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Zera
Zera
- Livro transcrito.
- Erros de revisão mantidos.
- Número de páginas mantidos do original.
- Problemas de formatação por desconhecimento técnico.
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verdade, vive um esquema que já foi previamente programado desde o seu
nascimento.
O sucesso no Amor não é o prêmio dado àquele que investe sua vida na
conquista do ouro, do diploma, da profissão, ou do matrimonio, mas sim, é
o prêmio dado a todo aquele que se empenha na conquista de si mesmo.
ZERA
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Capítulo 1: Morrendo de Amor
Hugo tentava admirar sua cidade mais uma vez.
Abaixo de seu ponto de observação, 200 metros à frente, após a larga rua de
mão dupla, via-se o parque.
A sinfonia dos pássaros fazia fundo às canções das crianças que brincavam à
beira da lagoa, pulando corda, fazendo cirandas...
- Por que estão tão felizes? Qual é a graça? — murmurou vertendo uma
lágrima, que demorou vários segundos para atingir a calçada do alto
edifício onde se encontrava.
Já fazia uma semana que as lágrimas de Hugo lhe tiravam pouco a pouco a
capacidade mais importante de seus olhos: a de absorvera beleza. Fechá-los
ele ainda conseguia, porém, por noites e noites seguidas, os olhos fechados
não lhe traziam o sono que tanto precisava.
Perdera peso. Já não comia direito e seu corpo que antes já era magro,
agora se assemelhava a um lençol pálido repousado sobre um cabo de
vassoura ambulante.
O parque, onde passara boa parte de sua juventude, agora não parecia mais
ter vida. Tentava admirá-lo como nos velhos tempos, mas tal qual a visão de
um canino, não enxergava mais as cores.
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Apenas sua audição não tinha sido afetada. Ainda lhe permitia ouvir os
lamentos e choros que ele mesmo projetava sobre as paredes, que de tão
tristes mantinham-se em silêncio e inexpressivas. Como que
compartilhando da mesma dor e sentimento que seu morador.
Correndo os olhos por ela, era possível ver, à esquerda e à direita, carros de
polícia e bombeiros bloqueando seu perímetro.
Hugo era a estrela pela primeira vez na vida. Após anos no anonimato, tinha
agora seus 15 minutos de fama, talvez local, nacional, ou até internacional.
Não que quisesse ser famoso, mas, alguém que fique de pé sobre o parapeito
da sacada de um apartamento a mais de 100 metros do chão, é algo que não
se vê todo dia.
Já havia dez minutos que lhe batiam à porta tentando fazê-lo desistir,
pedindo-lhe para entrar, mas Hugo já tinha previsto isso. Bloqueara a porta
arrastando á ela toda a sua mobília de maneira que ninguém o pudesse
dissuadir.
Puxa... Essa é uma pergunta difícil de responder! Você mesmo sabe quem você
-
é?
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Debruçado sobre a sacada do apartamento ao lado, com a calma de um monge,
estava um homem que realmente chamava a atenção.
Era um personagem belo e ao mesmo tempo estranho, pois sua pele ainda
jovem contrastava com a mecha de cabelos brancos que tinha na cabeça. Na face
um cavanhaque indecifrável.
O homem fitava Hugo. Cada olho tinha em si um negrume tão sólido, que não
parecia ter íris ou pupilas, mas sim, apenas um buraco escuro que dava caminho
à sua alma.
Hugo titubeava enquanto permanecia preso no olhar de seu vizinho, sem saber a
quê se devia aquela paralisia que passava a dominá-lo. Seria a falta de forças
consequente dos dias que já não se alimentava? Seria o olhar, hipnótico que
estava a receber, como o pardal que cai às patas do gato que o marca para
morrer?
Como imaginei. Seu problema é coragem. Você não a tem! — seguiu o estranho.
Não entende? Mesmo que você pule e consiga acertar a calçada, isso ainda não
será coragem. É justamente a atitude de desistir da vida que mostra o quanto
você é covarde!
Hugo começava a confundir-se. Não sabia mais se pulava pela vergonha que as
palavras do homem lhe causavam, ou se ficava mais um instante para
praguejar e resistir à sua provocação.
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- Coragem é assumir o risco de estar vivo! É viver! — Continuou seu
vizinho, a quem nunca vira antes.
Você não devia estar aqui! Você não tem nada haver com isso! Deixe-me em
paz! — disse Hugo, utilizando-se de todo o orgulho que lhe sobrava.
Isso não vai acabar quando você acertar o chão. Nada vai mudar ou se
resolver. Depois que afundar-se na calçada você viverá exatamente aquilo que
vive agora. Não há como fugir. Terá que decidir sua vida, nessa ou em outra.
-Não... Muito longe disso. Sou um Sedutor disse o vizinho levando a mão ao
bolso da calça.
