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08/08/17
A responsabilidade civil nasce da concepção da conduta humana. Toda conduta humana traz
consigo uma responsabilidade.
A tem uma obrigação para com b e, no momento em que a descumpre esse pacto, nasce para b o direito
a ser indenizado se, desse inadimplemento, veio a ser produzido um dano.
Há, então, o dever manifesto pelo descumprimento de uma obrigação que gera um dano. SE há o dano,
nasce o dever de indenizar.
“A obrigação do autor/parte está manifesta nos arts. 389 (obrigação de dar e de fazer), 390 (obrigação
de se abster, de não fazer, de não dar), 391 (consequência do descumprimento das duas primeiras
obrigações).”
Art. 389 - CC. Não cumprida a obrigação, responde o devedor por perdas e danos, mais juros e atualização
monetária segundo índices oficiais regularmente estabelecidos, e honorários de advogado.
Art. 390 - CC. Nas obrigações negativas o devedor é havido por inadimplente desde o dia em que executou
o ato de que se devia abster.
Art. 391 - CC. Pelo inadimplemento das obrigações respondem todos os bens do devedor.
Na responsabilidade civil extracontratual não se diz que o dever de indenizar/que a causa raiz da
responsabilidade será gerada através de um inadimplemento, porque, nesta, não existe um contrato
entre as partes. As partes, muitas vezes, sequer se conhecem. Não existe um pacto prévio.
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Professora: Núbia de Paula Rafael Barreto Ramos
Curso SUPREMO 2017 & 2018
Nasce o dever de indenizar porque o art. 927 – CC traz a premissa, qual seja, aquele que, por ato ilícito,
provoca/causa dano a outrem tem o dever de indenizar, ainda que o dano não tenha se evidenciado por
relação contratual.
Coletividade na questão normativa. Na lei há uma concepção que, por ato ilícito, não posso gerar dano a
outrem.
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Art. 927 - CC. Aquele que, por ato ilícito (arts. 186 e 187) , causar dano a outrem, fica obrigado a repará-
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lo .
Parágrafo único. Haverá obrigação de reparar o dano, independentemente de culpa, nos casos
especificados em lei, ou quando a atividade normalmente desenvolvida pelo autor do dano implicar, por
sua natureza, risco para os direitos de outrem.
(1) Aquele que, por ato ilícito: O código civil de 1916 lastreava a responsabilidade civil apenas em cima
do ato ilícito subjetivo, ou seja, aquele que está no art. 186 – CC.
Já o código civil de 2002 alicerça a responsabilidade civil em 2 pilares, quais sejam, nos arts. 186 (ato ilícito
subjetivo) e 187 – CC (ato ilícito objetivo ou abuso de direito).
Art. 186 (conceitua o ato ilícito no ordenamento jurídico pátrio) ou 187 – CAUSAS DA
RESPONSABILIDADE + DANO = DEVER DE INDENIZAR (ART. 927 – CC – vide acima)
Art. 186 - CC. Aquele que, por ação ou omissão voluntária, negligência ou
imprudência, violar direito e causar dano a outrem, ainda que
exclusivamente moral, comete ato ilícito.
Dispõe sobre o ato ilícito subjetivo (devem ser analisados o dolo e culpa).
Denomina-se subjetiva o ato ilícito é praticado por ação ou omissão voluntária, negligência ou
imprudência.
Há uma previsão sancionatória para esta prática, contudo não é civil, pois este exige o dano.
Assim, considerando que o indivíduo não causou dano a ninguém, para o Direito Civil não haverá a punição
Nos âmbitos administrativo (excesso de velocidade) e penal (direção perigosa e dirigir embriagado), ainda
que não haja dano, haverá sanção, pois não é feita esta análise. A simples violação da norma gerará a
sanção.
Pela premissa do ato ilícito subjetivo, não há dever de indenizar, ainda que se tenha cometido um ato se
ilícito, se este, no âmbito civil, não tenha gerado um dano.
NÃO SE OLHA A CONDUTA, POIS ESTA PODE GERAR UM ILÍCITO PENAL, ADMINISTRATIVO E CIVIL. LOGO,
DEVE-SE OLHAR SE HOUVE DANO.
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Professora: Núbia de Paula Rafael Barreto Ramos
Curso SUPREMO 2017 & 2018
Nos âmbitos penal e administrativo NÃO se exige o dano para que haja a responsabilização.
Art. 187 - CC. Também comete ato ilícito o titular de um direito que, ao exercê-lo, excede
manifestamente os limites impostos pelo seu fim econômico ou social, pela boa-fé ou pelos
bons costumes.
Dispõe sobre o ato ilícito objetivo. Também conhecido como teoria dos atos emulativos.
Discorre sobre o abuso de direito. Somente pode abusar do direito aquele que detém o direito. Assim,
inicialmente, a conduta é lícita, todavia, ao exceder a prática desse direito, comete-se o ilícito.
“O ato subjetivo já nasce ilícito. O objetivo, noutro passo, era lícito, conquanto, tendo o direito, ao
exercer, excede-se e, o abuso, é configurado como ato ilícito.”
Ex. Pessoa capaz elabora testamento que dispõe 100% do patrimônio. Configurado o abuso de direito.
Pela análise do art. 187, conclui-se que o abuso de direito está baseado em quatro vertentes, quais sejam,
a) fim econômico, b) fim social, c) boa-fé e d) bons costumes.
Trata-se de REsp oriundo de ação de reintegração de posse ajuizada pela ora recorrente em desfavor do
ora recorrido por inadimplemento de contrato de arrendamento mercantil (leasing). A Turma, ao
prosseguir o julgamento, por maioria, entendeu, entre outras questões, que, diante do substancial
adimplemento do contrato, ou seja, foram pagas 31 das 36 prestações, mostra-se desproporcional a
pretendida reintegração de posse e contraria princípios basilares do Direito Civil, como a função social do
contrato e a boa-fé objetiva. Consignou-se que a regra que permite tal reintegração em caso de mora do
devedor e consequentemente, a resolução do contrato, no caso, deve sucumbir diante dos aludidos
princípios. Observou-se que o meio de realização do crédito pelo qual optou a instituição financeira
recorrente não se mostra consentâneo com a extensão do inadimplemento nem com o CC/2002.
Ressaltou-se, ainda, que o recorrido pode, certamente, valer-se de meios menos gravosos e
proporcionalmente mais adequados à persecução do crédito remanescente, por exemplo, a execução do
título. Precedentes citados: REsp 272.739-MG, DJ 2/4/2001; REsp 469.577-SC, DJ 5/5/2003, e REsp
914.087-RJ, DJ 29/10/2007. REsp 1.051.270-RS, Rel. Min. Luis Felipe Salomão, julgado em 4/8/2011.
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José divide um carro em 36x por meio de leasing. Paga 30 parcelas e fica inadimplente em 6 parcelas. Com
o não pagamento da primeira parcela, o banco pode requer busca e apreensão do automóvel.
Contudo, o STJ tem entendido que esta situação caracteriza abuso de direito, pois houve o adimplemento
substancial materializado na quitação das 30 de 36 parcelas.
Permitir ao banco fazer a busca e apreensão do veículo causaria dano muito maior àquele que pagou as
30 parcelas.
Nesta situação, se cumprido o mandado de busca e apreensão, mesmo que não tenha causado dano,
configura-se o abuso de direito (ato ilícito objetivo), acarretando em indenização.
É VISTO PELA CONDUTA FINALÍSTICA, ISTO É, INDEPENDENTEMENTE SE HOUVE CULPA OU DOLO. NÃO
SE ANALISA O ELEMENTO SUBJETIVO.
Enunciado 37 - CJF
(2) Fica obrigado a repará-lo: NÃO TRAZ NENHUMA PREMISSA DE VINCULAÇÃO ANTERIOR – NÃO
NECESSÁRIA A RELAÇÃO CONTRATUAL. BASTA A EXISTÊNCIA DO DANO E ATO ILÍCITO
3. Excludentes de ilicitude
Pratica-se uma conduta ilícita, mas o legislador decide que esta não merece reprovação pelo
ordenamento jurídica.
Retira-se a ilicitude. Assim, o ato ilícito, passa a não ser mais lícito.
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Professora: Núbia de Paula Rafael Barreto Ramos
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a) Legítima defesa: Analisada conforme no direito penal. A legítima defesa putativa (praticada contra
agressão inexistente), neste caso, TAMBÉM NÃO EXCLUIRÁ O DIREITO DE INDENIZAR.
Não haverá o
Contra o próprio dever de
agressor indenizar se
exercida dentro
dos limites
Legítima defesa
Haverá o direito
de indenizar,
Terceiro contudo há ação
regressiva contra
aquele que
praticou o dano.
Putativa Haverá o direito
(praticada contra de indenizar
agressão
inexistente)
A legítima defesa praticada com excesso acarreta no direito de indenizar, todavia o quantum será
analisado de forma proporcional.
b) exercício regular do direito: Só há que se falar em exercício regular de direito daquele que é o titular
do mesmo.
Ex. Jornalista que reporta uma notícia. Artistas que são fotografados em situações constrangedoras. Se
for apenas para reportar a notícia, não haveria o direito de indenização. O jornalista está no local para
reportar uma situação. Assim, configurada a excludente de ilicitude (vide informativo 499 – STJ abaixo).
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Ex – ESTADO DE NECESSIDADE COM DEVER DE INDENIZAR. Indivíduo dirigindo nos limites de velocidade
quando uma criança entra em sua frente. Este desvia o veículo, atingindo o automóvel que estava
estacionado. Configurado o estado de necessidade, contudo há o dever de indenizar. Poderá ser ajuizada
ação de regresso contra os pais da criança.
Assim:
Parágrafo único. No caso do inciso II, o ato será legítimo somente quando as circunstâncias o tornarem
absolutamente necessário, não excedendo os limites do indispensável para a remoção do perigo.
- Exceção da exceção: Se não há culpa exclusiva da vítima, deve-se indenizar, contudo se terá a ação
regressiva.
Art. 929 - CC. Se a pessoa lesada, ou o dono da coisa, no caso do inciso II do art. 188, não forem culpados
do perigo, assistir-lhes-á direito à indenização do prejuízo que sofreram.
Representa um absurdo jurídico. Este artigo dá mais valor ao patrimônio do que à vida. Assim, esta
concepção é muito criticada pela doutrina.
Art. 930 - CC. No caso do inciso II do art. 188, se o perigo ocorrer por culpa de terceiro, contra este terá o
autor do dano ação regressiva para haver a importância que tiver ressarcido ao lesado.
Parágrafo único. A mesma ação competirá contra aquele em defesa de quem se causou o dano (art.
188, inciso I).
A Turma deu provimento ao recurso para afastar a responsabilização da empresa jornalística, ora
recorrente, pelo pagamento de indenização ao recorrido (magistrado), sob o entendimento de que, no
caso, não existiria ilícito civil, pois a recorrente teria atuado nos limites do exercício de informar e do
princípio da liberdade da imprensa. O Min. Relator observou que a análise relativa à ocorrência de abuso
no exercício da liberdade de expressão jornalística a ensejar reparação civil por dano moral a direitos da
personalidade fica a depender do exame de cada caso concreto; pois, em tese, sopesados os valores em
conflito, máxime quando atingida pessoa investida de autoridade pública, mostra-se recomendável que
se dê prevalência à liberdade de informação e de crítica. Na hipótese dos autos, tem-se que a matéria
jornalística relacionou-se a fatos de interesse da coletividade, os quais dizem respeito diretamente aos
atos e comportamentos do recorrido na condição de autoridade. Tratou a recorrente, na reportagem, em
abordagem não apenas noticiosa, mas sobretudo de ácida crítica que atingiu o ora recorrido, numa zona
fronteiriça, de marcos imprecisos, entre o limite da liberdade de expressão e o limiar do abuso do direito
ao exercício dessa liberdade. Esses extremos podem ser identificados no título e noutras passagens
sarcásticas da notícia veiculada de forma crítica. Essas, porém, estão inseridas na matéria jornalística de
cunho informativo, baseada em levantamentos de fatos de interesse público, que não extrapola
claramente o direito de crítica, principalmente porque exercida em relação a casos que ostentam
gravidade e ampla repercussão social. O relatório final da "CPI do Judiciário" fora divulgado no mesmo
mês da publicação da matéria jornalística, em dezembro de 1999; elaborada, portanto, sob o impacto e a
influência daquele documento público relevante para a vida nacional. E como fatos graves foram
imputados ao ora recorrido naquele relatório, é natural que revista de circulação nacional tenha dado
destaque à notícia e emitido cáustica opinião, entendendo-se amparada no teor daquele documento
público. Portanto, essa contemporaneidade entre os eventos da divulgação do relatório final da CPI e da
publicação da notícia eivada de ácida crítica ao magistrado é levada em conta para descaracterizar o abuso
no exercício da liberdade de imprensa. Desse modo, embora não se possa duvidar do sofrimento
experimentado pelo recorrido, a revelar a presença de dano moral, este não se mostra indenizável, dadas
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Professora: Núbia de Paula Rafael Barreto Ramos
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as circunstâncias do caso, por força daquela "imperiosa cláusula de modicidade" subjacente a que alude
a Suprema Corte no julgamento da ADPF 130-DF. Precedentes citados do STF: ADPF 130-DF, DJe de
5/11/2009; do STJ: REsp 828.107-SP, DJ 25/9/2006. REsp 801.109-DF, Rel. Min. Raul Araújo, julgado em
12/6/2012.
