os municípios
pela administração das creches comunitárias e o Governo Federal
pelas Universidades. Acompanhando essa revolução estrutural, é
imperioso que se faça, também, uma revolução pedagógica, que
deve se apoiar numa nova arquitetura dos prédios escolares, de
tal forma que as escolas públicas se tornem espaços acolhedores
para a infância e a juventude, estimulando-as a valorizarem esse
espaço de cidadania, no qual seu futuro estará sendo construído,
e do País também. Além disso, é preciso que esse espaço seja
enriquecido com todos os recursos da informática, laboratórios
para experimentos científicos, salão de jogos, como xadrez,
baralho, bingos, etc., ligados a uma orientação pedagógica para
estimular o desenvolvimento intelectual dos alunos, e, também,
quadras esportivas para educação física, consultórios para
médicos, dentistas, oculistas e outros meios para cuidar da saúde
dos alunos, e, se necessário, para seus familiares, como forma de
integração família-aluno-escola.
Esse divisor de águas permitirá que se concentre na base da
pirâmide educacional todos os esforços, e recursos financeiros,
para mudar o quadro de falência do ensino público do País, como
bem exemplifica a depredação, na capital paulista, da escola
estadual de tempo integral, Amadeu Amaral, como informa o
Jornal Folha de São Paulo, em matéria intitulada Alunos brigam,
depredam escola e apanham da PM (3//2008, Cad. Cotidiano):

“O confronto começou às 0h20, quando sem motivo claro, 30


alunos começaram a destruir a escola. ‘Meninos embrulhavam
os pulsos em camisetas para estourar os vidros com socos.
Cadeiras foram arremessadas do 2º andar, depois de arrebentar
as janelas’, contou uma aluna da 7ª série. (...) Não foi a primeira
vez que a Amadeu Amaral viu-se às voltas com cenas de violência.
Anteontem mesmo, por causa de uma excursão a um museu,
quando só parte dos alunos foi autorizada a participar, os demais
abordaram a vice-diretora Denise Mayumi Cavali, que tentava

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A REALIZAÇÃO DAS PROFECIAS-1.ind82 82 17/02/2009 10:16:48


impedir que eles saíssem. Um aluno de 5 anos empurrou a
professora contra o portão e xingou-a. Ela teve de pular um muro
para fugir. Na segunda feira, as aulas foram encerradas às  h (o
horário normal é 6h), por causa de outro surto de vandalismo,
vidros e cadeiras quebradas. (...) Fundada em 909 no largo do
Belém, bem em frente à igreja, a escola Amadeu Amaral ocupa
um prédio amplo, tombado pelo patrimônio histórico, que hoje
é usado por apenas 277 alunos, atendidos por 63 professores. É
uma das 500 escolas em que a Secretaria de Estado da Educação
implantou o regime de turno integral. Alunos entram às 7h e
saem apenas às 6h”.
Em outro matéria, nessa mesma edição, a Folha informa
que “86% das escolas de SP relatam violência”, segundo dados
“de pesquisa realizada pala Udemo (sindicato de especialistas
da rede pública do Estado) e se referem a 2007. Levantamento
mostra ainda que 88% dos professores e dos funcionários foram
desacatados e que 85% dos alunos se envolveram em brigas nas
escolas de SP”. Se na capital do mais rico Estado da federação, a
situação é essa, imaginem o que se passa no restante do País.
Esse estado de coisas foi analisado pelo professor Sérgio
Kodato, coordenador do Observatório da Violência e Práticas
Exemplares da USP de Ribeirão Preto, numa entrevista ao
jornalista Roberto Madureira, nessa mesma edição da Folha:
FOLHA – Como o senhor vê o avanço da violência nas escolas
públicas?
SÉRGIO KODATO – A violência é fruto da decadência das
instituições, principalmente das escolas públicas. As instituições
são mecanismos civilizatórios criados para diminuir os conflitos
sociais. E quando não cumprem seu papel, vem à tona uma carga
de violência. Pesquisas indicam que um terço dos alunos não sabe
o que faz na escola. Um grupo grande de alunos não vê sentido na
escola. Para esses, a escola virou um clube, um local para esportes,
amigos e paquera. Tem ainda aqueles que freqüentam a aula, mas
estão “boiando”. Os chamados analfabetos funcionais.

FOLHA – A imagem do professor também está desgastada?

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KODATO – Além da degradação da infra-estrutura das escolas
públicas, houve também uma perda da autoridade da figura do
professor e do diretor. Você pode ver que os alunos confrontam,
batem nos professores e não se intimidam.

FOLHA – Existe uma sensação de impunidade nas escolas?


KODATO – Hoje, mesmo que o aluno ponha fogo na escola, não
acontece nada. No máximo uma transferência. Com a progressão
continuada, isso piorou. Deixou a escola pública e o professor
completamente sem mecanismos organizadores. Não se reprova
nem por freqüência nem por nota. O professor não é avaliado.
Digamos que o professor entregou os pontos. A sensação de
impunidade cria um clima de livre-arbítrio, onde se pode tudo.
Há escolas, por exemplo, em que os furtos são constantes e os
banheiros têm que ficar trancados porque senão os alunos
destroem tudo.

