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“Porque eu sei em quem tenho crido, e estou bem certo de que ele é poderoso para
guardar o meu depósito até aquele dia” (IITm.1.12).
Algumas pessoas têm tanta fé que vão à igreja e ao centro espírita, consultam o
horóscopo e fazem simpatias, crêem em Deus, nos santos, nos guias e nos duendes.
Tentam servir a dois senhores (ou mais), como se isso fosse possível (Mt.6.24).
Acreditam em tudo (ou não crêem o suficiente em coisa alguma). São holísticos e
ecumênicos. Consideram boas todas as religiões e querem aproveitar o melhor de cada
uma delas. Esse tipo de fé pulverizada não agrada a Deus. Ele quer exclusividade no
que diz respeito à fé que se traduz em adoração. A Palavra de Deus exige
posicionamento, definição:
“Escolhei hoje a quem haveis de servir; se aos deuses a quem serviram vossos pais, que
estavam além do rio, ou aos deuses dos amorreus, em cuja terra habitais. Porém eu e a
minha casa serviremos ao Senhor” (Js.24.15).
“Até quando coxeareis entre dois pensamentos? Se o Senhor é Deus, segui-o; mas se
Baal é Deus, segui-o” (1Rs 18.21).
Alguns não crêem na existência dos anjos (At 23.8). Outros crêem tanto que chegam a
fazer orações e culto a eles (Cl 2.18). É importante crer que eles existem, mas são
apenas servos de Deus a favor dos homens (Hb 1.14).
Está escrito: “Crede no Senhor vosso Deus, e estareis seguros; crede nos seus profetas, e
sereis bem sucedidos” (2Cr 20.20). Entretanto, a bíblia não manda acreditar cegamente
em qualquer líder religioso, pois muitos falsos pastores (Jo 10.12-13), falsos mestres
(2Pd 2.1), falsos profetas (1Jo 4.1) e falsos apóstolos (2Co11.13) estão espalhados por
aí. O líder verdadeiro também pode incorrer em erro, causando destruição (Jr 23.1-2). A
liderança é necessária, mas não podemos ser seguidores ignorantes, que não
compreendem o que fazem nem sabem para onde estão sendo guiados. Muitos liderados
incautos perdem sua individualidade, sua liberdade, seus bens e suas vidas, levados por
condutores cegos e mal intencionados (Mt 23.16). Esse tipo de crença ingênua
possibilita e fomenta o surgimento ilimitado de religiões e seitas.
Além de estimular a fé, a bíblia contém advertências a esse respeito. Em alguns casos, é
proibido crer: “Não creiais a todo espírito, mas provai se os espíritos são de Deus”
(IJo.4.1). Maldito o homem que deixa de crer em Deus para crer no seu semelhante
(Jr.17.10). Jesus alertou seus discípulos: “Se, pois, alguém vos disser: Eis aqui o Cristo!
ou: Ei-lo aí! não acrediteis; Portanto, se vos disserem: Eis que ele está no deserto; não
saiais; ou: Eis que ele está no interior da casa; não acrediteis” (Mt.24.23,26). A crença
nem sempre é virtuosa. Nesse caso, é melhor uma dúvida certa do que uma certeza
errada.
Nos primeiros anos da igreja cristã, muitas heresias surgiram e foram aceitas de boa fé
por diversas comunidades. Os gálatas acreditaram naqueles que queriam impor
costumes judaicos no ambiente cristão (Gál.5). O mesmo tem acontecido hoje. Os
colossenses receberam com fé influências gnósticas, filosóficas e judaizantes (Col.2).
Crer nem sempre é certo. Não podemos ser ingênuos, aceitando todo ensinamento.
Alguns cristãos têm tanta fé que chegam a criar doutrinas baseadas em afirmações de
demônios, como se fossem bíblicos os nomes que declaram ou os feitos que proclamam
através de seus médiuns. Cuidado com os dogmas sem fundamento bíblico (IITm.4.1)
ou criados a partir da distorção daquilo que Deus falou (Mt.4.6).
O prejuízo que tais crenças pode trazer é muito grande, começando por escravizar o
crente em práticas desnecessárias e temores infundados. Além disso, ocorrem decepções
por não se produzirem os resultados esperados por aquele que crê indevidamente.
Quantos estão esperando riqueza material como conseqüência da conversão porque
colocaram sua fé em interpretações bíblicas erradas! O pior efeito de tudo isso pode ser
a perdição eterna, no caso da fé desviar-se da verdadeira confiança em Cristo como
Salvador. Aquele que crê na necessidade de complementos para a salvação, através de
obras, da guarda do sábado, etc, corre o risco de não ser salvo, pelo fato de ter duvidado
da eficácia e plena suficiência do sacrifício de Cristo no Calvário (Gál.5.2-4).
Não podemos acreditar em tudo o que ouvimos (Ec.7.21). É do ensinamento que vem a
fé, boa (Rm.10.17) ou má (Gál.5.8). Sendo assim, como escaparemos do erro que
tenazmente nos assedia? Paulo deixou claro que as igrejas não deviam ser guiadas
apenas por pregações, mas que tudo devia ser conferido com as Escrituras. Todas as
profecias e ensinamentos, mesmo os de Paulo, ou até mensagens de anjos, deviam ser
julgados mediante o exame da Palavra de Deus (ICo.14.29; ITss.5.20-21; At.17.11;
Gal.1.6-9).
Sabendo, porém, que muitas heresias são acompanhadas por citações bíblicas, é
imprescindível que cada cristão conheça bem as Sagradas Escrituras para conferir os
ensinamentos recebidos. O conhecimento do contexto geral da bíblia será útil no
combate às falsas doutrinas construídas sobre textos isolados (Mt.4.7). Visto que tal
propósito demanda muito tempo, tornam-se úteis as opiniões de autoridades sobre os
assuntos doutrinários que estejam sob análise, da mesma forma que se deseja
confirmação de um diagnóstico médico importante. Tal conferência é essencial quando
se tratar de “doutrinas novas”, “revelações inéditas”, e qualquer prática litúrgica ou
cotidiana que cause surpresa ou estranheza ao servo de Deus. A consciência e o
discernimento espiritual ajudam a avaliar aquilo que nos é oferecido como objeto de fé.
Ainda que não sejamos doutores em nutrição, desconfiamos de um alimento que tem
cheiro desagradável ou sabor alterado. Aquele que é sincero diante de Deus desconfia
do ensinamento falso (João 7.17).