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Ficha Técnica:
Título: Retratos de Gerações
Autor: Eduarda Gireli Galon
Editor: Eduarda Gireli Galon
Formato: 14,8 x 21cm
Edição: 1ª/2020
Páginas: 61
Capítulos: cinco
Revisão: Andre Lulio
Diagramação: Lara Roldi
Capa: Micael Moura
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AGRADECIMENTOS
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estimular a buscar sempre mais. Sem as suas orientações, tudo
teria sido muito mais complicado.
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ÍNDICE
Capítulo I
São Roque do Canaã: uma história de
fé.................................................................................................. 8
Capítulo II
Em memória de
Regattieri.................................................................................... 18
Capítulo III
Mãos milagrosas em São
Roque......................................................................................... 34
Capítulo IV
Mulheres do Canaã: O que dinheiro nenhum no mundo é capaz
de comprar................................................................................ 40
Capítulo V
Era uma vez, cinco
casinhas.................................................................................... 49
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INÍCIO DE UMA JORNADA
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Arquivo Prefeitura Municipal de São Roque do Canaã
Vista de cima de São Roque no 4º ano de emancipação política da cidade
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Capítulo I
C
olonizado por imigrantes italianos e uma minoria
alemã, São Roque está localizado na Microrregião
Geográfica Serrana (lei nº 5120, de 01/12/1995),
junto com os municípios de Santa Teresa, Santa Leopoldina, Santa
Maria de Jetibá, Itarana e Itaguaçu.
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Arquivo: Igreja Matriz de São Roque do Canaã
Vista atual da Igreja Matriz de São Roque, situada no centro da cidade
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A partir de então, São Roque começou, aos poucos, a crescer
e prosperar. Dentre os primeiros moradores da cidade, têm-se as
famílias Dalla Bernardina, Roldi, Cassani, Regattieri, Spalenza,
Brunetti, Capatto, Bosi, Luppi, Guaitolini, Dalcomune, Torezani,
Locatelli, Boschetti, Mariani, Luchi, Folador, Maestri, Caglieri,
Valvassori, Lopes, Rosado e Bonatto.
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José Bosi e Maria Bosi, ele lembra que naquela época, o destino de
todos era trabalhar na roça para ajudar os pais e os irmãos.
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Foi quando, já sem esperança, decidiram fazer a promessa
à Nossa Senhora das Graças, a qual concebeu a benção e hoje está
homenageada em forma de igreja logo na entrada do bairro São
Roquinho.
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Arquivo: Igreja Matriz de São Roque do Canaã
Altar da igreja. A cabeça e os braços da imagem da padroeira são de madeira. As
roupas são vestidas sobre uma armação (não há corpo)
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população. Muitas pessoas que antes se ocupavam somente com
os serviços na roça, puderam passar a trabalhar na cidade graças
ao apoio de grandes homens.
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As duas casas que ainda permanecem erguidas em Cinco Casinhas
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Capitulo II
U
m nome marcante e que faz muita falta para a
população são-roquense. José Regattieri, nascido
em 1º de janeiro de 1925, prestou Serviço Militar,
chegando à patente de Reservista de 1ª categoria, mas deixou o
exército e decidiu ser seminarista. Morou por um tempo em um
bairro de São Roque chamado Santa Luzia, conhecido por todos da
região como Picadão. Depois, mudou para a sede de São Roque,
onde abriu comércio e passou a realizar o teatro da Vida, Morte e
Ressurreição de Jesus Cristo.
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Quem pergunta sobre a
Arquivo família Regattieri
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Embora Regattieri tenha feito inúmeras contribuições para
a cidade, a história dele passou a ser construída de uma outra
forma a partir de 1959. Na época em que era seminarista, José viu
a representação dos fatos principais da vida de Jesus, desde o seu
nascimento até a sua ressurreição. Desde então, um nobre projeto
envolvendo um número expressivo de pessoas transformou para
sempre o período da Quaresma à Semana Santa em São Roque do
Canaã. Nascia, então, o teatro da Vida, Morte e Ressurreição de
Jesus Cristo.
O Teatro
Até 1958, a população são-roquense celebrava a Semana
Santa como a maioria dos lugares colonizados por italianos. Além
da procissão do Domingo de Ramos, havia também a procissão do
encontro de Jesus carregando a cruz, a missa de lava-pés e vigília,
a celebração e narração da Paixão de Jesus Cristo e, aos sábados,
havia uma missa na sede da paróquia, assim como no domingo,
em memória a Ressurreição de Cristo.
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lembranças da época em que São Roque do Canaã foi destaque
nacional graças ao teatro idealizado pelo pai.