FOLHA – Qual o principal motivo dessa violência?


KODATO – Percebemos que hoje não há só atos de vandalismo.
São atos organizados, planejados, aquilo que na época de
movimento estudantil chamávamos de união e organização.
O descaso dos políticos com as escolas públicas é a principal
motivação. A maior vítima das escolas é o processo pedagógico.
Perdendo ele, boa parte dos alunos se perde também.

FOLHA – Como a tecnologia pode ajudar a resolver o


problema?
KODATO – Em Serrana, no interior de São Paulo, temos um
modelo de escola, com métodos modernos e lousas digitalizadas.
Resultado: caiu bem a evasão escolar. Mesmo experiências
simples, como instalar um equipamento de som na escola, fazem
o aluno e suas famílias perceberem o esforço da escola em se
modernizar. Mas a escola pública no Brasil ainda funciona na
base do giz e da lousa.

FOLHA – Como é possível explicar um caso como o de hoje


(ontem)?
KODATO – Não se trata de simples vandalismo. São atitudes
reativas, um grito contra o modelo que os incomoda. Para os

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A REALIZAÇÃO DAS PROFECIAS-1.ind84 84 17/02/2009 10:16:48


alunos fazerem isso, deve ter tido um histórico de escola ruim,
deteriorada e maltratada. É como uma rebelião, como nas “boas”
épocas da Febem.

FOLHA – Como a escola deve lidar com alunos problemáticos?


KODATO – A massa de trabalhadores que vê como expectativa
de ascensão social a instrução do filho se sente frustrada com
o descaso das autoridades com as escolas, que não oferecem
perspectiva de futuro. Por isso, a educação de casa, geralmente,
não inibe essa reação contra as escolas. Além disso, o Estado
trata esses alunos que não conseguem acompanhar [o ensino]
cada vez mais como vândalos. Pensa que, se a família não os
educa, também não tem a menor obrigação de fazê-lo. Os alunos
passam a ser vistos como bandidinhos mesmo.

FOLHA – O senhor é a favor de medidas de segurança nas


escolas?
KODATO – Não adianta instalar porta giratória e câmeras.
Além de não funcionar, vai colocar os alunos numa situação de
prisão. Olhar para isso é olhar no local errado do problema. O
importante é a produção pedagógica. Para melhorar isso, não
basta mais falar só em capacitação de professor. O único jeito de
resgatar a potencia do professor é dar a ele essa tecnologia toda
que foi desenvolvida. Aqui na USP, por exemplo, nós podemos
abrir o site na internet e já jogar no telão para apreciação dos
alunos. Precisaria de uma revolução nesses termos para acabar
com essa violência.
Para encerrar este capítulo trágico, que é a história da
educação pública no Brasil, sujeita a vicissitudes de toda ordem,
é preciso fazer mais alguns comentários. O primeiro deles é sobre
a capacidade da intelectualidade brasileira de diagnosticar, com
precisão, os males do ensino público e sua total incapacidade de
propor um modelo de ensino padronizado para todo o território
nacional, inclusive um programa pedagógico moderno. O
arcaísmo do debate sobre o ensino público do Brasil é muito
semelhante à política de tombamento que, por sinal, “tombou”
a Escola Amadeu Amaral, a qual, para valorizar um passado

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que já se foi, engessa tudo, impedindo o progresso e a evolução
natural das coisas. Essa escola, por exemplo, é bem possível que
esteja “engessada” na sua estrutura física, sem possibilidade de
reformas estruturais, o que deve refletir-se no ensino, levando-
se em conta as rebeliões que a afligem, muito parecidas com as
“boas” épocas da Febem, como disse o Professor Kodato.
Diante da incapacidade da elite pensante brasileira,
formada por muitos pedagogos e demagogos, de propor um novo
modelo para a escola pública, os políticos e governantes devem
assumir a vanguarda dessa empreitada e elaborar leis que dêem
à infância e juventude de nosso País a chance de sonharem e
realizarem seus sonhos de dias melhores, ou alguma liderança
carismática assumirá esse papel.
A revolução educacional de que o País precisa não vi-
rá do eixo Rio-São Paulo, pólos de saber do passado, hoje
suportes podres de um eixo enferrujado que serve de poleiro
para intelectuais acomodados e sem idéias, que mais se parecem
com eunucos estéreis, mas sim por meio de congressistas ágeis e
competentes, com visão de futuro.
Para se ter uma idéia da falta de visão desses intelectuais,
que ainda não pensaram na Escola de Tempo Integral como
solução para as graves deficiências do ensino público no País e
que reagem como baratas tontas a quaisquer mudanças no quadro
atual, basta verificar o seguinte noticiário do Jornal Folha de São
Paulo de 6/2/2008:
A Secretaria Estadual da Educação de São Paulo decidiu
diminuir a carga horária de história no ensino médio, como
forma de compensar a inclusão de sociologia no currículo e a
ampliação de filosofia, exigência prevista em lei federal. Com
a medida, os alunos do ensino público diurno terão 80 aulas a
menos de história, considerando os três anos letivos (redução de
22,2%). No noturno, serão 20 aulas a menos (menos 37,5%) . O
cálculo da Folha tem base no número mínimo de 200 dias letivos
ao ano (0 semanas), previsto em lei.
[...] Para a historiadora Maria Aparecida de Aquino, professora
do Departamento de História da USP, a retirada de aulas de
história da grade curricular é um “erro crasso”, que mostra que,