Informativo 371 – STJ (não encontrei o assunto em análise no informativo): Realização de notícia crime
que, posteriormente, não é confirmada, vindo a ser arquivada trata-se de exercício regular do direito.
Obviamente, desde que a notícia crime não extrapole, não seja configurada a má-fé ou a vontade de
prejudicar terceira pessoa.
ENUNCIADO 553 – VI Jornada de Direito Civil – Nas ações de responsabilidade civil por cadastramento
indevido nos registros de devedores inadimplentes realizados por instituições financeiras, a
responsabilidade civil é objetiva.
Toda a ação que provoca dano que não provém de uma conduta humana, em regra (vide nota
abaixo), não gera o dever de indenizar.
Ex. Caso fortuito ou de força maior – meu carro foi arrastado em razão de chuva torrencial e
danificou o carro da Isabela – não há o dever de indenizar.
Nota:
“Se meu animal praticar dano ao patrimônio de outrem, há o dever de vigilância, de cuidado
que paira sobre o animal, sobre o menor.”
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02/01/18
4.1.1. Responsabilidade do menor
No Brasil, EXISTE responsabilidade do menor.
A responsabilidade dos pais é objetiva e solidária (entre os pais, aqueles que detêm
o poder familiar).
A emancipação voluntária não exclui a responsabilidade indireta que os
pais têm sobre os filhos menores.
A emancipação não tem alcance sobre a responsabilidade civil.
(1) Responsabilidade indireta: É aquela que, ainda que não se tenha praticado o ato, responderá pelo ato
praticado por outrem em razão do dever de guarda/de cuidado.
I - os pais, pelos filhos menores que estiverem sob sua autoridade e em sua companhia;
II - o tutor e o curador, pelos pupilos e curatelados, que se acharem nas mesmas condições;
III - o empregador ou comitente, por seus empregados, serviçais e prepostos, no exercício do trabalho
que lhes competir, ou em razão dele;
IV - os donos de hotéis, hospedarias, casas ou estabelecimentos onde se albergue por dinheiro, mesmo
para fins de educação, pelos seus hóspedes, moradores e educandos;
V - os que gratuitamente houverem participado nos produtos do crime, até a concorrente quantia.
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Nota:
- Responsabilidade objetiva do Estado:
São solidariamente responsáveis pela reparação civil, juntamente com os agentes públicos que praticaram
atos de improbidade administrativa, as pessoas, inclusive as jurídicas, que para eles concorreram ou deles
se beneficiaram direta ou indiretamente.
O menor será responsabilizado diretamente quando o responsável não tiver condições de responder.
Art. 928 - CC. O incapaz responde pelos prejuízos que causar, se as pessoas por ele responsáveis não
tiverem obrigação de fazê-lo ou não dispuserem de meios suficientes.
Parágrafo único. A indenização prevista neste artigo, que deverá ser eqüitativa, não terá lugar se privar
do necessário o incapaz ou as pessoas que dele dependem.
O tutor, se responde, com seu patrimônio, por ato praticado por menor, poderia mover ação regressiva
para reaver o que pagou.
De outra sorte, a ação regressiva não é possível quando se trata dos pais em
relação aos filhos menores.
“Se os pais arcarem com um prejuízo que o menor provocou, não terão ação regressiva contra o
menor.”
Art. 934 - CC. Aquele que ressarcir o dano causado por outrem pode reaver o que houver pago daquele
por quem pagou, salvo se o causador do dano for descendente seu, absoluta ou
relativamente incapaz.
Nota:
O mesmo raciocínio supra se aplica ao empregador em relação aos atos praticados por seus
empregados.
“Pouco importa se o empregador fiscalizou ou não, não irá se eximir da responsabilidade que é
objetiva.”
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Enunciado 41 - CJF
A única hipótese em que poderá haver responsabilidade solidária do menor de 18 anos com seus pais é
ter sido emancipado nos termos do art. 5º, parágrafo único, inc. I, do novo Código Civil.
o
Art. 5 – CC - A menoridade cessa aos dezoito anos completos, quando a pessoa fica habilitada à prática
de todos os atos da vida civil.
I - pela concessão dos pais, ou de um deles na falta do outro, mediante instrumento público,
independentemente de homologação judicial, ou por sentença do juiz, ouvido o tutor, se o menor tiver
dezesseis anos completos;
IMPORTANTE:
- A exceção quanto à necessidade de conduta humana para gerar responsabilidade civil está
inserta responsabilidade indireta (art. 932 – CC – vide acima);
Pessoas que responderão por condutas de terceiros por terem o dever de vigilância, fiscalização.
A conduta é praticada com dolo ou culpa que, no entanto, não será levada em consideração no
momento da fixação da indenização.
“Na responsabilidade objetiva, a conduta pode ter sido dolosa ou culposa, mas essa culpa/dolo
não é levado é consideração quando da fixação do quantum indenizatório.”
Art. 944 - CC. A indenização mede-se pela extensão do dano.
Parágrafo único. Se houver excessiva desproporção entre a gravidade da culpa e o dano, poderá o
juiz reduzir, eqüitativamente, a indenização.
O estado de necessidade, embora não exclua o dever de indenizar, fundamenta a fixação das
indenizações segundo o critério da proporcionalidade. (Leva-se em consideração a culpa na hora de
dosar a indenização). A adoção da restitutio in integrum no âmbito da responsabilidade civil por danos,
sejam materiais ou extrapatrimoniais, nos conduz à inafastabilidade do direito da vítima à reparação ou
compensação do prejuízo, ainda que o agente se encontre amparado por excludentes de ilicitude, nos
termos dos arts. 1.519 e 1.520 do CC/1916 (arts. 929 e 930 do CC/2002), situação que afetará apenas o
valor da indenização fixado pelo critério da proporcionalidade. REsp 1.292.141-SP, Rel. Min. Nancy
Andrighi, julgado em 4/12/2012.
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Art. 945 - CC. Se a vítima tiver concorrido culposamente para o evento danoso, a sua
indenização será fixada tendo-se em conta a gravidade de sua culpa em confronto com a do
autor do dano.
Não haverá a exclusão da responsabilidade de indenizar. Será realizada uma análise equitativa dessa
culpa para se saber até que momento houve a participação do sujeito “A” e do sujeito “B”.
Enunciado 46 – CJF
Somente em alguns casos, tais como responsabilidade civil do Estado, dano ao meio ambiente, essa culpa
não será levada em consideração.
Mas a culpa concorrente pode ser levada em consideração, porque está imbuída no elemento da conduta
humana.
Pode-se aplicar a culpa concorrente tanto nas hipóteses de responsabilidade objetiva quanto nas hipóteses
de responsabilidade subjetiva.
Por isso que esse enunciado foi alterado pelo anunciado 380 – CJF. Vejamos:
Atribui-se nova redação ao Enunciado n. 46 da I Jornada de Direito Civil, pela supressão da parte
final: não se aplicando às hipóteses de responsabilidade objetiva.
Nota:
- Elementos da responsabilidade civil (aspectos importantes):
1) Conduta humana
a) Caso fortuito ou de forma maior, via de regra, não são considerados para efeito de responsabilidade
civil. Isto é, será excludente de responsabilidade, pois não há conduta humana.
b) Na responsabilidade indireta, é possível que a pessoa seja responsabilizada por ato que não praticou.
“Ainda que não tenha praticado a conduta, sou responsável por aquele que praticou.”
Na responsabilidade indireta, a culpa não é levada em consideração, uma vez que quem praticou o ato foi
o outro.
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Haverá o litisconsórcio sucessivo, ou seja, o menor será chamado a responder subsidiariamente se tiver
condições.
Some-se a isso, o Juiz irá dosar o quantum de forma equitativa, isto é, haverá a aplicação mitigada da
indenização.
2) Culpa
Analisa-se a culpa in concreto, casuística, aplicada ao caso concreto (não é analisada em abstrato).
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As culpas in vigilando , in eligendo e culpa in custodiendo
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Se o dono do animal prova que foi um terremoto que destruiu a cerca (força maior), não irá responder.
Ele não vai responder não porque a cerca era bem feita, mas sim porque se trata de uma excludente de
responsabilidade.
Art. 936 - CC. O dono, ou detentor, do animal ressarcirá o dano por este causado, se não provar
culpa da vítima ou força maior.
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Art. 937 - CC. O dono de edifício ou construção responde pelos danos que
resultarem de sua ruína, se esta provier de falta de reparos, cuja
necessidade fosse manifesta.
“Se tinha necessidade de reparo e o dono não fez, independe se sabia ou se achou que tinha feito o
suficiente. Aqui, não é levado em consideração.”
Art. 938 - CC. Aquele que habitar prédio, ou parte dele, responde pelo dano
proveniente das coisas que dele caírem ou forem lançadas em lugar
indevido.
Ex. Dona Mariquinha mora no terceiro andar e adora colecionar vasos de violetas. No local não tem cerca,
grade. Vem um vento forte e derruba o vaso na cabeça do Nicolas.
Isso não vai excluir o dever de Mariquinha de reparar os danos que Nicolas teve.
IMPORTANTE:
- Hipóteses de responsabilidade objetiva que estão previstas no Código Civil:
c) Dono de edifício pelos danos que resultarem de sua ruína se esta provier de falta de reparos (art. 937
– CC);
d) Habitante de prédio das coisas que dele caírem ou forem lançadas em lugar indevido (art. 938 – CC).
Tanto a responsabilidade objetiva quanto a culpa presumida têm um ponto em comum, qual seja,
inversão do ônus da prova.
Pontos diferentes:
- Situações importantes:
a) Responsabilidade subjetiva com necessidade de prova do dano: Tem-se o autor com os seguintes
ônus:
i. Provar a culpa;
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i. Provar o dano.
Nota:
- Elementos MATERIAIS da responsabilidade civil:
a) Conduta;
b) Dano.
a) Nexo de causalidade.
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“Na responsabilidade objetiva, pode faltar a culpa, mas não pode faltar o nexo de
causalidade.”
Não foi recepcionada pelo Código Civil, uma vez que não conferia limites à
responsabilidade civil.
Ex. Estava chovendo torrencialmente. João estava alcoolizado, falando ao celular e em excesso de
velocidade. O sinal não estava funcionando em uma das principais avenidas da cidade. Havia uma
passeata no momento da chuva.
Todos os efeitos seriam levados em consideração: a passeata, o fato de o semáforo estar desligado, a
embriaguez, até mesmo um buraco na via seria levado em consideração.
Ou seja, é muito amplo considerar que haveria responsabilidade civil por todos os elementos inerentes à
situação.
A indenização deve ser adequada aos fatos que para ela colaboram.
“O juiz, quando da fixação da indenização, não levará em consideração nada que não tiver
contribuído diretamente para com o dano.”
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O art. 945 do novo Código Civil (CULPA CONCORRENTE), que não encontra correspondente no Código
Civil de 1916, não exclui a aplicação da teoria da causalidade adequada.
CULPA CONCORRENTE - Art. 945 - CC. Se a vítima tiver concorrido culposamente para o evento danoso,
a sua indenização será fixada tendo-se em conta a gravidade de sua culpa em confronto com a do autor
do dano.
(1) Concausalidade: Ensina Roberto Senise Lisboa que a concausalidade é a concorrência de causas de
determinado resultado. E podemos classificá-la como:
Ex. Duas pessoas que coagem alguém para celebração de certo negócio. Nesse caso, todos os agentes
respondem solidariamente aplicando-se o art. 942, caput do C.C.
b) concausalidade acumulativa é a existente entre condutas de duas ou mais pessoas que são
independentes entre si, mas que causam prejuízo.