“Meu pai foi um homem que esteve sempre além do seu tempo.
Ele sonhou, ousou e realizou. Se eu pudesse usar palavras para defini-lo,
acredito que atitude e determinação são os
termos certos. O teatro era a vida dele,
meu pai vivia em função das
apresentações. E por amor a ele, após seu
falecimento continuei realizando as
encenações durante nove anos e ainda hoje
sigo dando o meu máximo para realizar os
Antônio Carlos sonhos que ele deixou para trás”
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Arquivo: Igreja Matriz de São Roque do Canaã
Apresentação do Teatro da Vida, Paixão, Morte e Ressurreição de Jesus Cristo
Jesus Cristo representado por uma imagem de gesso no início das encenações
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Foi apenas no ano de 1961
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E por falar em emoção, uma das cenas que sempre fazia
José chorar era no momento em que o personagem de Jesus Cristo
caminhava em direção ao personagem que interpretava Pedro e o
Senhor dizia:
- “Em verdade vos digo que tudo que ligardes na terra será ligado
no céu, e tudo o que desligardes na terra será desligado no céu”.
(Mateus, 18:18).
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pessoas imaginam. Admiro e agradeço a ele pela vida que me deu e serei
eternamente grato por tudo”
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Admiração que vai além do tempo, por Clarice
Sampaio Regattieri (neta)
“José Regattieri, muito mais que um nome, um legado. Quando
ouço esse nome, o primeiro sentimento que destaco é orgulho. Orgulho
por quem ele foi e por tudo que fez. Orgulho por ter sido muito mais do
que apenas um nome em minha
cidade, mas alguém que lutava por
tudo aquilo que acreditava. Alguém
que ajudou muita gente. Alguém que
criou uma família incrível e deu voz a
uma cidade que poucos conheciam.
Eu amo quando me contam histórias
do que ele fazia e a forma como
pensava. Todos dizem: ‘seu avô Clarice Sampaio Regattieri
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A busca pelo retorno
Está claro que o teatro ficou na memória de todos os que
tiveram a oportunidade de vê-lo, nem que tenha sido por uma
única vez. A geração mais antiga não consegue apagar da memória
e quem participou não esquece a emoção que sentia diante do
espetáculo. Quem somente assistiu, até hoje lembra a
profundidade das cenas e a reflexão que elas provocavam.
“Eu era muito novo, mas me recordo muito bem. Lembro muito
da voz forte e maravilhosa que José tinha. Uma pessoa brilhante e de
uma luz que irradiava toda a cidade. Ele é fonte de inspiração para
qualquer pessoa de São Roque do Canaã. Foram momentos muito
lindos, dos quais tive a honra de participar como personagem, dos
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bastidores, dos ensaios e das reuniões para o encontro maravilhoso.
Todo o sucesso foi muito merecido”
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na fase adulta, representando Simão Cirineu, homem que ajudou
Jesus a carregar a cruz. Com o passar do tempo, ele também
representou Judas.
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“Quando a pandemia acabar, pensamos em retomá-lo com
cenas novas, que não aconteciam na época do teatro de José Regatierri
e nem na época em que o Toninho retomou a tradição. Fico
imensamente feliz em poder contribuir para a história do município.
Mesmo com tantas dificuldades, não vou me abater. A ideia de
retomada foi extraída diante de uma Via Sacra muito simples realizada
na comunidade de São Dalmácio, mas foi graças a ela que conseguimos
resgatar a tradição herdada por Regattieri. Hoje, denominada de Teatro
Paixão de Cristo na Comunidade de São Dalmácio”
Renata Rachel Boschetti e Paulo Henrique Bolsoni junto aos atores Ana Marta
Lamborguini e Izaú Vago na preparação do teatro “Paixão de Cristo”, em 2019
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Arquivo de Paulo Bolsoni
Paulo e os demais organizadores preparando o cenário no ano de 2019
Crédito: Heitor Schulz fotografia
Jesus Cristo, representado por Izaú Vago, carregando a cruz no teatro de 2019
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Arquivo de Paulo Bolsoni
Crédito: Heitor Schulz fotografia
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Capítulo III
“M
ãos milagrosas ou mãos de anjo”. Assim
é conhecida Emília Locateli Torezani, de
85 anos, chamada carinhosamente por
todos de Dona Miúda. Famosa dentro e fora do município por
curar a dor de quem tem problema ortopédico, enfermidades na
coluna ou nas articulações do corpo, Emília trabalha fazendo
massagem há 70 anos.