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para a Secretaria de Educação, a disciplina é menos importante.
O ideal, segundo ela, seria a ampliação da grade horária, inclusive
com um ano de ensino médio a mais no período noturno.
[...] “Por conta da lei federal, tivemos de nos adaptar, pois
não há espaço para ampliar a jornada. Estudamos o assunto
e entendemos que essa foi a melhor opção”, disse à Folha a
secretária da Educação, Maria Helena Guimarães Castro. “Nossa
prioridade foi não diminuir língua portuguesa e matemática, que
são a base para tudo. História tem muitos assuntos transversais
com sociologia”, disse a secretária. [...] “Nossa jornada já é de
cinco horas e 20 minutos, e um turno quase emenda no outro.
Não é possível aumentar a jornada neste momento. E não se
constrói escolas para dois milhões de alunos do dia para a noite”,
afirmou Maria Helena. [...]
“A intenção era que houvesse uma ampliação do currículo. O
ensino médio não pode ficar emparedado por limitações de
horário”, afirmou o presidente da câmara da educação básica do
Conselho Nacional da Educação, César Callegari.
Portanto, senhores políticos e governantes, mãos à obra,
pois há muito o que fazer pela educação pública, principalmente
pela implantação da Escola Integral. E, mais uma vez, é bom
lembrar: Educação é assunto de Estado, é um direito do cidadão,
e não uma questão menor a ser tratada por Organizações
Não-Governamentais (ONGs) e entidades empresariais ou
filantrópicas, as quais transformaram esse direito em caridade,
cujos beneficiados, agradecidos e submissos, passam a lhes dever
esse favor, pois, por falta de escola, desconhecem o significado da
palavra cidadania.

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A REALIZAÇÃO DAS PROFECIAS-1.ind87 87 17/02/2009 10:16:49


POSFÁCIO

Os desafios que o Brasil tem pela frente nos próximos anos,


vale dizer, para o próximo governo a ser eleito em 200 para vencer
a miséria, a ignorância e, principalmente, a corrupção e os desvios
de comportamento no trato da coisa publica, nos três poderes
da República, são gigantescos. Por isso mesmo, a sociedade
brasileira deve estar preparada para eleger um presidente com
perfil diferente do atual, ou seja, mais enérgico com atos ilegais,
como a invasão de propriedades rurais e prédio públicos pelos
chamados “sem-terra” e outros movimentos sociais; os seqüestros
de pessoas e atentados à propriedade privada por parte de grupos
indígenas para praticarem chantagens de toda a espécie, com a
cumplicidade da Funai, testa-de-ferro de ONGs internacionais,
e que não admita, também, casos como o mensalão e a MP da
pilantropia, como batizaram os congressistas a Medida Provisória
que anistiava entidades filantrópicas corruptas.
Para mudar essa situação de frouxidão moral, é preciso
que o próximo presidente conheça os fundamentos do Estado
Democrático de Direito e tenha também uma visão bem clara
das reformas estruturais de que o País necessita para tornar-se
uma grande potência. A começar pela reforma da Constituição
de 988, pois sem isso não será possível eliminar a corrupção,
principalmente no Sistema Judiciário, hoje desmoralizado pelos
escândalos envolvendo seus integrantes, como informa o Jornal
Folha de São Paulo (3/2/2008, p. A8), em matéria intitulada
Justiça revoga prisão da cúpula do TJ-ES acusada de vender
sentenças:
“O STJ (Superior Tribunal de Justiça) decidiu ontem revogar
a prisão de três desembargadores, um juiz, dois advogados e