Ex. Duas pessoas, em alta velocidade dirigindo um carro atropelam um mesmo pedestre, no meio do
cruzamento.
Cada agente, nesse caso, deve responder na proporção de suas respectivas culpas.
c) concausalidade alternativa ou disjuntiva existe quando entre duas ou mais condutas, sendo que
apenas uma delas é importante para a ocorrência do dano.
Ex. Duas pessoas tentam espancar alguém, uma erra o golpe e, o outro acerta, vindo a alvejar a cabeça
da vítima e lhe fraturando inúmeros ossos. Isso numa briga generalizada ocorrida num estádio de
futebol. Apenas o último ofensor responderá pelas lesões corporais e danos provocados.
Art. 942 - CC. Os bens do responsável pela ofensa ou violação do direito de outrem ficam sujeitos à
reparação do dano causado; e, se a ofensa tiver mais de um autor, todos responderão solidariamente
pela reparação.
Parágrafo único. São solidariamente responsáveis com os autores os co-autores e as pessoas designadas
no art. 932 (vide acima).
- Fonte: http://www.ambito-
juridico.com.br/site/index.php?n_link=revista_artigos_leitura&artigo_id=2353
A diferença em relação à teoria da causa adequada é que, para esta, as condições são levadas
em consideração.
Esse artigo ilustra que a teoria do dano direto e imediato foi recepcionada pelo Código Civil.
IMPORTANTE:
Em prova, tanto a teoria da causalidade adequada quanto a teoria do dano direto e imediato
podem ser aplicadas. Dependerá do caso concreto.
SUPERIMPORTANTE:
- Diferença entre a Teoria da Causalidade Adequada e a Teoria do Dano Direto e Imediato:
a) Teoria da Causalidade Adequada: Por essa teoria, há o trabalho da concausalidade (leva-se em
consideração a concausa).
Para essa teoria, ainda que não se obste o nexo de causalidade, poderá haver a responsabilização.
b) Teoria do Dano Direto e imediato: Trabalha-se com a obstação do nexo de causalidade, isto é, obstado
o nexo de causalidade, não haverá o dever de indenização.
“Para saber qual teoria aplicar, interessante acompanhar os informativos do STJ para entender, em cada
caso de responsabilidade, qual tem sido o entendimento.”
Ex. Condição do tempo, equipamento que estava danificado, estrada mal conservada, etc.
b) Causa: Aquilo que pode ser imputado diretamente ao sujeito. Deve ser levado em consideração para
que o sujeito indenize/majore-se o quantum indenizatório.
TANTO PARA A TEORIA DA CAUSALIDADE ADEQUADA QUANTO PARA A TEORIA DO DANO DIRETO E
IMEDIADO, SOMENTE PODE SER LEVADO EM CONSIDERAÇÃO PARA AGRAVAR A SITUAÇÃO E PARA
FIXAR O QUANTUM INDENIZATÓRIO AQUILO QUE DIRETAMENTE CONTRIBUIU.
Ex. Estava chovendo torrencialmente. João estava alcoolizado, falando ao celular e em excesso de
velocidade. O sinal não estava funcionando em uma das principais avenidas da cidade. Havia uma
passeata no momento da chuva.
Nesse caso, são causas: embriaguez, alta velocidade, estar falando ao celular.
NÃO É CAUSA: Semáforo estar desligado, passeata (será utilizado para mitigar).
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“Se a vítima não tivesse agido daquela maneira, o dano não teria ocorrido.”
A conduta do autor é um mero instrumento para operacionalizar uma vontade que a vítima já tinha
arquitetado.
Ex. Eu estou saindo de férias, decidi ir para uma praia mais privativa. Estou dirigindo tranquilo na estrada
dentro dos limites de velocidade, aparece uma pessoa na frente do carro que atravessa com o intuito de
cometer suicídio, logrando êxito em sua empreitada.
Eu não poderei ser responsabilizado, uma vez que fui mero instrumento. Poderia ter sido eu, o caminhão
que passou antes, o carro que passou depois.
Cometi o ato ilícito de matar alguém, mas houve a excludente de nexo de causalidade.
“Não é um fato que pode ser imputado a mim ou a terceiro. É, simplesmente, um elemento não
humano que será determinante para que aconteça o dano. Então, a minha ação, de nada valeria.”
Trata-se do caso fortuito externo, pois o caso fortuito interno não é capaz
de excluir o nexo de causalidade.
Art. 393 - CC. O devedor não responde pelos prejuízos resultantes de caso fortuito ou força maior, se
expressamente não se houver por eles responsabilizado.
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Curso SUPREMO 2017 & 2018
“Se o devedor está inadimplente, ainda que ocorra caso fortuito ou de força maior, NÃO VAI
HAVER A EXCLUSÃO DO DEVER DE INDENIZAR.”
Ex. Obrigação de empréstimo de coisa – Maria me emprestou a moto, tendo eu que devolvê-la
na sexta, dia 15. Na sexta-feira, Maria não apareceu e eu não restituí a coisa. No dia 16, acontece
uma forte chuva e a moto vem a ser danificada, tendo em vista que a levou.
Não posso me abster da obrigação de restituir a coisa da maneira que ela me foi emprestada ao
argumento de caso fortuito/força maior, porque eu já estava inadimplente.
Art. 399 - CC. O devedor em mora responde pela impossibilidade da prestação, embora essa
impossibilidade resulte de caso fortuito ou de força maior, se estes ocorrerem durante o atraso; salvo se
provar isenção de culpa, ou que o dano sobreviria ainda quando a obrigação fosse oportunamente
desempenhada.
(1) Responsabilidade civil contratual vs. Responsabilidade civil extracontratual: Para se caracterizar a
responsabilidade civil é necessário que se coadunem quatro elementos, a saber: a ação ou omissão do
agente, a culpa ou o dolo do agente, a relação ou o nexo de causalidade e o dano.
A Responsabilidade Civil Contratual, como o nome mesmo já sugere, ocorre pela presença de um contrato
existente entre as partes envolvidas, agente e vítima. Assim, o contratado ao unir os quatro elementos da
responsabilidade civil (ação ou omissão, somados à culpa ou dolo, nexo e o consequente dano) em relação
ao contratante, em razão do vínculo jurídico que lhes cerca, incorrerá na chamada Responsabilidade Civil
Contratual.
Em relação à Responsabilidade Civil Extracontratual, também conhecida como aquiliana, o agente não
tem vínculo contratual com a vítima, mas, tem vínculo legal, uma vez que, por conta do descumprimento
de um dever legal, o agente por ação ou omissão, com nexo de causalidade e culpa ou dolo, causará à
vítima um dano.
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Art. 186 - CC. Aquele que, por ação ou omissão voluntária, negligência ou imprudência, violar direito e
causar dano a outrem, ainda que exclusivamente moral, comete ato ilícito.
Desse modo, pode-se verificar que a única diferença entre as duas figuras de responsabilidade civil
encontra-se no fato de a primeira existir em razão de um contrato que vincula as partes e, a segunda
surge a partir do descumprimento de um dever legal.
- Fonte: https://lfg.jusbrasil.com.br/noticias/1974721/qual-a-diferenca-entre-responsabilidade-civil-
contratual-de-extracontratual-joice-de-souza-bezerra
Nota:
- Responsabilidade Civil do Estado em suicídio ocorrido no interior de presídio:
Informativo 520 – STJ
A Administração Pública está obrigada ao pagamento de pensão e indenização por danos morais no caso
de morte por suicídio de detento ocorrido dentro de estabelecimento prisional mantido pelo Estado.
Nessas hipóteses, não é necessário perquirir eventual culpa da Administração Pública. Na verdade, a
responsabilidade civil estatal pela integridade dos presidiários é objetiva em face dos riscos inerentes ao
meio no qual foram inseridos pelo próprio Estado. Assim, devem ser reconhecidos os referidos direitos
em consideração ao disposto nos arts. 927, parágrafo único, e 948, II, do CC. AgRg no REsp 1.305.259-SC,
Rel. Min. Mauro Campbell Marques, julgado em 2/4/2013.
É um elemento controverso.
No fato de terceiro, este é estranho à relação, isto é, não participa como vítima e nem como autor.
Contudo, será o elemento decisivo para que o dano aconteça, provocando a exclusão do nexo de
causalidade.
“Caso fortuito interno é aquele que, ainda que não haja culpa/vontade/intenção, houve um liame
subjetivo.”
Ex. Por meio de um contrato de transporte – comprei uma passagem para viajar e, no meio do caminho,
o motorista vem a sofrer um ataque cardíaco, o ônibus cai num abismo, pessoas falecem e eu tive danos
graves, inclusive perdas de membros.
Houve um caso fortuito interno – ninguém esperava que o motorista tivesse um ataque cardíaco.
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Ex2. Pneu careca, falta de manutenção do veículo – pode-se imputar, direta ou indiretamente, à pessoa
prestadora do serviço – não retira o dever de indenizar.
1
4.3.2.3.1.2. Fato de terceiro equiparado a fortuito externo
Somente é equiparado ao fortuito externo contra aquele que não se tenha ação
regressiva.
Ex. Peguei um ônibus e fui atingido por uma bala perdida, não dando tempo, nem mesmo, de saber de
onde veio. O fato ocorreu num local de alto índice de violência.
“Caso fortuito externo é aquele que não se pode imputar, ainda que indiretamente, àquele que faça parte
da relação.”
Se houver a possibilidade de ação regressiva contra aquele que causou o dano, não se terá a exclusão do
dever de indenizar.
“Nem sempre o fato de terceiro vai excluir o nexo de causalidade. Somente o fará quando puder ser
equiparado a fortuito externo. Se for equiparado ao estado de necessidade, em regra, não excluirá o
nexo de causalidade. O estado de necessidade somente exclui nexo de causalidade em situação
excepcional, qual seja, quando se imputa diretamente a conduta ao causador do dano”
Contraexemplo. Quando se tem, por exemplo, que a criança atravessa na frente do carro e, para evitar o
seu atropelamento, atinjo os veículos que estão estacionados à margem, há o fato de terceiro (a criança
causou o dano).
Se para não atingir esse terceiro, eu atingi bem alheio, esse fato de terceiro não vai excluir nexo de
causalidade, pois é equiparado ao estado de necessidade e, neste, para que haja a exclusão da ilicitude, é
necessário que o dano seja imputado à vítima que, nesse caso, é o próprio causador do dano.
Diante do narrado, considerando que a criança causou o dano e eu abalroei o veículo, verifica-se que não
há a incidência da excludente do nexo de causalidade. Deverei indenizar, contudo posso entrar com ação
de regresso contra os pais da criança.
(1) Equiparado: Têm fatos praticados por terceiros que se equiparam ao caso fortuito e também ao estado
de necessidade.
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IMPORTANTE:
- Excludentes de ilicitude1 são diferentes das excludentes do nexo de causalidade2.
(1) Excludentes de ilicitude: Estão insertas no art. 188 do Código Civil e são:
a) Legítima defesa;
c) Estado de necessidade.
“Ainda que haja um nexo de causalidade, a conduta que era ilícita teve excluída sua ilicitude, sendo
considerada como lícita. Se a conduta é lícita, ainda que tenha provocado um dano, não se pode sofrer
reprovação do ordenamento jurídico.”
Há casos em que, mesmo a conduta sendo lícita, deverei indenizar, pois se manteve o nexo de
causalidade.
Ex – RESPONSABILIDADE CIVIL – CONDUTA LÍCITA. Estado de necessidade – agi para evitar um mal maior,
mas só não indenizo se puder ser imputado à vítima a causa do dano.
II - a deterioração ou destruição da coisa alheia, ou a lesão a pessoa, a fim de remover perigo iminente.
Parágrafo único. No caso do inciso II, o ato será legítimo somente quando as circunstâncias o tornarem
absolutamente necessário, não excedendo os limites do indispensável para a remoção do perigo.
(2) Excludentes do nexo de causalidade: A conduta é ilícita, houve o dano, mas o nexo de causalidade
desapareceu.
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Ainda que seja um fato de terceiro equiparado ao caso fortuito externo, configura-se a teoria do
risco que, por sua vez, é implementada em alguma situações, remanescendo o dever de
indenizar.
O contrato de transporte é uma exceção do fato de terceiro como excludente do nexo de causalidade.
