A violência produzida pela heteronormatividade, as ações opressoras
mantidas e preservadas pela cultura tradicional e religiosa das mais variadas
origens, a centralidade do poder predominantemente masculino sobre o espaço e a representação feminina na sociedade, têm alimentado uma violenta desigualdade não somente no aspecto social e cultural mas uma violência física e emocional, deixando marcas profundas nas mulheres e na sociedade, tornando cada vez maior o desafio de transformar a igualdade de gênero uma realidade e, mais, uma necessidade vital para a construção de uma sociedade igualitária em diversas regiões do mundo.
Regina José Galindo, é uma artista guatemalteca que tem como
elemento marcante nas suas performances, a representação da dor, do sofrimento e opressão tão presentes na história recente da humanidade, dentre elas, os corpos desaparecidos da ditadura na Guatemala, os extermínios indígenas na américa-latina, a opressão e atuação da polícia sobre os manifestantes entre outros. Contudo, quero destacar sua performance chamada "Himenoplastia" em que a artista se transforma numa representante daquelas mulheres que se submetem às atrocidades nas intervenções do seu corpo legitimado por uma tradição religiosa e cultural.
O texto de Judith Butler trabalhado em sala, em um dos capítulos, faz
uma análise acerca do estruturalismo opressor e a discussão em torno do empoderamento feminino, suas possibilidades de coalizão e a necessidade de autocrítica.
"O gênero é uma complexidade cuja totalidade é permanentemente
protelada, jamais plenamente exibida em qualquer conjuntura considerada. Uma coalizão aberta, portanto, afirmaria identiddes alternativamente instituídas e abandonadas, segundo as propostas em curso; tratar-se-á de uma assembléia que permita múltiplas convergências e divergências, sem obediência a um telos normativo e definidor." (p.37)