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uma servidora do Tribunal de Justiça do Espírito Santo. Foram
libertados, além do desembargador Pimentel (presidente do
TJ-ES), os desembargadores Elpídio José Duque e Josenider
Varejão Tavares, o juiz Frederico Luiz Schaider Pimentel
(Filho do presidente do Tribunal de Justiça) e a diretora de
Distribuição do tribunal, Bárbara Pignaton Sarcinelli, cunhada
do presidente. [...] O grupo é investigado por transformar o
tribunal num ‘balcão de negócios’, segundo a PF, mantendo um
suposto esquema de venda e manipulação de sentenças em troca
de favores e vantagens pessoais”.
Para arrematar essa notícia, é bom frisar que um membro do
Superior Tribunal de Justiça (STJ), que libertou esses acusados,
está respondendo, em liberdade, processo por crime semelhante,
movido pela Polícia Federal (PF).
Essa fraqueza moral tem raízes na formação intelectual
desses magistrados, cujas escolas onde formaram não lhes
impuseram um rígido código de conduta profissional, facilitando
assim toda sorte de desvios de comportamento como, por
exemplo, o roubo de um patrimônio público, o sino da UFRGS,
por parte dos alunos de Direito da turma de 968, como informa
o jornalista Graciliano Rocha, do Jornal Folha de São Paulo
(3.2.2008, p.A6):
“Ao longo dos últimos 0 anos, ministros, juízes e advogados
militam em uma confraria dedicada a esconder um sino furtado
da faculdade de direito da Universidade Federal do Rio Grande
do Sul. Entre os membros da chamada Ordem do Sino estão o
ex-presidente do Supremo Tribunal Federal e atual ministro da
Defesa, Nelson Jobim, o vice-presidente do Superior Tribunal de
Justiça, Ari Pargendler, e o corregedor do Conselho Nacional de
Justiça, Gilson Dipp. O sino de bronze, cujas badaladas marcavam
o início e o fim das aulas, foi surrupiado pelos formandos da
turma de 968 e desde então circula entre ex-alunos, que se
recusam a devolve-lo à universidade. Em 978, dez anos após
a formatura da turma, a Ordem do Sino ganhou um estatuto
– que considera o produto o furto ‘símbolo da turma’. Todos os
anos, durante um jantar comemorativo em novembro, a peça
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A REALIZAÇÃO DAS PROFECIAS-1.ind89 89 17/02/2009 10:16:49


troca de mãos. Segundo Maria Kramer, que faz parte da ordem,
o critério para ter o privilégio de esconder o sino da faculdade
é o maior número de participação nos jantares anuais. Jobim
furou a fila em 997. Menos assíduo do que outros, recebeu a
‘honraria’ após se tornar ministro do Supremo. Amigos de
Jobim contaram que ele guardava o sino no seu gabinete no STF.
Pargendler foi ‘agraciado’ em 988. Dipp ainda aguarda sua vez.
‘Não devolveremos o sino até que haja um sobrevivente da nossa
turma’, diz o advogado Paulo Wainberg. Dos 93 formandos, 6
já morreram. O sino de bronze, com cerca de 30 centímetros de
altura e 0 quilos, tem gravado os nomes dos que o esconderam.
Pargendler se recusou a comentar o caso. Jobim e Dipp não
foram localizados”. MORAL DA HISTÓRIA: como reza o dito
popular, “quem faz um cesto, faz um cento...”
Dizem que Vargas foi um ditador, e por isso não se cansam
de apedrejá-lo, principalmente a elite paulista, escravocrata,
embora até em Roma, onde surgiram legalmente por força das
circunstâncias, como soem acontecer com todos os ditadores,
eles sempre foram respeitados por desatarem nós, atravessarem
rubicons, ou amarrarem seus cavalos em obeliscos, para
mudarem o curso da história e promoverem mudanças radicais
nas sociedades em que viviam, como Alexandre, o Grande,
Júlio César e Getúlio Vargas. Todavia, é bom que a sociedade
atente para o legado desses líderes, como a ação dos generais de
Alexandre; a Pax Augusta imposta pelo herdeiro de César; e o
regime militar pós-Vargas, embora este líder, com sua revolução
nacionalista, tenha livrado o País de duas tiranias que, então,
digladiavam-se pelo domínio do mundo, ou seja, o Comunismo,
em 935, e o Nazismo, em 937.
Se um líder desse quilate não aparecer, democraticamente,
para promover as mudanças de que o Brasil necessita,
principalmente a remoção da blindagem legal que protege a
podridão moral, a lentidão e ineficácia operacional do arrogante
Poder Judiciário, como as cláusulas pétreas e outras regalias,
inclusive salariais, o remédio será apelar para um novo ditador,
o qual pode estar sendo gestado nas escolas públicas, do tipo
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Amadeu Amaral, ou nas favelas cariocas e paulistas, pois a história
é dinâmica e a insatisfação é a levedura das revoluções, como
o fermento que faz crescer as massas. No Brasil de hoje, essas
“massas”, já fermentadas, estão no forno, como sabem muito
bem os policiais que rodam as favelas cariocas em “Caveirões”
com ar-condicionado, e os políticos, que sentiram de perto esse
calor sufocante na eleição de 2008, quando pediram água para as
Forças Armadas. O resultado dessa fornada não será um Lulinha
Paz e Amor, que se adapta ao meio ambiente como um camaleão,
embora saído do mesmo extrato social. O que se anuncia é algo
bem diferente: líderes políticos oriundos do crime organizado,
ou das tais “milícias” que infestam os guetos urbanos da ex-
Cidade Maravilhosa.
No campo da moralidade pública, por sua vez, outro nó
a ser desatado, para que a representatividade dos cidadãos seja
respeitada, é acabar com a escandalosa situação legal do Distrito
Federal, um município que se tornou “Estado” para acomodar
uma estrutura parasitária, escancarada no site do Governo do
Distrito Federal, onde se pode ver uma relação de órgãos inúteis
(92 ao todo, de A a Z, sendo  banco, 7 secretarias de Estado e 28
administrações regionais), isto sem contar a Câmara Legislativa,
com seus 2 deputados, e os eleitos para o Congresso Nacional:
3 senadores e 8 deputados federais. Toda essa estrutura pesada e
inútil poderia, com muita propriedade, ser substituída por uma
Câmara de Vereadores e um prefeito, como todos os municípios
brasileiros, inclusive as capitais dos Estados. Para isso, basta
considerar Brasília um município neutro, como era a sede
administrativa no tempo do Império, e sujeitá-lo ao controle de
uma comissão mista formada por representantes dos três poderes
da República (Executivo, Legislativo e Judiciário), que, juntos,
monitorarão, com poder de veto, os atos do prefeito e da Câmara
de Vereadores, pois a capital federal foi criada para ser a sede
desses poderes. Além disso, é necessário que se dê autonomia
às chamadas cidades-satélites de Brasília, que nada têm que ver
com a capital, devolvendo ao Estado de Goiás esses territórios,
sob cuja jurisdição voltariam a pertencer.