“Se cabe ação regressiva do transportador para com o terceiro, ele não pode se elidir da
responsabilidade.”
“Ainda que haja a excludente por fato de terceiro, NÃO haverá a excludente do nexo de causalidade.”
Ex. Viagem de ônibus em que o motorista dirige corretamente, contudo um veículo abalroa o ônibus,
provocando diversos danos, inclusive morte dos passageiros.
Trata-se da exceção prevista no art. 735 –CC, uma vez que a empresa de ônibus tem ação regressiva contra
o motorista que veio a provocar o acidente. Essa deve indenizar os passageiros e, ulteriormente, procurar
o ressarcimento dos valores pagos por aquele que de fato provocou o dano.
Art. 735 - CC. A responsabilidade contratual do transportador por acidente com o passageiro não é elidida
1
por culpa de terceiro, contra o qual tem ação regressiva.
(1) Contra o qual: Contra o fato de terceiro, mesmo que seja fortuito externo.
Ex. Assaltos em agências bancárias – em casos de assaltos a mão armada em bancos, a jurisprudência do
STJ tem considerado que, em que pese ser um fato de terceiro, a instituição financeira não pode se elidir
do dever de indenizar daquele que sofreram o dano.
Ainda que seja um fato de terceiro equiparado a um fortuito externo, o fato estava imbuído nos riscos do
empreendimento.
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CUIDADO:
- Deve-se ter cuidado com a casuística para fins de caracterização da teoria do risco/risco do
empreendimento:
Isso pode ser precificado em eventual seguro, risco do empreendimento, sendo abarcado pela teoria do
risco/risco do empreendimento.
Não se pode considerar que o fato de um psicopata invadir um local público e alvejar diversas pessoas seja
considerado como risco do empreendimento, porque não há uma concepção de que ocorra com grande
incidência.
Desse modo, se não está precificado, pode ser considerado como fato de terceiro, pois não está ligado
pela atividade exercida pelo empresário/pessoa jurídica.
4.4.1. Dano
2
É toda perda que a vítima possa ter tido com a ação que provocou o evento danoso.
“A perda auferida pela conduta praticada pelo autor pode ser dano estético, psicológico, presumido. O
dano extrapola a matérias.
(2) Ação: Ato ilícito, abuso de direito, praticado com culpa ou sem culpa e que não esteja sob o respaldo
da excludente de ilicitude ou do nexo de causalidade.
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O dano é o prejuízo, a perda que foi sofrida com a prática da conduta, seja esta lícita (Ex. Estado
de necessidade) ou ilícita.
Nota:
A regra é que não há reponsabilidade civil sem dano.
Ex. Responsabilidade objetiva (arts. 932 - responsabilidade indireta - pais, tutor e curador e
afins –, 936 – dono ou detentor de animal, 937 – dono de edifício - e 938 – CC – habitante de
prédio).
Ex3. Dano pela perda de uma chance que, inicialmente, não pode ser
precificado/apurado materialmente, mas não significa que não houve dano.
4.4.2. Ônus da prova
Há situações em que o dano não precisa ser provado (vide página 14).
O art. 373, §1º - NCPC traz ampliou as hipóteses de inversão do ônus da prova. Trata-se da chamada
1
CARGA DINÂMICA DA PROVA .
(1) Carga dinâmica da prova: Apesar da regra ser pelo dano como pressuposto da responsabilidade civil,
há casos em que o autor não precisa provar o dano, uma vez que esse, por exemplo, pode ser presumido
ou então se aplica a exceção do ônus da prova inserta no art. 373, §1º - NCPC.
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o
§ 3 A distribuição diversa do ônus da prova também pode ocorrer por convenção das partes, salvo
quando:
4.4.3. Classificação
Ex. Houve perda total do veículo, as despesas hospitalares ficaram em cem mil reais.
- Dividem-se em:
É tudo aquilo que se deixa de ganhar na linha de desdobramento daquele que sofreu o dano, ou seja, não
é o que potencialmente foi deixado de ganhar (o dano potencial não é indenizável no Direito Civil).
“Vou na minha linha de desdobramento e verifico o que deixei de ganhar, por exemplo, com um
acidente veicular por não poder ir ao trabalho”.
É considerado negativo, pois não houve, inicialmente, uma redução ao patrimônio , no entanto não houve
o acréscimo ulterior.
Ex. Lucas está se locomovendo de moto e, de repente, há um choque entre a moto dele e outro
motociclista. O outro motociclista é trabalha como motoboy autônomo e fica impossibilitado para o
trabalho pelo período de 40 dias. O motoboy comprova que, nesses 40 dias, diariamente, lucrava uma
média de R$200,00.
O Juiz, então, fará o cálculo de quanto o motoboy deixou de ganhar ao longo dos 40 dias em razão do
evento danoso.
Para apuração do que é incluído no cálculo do dano emergente, deve-se adotar uma visão retrospectiva.
“Ao invés de olhar para frente, olha-se para trás pensando ‘o eu tinha antes da conduta, o que eu perdi
por causa da conduta’. Vejo, então, tudo que perdi em razão da conduta.”
É tudo aquilo que se tinha e não se tem mais por causa da conduta praticada, presente o nexo de
causalidade.
Art. 402 - CC. Salvo as exceções expressamente previstas em lei, as perdas e danos devidas ao credor
efetivamente perdeu (dano emergente), o que
abrangem, além do que ele
razoavelmente deixou de lucrar (lucros cessantes).
Art. 948 - CC. No caso de homicídio, a indenização consiste, sem excluir outras reparações:
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Para que se configure o dano moral, deve-se pautar na conduta do ato ilícito, da violação do direito.
“Houve a violação do direito e, ainda que não houvesse um dano patrimonial, o dano moral foi
evidenciado.”
Há o dano moral quando há alguma violação/dano da personalidade que pode ser psicológico.
O dano moral, assim compreendido todo dano extrapatrimonial, não se caracteriza quando há mero
aborrecimento inerente a prejuízo material.
Contraexemplo. Inserção indevida de nome do SPC de pessoa cujo nome já no SPC por outra dívida.
Houve o injusto, contudo não houve o dano, pois o nome já estava no SPC.
Súmula 385/STJ - 11/07/2017. Responsabilidade civil. Dano moral. Consumidor. Anotação irregular em
cadastro de proteção ao crédito. Indenização. Descabimento quando preexistente legítima inscrição,
ressalvado o direito ao cancelamento. Recurso especial repetitivo. Recurso especial representativo da
controvérsia. CDC, art. 43, § 2º. CCB/2002, art. 186. CF/88, art. 5º, V e X. CPC, art. 543-C.
«Da anotação irregular em cadastro de proteção ao crédito, não cabe indenização por dano moral,
quando preexistente legítima inscrição, ressalvado o direito ao cancelamento.»
Há uma discussão de que o dano moral seja uma possibilidade de requerer a indenização com base na
responsabilidade civil extracontratual/aquiliana.
Não seria possível buscar indenização por dano moral em razão de descumprimento contratual.
Essa concepção deve ser vista com muita cautela, pois já foi relativizada.
O descumprimento de contrato pode gerar dano moral quando envolver valor fundamental protegido
pela Constituição Federal de 1988.
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São situações que geram um abalo tão evidente na vítima que dispensam prova desse dano.
Presume-se o dano.
Não é necessário fazer prova do dano. Ele está demonstrado pelas circunstâncias.
Ex2. Súmula 388/STJ - 11/07/2017. Responsabilidade civil. Dano moral. Consumidor. Banco. Prestação
de serviço. Cambial. Cheque. Simples devolução. Não caracterização do dano. CCB/2002, art.
186. CF/88, art. 5º, V e X. CDC, art. 14.
Ex3. Súmula 403/STJ - 11/07/2017. Responsabilidade civil. Dano moral. Direito à imagem. Publicação
não autorizada. Fins econônicos ou comerciais. Prova do prejuízo. Desnecessidade. CCB/2002, art. 186 e
927. CF/88, art. 5º, V e X. CCB, art. 159.
«Independe de prova do prejuízo a indenização pela publicação não autorizada de imagem de pessoa com
fins econômicos ou comerciais (SUPRIMIDO PELO ENUNCIADO 587 – CJF –
VIDE PÁGINA 44).»
“Se não houve autorização e minha imagem foi utilizada para fins comerciais (SUPRIMIDO PELO
ENUNCIADO 587 – CJF – VIDE PÁGINA 44., eu não tenho que provar o dano. O dano será
presumido. A análise já é feita para fixação do dano moral. Se houve dano patrimonial (danos
emergentes e lucros cessantes), devo fazer a prova, contudo, para o dano moral, é dispensado, pois este
é presumido.”
A vítima tem uma perda na sua estrutura morfológica que gerará, além do aspecto da utilização de um
membro (Ex. A perda de um braço - limitará a funcionalidade), afetará o aspecto psicológico (Ex. Uma
cicatriz para a pessoa que vive da aparência, tal como uma modelo).
Há uma controvérsia quanto à possibilidade de cumulação de dano moral com dano estético.
A Súmula 387 do STJ considera que o dano estético é uma nova espécie de dano patrimonial.
a) Dano moral;
b) Dano estético.
ASSIM, O DANO ESTÉTICO NÃO É UMA ESPÉCIE DE DANO MORAL (SE ASSIM O FOSSE, NÃO SERIA POSSÍVEL
A CUMULAÇÃO).
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Nota:
- Até então, foi visto que o dano se configura como:
a) Patrimonial/material
b) Não patrimonial/imaterial
Ex. Participei de quase todas etapas do concurso, restando somente a prova oral. Então, sou atropelado
por um carro, ficando num hospital gravemente ferido e, diante disso, não consigo participar da prova
oral.
Além da indenização por danos materiais, danos estéticos, poderia pedir a indenização pela perda de uma
chance, sob a prerrogativa de que poderia ter passado no certame.
Não é pacífico na doutrina a inserção do dano pela perda de uma chance como dano material ou
imaterial. Na verdade, como se está no âmbito da prospecção, há uma tendência a se considerar que
esse dano poderia ser um dano material, mas uma nova modalidade, tendo em vista que não se encaixa
nem nos lucros cessantes e nem nos danos emergentes.
Ex – perda de uma chance por violação a direito da personalidade. Reconhecimento público, tal como um
prêmio que teria sido recebido pela pessoa, ficando essa mundialmente famosa.
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(2) Lucro cessante: O lucro cessante, espécie de dano material também está na linha de desdobramento
do sujeito que, , ao contrário do dano pela perda de uma chance, é certa. É uma prospecção, contudo é
certa.
Art. 927 - CC. Aquele que, por ato ilícito (arts. 186 e 187), causar dano a outrem, fica obrigado a repará-
lo.
Parágrafo único. Haverá obrigação de reparar o dano, independentemente de culpa, nos casos
especificados em lei, ou quando a atividade normalmente desenvolvida pelo autor do dano implicar, por
sua natureza, risco para os direitos de outrem.
Art. 186 - CC. Aquele que, por ação ou omissão voluntária, negligência ou imprudência, violar direito e
causar dano a outrem, ainda que exclusivamente moral, comete ato ilícito.
Art. 187 - CC. Também comete ato ilícito o titular de um direito que, ao exercê-lo, excede manifestamente
os limites impostos pelo seu fim econômico ou social, pela boa-fé ou pelos bons costumes.
Nessa, trabalha-se com a teoria do risco, em que não se leva a culpa em consideração, ou seja,
é feita uma análise sem culpa.
Art. 37 - CF. § 6º As pessoas jurídicas de direito público e as de direito privado prestadoras de serviços
públicos responderão pelos danos que seus agentes, nessa qualidade, causarem a terceiros, assegurado
o direito de regresso contra o responsável nos casos de dolo ou culpa.
5.1.2. Código de Defesa do Consumidor (arts. 12, 13, 14, 18, 19 e 20 – CDC)
Código de Defesa do Consumidor - SEÇÃO II
Da Responsabilidade pelo Fato do Produto e do Serviço
§ 1° O produto é defeituoso quando não oferece a segurança que dele legitimamente se espera,
levando-se em consideração as circunstâncias relevantes, entre as quais:
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I - sua apresentação;
§ 2º O produto não é considerado defeituoso pelo fato de outro de melhor qualidade ter sido colocado
no mercado.