Era um policial que pulara da sacada de cima amarrado por uma corda, numa
tentativa de agarrá-lo e empurrá-lo para dentro enquanto ele sé distra ia
discutindo com o vizinho.
Hugo estava a salvo. Não mais iria aproximar-se do parapeito. Estavam todos
felizes e aliviados!
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sangue pelo chão. Ele batera a cabeça na queda e estava agora
inconsciente.
Torpor. Era o que sentia Hugo quando abriu os olhos. Ele estava imóvel sobre
uma cama de hospital. Somente os olhos se mexiam. O corpo imóvel parecia
relaxado, e por toda a sua extensão somente uma sensação de prazer e alívio.
Era como acordar com uma ressaca após um sono com pesadelos. De qualquer
forma, era sem dúvida o estado de maior tranquilidade que experimentara
durante aqueles dias.
Calma! Vai ficar tudo bem! — disse ela enquanto injetava no seu soro um líquido de
aspecto leitoso.
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Lembrou-se de seu vizinho, e das poucas palavras que ouvira dele antes de
cair. Com calma, deixou o orgulho de lado e começou a refletir sobre o sentido
daquilo que lhe dizia o homem que o distra ía.
Hugo comia com avidez as torradas e bebia sedento o leite sem açúcar de seu
café da manhã.
-Tem alguém que quer te ver — disse a enfermeira, que agora já era outra,
provavelmente cobrindo o turno daquela que acalmara Hugo na noite
anterior.
Enquanto esperava a entrada da visita, Hugo imaginava quem seria. Seria sua
mãe, que mesmo morando noutro pais teria sabido do ocorrido pela televisão e
teria vindo só para vê-lo? Seria a Karisa, que teria se comovido ao vê-lo
tentando se matar no telejornal?
Começou então a ouvir passos lentos e secos. Tal som lhe eliminou as
possibilidades até então pensadas. Quem seria?
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Muito obrigado! Você foi muito gentil!
Não sei... Sinto que tenho que agradecê-lo... Mas tenho que ser sincero:
sinto algo muito estranho em você!
-Eu sei. Devo pedir que me desculpe, Mas a conversa estranha que
tivemos ontem foi a forma que encontrei de ganharmos tempo. Eu sabia
que eles iam tomar alguma atitude, mas temi que você a tomasse antes
deles, os policiais que estavam no andar de cima.
Mas mesmo assim... Até agora não sei nada de você Como nunca nos
vimos antes, se mora no apartamento ao lado?
Me mudei para lá há pouco tempo. Mas quase nunca paro lá. Vivo mais
fora de casa do que dentro dela... Viajo muito.
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-Sabe... Eu também tenho que te dizer uma coisa: você tem sim muita
coragem! Estar vivo é uma prova de coragem todos os dias. Acredito que eu
só tenha conseguido chamar a sua atenção porque um dia eu já passei pelo
mesmo episódio que você passou ontem — disse o homem a sentar-se na
poltrona ao lado da cama.
-Não exatamente. Mas tentei também pôr um fim a minha vida... — levou a
mão à testa e continuou — Você não vai acreditar... Eu bebi uma garrafa inteira
de xampu da minha ex-esposa.
-Nossa! Digo... Acredito sim! Mas não deu certo então, graças a Deus! -
Graças a Deus, e aos brócolis que eu comi naquele dia no jantar. Os médicos
-Não sei se devemos conversar sobre isso agora... Digo... Você está se
recuperando não só da pancada que sofreu, mas também das feridas
emocionais que te afligiam, não é? Não quero dar-lhe mais coisas tristes para
pensar.
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-Me chamo Afim.
Escuta... Tem uma coisa que eu queria te perguntar, porque eu acho que não
ouvi direito. Você disse que era um Sedutor?
-Seduzo a tudo. É amor somente. Trato as pessoas com amor, e elas me tratam
com amor também. Simples assim.
-Acho que você falou esse nome antes de eu falar com você, não é? -
Sim.
-Era... - o olhar de Hugo foi para baixo, visivelmente triste, então continuou
- Sabe... Ela foi tudo que eu mais amei na minha vida... Mas parece que todo
o amor que eu dei à ela ainda não foi o suficiente_ Ela foi uma ingrata!
Eu não concordo! - Disse Afim acenando com o dedo no ar, imitando o jeito
de Hugo - Ela pode não ter te amado da maneira como você queria... Mas as
pessoas nos amam como podem!
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Hugo bateu com o punho no colchão, relutante:
E trair é alguma maneira de amor, por acaso? Fazer o outro sofrer é amor?
-
-Tudo na vida acontece por algum motivo. E esse motivo só existe para te ajudar
- disse Afim reclinado na cadeira, sem exaltar-se.
-Não consigo ver o quê de bom pode vir de uma desgraça assim! -
murmurou Hugo agora também se reclinando sobre o encosto de sua cama
olhando para o teto.