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Com essas medidas, será possível redefinir os limites de
Brasília, atualizar o Plano Piloto e devolver à Capital da República
o perfil de centro administrativo da nação brasileira, e não um
“Estado” que procura imitar os demais da Federação na busca
desenfreada de “progresso” material, o que destoa totalmente
dos objetivos para o qual foi criada. Brasília foi idealizada,
projetada e construída para ser uma cidade administrativa com
características próprias e, por isso mesmo, precisa evoluir no
tempo e no espaço para evitar o que está acontecendo com Belo
Horizonte, nascida como o mesmo objetivo, mas que está com
os dias contados. Este atentado contra a capital dos mineiros
está sendo praticado pelo governador de plantão, que resolveu
substituí-la, por falta de visão ou amnésia histórica, por um
arremedo de centro administrativo em construção na periferia
da cidade. Neste local, pretende-se reunir todo o funcionalismo
público estadual para, juntos, lado a lado, trabalharem de forma
mais eficiente. Esse mano a mano na Era da Informática não
faz sentido pois, com a Internet, as distâncias deixaram de ser
problema em escala global, quanto mais local. Este tipo de
pensamento concentrador teve seu momento de glória no século
XIX, quando Belo Horizonte foi construída e Brasília sonhada,
mas agora representa tão-somente um arcaísmo de imitadores
sem imaginação.
O que se passa em Belo Horizonte, na gestão do Governador
Aécio Neves, é uma advertência aos brasilienses que precisam
repensar o modelo atual da cidade e as implicações dos processos
de tombamento que impedem a demolição de construções
envelhecidas, ou tecnologicamente superadas, que precisam ser
substituídas por construções mais novas e mais adequadas a cada
momento da vida evolutiva da cidade. A seguinte reportagem
do Jornal Folha de São Paulo (..2009, p. B) exemplifica esta
situação:
“Não há mais espaço na Esplanada dos Ministérios. Sem ter onde
encaixar o número crescente de funcionários, as pastas estão
alugando salas comerciais e espalhando a administração pública
federal além dos limites inicialmente pensados no planejamento

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A REALIZAÇÃO DAS PROFECIAS-1.ind92 92 17/02/2009 10:16:50


urbano da capital. Dos 27 ministérios do governo Luiz Inácio
Lula da Silva, 7 alugam imóveis em Brasília. O custo mensal
com pagamento de aluguel é de aproximadamente R$ 2, milhões,
mas deverá crescer para pelo menos R$ 3,3 milhões neste ano.
[...] Para contornar o problema de falta de espaço na Esplanada
dos Ministérios, o governo federal quer trocar terrenos da União
por prédios já construídos pela iniciativa privada. [...] Outro
plano do governo é construir mais oito anexos nos ministérios.
Os anexos estavam previstos no projeto original, mas nem todos
foram construídos. [...] Outra linha de ação do governo para tentar
contornar a falta de espaço é usar prédios públicos do governo
do Distrito Federal. A sede da administração foi deslocada para
a cidade-satélite de Taguatinga, subúrbio de Brasília. Quando o
governo local concluir a mudança, a União pretende assumir o
Palácio do Buriti (sede o governo) e outros prédios que ficarem
vazios”.
Imaginem só! Enquanto em Minas Gerais foram neces-
sários cem anos para mudar o centro administrativo do Estado,
Brasília precisou da metade do tempo! Nessa toada e diante
desse noticiário, o governo federal, logo, logo, estará de malas
prontas para mudar-se para um local mais adequado... Este
estado de coisas é o resultado da improvisação que caracteriza
a administração pública, pois os prédios dos ministérios, bem
como os palácios do governo federal, foram construídos a toque
de caixa por JK que desejava inaugurá-la em tempo recorde, antes
do término de seu mandato. Hoje, antes de completarem 50 anos,
esses prédios frágeis, precocemente envelhecidos, necessitam
de reformas ou um novo edifício para substituí-los, mas estão
legalmente intocáveis, pois foram transformados em elefantes
brancos por terem sido projetados por Niemeyer, a quem se deve
curvar e pagar o dízimo correspondente, caso se necessite tocá-
los, como informa o Jornal Folha de São Paulo (2/2/2008, p.
A):
“Ao receber ontem Oscar Niemeyer no Palácio do Planalto, o
presidente Luiz Inácio Lula da Silva explicou ao arquiteto
porque decidiu restaurar o prédio: ‘Isso aqui está uma favela’,
disse. Niemeyer ouviu o presidente reclamar dos carpetes
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A REALIZAÇÃO DAS PROFECIAS-1.ind93 93 17/02/2009 10:16:50