Art. 13. O comerciante é igualmente responsável, nos termos do artigo anterior, quando:
II - o produto for fornecido sem identificação clara do seu fabricante, produtor, construtor ou
importador;
Parágrafo único. Aquele que efetivar o pagamento ao prejudicado poderá exercer o direito de regresso
contra os demais responsáveis, segundo sua participação na causação do evento danoso.
Art. 14. O fornecedor de serviços responde, independentemente da existência de culpa, pela reparação
dos danos causados aos consumidores por defeitos relativos à prestação dos serviços, bem como por
informações insuficientes ou inadequadas sobre sua fruição e riscos. § 1° O serviço é defeituoso
quando não fornece a segurança que o consumidor dele pode esperar, levando-se em consideração as
circunstâncias relevantes, entre as quais:
§ 4° A responsabilidade pessoal dos profissionais liberais será apurada mediante a verificação de culpa.
Art. 17. Para os efeitos desta Seção, equiparam-se aos consumidores todas as vítimas do evento.
SEÇÃO III
Da Responsabilidade por Vício do Produto e do Serviço
Art. 18. Os fornecedores de produtos de consumo duráveis ou não duráveis respondem solidariamente
pelos vícios de qualidade ou quantidade que os tornem impróprios ou inadequados ao consumo a que
se destinam ou lhes diminuam o valor, assim como por aqueles decorrentes da disparidade, com a
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§ 1° Não sendo o vício sanado no prazo máximo de trinta dias, pode o consumidor exigir,
alternativamente e à sua escolha:
§ 3° O consumidor poderá fazer uso imediato das alternativas do § 1° deste artigo sempre que, em razão
da extensão do vício, a substituição das partes viciadas puder comprometer a qualidade ou
características do produto, diminuir-lhe o valor ou se tratar de produto essencial.
§ 4° Tendo o consumidor optado pela alternativa do inciso I do § 1° deste artigo, e não sendo possível
a substituição do bem, poderá haver substituição por outro de espécie, marca ou modelo diversos,
mediante complementação ou restituição de eventual diferença de preço, sem prejuízo do disposto nos
incisos II e III do § 1° deste artigo.
III - os produtos que, por qualquer motivo, se revelem inadequados ao fim a que se destinam.
Art. 19. Os fornecedores respondem solidariamente pelos vícios de quantidade do produto sempre que,
respeitadas as variações decorrentes de sua natureza, seu conteúdo líquido for inferior às indicações
constantes do recipiente, da embalagem, rotulagem ou de mensagem publicitária, podendo o
consumidor exigir, alternativamente e à sua escolha:
III - a substituição do produto por outro da mesma espécie, marca ou modelo, sem os aludidos vícios;
Art. 20. O fornecedor de serviços responde pelos vícios de qualidade que os tornem impróprios ao
consumo ou lhes diminuam o valor, assim como por aqueles decorrentes da disparidade com as
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§ 1° A reexecução dos serviços poderá ser confiada a terceiros devidamente capacitados, por conta e
risco do fornecedor.
§ 2° São impróprios os serviços que se mostrem inadequados para os fins que razoavelmente deles se
esperam, bem como aqueles que não atendam as normas regulamentares de prestabilidade.
Art. 21. No fornecimento de serviços que tenham por objetivo a reparação de qualquer produto
considerar-se-á implícita a obrigação do fornecedor de empregar componentes de reposição originais
adequados e novos, ou que mantenham as especificações técnicas do fabricante, salvo, quanto a estes
últimos, autorização em contrário do consumidor.
Art. 22. Os órgãos públicos, por si ou suas empresas, concessionárias, permissionárias ou sob qualquer
outra forma de empreendimento, são obrigados a fornecer serviços adequados, eficientes, seguros e,
quanto aos essenciais, contínuos.
Parágrafo único. Nos casos de descumprimento, total ou parcial, das obrigações referidas neste artigo,
serão as pessoas jurídicas compelidas a cumpri-las e a reparar os danos causados, na forma prevista neste
código.
Art. 23. A ignorância do fornecedor sobre os vícios de qualidade por inadequação dos produtos e serviços
não o exime de responsabilidade.
Art. 24. A garantia legal de adequação do produto ou serviço independe de termo expresso, vedada a
exoneração contratual do fornecedor.
Art. 25. É vedada a estipulação contratual de cláusula que impossibilite, exonere ou atenue a obrigação
de indenizar prevista nesta e nas seções anteriores.
§ 1° Havendo mais de um responsável pela causação do dano, todos responderão solidariamente pela
reparação prevista nesta e nas seções anteriores.
§ 2° Sendo o dano causado por componente ou peça incorporada ao produto ou serviço, são responsáveis
solidários seu fabricante, construtor ou importador e o que realizou a incorporação.
5.1.3. Responsabilidade civil por danos ambientais (Crime ambiental ou ações ambientais) (art. 14,
§1º - Lei 6938/81)
Ocorre porque, nesse caso, aplica-se a teoria do risco, não sendo realizada análise de culpa.
Art 14 – Lei 6938/81 - Sem prejuízo das penalidades definidas pela legislação federal, estadual e
municipal, o não cumprimento das medidas necessárias à preservação ou correção dos inconvenientes e
danos causados pela degradação da qualidade ambiental sujeitará os transgressores:
I - à multa simples ou diária, nos valores correspondentes, no mínimo, a 10 (dez) e, no máximo, a 1.000
(mil) Obrigações Reajustáveis do Tesouro Nacional - ORTNs, agravada em casos de reincidência específica,
conforme dispuser o regulamento, vedada a sua cobrança pela União se já tiver sido aplicada pelo Estado,
Distrito Federal, Territórios ou pelos Municípios.
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§ 1º - Sem obstar a aplicação das penalidades previstas neste artigo, é o poluidor obrigado,
independentemente da existência de culpa, a indenizar ou reparar os danos causados ao meio ambiente
e a terceiros, afetados por sua atividade. O Ministério Público da União e dos Estados terá legitimidade
para propor ação de responsabilidade civil e criminal, por danos causados ao meio ambiente.
§ 3º - Nos casos previstos nos incisos II e III deste artigo, o ato declaratório da perda, restrição ou
suspensão será atribuição da autoridade administrativa ou financeira que concedeu os benefícios,
incentivos ou financiamento, cumprindo resolução do CONAMA.
§ 4º Nos casos de poluição provocada pelo derramamento ou lançamento de detritos ou óleo em águas
brasileiras, por embarcações e terminais marítimos ou fluviais, prevalecerá o disposto na Lei nº 5.357, de
17 de novembro de 1967. (Revogado pela Lei nº 9.966, de 2000)
o
§ 5 A execução das garantias exigidas do poluidor não impede a aplicação das obrigações de indenização
o
e reparação de danos previstas no § 1 deste artigo. (Incluído pela Lei nº 11.284, de 2006)
Código Civil
I - os pais, pelos filhos menores que estiverem sob sua autoridade e em sua companhia;
II - o tutor e o curador, pelos pupilos e curatelados, que se acharem nas mesmas condições;
III - o empregador ou comitente, por seus empregados, serviçais e prepostos, no exercício do trabalho
que lhes competir, ou em razão dele;
IV - os donos de hotéis, hospedarias, casas ou estabelecimentos onde se albergue por dinheiro, mesmo
para fins de educação, pelos seus hóspedes, moradores e educandos;
V - os que gratuitamente houverem participado nos produtos do crime, até a concorrente quantia.
Art. 936. O dono, ou detentor, do animal ressarcirá o dano por este causado, se não provar culpa da vítima
ou força maior.
Art. 937. O dono de edifício ou construção responde pelos danos que resultarem de sua ruína, se esta
provier de falta de reparos, cuja necessidade fosse manifesta.
Art. 938. Aquele que habitar prédio, ou parte dele, responde pelo dano proveniente das coisas que dele
caírem ou forem lançadas em lugar indevido.
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07/01/18
6. Questões recorrentes em prova acerca da responsabilidade civil
6.1. Veículo locado
Ainda que no contrato diga que não haverá responsabilidade da locadora sobre danos causados
a terceiros, essa, por lei, é responsável.
“Quando terceiro acionar, a locadora não pode se eximir. Deve pagar o terceiro e,
posteriormente, entrar com ação regressiva para fins de ressarcimento.”
A empresa locadora de veículos responde, civil e solidariamente com o locatário, pelos danos por este
causados a terceiro, no uso do carro locado.
«A ausência de registro de transferência não implica a responsabilidade do antigo proprietário por dano
resultante de acidente que envolva o veículo alienado.»
SUPERIMPORTANTE:
Quanto ao veículo alienado sem transferência junto ao DETRAN, no que tange às questões
administrativas (Ex. Multas), o que importa é o que consta no documento do veículo, uma vez
se tratar de obrigação propter rem1.
“Tanto é que, para transferência do automóvel, devo liquidar as dívidas corolários de multas.”
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Assim, se o direito de que se origina é transmitido, a obrigação o segue, seja qual for o título translativo.
A transmissão é automática, independente da intenção específica do transmitente, e o adquirente do
direito real não pode recusar-se a assumi-la. São exemplos da obrigação, que pode ser identificada em
vários dispositivos esparsos do Código Civil, já que não a disciplinou isoladamente: a obrigação imposta
ao condômino de concorrer para as despesas de conservação da coisa comum (artigo 1.315); a do
condômino, no condomínio em edificações, de não alterar a fachada do prédio (artigo 1.336, III); a
obrigação que tem o dono da coisa perdida de recompensar e indenizar o descobridor (artigo 1.234); a
dos donos de imóveis confinantes, de concorrerem para as despesas de construção e conservação de
tapumes divisórios (artigo 1.297, § 1º) ou de demarcação entre os prédios (artigo 1.297); a obrigação de
dar caução pelo dano iminente (dano infecto) quando o prédio vizinho estiver ameaçado de ruína (artigo
1.280); e a obrigação de indenizar benfeitorias (artigo 1.219).
- Fonte: https://www.direitonet.com.br/dicionario/exibir/1257/Obrigacao-propter-rem
1. Trata-se de ação de indenização por danos morais e materiais cumulada com pedido de pensão civil
proposta por vítima de acidente de trânsito que sofreu redução parcial e permanente da capacidade
laborativa.
3. A presumida capacidade laborativa da vítima para outras atividades, diversas daquela exercida no
momento do acidente, não exclui por si só o pensionamento civil, observado o princípio da reparação
integral do dano.
4. O soldo foi adotado como parâmetro para o cálculo da pensão civil. Sua fixação no percentual de 100%
(cem por cento) encontra amparo no princípio da reparação integral do dano, sendo incabível a pretensão
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5. O proprietário responde direta e objetivamente pelos atos culposos de quem conduzia o veículo e
provocou o acidente, independentemente de ser seu preposto ou não, podendo a seguradora denunciada
responder solidariamente, nos limites contratados na apólice. Precedentes.
7. A indenização por dano moral fixada pelo acórdão recorrido no valor de R$ 30.600,00 (trinta mil e
seiscentos reais) não se apresenta abusiva ou excessiva, de modo a justificar a intervenção do Superior
Tribunal de Justiça. Incidência, no caso, do óbice da Súmula nº 7/STJ.
(REsp 1344962/DF, Rel. Ministro RICARDO VILLAS BÔAS CUEVA, TERCEIRA TURMA, julgado em
25/08/2015, DJe 02/09/2015)
Ex. Quando eu loco o veículo, eu assumo o risco; quando eu alieno o veículo, assumo um risco
mitigado; veículo emprestado, assumo um risco.
6.5. Responsabilidade civil indireta do empregador (art. 932, inciso III – CC)
Salienta-se que, como se trata de responsabilidade civil indireta, essa será OBJETIVA.
Some-se a isso, o empregador responderá e poderá ajuizar ação regressiva contra seu
empregado.
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Ex. Horas in itinere (excluída pela reforma trabalhista – deve-se aguardar posicionamento da
jurisprudência); intervalo intrajornada (Ex. Horário de almoço).
Trata-se da antiga culpa in eligendo que, a seu turno, foi substituída pela responsabilidade
objetiva com o Código Civil de 2002.
6.6. Responsabilidade civil médica ou por dano médico1 (art. 951 – CC2)
b) Nexo de causalidade;
(1) Responsabilidade civil médica ou por dano médico: Caracteriza-se como atecnia denominar essa
responsabilidade como “responsabilidade por erro médico”, pois, muitas vezes, não ocorre um erro, mas
permanece o dever de indenizar.
(2) Art. 951 – CC: Trata tanto dos médicos quanto das profissões equiparadas, tais como advogados,
engenheiros.