-Eu entendo a sua dor. Ela não é menor nem maior do que a que eu senti
quando bebi a garrafa de xampu. Eu agradeço todos os dias a mulher que me
traiu. Sem aquela desgraça, eu teria permanecido no comodismo, e nunca
teria descoberto o que eu descobri em seguida - Afim usou-se de mais um
silêncio proposital, que rapidamente surtiu efeito.
-Me conta esse segredo! É isso que estou precisando! - Disse Hugo
levantando as costas e virando-se de frente para Afim.
Afim olhou o relógio de bolso com atenção. Aquela seria uma longa
história.
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Capitulo 2: Uma Garrafa de Xampu
Afim era o filho que toda família sonhava ter, Gentil, comportado e
assíduo nos estudos e na igreja que frequentava.
Sua Vida era completa aos olhos de muitos. Filho de uma família de boas
condições financeiras e dono de uma mente sadia, o futuro de Afim
prometia ser brilhante.
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Paulo franzir a testa sempre que o via diminuto, pois já sabia sobre o que iriam
conversar a seguir.
As confissões sempre giravam em torno dos desejos de Afim. Logo cedo ele
percebera que dentro de si ardia um fogo incontrolável.
Era o desejo que sentia pelas irmãs que na igreja congregavam com ele toda
semana. Meninas simpáticas e muito belas, como todas as meninas que em sua
cidade nasciam.
Pelos anos que se seguiram, Afim criou também o hábito do segredo, pois os
anos de reprovação que sofrera de Paulo lhe fizeram ver que nem 10 rosários
por dia lhe ocupariam a mente o suficiente.
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Já na academia, Afim tivera a oportunidade de preencher sua mente com as
ciências da engenharia, e com os olhos verdes de Marta.
Ela era fulgurante. Os cabelos ruivos que contornavam a pele alva de seu rosto,
quando expostos ao sol, tomavam um tom alaranjado, que se estendia por suas
ondas suaves como as chamas de uma fogueira. Era uma musa de beleza ímpar.
Digna da inveja de todas as deusas.
Durante os anos de academia que se seguiram, Afim viveu o seu primeiro amor
platônico. Tão forte quanto todo primeiro amor. Porém, mais doloroso do que
tudo que já sentira.
Era como uma ânsia que lhe atacava o estômago e que passava o dia todo a
corroer-lhe, mas que à noite, e somente à noite na hora de dormir, o aliviava e
permitia que dormisse, para que então, voltasse a vê-la enquanto sonhava.
Algo precisava ser feito antes que aquela infecção de amor lhe dominasse por
completo. Mas o que poderia fazer?
Como que por ironia de uma infância culpada, o amor que sentia por Marta era
ainda um pecado para Afim, assim como tudo que confessava a Paulo. A musa a
quem se via entregue era nada menos que a namorada de um dos maiores
empresários da cidade. Um homem grisalho que tinha no mínimo o dobro da
idade dela. Não era mentira que Marta estaria muito melhor servida por um
jovem viril como Afim, porém, a fortuna de seu namorado se estendia sobre um
vasto império comercial que atingia até mesmo as cidades vizinhas.
A ferida aberta no peito de Afim aumentava à medida que sua amizade com
Marta crescia e se aprofundava. Eles eram muito próximos e
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confidentes. Afim sentia a certeza de que encontrara a sua mulher, e também
sentia que Marta o apreciava à altura. Também pudera: Afim teve 4 anos para
mostrar cada um dos traços de seu caráter e todo o seu brilhantismo à ela.
Era inverno e o vento frio cortava o rosto de Afim. Numa tentativa de aliviar o
fardo que carregava, tomou um trem e foi para sua cidade natal fazer uma
surpresa para sua família e ter com seu reverendo a conversa que havia tempos
não tinha.
Reverendo Paulo!
Afim, meu filho! Há tempos não conversamos! Lembro-me de que na sua infância
ainda nos falávamos com frequência, mas depois que se tornou rapaz os estudos o
deixaram um pouco ocupado para lembrar-se de mim, não foi?
Nunca esqueci a nossa amizade, Paulo. Aliás, ela me ajudou por todos esses
anos a chegar aonde cheguei. Sou muito grato ao senhor.
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Paulo envelhecera muito durante os anos da juventude de Afim. Seus cabelos
agora eram todos brancos, mas no seu rosto a ternura ainda marcava presença
mesmo por trás dos óculos cujos graus aumentavam anualmente.
Diga-me então, filho, o que trouxe para me contar? — Disse Paulo a sentar-
se e indicar o banco para que Afim fizesse o mesmo.
Aleluia, Afim! Que maravilha! Deus tem a companheira ideal e ela está
reservada a todo homem que se mantiver firme na doutrina! Mas... Você não
me parece estar tão feliz quanto deveria... O que se passa dessa vez? — disse
Paulo se aproximando de Afim.