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Apesar de não ter conhecimentos de Ortopedia ou
Fisioterapia, Dona Miúda afirma que sabe perfeitamente
identificar os ossos, aplicando nas pessoas massagens específicas
para cada situação. Em suas sessões, costumava usar pomadas ou
unguentos e sempre rejeitou qualquer ideia de que seja possuída
por alguma entidade espiritual durante o atendimento. Admite
apenas sentir que não está sozinha quando atende uma pessoa.
“Deus nos deu tanta coisa boa. Se existe uma coisa boa no
mundo é o trabalho. O pouco que você ganha é muito para o outro. Me
lembro que quando criança, ao invés de comprar uma peça de roupa
cara, preferia comprar duas mais acessíveis e dar uma para outra
pessoa. Hoje, só consigo agradecer a Deus por me dar dois filhos e
quatro netos que me enchem de orgulho. Nada do que eu construí foi
eu quem fiz. Tudo foi feito pelas mãos Dele”
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a faculdade, minha avó me ensinou a cuidar do outro com dedicação,
cuidado e, principalmente, com amor”
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Capítulo IV
O
s talentos femininos da cozinha típica rural de São
Roque são os responsáveis por gerar renda,
orgulho e muita independência para as mulheres
do distrito de Santa Júlia, localizado a poucos quilômetros do
centro da cidade.
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Ambas com o propósito de trabalhar com a agricultura
familiar e com artesanato, todas as mulheres pertencentes à
Associação sonham em alcançar as metas trabalhando em prol de
conciliar a independência financeira e o empoderamento
feminino.
Logomarca da Associação
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Arquivo Associação Mulheres do Canaã
Produtos artesanais comercializados pelas associadas
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O início de um sonho
Entre os anos de 2013 e 2014, São Roque enfrentou uma
grave crise hídrica, o que acabou afetando diretamente no cultivo
agrícola do município. Pensando, então, em uma outra opção de
manter a renda familiar e garantir um faturamento extra no fim do
mês, as dez mulheres tiveram a iniciativa de se juntar para
encontrar outra forma de conseguir um apoio financeiro.
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Depois de muitos dias de reuniões, encontros semanais e
mensais, a realização do sonho estava cada vez mais próxima.
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Arquivo Associação Mulheres do Canaã
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Derrubando barreiras
As agricultoras de Santa Júlia, por meio da fundação, têm a
oportunidade de participar de experiências grandiosas envolvendo
agricultura familiar. O que antes não passava de um sonho, hoje é
realidade.
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Arquivo Associação Mulheres do Canaã
Joyce, Sidineia, Cleunice e Catarina no evento da FEICOOP, no Rio Grande do Sul
“Nós estamos aqui para mostrar que lugar de mulher é onde ela
quiser e deve estar, seja nas representações das entidades, nos partidos
políticos, nas lideranças religiosas e até mesmo na administração
familiar. É assim que nós conseguimos conciliar tudo com muito esforço
e dedicação”, finaliza Joyce.
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Capítulo V
N
o início da década de 90, as primeiras indústrias
implantadas em São Roque, ainda que em
processo rudimentar e artesanal, foram as
fábricas de aguardente. Os tradicionais alambiques com altas
chaminés perfumavam os arredores com o sugestivo odor do
álcool e da garapa fermentada.
Primo Locatelli
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Arquivo família Locatelli
Euzelio Tolentino, Adão Pelonha, Paulo Torezani e Ailton Locatelli no engenho
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"Durante toda a minha infância, adolescência e parte da
juventude trabalhei na fábrica ajudando o meu pai. Depois de um tempo
decidi sair para trabalhar e ganhar experiência em outra empresa da
região, mas, logo, retornei para a cachaça São Bento como sócio junto
com meus irmãos, onde fiquei até 1990”
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Depois de inaugurada a fábrica, Afonso percebeu que ele
não foi o único a herdar os traços e costumes do pai. Locatelli
notou que a filha, Larida, hoje seu “braço direito”, como ele mesmo
afirma, também herdou um amor exclusivo e muito especial pela
bebida.
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para valorizar esse produto tão representativo para nosso município e
país”
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“Com eles aprendi que, com determinação, podemos realizar
tudo o que sonhamos. Para os dias difíceis, basta contar com a fé. Ela é
suficiente para renovar as nossas esperanças”
Vista atual da cidade de São Roque do Canaã, agora evoluída e repleta de casas
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ENTREVISTAS
Afonso Locatelli: 19/10/2020
Empresário
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Levi Bosi: 26/10/2020
Aposentado
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CONSIDERAÇÕES FINAIS
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atendesse o conforto de cada pessoa, tornando cada instante
marcante e especial.
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