Código Civil
HOMICÍDIO - Art. 948. No caso de homicídio, a indenização consiste, sem excluir outras reparações:
I - no pagamento das despesas com o tratamento da vítima, seu funeral e o luto da família;
LESÃO OU OFENSA À SAÚDE - Art. 949. No caso de lesão ou outra ofensa à saúde, o ofensor indenizará o
ofendido das despesas do tratamento e dos lucros cessantes até ao fim da convalescença, além de algum
outro prejuízo que o ofendido prove haver sofrido.
DEFEITO QUE IMPOSSIBILITE O OFÍCIO - Art. 950. Se da ofensa resultar defeito pelo qual o ofendido não
possa exercer o seu ofício ou profissão, ou se lhe diminua a capacidade de trabalho, a indenização, além
das despesas do tratamento e lucros cessantes até ao fim da convalescença, incluirá pensão
correspondente à importância do trabalho para que se inabilitou, ou da depreciação que ele sofreu.
Parágrafo único. O prejudicado, se preferir, poderá exigir que a indenização seja arbitrada e paga de uma
só vez.
Art. 951. O disposto nos arts. 948, 949 e 950 aplica-se ainda no caso de indenização devida por aquele
que, no exercício de atividade profissional, por negligência, imprudência ou imperícia, causar a morte
do paciente, agravar-lhe o mal, causar-lhe lesão, ou inabilitá-lo para o trabalho.
Consoante, art. 14, caput, do CDC, o fornecedor de serviço (Ex. Clínica, hospital, etc.) responde
OBJETIVAMENTE.
De outra sorte, o profissional liberal, conforme §4º do mesmo dispositivo, responderá analisando-
se a premissa da CULPA (somente se der causa ao evento danoso).
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7. Novos danos
7.1. Considerações iniciais - Dano moral
Importante relembrar o enunciado 159 – CJF.
Enunciado 159 - CJF
O dano moral, assim compreendido todo dano extrapatrimonial, não se caracteriza quando há
mero aborrecimento inerente a prejuízo material.
Esse enunciado traz a premissa do que é considerado novo dano moral.
O dano moral é a violação a um dos direitos de personalidade que estão insertos nos arts. 11 a
21 do Código Civil (vide nota abaixo).
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Somente se considera a ocorrência do dano moral se houver a INGESTÃO do líquido, no caso, refrigerante.
“O mero dissabor de ter um inseto no refrigerante, por si só, não configura o dano moral, tendo em
vista que essa teoria (dissabor configurar dano moral) é ultrapassada por ter gerado uma ‘indústria do
dano moral’.”
1. A simples aquisição de refrigerante contendo inseto em seu interior, sem que seu conteúdo tenha sido
ingerido ou, ao menos, que a embalagem tenha sido aberta, não é fato capaz de, por si só, de provocar
dano moral.
2. "O mero dissabor não pode ser alçado ao patamar do dano moral, mas somente aquela agressão que
exacerba a naturalidade dos fatos da vida, causando fundadas aflições ou angústias no espírito de quem
ela se dirige" (AgRgREsp no 403.919/RO, Quarta Turma, Relator o Ministro Sálvio de Figueiredo Teixeira,
DJ de 23/6/03).
Aborda o caminho que a jurisprudência tem tomado, qual seja, análise com base na TEORIA DO RISCO.
1. Além de subordinar-se à admissibilidade do recurso principal, nos termos do art. 500 do CPC, o próprio
recurso adesivo também deve reunir condições de ser conhecido. Nesse contexto, a desídia da parte em
se opor à decisão que nega seguimento ao recurso adesivo inviabiliza a sua apreciação pelo STJ, ainda que
o recurso especial principal venha a ser conhecido.
3. A aquisição de lata de leite condensado contendo inseto em seu interior, vindo o seu conteúdo a ser
parcialmente ingerido pelo consumidor, é fato capaz de provocar dano moral indenizável.
4. A revisão da condenação a título de danos morais somente é possível se o montante for irrisório ou
exorbitante. Precedentes.
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5. Recurso especial parcialmente conhecido e, nessa parte, desprovido. Recurso adesivo não conhecido.
(REsp 1239060/MG, Rel. Ministra NANCY ANDRIGHI, TERCEIRA TURMA, julgado em 10/05/2011, DJe
18/05/2011)
TERCEIRA TURMA
TERCEIRA TURMA
A Turma manteve a indenização de R$ 10.000,00 por danos morais para a consumidora que encontrou
um preservativo masculino no interior de uma lata de extrato de tomate, visto que o fabricante tem
responsabilidade objetiva pelos produtos que disponibiliza no mercado, ainda que se trate de um sistema
de fabricação totalmente automatizado, no qual, em princípio, não ocorre intervenção humana. O fato
de a consumidora ter dado entrevista aos meios de comunicação não fere seu direito à indenização; ao
contrário, divulgar tal fato, demonstrando a justiça feita, faz parte do processo de reparação do mal
causado, exercendo uma função educadora. Precedente: REsp 1.239.060-MG, DJe 18/5/2011. REsp
1.317.611-RS, Rel. Min. Nancy Andrighi, julgado em 12/6/2012.
Retomada a teoria do risco, no qual se entende que, em alguns casos, NÃO É NECESSÁRIA A INGESTÃO,
pois, se for uma relação de consumo, basta colocar o consumidor em risco (teoria do risco) para se
configurar o dano moral.
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1. Ação de compensação por dano moral, ajuizada em 20/04/2007, da qual foi extraído o presente recurso
especial, concluso ao Gabinete em 10/06/2013.
2. Discute-se a existência de dano moral na hipótese em que o consumidor adquire garrafa de refrigerante
com corpo estranho em seu conteúdo, sem, contudo, ingerí-lo.
3. A aquisição de produto de gênero alimentício contendo em seu interior corpo estranho, expondo o
consumidor à risco concreto de lesão à sua saúde e segurança, ainda que não ocorra a ingestão de seu
conteúdo, dá direito à compensação por dano moral, dada a ofensa ao direito fundamental à alimentação
adequada, corolário do princípio da dignidade da pessoa humana.
4. Hipótese em que se caracteriza defeito do produto (art. 12, CDC), o qual expõe o consumidor à risco
concreto de dano à sua saúde e segurança, em clara infringência ao dever legal dirigido ao fornecedor,
previsto no art. 8º do CDC.
IMPORTANTE:
Em relação ao dano moral, o mero dissabor foi substituído pela TEORIA DO RISCO.
Ex. Colocar o consumidor em risco potencial. O mero risco potencial configura o dano pois há um
dever de cuidado do fornecedor para com o consumidor.
Art. 11. Com exceção dos casos previstos em lei, os direitos da personalidade são intransmissíveis e
irrenunciáveis, não podendo o seu exercício sofrer limitação voluntária.
Art. 12. Pode-se exigir que cesse a ameaça, ou a lesão, a direito da personalidade, e reclamar perdas e
danos, sem prejuízo de outras sanções previstas em lei.
Parágrafo único. Em se tratando de morto, terá legitimação para requerer a medida prevista neste artigo
o cônjuge sobrevivente, ou qualquer parente em linha reta, ou colateral até o quarto grau.
Art. 13. Salvo por exigência médica, é defeso o ato de disposição do próprio corpo, quando importar
diminuição permanente da integridade física, ou contrariar os bons costumes.
Parágrafo único. O ato previsto neste artigo será admitido para fins de transplante, na forma estabelecida
em lei especial.
Art. 14. É válida, com objetivo científico, ou altruístico, a disposição gratuita do próprio corpo, no todo ou
em parte, para depois da morte.
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Parágrafo único. O ato de disposição pode ser livremente revogado a qualquer tempo.
Art. 15. Ninguém pode ser constrangido a submeter-se, com risco de vida, a tratamento médico ou a
intervenção cirúrgica.
Art. 16. Toda pessoa tem direito ao nome, nele compreendidos o prenome e o sobrenome.
Art. 17. O nome da pessoa não pode ser empregado por outrem em publicações ou representações que
a exponham ao desprezo público, ainda quando não haja intenção difamatória.
Art. 18. Sem autorização, não se pode usar o nome alheio em propaganda comercial.
Art. 19. O pseudônimo adotado para atividades lícitas goza da proteção que se dá ao nome.
Parágrafo único. Em se tratando de morto ou de ausente, são partes legítimas para requerer essa proteção
o cônjuge, os ascendentes ou os descendentes.
Art. 21. A vida privada da pessoa natural é inviolável, e o juiz, a requerimento do interessado, adotará as
providências necessárias para impedir ou fazer cessar ato contrário a esta norma. (Vide ADIN 4815)
Importante relembrar que o inadimplemento contratual gerará dano moral se houver o descumprimento
de direito fundamental previsto na CF.
O descumprimento de contrato pode gerar dano moral quando envolver valor fundamental protegido
pela Constituição Federal de 1988.
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Não é por causa da carga dinâmica da prova (art. 373, §1º - NCPC), mas sim pelo entendimento
jurisprudencial de que o dano é presumido.
Deve-se provar:
a) Conduta
b) Nexo causal
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IMPORTANTE
- Necessidade de prova:
i. Culpa;
ii. Conduta;
i. Conduta;
a) A reparação da vítima (não há que se falar em ressarcimento, pois os direitos de personalidade não
são precificados);
Punir a pessoa que causou o dano para que ela não cause o mesmo dano a terceira pessoa.
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Ex. Perda de um braço, top model que fica com cicatriz no rosto.
a) Possibilidade de cumulação de dano moral com dano estético (Súmula 387 – STJ)
- Justificativas:
“Tanto no dano moral quanto no dano estético, deve-se provar o nexo, a conduta, no entanto, o dano é
presumido.”
A duas, dano estético não é uma subespécie de dano moral, configurando-se como espécie autônoma.
Súmula 387/STJ - 11/07/2017. Responsabilidade civil. Dano moral. Dano estético. Cumulação.
Possibilidade. CCB/2002, art. 186. CF/88, art. 5º, V e X.
(1) Equidade: O ordenamento pátrio concede ao juiz a mais ampla liberdade para arbitrar o valor da
reparação dos danos não-materiais. Esse discricionarismo conferido ao julgador – quem melhor pode
analisar e sopesar a matéria de fato –, permite que ele se utilize da equidade e aja com prudência e
equilíbrio.
Com efeito, na aplicação do direito ao caso concreto, à luz do novo sistema civil, a palavra de ordem é
equidade. STOLZE GAGLIANO e PAMPLONA FILHO fazem importante distinção: “a) decisão com equidade
é toda decisão que se pretende estar de acordo com o direito, enquanto ideal supremo de justiça; b)
decisão por equidade é toda decisão que tem por base a consciência e percepção de justiça do julgador,
que não precisa estar preso a regras de direito positivo e métodos pré preestabelecidos de interpretação;
c) decisão utilizando a equidade como meio supleivo de integração e interpretação das normas é toda
decisão proferida no sentido de encontrar o equilíbrio entre norma, fato e valor (aplicação do direito ao
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caso concreto), na hipótese de constatação de uma contradição entre a norma legal posta e a realidade,
gerando uma lacuna”.14
No plano Constitucional, a equidade está presente nos princípios da dignidade humana, da solidariedade
social e da igualdade substancial.
Na lição de MIGUEL REALE, a Constituição de 1988 não recepcionou integralmente o art. 127 do Código
de Processo Civil, segundo o qual o “juiz só decidirá por equidade nos casos previstos em lei”.
“Reconhece-se, hoje em dia, que a equidade, além de ser essencial ao suprimento das lacunas da
legislação, constitui sempre critério requerido para a justa interpretação das leis em vigor, de tal sorte
que, em consonância com a Carta Magna de 1988, o juiz deve ser considerado sempre autorizado a decidir
por equidade, desde que não contrarie norma legal expressa. Deve-se, pois, entender o citado art. 127
tão-somente no sentido de negar-se ao juiz o poder-dever de julgar ‘exclusivamente por equidade’, salvo
lei que para tanto autorize.
Com efeito, ao aplicar a lei, o julgador não pode, tão-somente, restringir-se à subsunção do fato à norma.