Eu a amo com todo meu coração, reverendo... Mas sinto-me ainda um pecador.
Ela é a namorada do Carlos Castanha.
Deus do céu! Deus do céu! - disse e repetiu Paulo, fazendo o sinal da cruz sobre o
peito duas vezes — Afim! Você perdeu o juízo? Cobiçar a mulher do próximo é
um pecado sem tamanho! Ainda mais se tratado da mulher de Carlos Castanha!
Ele é o homem mais poderoso da região! — Paulo, de tão nervoso, levantou-se do
banco.
Mas nada! Eu também sabia! Esses anos todos que esteve distante deixou se
influenciar pelo demônio! Você nunca se afasta do pecado!
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-Como pode querer sempre aquilo que não te pertence? De quê lhe
serviram todos esses anos ouvindo a palavra? Você vai arder no inferno para
todo o sempre e será...
Somente seu travesseiro lhe sabia ouvir sem julgamentos, e foi com ele que
se confessou a noite toda. Confessou-se chorando e soluçou até dormir.
No dia seguinte, Afim não podia explicar à Marta a razão de seus olhos
estarem tão vermelhos e inchados. Ela tentou confortá-lo como pôde, mas
naquele dia Afim não disse palavra. Estava a transformar-se. Aceitara seu lado
profano, pois já não conseguia duelar com ele. Contudo, a força de seu
caráter o impedia de revelar suas verdadeiras intenções para Marta, pois
sabia que se o fizesse, corria o risco de incutir-lhe a ideia de adultério, e
macular a imagem de sua amada era uma hipótese que ele
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não aceitava. Esperaria 100 anos se fosse preciso, mas jamais se declararia enquanto
ela estivesse com Carlos.
Era chegado o dia de tomar o trem e deixar seu alojamento. Fez questão de
despedir-se de todos os amigos e amigas e firmar contatos com os mesmos de
maneira que a amizade pudesse se estender mesmo com a distância. Mas fez
questão de deixar por último a despedida que lhe seria mais difícil.
Parece que ela tinha pensado a mesma coisa, e quando Afim chegou à casa de
Marta, ela já estava com os olhos marejados:
Marta! O que foi? Parece que estava chorando, ou quase para chorar... —
Perguntou Afim.
Sabe... Hoje eu me despedi de muitos dos amigos com quem estudamos juntos.
Mas agora enquanto eu te esperava, não sei... Eu comecei a chorar. Me dá
um abraço?
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Eles se soltaram. A face de Afim acabara de mudar-se completamente.
Agora estava com os olhos mais vermelhos que os de Marta e as lágrimas de
seus olhos já pingavam pela barba do queixo. Tanto para se falar... Afim
parecia querer declarar-se, mas à cada tentativa, a voz não lhe saía à garganta.
Talvez impedido por seu anjo da guarda que sabia que aquele não era o
momento.
Passaram ali alguns minutos a conversar, mas quanto mais falavam da vida
que os aguardava lá fora, mais distantes se sentiam, e mais lenços de papel
levavam ao rosto. Era uma cena de muitos significados. Ambos choravam a
distância que os separaria. Tamanha importância mútua, seguida dos
olhares profundos que trocaram durante 4 anos, era a prova de que eram
almas gêmeas, as quais somente uma lâmina podia separar. Mas o que mais
doía em Afim era constatar ali que ela sentia o mesmo por ele, mas não
podia admitir isso. Preferia esconder de Afim, de seu namorado, e até de si
mesma. Trocaram os últimos contatos para que nunca se perdessem um do
outro. Antes que Afim se fosse, Marta entregou-lhe um origami. Era um
Tsuru. O primeiro que ela conseguira fazer em toda sua vida. Deu-lhe como
amuleto desejando-lhe proteção e boa sorte.
Um ano se passara.
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Passava seu dia num transe hipnótico vivendo exatamente como um androide.
Parando de cumprir suas tarefas apenas no momento de recarregar a bateria. O
alarme do despertador era o botão que o ligava e tirava da tomada todos os dias.
Era estranho. Mais de duas décadas de sua vida, batalhando por sua formação,
agora convergiam para aquele momento, que aparentemente representava
sucesso, realização pessoal e profissional. Mas Afim aos poucos começava a
despertar do transe no qual se aprofundara e estava percebendo aquilo estava
longe de ser a plenitude que esperava sentir.
Todos os poucos a quem confessava essa sensação diziam-lhe que o que lhe faltava
era uma companheira. Afim torcia o nariz, pois sabia que, em partes, isso poderia
estar certo.
Numa certa manhã de sábado, Afim tomava seu café quando na televisão passou
uma notícia:
"Hoje, á meia noite, foi preso pela Polícia Federal o empresário Carlos Castanha.