antigos, das divisórias mal feitas e das paredes e tetos mofados.
[...] A presidência aguarda ainda o projeto de restauração que
está sendo produzido pelo escritório do arquiteto”.
A pressa em inaugurar uma obra com fins políticos,
como aconteceu com Brasília, e que agora se está repetindo
em Belo Horizonte, tem seu preço para a sociedade, que banca
seus custos e arca com os prejuízos. O pior deles é o estado de
abandono relegado aos bens materiais deixados para trás durante
a mudança, representados pelos imóveis e tudo o que nele foi
colocado para funcionamento da máquina pública. O que ficou
para trás na mudança da capital federal do Rio de Janeiro para
Brasília, e o que se perdeu nesse processo, é uma história que está
para ser contada, a qual poderia começar com o que se passou
com o prédio do Ministério da Fazenda, uma obra até hoje sem
utilidade.
Em Belo Horizonte não será diferente, pois no novo centro
administrativo, tudo deverá ser novo para se adequar ao novo
ambiente, isto sem contar o desprezo de muitos elementos afoitos
que, no afã de largar para trás aquilo que julgam ultrapassado,
apressarão sua destruição de maneira direta ou indireta. Digo
isto porque, quando estudava Geologia no velho prédio da Escola
Politécnica do Largo do São Francisco, no Rio de Janeiro, nos anos
60, tomei conhecimento, pelo nosso professor de Química, de um
fato lamentável. Mostrava-nos ele, numa de suas aulas práticas,
no laboratório que tanto estimava, um tesouro representado por
cadinhos de platina que valiam uma fortuna. Disse-nos que esse
acervo ele encontrou entre escombros, resultante de um ato de
vandalismo praticado pelos alunos da Escola de Engenharia
da UFRJ que lá funcionava, pois, ao se mudarem para o novo
prédio da Ilha do Fundão, destruíram tudo o que existia naquele
laboratório, já que, segundo eles, para onde iam, tudo deveria
ser novo. Não sobrou nada de intacto, só os cadinhos que eram
indestrutíveis e para os quais não deram nenhum valor!
Mas não é só esse tipo de comportamento irresponsável
que trava o desenvolvimento econômico e social do País, pelo
desperdício de recursos públicos. Na atualidade, esse desperdício

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está atingindo um ponto de saturação que está a exigir dos
políticos, governantes e da sociedade em geral, uma posição
firme e decidida para moralizar o trato da coisa pública. Já está
mais do que na hora de se instalar uma “Comissão Parlamentar
de Inquérito”, pelo Congresso Nacional, para avaliar os gastos
perdulários do poder público do Distrito Federal – Executivo,
Legislativo e Judiciário – e da conveniência de se criar em
seu lugar um município neutro para pôr fim a esse festival de
gastamento inútil, o que poderá ser feito por meio de emenda
constitucional.
A seguinte matéria, publicada pelo Jornal Folha de São
Paulo (0..2009, p. A6), intitulada Niemeyer projeta obras
para as comemorações dos 50 anos de Brasília, exemplifica esse
desperdício:
“Aos 0 anos, o arquiteto Oscar Niemeyer dá sinais de que não
tem planos de se aposentar. O Idealizador de Brasília apresentou
ontem, ao governador do Distrito Federal, José Roberto Arruda
(DEM), o projeto de um novo complexo, a Praça da Soberania,
a ser feita na Esplanada dos Ministérios. A praça contará com o
Memorial dos Presidentes da República e um monumento em
homenagem ao cinqüentenário da capital, que promete causar
polêmica por seu tamanho, que pode ter entre 60 e 80 metros.
A idéia é inaugurar a obra completa no dia 2 de abril de 200,
quando Brasília completará 50 anos [...] Arruda e Niemeyer
aproveitaram a oportunidade para conversar sobre outros
projetos do arquiteto que já estão confirmados. A obra, que está
em estágio mais avançado, é a Torre Digital, que abrigará os
equipamentos para implantação da TV digital na capital, além
de restaurante e biblioteca. A obra já foi licitada e o governo
aguarda a licença ambiental para começar construção. O projeto
custará R$ 6 milhões. Há ainda outras duas obras: a Praça do
Povo, ao lado do Teatro Nacional, e o sambódromo do DF”.
Esses gastos perdulários não são exclusividade do Poder
Executivo. Basta consultar o site da Câmara Legislativa do
Distrito Federal para tomar conhecimento da “grandiosidade”
de sua nova sede, a ser inaugurada em 200. É bom lembrar
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que 200 é o ano de eleições, portanto é preciso mostrar
serviço. E que serviço! Melhor seria se os políticos estivessem
comprometidos em inaugurar novas escolas, redes de água
tratada e esgotos sanitários, e conjuntos residenciais para acabar
com as favelas. Mas para isso, é preciso que, a exemplo da Lei de
Responsabilidade Fiscal, seja criada a Lei de Responsabilidade
Social, priorizando esse tipo de investimento em nível federal,
estadual e municipal, envolvendo os três poderes da República.
Isto se os políticos e governantes estiverem atentos para a dura
realidade social do País e suas conseqüências, senão...