Deve estar atento aos princípios maiores que regem o ordenamento jurídico e aos fins sociais a que a lei
se dirige, face ao comando do art. 5º da Lei de Introdução ao Código Civil: “Na aplicação da lei, o juiz
atenderá aos fins sociais a que ela se dirige e às exigências do bem comum”
Na sistemática do Código de 2002, fins sociais e bem comum enquadram-se na categoria dos conceitos
jurídicos indeterminados, deixados intencionalmente pelo legislador para o juiz aplicá-los aos casos
concretos, de acordo com as circunstâncias particulares, condições sociais, econômicas, políticas,
culturais, etc. Esse campo de conceitos indeterminados, conceitos-válvulas ou flexíveis,
ou standards jurídicos, é o específico e próprio da equidade.
- Fonte: http://www.buscalegis.ufsc.br/revistas/files/anexos/8243-8242-1-PB.htm
Para se configurar como dano material, deve ser dano emergente (visão retrospectiva) ou lucro cessante
(visão prospectiva). Nas duas situações, consegue-se quantificar quanto se perdeu/deixou de ganhar.
“Provo que perdi a chance, mas, quanto valeu essa chance, o Juiz quem dosará.”
Todavia, é possível traçar uma linha intermediária entre o dano moral e o dano patrimonial. Desse
modo, parte da jurisprudência tem manifestado que o dano pela perda de uma chance é um novo dano,
porque pode configurar tanto uma perda material (EQUIPARADO a lucro cessante ou dano emergente)
quanto a uma perda moral (EQUIPARADO a dano moral).
NÃO HÁ PREVISÃO LEGAL ESPECÍFICA. Assim, levam-se em consideração as regras gerais, arts. 927,
186, 187, 944, 945.
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- Justificativas:
a) Nos danos moral e patrimonial já se tem a configuração de possibilidades de prova do dano ou do dano
presumido, no caso do dano moral.
b) De outra forma, no dano pela perda de uma chance, devo provar, primeiramente, a perda da chance e,
segundo, fica-se adstrito a uma indenização cujo valor não se pode ser provado.
Ex. Se possível casos semelhantes em que configurados dano moral e dano pela perda de uma chance, no
caso de dano moral, o quantum indenizatório seria muito maior.
- Fonte: https://cadorim.blogspot.com.br/2012/08/direito-das-obrigacoes-perdas-e-danos.html
Art. 927 - CC. Aquele que, por ato ilícito (arts. 186 e 187), causar dano a outrem, fica obrigado a repará-
lo.
Parágrafo único. Haverá obrigação de reparar o dano, independentemente de culpa, nos casos
especificados em lei, ou quando a atividade normalmente desenvolvida pelo autor do dano implicar, por
sua natureza, risco para os direitos de outrem.
Art. 186 - CC. Aquele que, por ação ou omissão voluntária, negligência ou imprudência, violar direito e
causar dano a outrem, ainda que exclusivamente moral, comete ato ilícito.
Art. 187 - CC. Também comete ato ilícito o titular de um direito que, ao exercê-lo, excede manifestamente
os limites impostos pelo seu fim econômico ou social, pela boa-fé ou pelos bons costumes.
Parágrafo único. Se houver excessiva desproporção entre a gravidade da culpa e o dano, poderá o juiz
reduzir, eqüitativamente, a indenização.
Art. 945 - CC. Se a vítima tiver concorrido culposamente para o evento danoso, a sua indenização será
fixada tendo-se em conta a gravidade de sua culpa em confronto com a do autor do dano.
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b) Nexo causal;
c) Dano;
NÃO se pode trabalhar com o dano presumido, pois o dano é potencial. Presumido é o dano que
é real.
No dano pela perda de uma chance, consegue-se provar tão somente a perda de uma chance.
Se a chance iria se concretizar, jamais se saberá.
O STJ, então, aplicou o dano moral coletivo, fixando indenização milionária ao fabricante.
Nessa decisão, o STJ levou em consideração o critério misto (principal: reparação do dano; acessório:
caráter educativo, pedagógico) para fixação do dano moral.
Nesse caso o STJ NÃO LEVOU EM CONSIDERAÇÃO O ABALO DAS VÍTIMAS (“estava preparada para ser mãe
ou não”), mas sim o fato da funcionalidade do remédio.
NÃO SE UTILIZOU DA TEORIA DO RISCO, uma vez que, caso tivesse sido utilizado, aquelas mulheres que
utilizaram o remédio, mas não engravidaram, teriam direito à indenização.
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ou
b) determináveis (a priori, não sei quem foi lesado, mas consigo quantificar) – direitos coletivos.
Dessarte, atinge tanto direitos individuais homogêneos quanto direitos coletivos1 (em sentido
estrito).
Não atinge direitos difusos1, pois, nesses, as pessoas são indeterminadas ou indetermináveis
(“Não consigo saber quem foi lesado pelo dano”).
(1) Direitos coletivos em sentido lato: Dividem-se em:
(1.1) Direitos difusos: A classificação e a diferenciação literal legal dos direitos coletivos em sentido amplo
é dada pelo parágrafo único do artigo 81 do Código de Defesa do Consumidor, que dispõe:
I - interesses ou direitos difusos, assim entendidos, para efeitos deste código, os transindividuais, de
natureza indivisível, de que sejam titulares pessoas indeterminadas e ligadas por circunstâncias de fato;
II - interesses ou direitos coletivos, assim entendidos, para efeitos deste código, os transindividuais, de
natureza indivisível de que seja titular grupo, categoria ou classe de pessoas ligadas entre si ou com a
parte contrária por uma relação jurídica base;
III - interesses ou direitos individuais homogêneos, assim entendidos os decorrentes de origem comum.
(grifou-se)
Das três categorias de direitos transindividuais supramencionados, os direitos difusos são aqueles que
possuem a mais ampla transindividualidade real. Além disso, têm como características a indeterminação
dos sujeitos titulares – unidos por um vínculo meramente de fato -, a indivisibilidade ampla, a
indisponibilidade, a intensa conflituosidade, a ressarcibilidade indireta - o quantum debeatur vai para um
fundo[1].
São exemplos de direitos difusos a proteção da comunidade indígena, da criança e do adolescente, das
pessoas portadoras de deficiência e:
a) o direito de todos não serem expostos à propaganda enganosa e abusiva veiculada pela televisão, rádio,
jornais, revistas, painéis publicitários; b) a pretensão a um meio ambiente hígido, sadio e preservado para
as presentes e futuras gerações; (...) e) o dano difuso gerado pela falsificação de produtos farmacêuticos
por laboratórios químicos inescrupulosos; f) a destruição, pela famigerada indústria edilícia, do
patrimônio artístico, estético, histórico turístico e paisagístico; g) a defesa do erário público; (...) j) o dano
nefasto e incalculável de cláusulas abusivas inseridas em contratos padrões de massa; k) produtos com
vícios de qualidade ou quantidade ou defeitos colocados no mercado de consumo; (...)[2]
(...) compreende interesses que não encontram apoio em uma relação base bem definida, reduzindo-se o
vínculo entre as pessoas a fatores conjunturais ou extremamente genéricos, a dados de fato
freqüentemente acidentais ou mutáveis: habitar a mesma região, consumir o mesmo produto, viver sob
determinadas condições sócio-econômicas, sujeitar-se a determinados empreendimentos, etc.[3]
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(1.2) Direitos coletivos em sentido estrito: Os direitos coletivos em sentido estrito, por sua vez, têm como
características a transindividualidade real restrita; a determinabilidade dos sujeitos titulares - grupo,
categoria ou classe de pessoas -, unidos por uma relação jurídica-base; a divisibilidade externa e a
divisibilidade interna; a disponibilidade coletiva e a indisponibilidade individual; a irrelevância de
unanimidade social e a reparabilidade indireta[4].
a) aumento ilegal das prestações de um consórcio: o aumento não será mais ou menos ilegal para um ou
outro consorciado. (...) Uma vez quantificada a ilegalidade (comum a todos), cada qual poderá
individualizar o seu prejuízo, passando a ter, então, disponibilidade do seu direito. Eventual restituição
caracterizaria proteção a interesses individuais homogêneos; b) os direitos dos alunos de certa escola de
terem a mesma qualidade de ensino em determinado curso; c) o interesse que aglutina os proprietários
de veículos automotores ou os contribuintes de certo imposto; d) a ilegalidade do aumento abusivo das
mensalidades escolares, relativamente aos alunos já matriculados; e) o aumento abusivo das
mensalidades de planos de saúde, relativamente aos contratantes que já firmaram contratos; (...) g) o
dano causado a acionistas de uma mesma sociedade ou a membros de uma associação de classe (...); h)
contribuintes de um mesmo tributo; prestamistas de um sistema habitacional; (...) i) moradores de um
mesmo condomínio.[5]
(1.3) Direitos individuais homogêneos: Os direitos individuais homogêneos, também chamados "direitos
acidentalmente coletivos" por José Carlos Barbosa Moreira[6], são aqueles que decorrem de uma origem
comum, possuem transindividualidade instrumental ou artificial, os seus titulares são pessoas
determinadas e o seu objeto é divisível e admite reparabilidade direta, ou seja, fruição e recomposição
individual[7].
O tratamento especial conferido aos direitos individuais homogêneos tem razões pragmáticas,
objetivando-se unir várias demandas individuais em uma única coletiva, por razões de facilitação do
acesso à justiça e priorização da eficiência e da economia processuais.
a) os compradores de carros de um lote com o mesmo defeito de fabricação (a ligação entre eles, pessoas
determinadas, não decorre de uma relação jurídica, mas, em última análise, do fato de terem adquirido
o mesmo produto com defeito de série); b) o caso de uma explosão do Shopping de Osasco, em que
inúmeras vítimas sofreram danos; c) danos sofridos em razão do descumprimento de obrigação contratual
relativamente a muitas pessoas; d) um alimento que venha gerar a intoxicação de muitos consumidores;
e) danos sofridos por inúmeros consumidores em razão de uma prática comercial abusiva (...); f) sendo
determinados, os moradores de sítios que tiveram suas criações dizimadas por conta da poluição de um
curso d'água causada por uma indústria; (...) k) prejuízos causados a um número elevado de pessoas em
razão de fraude financeira; l) pessoas determinadas contaminadas com o vírus da AIDS, em razão de
transfusão de sangue em determinado hospital público.[8]
Nelson Nery Júnior e Rosa Maria de Andrade Nery conceituaram os direitos individuais homogêneos
como:
(...) direitos individuais cujo titular é perfeitamente identificável e cujo objeto é divisível e cindível. O que
caracteriza um direito individual comum como homogêneo é a sua origem comum. A grande novidade
trazida pelo CDC no particular foi permitir que esses direitos individuais pudessem ser defendidos
coletivamente em juízo. Não se trata de pluralidade subjetiva de demanda (litisconsórcio), mas de uma
única demanda, coletiva, objetivando a tutela dos titulares dos direitos individuais homogêneos. A ação
coletiva para a defesa de direitos individuais homogêneos é, grosso modo, a class action brasileira.[9]
(grifou-se)
(1.4) Diferenciação dos direitos coletivos em sentido lato: Hugo Nigro Mazzilli exemplificou e distinguiu
as categorias de direitos transindividuais segundo as suas origens:
A) se o que une interessados determináveis é a mesma situação de fato (p. Ex., os consumidores que
adquiriram produtos fabricados em série com defeito), temos interesses individuais homogêneos;
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C) se o que une interessados indetermináveis é a mesma situação de fato (p. Ex., os que assistem pela
televisão à mesma propaganda enganosa), temos interesses difusos.
De acordo com Nelson Nery Júnior[11], parte da doutrina tem se equivocado ao classificar o direito
transindividual segundo a matéria genérica, afirmando, por exemplo, que questões ligadas ao meio
ambiente dizem respeito a direitos difusos.
Para o processualista supracitado, o que determina seja classificado um direito como difuso, coletivo em
sentido estrito, individual puro ou individual homogêneo é o tipo de tutela jurisdicional que se
pretende quando da propositura da ação, sendo que um mesmo fato pode dar ensejo à pretensão difusa,
coletiva stricto sensu e individual. Exemplifica o citado autor:
O acidente com o Bateau Mouche IV, que teve lugar no Rio de Janeiro no final de 1988, poderia abrir
oportunidades para a propositura de ação individual por uma das vítimas do evento pelos prejuízos que
sofreu (direito individual), ação de indenização em favor de todas as vítimas ajuizada por entidade
associativa (direito individual homogêneo), ação de obrigação de fazer movida por associação das
empresas de turismo que têm interesse na manutenção da boa imagem desse setor da economia (direito
coletivo), bem como ação ajuizada pelo Ministério Público, em favor da vida e segurança das pessoas,
para que seja interditada a embarcação a fim de se evitarem novos acidentes (direito difuso). Em suma,
o tipo de pretensão é que classifica um direito ou interesse como difuso, coletivo ou individual.[12]
(grifou-se)
Os direitos difusos são aqueles que possuem o mais elevado grau de transindividualidade e, em face disso,
não há como determinar todos os sujeitos titulares, o que, por outro lado, dá sustentação à
indivisibilidade do objeto e a sua reparabilidade indireta.