Envolvido com jogo do bicho, tráfico de armas e lavagem de dinheiro, Carlos
mantinha várias empresas ao redor de sua cidade para encobrir a origem de seus
verdadeiros lucros, que eram na verdade, provenientes do crime. A polícia o
mantém preso em cela especial até a data do julgamento".
Afim correu para a janela. Queria atirar-se por ela e voar pelo céu como um
pássaro.
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Agora deitado a agradecer, Afim saudava seu lado demônio, que se
abraçava com seu lado santo. Sabia o horror que estava a praticar
felicitando-se pela desgraça de Carlos, mas não havia maneira de esconder
a felicidade que lhe brotou no coração e agora saía pelos olhos, boca, nariz e
até ouvidos.
Deitado sobre o tapete da sala, Afim olhava, calmamente e sorrindo, o relógio
de parede. Passaram-se mais de 30 minutos que estava atrasado para seu
trabalho e sequer tinha tomado banho.
Levantou-se de estampido e correu para o chuveiro. Banhou-se como um gato.
Correu para seu guarda roupas, e antes de vestir-se, arrancou as páginas
finais do seu caderno de faculdade que ainda guardava consigo. Dobrou-as
rápido e gentilmente as colocou num envelope. Ele não iria trabalhar.
Entrou em seu carro e saiu acelerado. Ele tinha uma entrega especial.
Urgente. Nem mesmo o melhor sistema de correios poderia fazer essa
entrega na velocidade precisava.
Uma hora depois, estava em frente á casa de Marta, porém estava tudo
fechado. Não sabia se batia á porta ou não. Saiu de seu carro e colocou o
grosso envelope na caixa de correspondência com os dizeres: "aos
cuidados de Marta". Colocou seu nome no remetente e saiu.
Já se passava da metade do dia e ele estava de volta à sua casa. Conferiu seu
celular e nele havia mensagens preocupadas de seus colegas de trabalho lhe
perguntando por que não viera trabalhar naquele dia. la começar a
respondê-las quando o celular tocou. Era Marta:
Afim não conseguia falar, mas com o pouco de voz que teve, tratou de
informar à Marta as coordenadas de sua casa.
Ele não podia acreditar! Uma resposta tão rápida e em seguida poderia vê-
la de novo, como havia um ano não via. Prontamente voltou às
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mensagens que ia responder em seu celular. Pensou em dar satisfações
respeitosas para explicar sua ausência. Refletiu por alguns segundos, e logo
enviou a todos: "Estou bem. Não se preocupem". Não era nada respeitoso de
sua parte, porém, não havia mais nada em sua cabeça. Era a resposta mais
sincera que tinha. Arrumou seu apartamento, arrumou a si mesmo e
esperou.
Em menos de uma hora Marta estava no portão de seu condomínio com uma
mochila e pedindo para subir. Ela estava subindo. Com que expressão iria
recebê-la? Seria a alegria uma boa recepção para uma mulher cujo
namorado acabara de ser encarcerado? Mais uma vez parou de pensar.
Pensar apenas o sabotava. Até que a porta soou batidas que vinham de fora.
Abriu a porta e viu sua musa com o rosto coberto de lágrimas, que lhe fitou
por um segundo, mas que logo o agarrou pela nuca e o beijou na boca sem
sequer dizer "olá".
-Eu sempre te amei, Afim! Desde o primeiro minuto — dizia isso enquanto de
seus olhos ainda fechados escorriam lágrimas que se juntavam às que
também estavam a sair dos olhos dele.
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liberava suspiros em notas que Afim jamais ouvira antes. Era uma nova
sinfonia, na qual ele fazia um dueto, emitindo os sons do prazer que lhe
tomava todo o corpo, a mente e a alma.
Foram para o chuveiro, e depois para a cama de seu quarto. Não para
descansar.
Não havia mais trabalho, não havia mais metas, não havia mais realidade fora
daquela casa. Estavam certos de que a única coisa real entre o céu e a terra era
o amor que ali praticavam.
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contemplar em casa. E ela o amava tanto... Como conseguiria ocupar-se de algo
mais na vida que não fosse o amor que conhecera?
Uma semana depois se casaram. O casamento mais rápido que as famílias dos dois
jamais tinham visto. Até mesmo o reverendo Paulo se espantou. Uma cerimônia
memorável selava o romance dos dois, que agora, em sagrado matrimônio,
mudaram-se para uma casa no subúrbio para viver uma lua de mel interminável.
Um ano se passou e Afim se dedicava agora somente à sua amada e aos trabalhos
de artesanato e marcenaria, que lhe davam menos dinheiro que a profissão
anterior, mas que lhe permitiam empregar o seu amor numa forma de arte que
lhe possibilitava passar mais tempo em casa. Marta, porém, declarou não querer
depender exclusivamente da renda de seu marido e arrumou um emprego mais
ao centro da cidade.
Os anos foram se passando, e Afim, que passava o dia todo sozinho em casa,
aprendeu a conviver com a saudade que tinha de sua esposa diariamente.