Os Novos Tempos
Os novos tempos profetizados para Brasil trazem consigo,
além de promessas alvissareiras, alertas para a violência que a
humanidade sofrerá na primeira metade deste século, em função
da crise que se instalou no Oriente Médio, vale dizer, no mundo
mulçumano, desde a volta dos judeus à Palestina, e para a qual
o País precisa estar preparado para se defender. Esse estado
de coisas, que ameaça todos os países sul-americanos e a paz
mundial, resulta de um ato falho – a criação, pela Organização
das Nações Unidas (ONU), do Estado de Israel à custa do povo
palestino.
A raiz da violência que se instalou nessa região reside
fundamentalmente no comportamento dos judeus, que, por
não se conformarem com a destruição do segundo templo de
Jerusalém pelos romanos no ano 70 d.C., e sua expulsão desse
território, procuram, de todas as maneiras possíveis, manter-se
fiéis à filosofia que os norteou até essa data – a de povo eleito por
Deus para dominarem todas as nações -, inclusive sonhando com
a reconstrução desse templo. Esse atavismo traz consigo, como
norma de conduta, a lei de talião – “Olho por olho, dente por
dente” –, ignorando que essa lei foi revogada pelos cristãos, que,
além disso, souberam valorizar o conceito de cidadania praticado
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pelos romanos, incorporando-o à sua própria filosofia humanista,
a qual, a partir daí, tornou-se a base moral da civilização cristã
ocidental.
Os benefícios para a humanidade da destruição do templo
de Jerusalém pelos romanos transcendem, portanto, a remoção
física desse edifício, pois eliminou, também, uma mensagem
filosófica racista, discriminatória e prenhe de violência que
agora estão tentando re-instalar na Palestina, à custa de mortes,
destruição e violências de toda ordem, contra os habitantes dessa
terra que durante séculos a povoaram. Este retrocesso é um
atentado aos direitos dos cidadãos e vai de encontro aos princípios
básicos da Carta das Nações Unidas, os quais, desde meados do
século XX, passaram a regular as relações entre povos civilizados
para evitar novas guerras e salvar o mundo da destruição; com
exceção de Israel, que, com seu atavismo dinossáurico, arrogância
messiânica, arsenal atômico próprio e apoio interesseiro dos
norte-americanos, investe pesado no Armagedom para apressar
a vinda do seu Messias, que, acreditam, lhes dará o domínio do
mundo, ignorando que as promessas divinas dizem respeito ao
plano espiritual e não material.
O Brasil, em face dessa realidade e do colapso do sistema
financeiro bancado pelos Estados Unidos da América, que
basculou o plano de relacionamento das potências dominantes,
deve encarar o Armagedom como um processo em andamento,
inevitável, com epicentro no Oriente Médio, cujo alcance
poderá ficar circunscrito ao chamado Velho Mundo, se, para
tanto, estiver armado com bombas atômicas e montar, com os
demais países sul-americanos, um sistema defensivo capaz de
desencorajar quaisquer nações portadoras de artefatos nucleares
a envolverem o continente nessa catástrofe apocalíptica que se
aproxima de forma acelerada.
Com esse objetivo, o Brasil deve, desde já, não se meter
nesse drama criado pelos europeus e norte-americanos. Os
primeiros, para se verem livres dos judeus, devido a seu auto-
isolamento mafioso, o que vêm tentando desde os tempos do
Império Romano, passando pelos reis cristãos, Fernando e Isabel,
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até Hitler, que radicalizou o processo; e os segundos, usando-os
como testa-de-ferro para dominarem os campos petrolíferos do
Oriente Médio.