Os direitos individuais homogêneos, ou acidentalmente coletivos, decorrem de uma origem comum e são
dotados de transindividualidade artificial ou instrumental, para fins de economia processual e facilitação
ao direito de acesso à justiça, os sujeitos titulares são determinados e podem fruir individualmente do
objeto da reparação.
- Fonte: https://draflaviaortega.jusbrasil.com.br/noticias/323065455/resumo-dos-direitos-difusos-
coletivos-e-individuais-homogeneos
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Trata-se do caso do Toto Bola, sistema de loteria que existia, à época, que fraudava, gerando
empobrecimento, abalo social.
Dessa maneira, o TJRS configurou a indenização e todos os danos provocados pela fraude do Toto Bola
como um dano social.
TOTO BOLA. SISTEMA DE LOTERIAS DE CHANCES MÚLTIPLAS. FRAUDE QUE RETIRAVA AO CONSUMIDOR
A CHANCE DE VENCER. AÇÃO DE REPARAÇÃO DE DANOS MATERIAIS E MORAIS. DANOS MATERIAIS
LIMITADOS AO VALOR DAS CARTELAS COMPROVADAMENTE ADQUIRIDAS. DANOS MORAIS PUROS NÃO
CARACTERIZADOS. POSSIBILIDADE, PORÉM, DE EXCEPCIONAL APLICAÇÃO DA FUNÇÃO PUNITIVA DA
RESPONSABILIDADE CIVIL. NA PRESENÇA DE DANOS MAIS PROPRIAMENTE SOCIAIS DO QUE INDIVIDUAIS,
RECOMENDA-SE O RECOLHIMENTO DOS VALORES DA CONDENAÇÃO AO FUNDO DE DEFESA DE
INTERESSES DIFUSOS. RECURSO PARCIALMENTE PROVIDO.
1. Não há que se falar em perda de uma chance, diante da remota possibilidade de ganho em um sistema
de loterias. Danos materiais consistentes apenas no valor das cartelas comprovadamente adquiridas, sem
reais chances de êxito.
2. Ausência de danos morais puros, que se caracterizam pela presença da dor física ou sofrimento moral,
situações de angústia, forte estresse, grave desconforto, exposição à situação de vexame, vulnerabilidade
ou outra ofensa a direitos da personalidade.
3. Presença de fraude, porém, que não pode passar em branco. Além de possíveis respostas na esfera do
direito penal e administrativo, o direito civil também pode contribuir para orientar os atores sociais no
sentido de evitar determinadas condutas, mediante a punição econômica de quem age em desacordo
com padrões mínimos exigidos pela ética das relações sociais e econômicas. Trata-se da função punitiva
e dissuasória que a responsabilidade civil pode, excepcionalmente, assumir, ao lado de sua clássica função
reparatória/compensatória. “O Direito deve ser mais esperto do que o torto”, frustrando as indevidas
expectativas de lucro ilícito, à custa dos consumidores de boa fé.
4. Considerando, porém, que os danos verificados são mais sociais do que propriamente individuais, não
é razoável que haja uma apropriação particular de tais valores, evitando-se a disfunção alhures
denominada de overcompensantion. Nesse caso, cabível a destinação do numerário para o Fundo de
Defesa de Direitos Difusos, criado pela Lei 7.347/85, e aplicável também aos danos coletivos de consumo,
nos termos do art. 100, parágrafo único, do CDC.
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6. Tratando-se de dano social ocorrido no âmbito do Estado do Rio Grande do Sul, a condenação deverá
reverter para o fundo gaúcho de defesa do consumidor.
(Recurso Cível Nº 71001281054, Primeira Turma Recursal Cível, Turmas Recursais, Relator: Ricardo Torres
Hermann, Julgado em 12/07/2007)
IMPORTANTE:
No dano moral coletivo, no dano pela perda de uma chance e no dano estético, a indenização é
destinada às vítimas.
7.2.4.3. Cumulação dano social com difuso com dano moral coletivo
REsp 1.293.606/MG
Não cabe condenação a reparar dano moral coletivo quando, de cláusula de contrato de plano de saúde
que excluiu a cobertura de próteses cardíacas indispensáveis a procedimentos cirúrgicos cobertos pelo
plano, não tenham decorrido outros prejuízos além daqueles experimentados por quem,
concretamente, teve o tratamento embaraçado ou teve de desembolsar os valores ilicitamente
sonegados pelo plano. Como categoria autônoma de dano, a qual não se relaciona necessariamente com
os tradicionais atributos da pessoa humana relativos à dor, sofrimento ou abalo psíquico, é possível
afirmar-se cabível o dano moral coletivo. Além disso, embora o mesmo direito não pertença, a um só
tempo, a mais de uma categoria de direito coletivo (direitos difusos, coletivos em sentido estrito e
individuais homogêneos), isso não implica dizer que, no mesmo cenário fático ou jurídico conflituoso,
violações simultâneas de direitos de mais de uma espécie não possam ocorrer. No entanto, na hipótese
não se vislumbra dano de ordem coletiva, cujas vítimas seriam os atuais contratantes do plano de saúde,
nem de ordem difusa, cujas vítimas seriam os indetermináveis futuros contratantes do plano. Os
prejuízos, na hipótese, dizem respeito a direitos individuais homogêneos. Na verdade, a cláusula
contratual restritiva permanece inoperante até que algum contratante venha a pleitear o serviço por ela
excluído. Antes disso, é mera previsão contratual abstrata, incapaz de gerar qualquer efeito fora da
idealização normativa avençada. Aplica-se a antiga – e cotidianamente repetida – ideia segundo a qual a
responsabilidade civil requer, de regra, ilegalidade da conduta (salvo exceções de responsabilização por
ato lícito), dano e nexo causal. Se é certo que a cláusula contratual em apreço constitui reconhecida
ilegalidade, não é menos certo que nem toda ilegalidade se mostra apta a gerar dano, circunstância essa
que se faz presente no caso em exame. REsp 1.293.606-MG, Rel. Min. Luis Felipe Salomão, julgado em
2/9/2014.
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Em uma mesma ação coletiva, podem ser discutidos os interesses dos consumidores que possam ter
tido tratamento de saúde embaraçado com base em determinada cláusula de contrato de plano de
saúde, a ilegalidade em abstrato dessa cláusula e a necessidade de sua alteração em consideração a
futuros consumidores do plano de saúde. O CDC expõe as diversas categorias de direitos tuteláveis pela
via coletiva. Com efeito, as tutelas pleiteadas em ações civis públicas não são necessariamente puras e
estanques – ou seja, não é preciso que se peça, de cada vez, uma tutela referente a direito individual
homogêneo, em outra ação, uma tutela de direitos coletivos em sentido estrito e, em outra, uma tutela
de direitos difusos, notadamente em ação manejada pelo Ministério Público, que detém legitimidade
ampla no processo coletivo. Sendo verdadeiro que um determinado direito não pertence, a um só tempo,
a mais de uma categoria, isso não implica afirmar que, no mesmo cenário fático ou jurídico conflituoso,
violações simultâneas de direitos de mais de uma espécie não possam ocorrer. Nesse sentido, tanto em
relação aos direitos individuais homogêneos quanto aos coletivos, há – ou, no mínimo, pode haver – uma
relação jurídica comum subjacente. Nos direitos coletivos, todavia, a violação do direito do grupo decorre
diretamente dessa relação jurídica base, ao passo que nos individuais homogêneos a relação jurídica
comum é somente o cenário remoto da violação a direitos, a qual resulta de uma situação fática apenas
conexa com a relação jurídica base antes estabelecida. Assim, eventual negativa indevida do plano de
saúde pode gerar danos individuais, concretamente identificáveis em posterior liquidação. Mas essa
recusa é antecedida por uma relação jurídica comum a todos os contratantes, que podem ou não vir a
sofrer danos pela prática abusiva. A mencionada relação jurídica base consiste exatamente no contrato
de prestação de serviços de saúde firmado entre uma coletividade de consumidores e a administradora
do plano, razão pela qual se pode vislumbrar o direito coletivo, e não exclusivamente um direito individual
homogêneo. Vale dizer, portanto, que há uma obrigação nova de indenizar eventuais danos individuais
resultantes da recusa indevida em custear tratamentos médicos (direitos individuais homogêneos), mas
também há outra, de abstrata ilegalidade da cláusula contratual padrão, e que atinge o grupo de
contratantes de forma idêntica e, portanto, indivisível (direitos coletivos em sentido estrito). Por outra
ótica, eventual ajuste da cláusula ilegal refere-se a interesses de uma coletividade de pessoas
indeterminadas e indetermináveis, traço apto a identificar a pretensão como uma tutela de interesses
difusos. REsp 1.293.606-MG, Rel. Min. Luis Felipe Salomão, julgado em 2/9/2014.
IMPORTANTE:
- Dano moral coletivo vs. dano social e difuso:
Dano moral coletivo Dano moral social e difuso
1) Atinge pessoas determinadas ou 1) Atingem a sociedade/interesses difusos
determináveis; (pessoas indeterminadas ou indetermináveis);
2) Atinge vários direitos de personalidade; 2) Causa rebaixamento do nível social ou
empobrecimento social;
3) A indenização é destinada às VÍTIMAS;
3) Indenização para FUNDO ESPECIAL ou
4) São, por natureza, danos extrapatrimoniais. INSTITUIÇÃO DE CARIDADE;
Portanto, somente atingem direitos
EXTRAPATRIMONIAIS. 4) Pode ser tanto indenização por DANO
MATERIAL ou EXTRAPATRIMONIAL.
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Nota:
- Aspectos importantes dos quatro novos danos:
1) O dano pela perda de uma chance é o dano potencial e não remoto. Indeniza as probabilidades iguais
ou superiores a 50%.
2) É possível a cumulação do dano estético com dano moral, tendo em vista que são espécies autônomas
do gênero danos extrapatrimoniais.
3) O dano moral coletivo atinge pessoas determinadas ou determináveis e a indenização será sempre
EXTRAPATRIMONIAL.
4) O dano social atinge tanto a indenização material quanto a extrapatrimonial e será sempre versado
sobre interesses difusos;
5) O dano moral (gênero) somente será presumido nos casos outrora tratados, tais como, por exemplo,
negativação, devolução de cheque sem fundo, uso indevido de direito de imagem, perda de membro.
Parágrafo único. Equipara-se a consumidor a coletividade de pessoas, ainda que indetermináveis, que
haja intervindo nas relações de consumo.
Art. 3° - CDC - Fornecedor é toda pessoa física ou jurídica, pública ou privada, nacional ou estrangeira,
bem como os entes despersonalizados, que desenvolvem atividade de produção, montagem, criação,
construção, transformação, importação, exportação, distribuição ou comercialização de produtos ou
prestação de serviços.
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8.2. Regra geral da responsabilidade civil no CDC (art. 6º, inciso VI – CDC)
Art. 6º - CDC - São direitos básicos do consumidor:
O consumidor tem direito à reparação nos aspectos materiais, morais, estéticos dos danos que vier a
sofrer por fato ou vício do produto.
“O consumidor inserto no art. 3º do CDC tem direito a ser indenizado, integralmente, caso sofra
qualquer tipo de dano. Será reparado em todas as suas esferas.”
8.3. EXCEÇÃO – Profissional liberal – responsabilidade subjetiva (art. 14, §4º - CDC)
Ex. Advogado; médico, exceto no caso da cirurgia plástica estética, caso em que será responsabilidade
objetiva;).
§ 1° O serviço é defeituoso quando não fornece a segurança que o consumidor dele pode esperar,
levando-se em consideração as circunstâncias relevantes, entre as quais:
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9.2. Vedada
c) Contratos de adesão;
d) Relações de consumo;
f) Contrato de transporte;
g) Contrato de guarda.
Art. 734 - CC. O transportador responde pelos danos causados às pessoas transportadas e suas bagagens,
salvo motivo de força maior, sendo nula qualquer cláusula excludente da responsabilidade.
Parágrafo único. É lícito ao transportador exigir a declaração do valor da bagagem a fim de fixar o limite
da indenização.
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