Todas as noites quando ela chegava do escritório, Afim montava a mesa e lhe
servia o jantar que preparava durante as horas anteriores.
Após 3 anos, Afim estava vivendo uma crise em seu relacionamento. Queria um
filho, mas Marta se negava a concebê-lo. Ele não conseguia entender a razão da
recusa dela em gerar seu descendente.
Numa manhã de outono, Marta se despediu de Afim e saiu de casa para trabalhar.
Ele olhou para o sofá e viu que ela tinha esquecido sobre ele o projeto da casa que
iria entregar de tarde. Afim pegou o trabalho, a chave do seu carro e saiu atrás
de Marta.
Tentava chamá-la pelo celular, mas ele devia estar dentro de sua bolsa, pois ela
não o atendia. Próximo à rua que dava acesso ao escritório onde ela trabalhava,
Afim avistou seu carro. Tratou de segui-lo. Mas algo estava errado. Aquela não era
a rota que a levaria para o trabalho. Será que ela iria passar em algum lugar
antes? Se fosse, iria acabar se atrasando.
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O trânsito não permitia que seu carro chegasse próximo ao dela. Por
muitos minutos seguiu-a distante pela marginal por um caminho muito
oposto ao destino que imaginava. Até que a viu entrar com o carro pelo
portão de uma mansão.
Parou o carro. O calor subiu á testa de Afim. Começou a esfregar seu rosto com
as mãos procurando uma resposta. O que ela fazia ali naquele lugar? Ainda
estacionado, Afim atendeu Marta ao telefone:
Amor! Eu esqueci em casa o trabalho que ia entregar de tarde. Pode
deixar que eu vou passar a í na hora do almoço, tudo bem? — Ela pensava que
ele estava em casa.
Despediram-se.
Afim não queria acreditar, mas a verdade estava ali diante de seus olhos. Marta
estava escondendo algo. Sentiu-se traído. Chorou sobre o volante enquanto
seus pensamentos lhe torturavam. Reclinou-se. Decidiu esperar até que sua
esposa saísse de lá.
3 horas depois, o carro de Marta saiu pelo portão. Afim estava parado
poucos metros à frente, com os braços cruzados e uma expressão de
angústia. Marta logo o viu e saiu do carro para falar com ele:
-Afim, o que está fazendo aqui? — disse ela com espanto, mas com algo a mais
por trás dos olhos arregalados.
Ele não se moveu. Com os olhos vermelhos ficou ali a encará-la enquanto
coçava a barba com a palma da mão que tremia.
Ela não tinha o que falar. Baixou sua cabeça e escorou as costas na porta do
carro. Levou as duas mãos à face cobrindo-se de vergonha. Afim debruçou-
se sobre o teto de seu carro e enxugou lágrimas silenciosas. Estava tudo
esclarecido. Na mansão ela acabara de traí-lo. Seu silêncio confirmava aquilo
que o olhar de Afim estava a dizer.
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Afim entrou no carro e partiu. Marta o seguiu. Foram para casa.
Lá, Afim pegou duas grandes malas e encheu-as com suas roupas e
algumas coisas do banheiro. Marta, sobre o sofá, enxugava o rosto e olhava
para ele. Pedia-lhe que falasse com ela, mas ele estava mudo. Não que não
quisesse falar, mas simplesmente não conseguia.
-Afim! Fale comigo! Por favor! —soluçou Esse seu silêncio me mata! Me perdoe!
Por favor! — soluçou novamente — Me diz alguma coisa, nem que seja uma
praga! — Disse ela ao vê-lo cruzando a porta.
Com o olhar firme e injetado nos olhos de Marta, Afim cingiu a mão no ar e
disse:
Marta tentava segurar-lhe a mala para que ele não saísse pela porta. Mas Afim
puxando a alça com força acabou por derrubar a mulher, que caiu com as
mãos sobre a soleira da porta.
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A recepcionista o olhava com espanto, pois sabia que algo de horrível se passava
por dentro daquele homem, mas não teve coragem de perguntar-lhe sobre. Sorte
de Afim, pois se tivesse que tocar no assunto, mesmo que brevemente, iria ruir em
lágrimas ali mesmo.
No quarto, com uma toalha na boca abafando a voz e encolhido sobre a cama em
posição fetal, Afim urrava. Não abriu a janela. Queria o escuro, pois talvez o
fizesse dormir.
Mas o sono relutava em chegar. Somente no meio da madrugada, após alguns
comprimidos, pegou um travesseiro seco e adormeceu.
Acordou no dia seguinte somente no período da tarde. Estava com uma dor de
cabeça insuportável. Mais comprimidos tomou. Foi ao chuveiro, vestiu-se, olhou
para o espelho. O rosto pálido e inchado não mais gotejava. Estava catatônico.