A Síndrome do Sapo Fervido


(Revista Tecnologia e Treinamento, n. 31, p. 45)

Vários estudos biológicos provaram que um sapo colocado


num recipiente com a mesma água de sua lagoa fica estático
durante todo o tempo em que aquecemos a água, até que ela ferva.
O sapo não reage ao gradual aumento da temperatura (mudanças
do ambiente) e morre quando a água ferve. Inchadinho e feliz.
No entanto, outro sapo, jogado nesse mesmo recipiente já com
água fervendo, salta imediatamente para fora, meio chamuscado,
porém, vivo!
Existem pessoas que têm comportamento similar ao do
SAPO FERVIDO. Não percebem as mudanças, acham que está
tudo bem, que vai passar, que é só dar um tempo... e, muitas
vezes, fazem um grande estrago em si mesmas, “morrendo”
inchadinhas e felizes, sem, ao menos, ter percebido as mudanças.
Outras, ao serem confrontadas com as transformações, pulam,
saltam, em ações para implementar as mudanças necessárias.
Encorajam-se diante dos desafios, buscam a melhor saída para a
solução dos problemas, tomam atitudes.
Há muitos “sapos fervidos” que não percebem a constante
mudança do ambiente a sua volta e se acomodam, à espera de
que alguém resolva tudo por eles; esquecem-se de que mudar
é preciso, principalmente se essa mudança beneficia toda uma
coletividade. Essa teoria se encaixa em todas as situações de
nossa vida: pessoal, afetiva e profissional.
Devemos ter a consciência de que, além de sermos eficientes
(fazer certo as coisas), precisamos ser eficazes (fazer as coisas
certas), criando espaços para o diálogo, o compartilhamento, o

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planejamento, o espírito de equipe, delegando, sabendo ouvir,
favorecendo o nosso próprio crescimento e o daqueles com quem
convivemos, seja na família, no trabalho ou na comunidade em
geral.
O desafio maior, nesse mundo de mudanças constantes,
está na humildade de atuar de forma coletiva. Precisamos estar
atentos para que não sejamos como os Sapos Fervidos. Pulemos
fora, antes que a água ferva. O mundo precisa de nós, meio
chamuscados, mas vivos, abertos para mudanças e prontos para
agir.

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Bibliografia

A BÍBLIA DE JERUSALEM. São Paulo: Paulinas, 98


BUENO, Eduardo. Viagem do descobrimento – A verdadeira
história da expedição de Cabral. Rio de Janeiro: Objetiva, 998.
BUENO, Eduardo. Brasil: uma história. São Paulo: Ática, 2002.
TUFANO, Douglas. A carta de Pero Vaz de Caminha – Comentários
e notas de. São Paulo: Moderna, 999.

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O Autor

João Gilberto Parenti Couto nasceu em Pedrão,


município de Maria da Fé-MG, em o de maio de 937.
Geólogo pela Universidade Federal do Rio de Janeiro
(UFRJ), turma de 97, executou trabalhos de mapeamento
geológico básico nos estados de Mato Grosso e Minas
Gerais para a Companhia de Pesquisa de Recursos Minerais
(CPRM) e de prospecção mineral, no Estado de Minas Gerais,
para a empresa Metais de Minas Gerais S/A (METAMIG)
e sua sucessora a Companhia Mineradora de Minas Gerais
(COMIG). Viajou pela África do Sul e Zâmbia a fim de
estabelecer critérios litoestratigráficos e metalogenéticos de
comparação Brasil-África. Cursou o Centre d’Enseignement
Supérieur em Exploration e Valorisation de Ressources Minerales
(CESEV), em Nancy-França. Exerceu o cargo de Diretor
de Geologia e Recursos Minerais na Secretaria de Estado
de Recursos Minerais, Hídricos e Energéticos de Minas
Gerais (SEME). Atuou como representante da SEME na
Comissão Técnica Intergovernamental encarregada de
elaborar a proposta de zoneamento ecológico-econômico e o
sistema de gestão colegiado da Área de Proteção Ambiental
Sul – Região Metropolitana de Belo Horizonte (APA-SUL-
RMBH). Apresentou trabalhos em congressos e simpósios
de geologia, artigos publicados em revistas especializadas
e tese defendida no exterior. Fora do campo da geologia,
publicou pela Mazza Edições, de Belo Horizonte-MG, os
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livros: Projeto Brasil (duas edições-996/2000); Os 7 Pecados
da Capital (2003); A Revolução que Vargas não Fez (200);
Brasil país do presente – o futuro chegou (200); Operação
Senzala (200); Acorda Brasil (200); Decifrando um enigma
chamado Brasil (duas edições-2005); A Ferrovia de Dom Bosco
– A viga mestra da comunidade sul-americana de nações (duas
edições-2006/2007), e O Brasil das Profecias – 2003/2063
– Os Anos Decisivos (2008).

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<a rel=”license” href=”http://creativecommons.org/licenses/
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2003/2063 - os anos decisivos</span> is licensed under a <a
rel=”license” href=”http://creativecommons.org/licenses/by-
nc-nd/2.5/br/”>Creative Commons Atribui&#231;&#227;o-
Uso N&#227;o-Comercial-Vedada a Cria&#231;&#227;o de
Obras Derivadas 2.5 Brasil License</a>.

Este livro foi composto em tipologia


Aldine 72BT e impresso em papel
offset 75g/m2 (miolo) e
Cartão 250g/m2 (capa).

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