Desceu para a recepção e pagou sua segunda diária.
Já era chegada a hora do jantar e tratou de levar para o quarto algo que pudesse
comer. Seu estômago já estava a se corroer de tão vazio.
Em seu quarto, colocou a comida sobre a mesa e pegou os talheres. Porém, o
instinto do costume que criara nos últimos anos logo o fez montar. a mesa,
alinhado o copo, o garfo e a faca. Sentou-se para comer. Olhando para a cadeira
solitária à sua frente, começava a enxergar os olhos de Marta projetados na
parede adiante.
A cada porção que comia mais se lembrava dela e de como ela o fitava durante
as refeições. Era uma alucinação.
Comeu somente os brócolis que tinha em seu prato. Levantou-se da cadeira e
puxou a mão de sua miragem para dançar como sempre faziam. Por alguns
minutos dançou sozinho de pé sobre o assoalho. Foi ao banheiro e lá viu o
xampu que trouxera consigo na mala. Não tinha reparado, mas na pressa com
que se aprontou para sair, ao recolher seus produtos de cuidados pessoais, acabou
por pegar sem querer também o xampu de Marta.
Era um aroma tão refinado que se exalava até mesmo com a garrafa fechada.
Pegou-a e voltou para o cômodo onde estava. Agora abraçava a garrafa e a
cheirava como se estivesse a perder-se entre os cabelos de Marta.
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Abriu os olhos. A alucinação parecia ter acabado agora que já não sentia mais
fome. Porém não queria a realidade. Olhou para a mesa e viu-a vazia de novo.
Piscou os olhos com força. Olhou para a garrafa, olhou para a carteia de
comprimidos sobre o criado mudo... Abriu-os todos e os colocou na palma
da mão. Engoliu-os em seco. Contudo, não pareciam querer passar adiante
pela sua garganta. Ergueu a garrafa no ar, tocou-a nos lábios e verteu-a boca
adentro em goles fartos.
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aposentar-se. Contudo, a pompa com que se vestia e o cuidado que tinha com
a sua aparência o tornavam uma figura fascinante, pois dele irradiava energia e
juventude. A voz calma e serena. O olhar terno e meigo, porém firme. Vestia
sobre o braço direito uma faixa de cor vermelho escuro.
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Capítulo 3: A Irmandade
-Sabe, Hugo... Eu entendo bem o que você sente. Acontece que nesse exato
minuto, diferentes homens ao redor do mundo passam pela mesma situação
que você passa agora Afim o olhava agora com um sorriso paterno entre
os lábios - Nenhuma dor é maior do que a própria dor. Nenhuma rejeição
dói mais do que a rejeição. Nenhuma desilusão dói mais do que a desilusão.
No meio do caminho sempre haverá uma pedra. Porém, um homem pode
encontrá-la, tropeçar e praguejar. Outro pode juntá-la a outras e edificar
uma casa. Um menino pode usá-la como brinquedo. Um artista pode esculpi-
la... Sempre encontrará pedras... Mas é você quem decide o que fará delas.
Por uni minuto, Hugo manteve-se em silêncio absorvendo cada palavra do que
acabara de ouvir:
Você disse que Lanto vestia uma faixa vermelha escura sobre o braço
direito... Era parecida com essa que você está vestindo agora? - Perguntou
Hugo apontando para o braço de Afim.
Sim. Era igual a essa.
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-Isso me intriga. O que significa essa faixa?
A enfermeira entrou:
Senhor, o horário de visitas terminou - Disse ela fitando Afim com os
olhos a brilhar.
Obrigado por avisar-me, querida - disse Afim virando-se para trás para vê-
la.
Afim continuou de costas para Hugo e permaneceu penetrado nos olhos da
enfermeira. Be começava a ruborescer as têmporas. Era como se tivesse
acabado de ser acometida por uma febre instantânea.
Dois dias se passaram. Hugo estava ansioso para sair daquele centro de
reabilitação emocional. Como todo paciente suicida, foi colocado sob
observação e aconselhamento. A todo o momento refletia sobre o que
conversara com Afim. Sabia que se não fosse a sua visita em seu leito de
hospital, provavelmente teria dado a si mesmo como louco e teria o
mesmo fim daqueles com quem agora dividia banhos de sol pelo pátio
daquela instituição.
Estava em meio a pessoas psicóticas, deprimidas e que tinham cometido a si
mesmas coisas até piores do que a que quase cometera a si mesmo. Aquele
convívio doentio já estava a fartar-lhe.
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Quis ter a mesma sorte que Afim e ser atendido por Lanto, porém ele não
atendia naquele centro. Aliás, o mesmo já deveria ter se aposentado.
A entrevista final de avaliação mental foi muito rápida. Hugo parecia ter sido
colocado lá por engano. O psicólogo que o entrevistou, ao ver a clareza e a
vontade de recomeçar estampadas no rosto de Hugo, não hesitou em
assinar-lhe a carta de sanidade. Estava livre.
.
Hugo foi levado de volta ao se 0 apartamento. Chegou empolgado.
Arrumou a mobília que bagunçara anteriormente e deitou-se no sofá.
Dormiu.
Já era noite quando acordou cheio de energia. Queria dar os próximos passos
na vida nova que o aguardava. Acendeu as luzes, pegou o cartão que
recebera de Afim e ligou.
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outros, atirando flechas com pontas em formato de coração enquanto caçava
na companhia de um lobo azul celeste que tinha na cintura um punhal. Ao
fundo, a escultura do busto de um lobo cinzento trajado à rigor com uma
cartola na cabeça. Aquelas obras não transmitiam somente beleza, mas
também muita energia enquanto descreviam um mundo totalmente diferente
no qual Afim parecia viver.
Hugo já chegou. Estou indo, Afim! — disse a morena que avançou sobre ele
dando-lhe um terno beijo na boca enquanto o abraçava despedindo-se.
Semana que vem nos vemos de novo, ok?
Ok! Boa viagem!
Quero dar os próximos passos. Quero que me conte como foi que
encontrou a luz — disse a Afim todo animado.
Sim. Posso te contar. Porém, devo antes pedir-lhe que guarde segredo
sobre tudo o que vou lhe dizer disse Afim com uma seríssima expressão no
rosto.
Sim. Posso guardar segredo.
Ótimo. Bom... Na verdade, Hugo, já confio em você desde o primeiro
instante. Queria que pudesse enxergar também as coisas que enxergo, mas
agora pode ser que não as veja. Você é protegido. O amam muito...
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Do que Afim estava a falar? Hugo se perguntava, mas não ousava
interromper Afim, que prosseguiu:
-Eles me chamaram para salvar-lhe naquele dia em que se precipitou
sobre o parapeito da sacada.
-Eles quem?
Seus mentores. Seus amigos espirituais. Principalmente um senhor
chamado Gaspar.
O rosto de Hugo congelou. Como poderia Afim saber o nome de seu
finado avô? Já não sabia que outras estranhisses poderia esperar daquele
homem. Novamente negou-se a interrompê-lo:
-Sabe Hugo, existe uma razão muito bem embasada e premeditada por
trás de tudo o que acontece em nossas vidas. E o nosso encontro não foge
à essa lei.
Hugo mexia a cabeça em concordância.
Afim prosseguiu:
Sinto que devo compartilhar com você o segredo que me guiou das
trevas à luz. Você o merece e sei que não fará mau uso dele. Do contrário,
não estaria aqui na minha sala. Posso ver em sua aura o caráter que tem.
Não há como esconder isso de mim.
Hugo olhava para Afim e agora já acreditava em tudo o que Afim dizia.
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E como posso ter acesso a esse conhecimento?
Depois de amanha será a Conferência Internacional dos Sedutores, onde
poderá conhecer nossa Alcateia. Vá para seu apartamento. Arrume uma mala.
Iremos para Barcelona amanhã.
Barcelona, Espanha? Amanhã? Amanhã tenho que voltar ao meu
trabalho! Já me encheram de mensagens. Estão preocupados com a
minha ausência— Disse Hugo com os olhos arregalados.
-Percebe? Eles estão preocupados com a sua ausência. No mundo do
trabalho somos percebidos por aquilo que produzimos. Quando não
produzimos percebem que estamos ausentes. Ninguém nunca se
preocupou com você, com o seu interior e com o que você estava a
passar... E nunca será diferente enquanto caminhar por esse mesmo
mundo externo, onde você não é visto como pessoa, mas sim como o
empregado.
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Chegados ao aeroporto, tomaram um táxi e foram para o Hotel Pulitzer onde
se hospedaram e esperaram a grande noite da conferência.
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realmente. Ele chegou a vestir a última faixa de nossa irmandade e
estudou todos os pergaminhos mais raros. No nível em que ele se
encontrava, sua presença era realmente mística. Ele desenvolveu o seu
potencial a tal ponto, que conseguia afetar a realidade. Não só a dele, mas
também a de quem mais estivesse por perto. Por vezes ele curou pessoas
apenas canalizando suas energias e foi capaz de proezas que desafiavam as
leis da física, o que o marcou na história da humanidade como sendo um
mago negro. O que o marcou como um dos maiores líderes da Alcateia,
além dos conhecimentos de hipnose, magia, persuasão e engenharia social,
foi o fato de ele ter dormido com mais de 7mil mulheres diferentes antes
de morrer. Ele não era nenhum modelo de beleza... Então... Era de se
estranhar que um homem tão feio tivesse tanto sucesso com as mulheres. Isso
motivava todos os novatos que limitavam as suas mentes com crenças acerca
da pouca beleza que tinham. Quando Rasputin finalmente criou a Técnica dos
Cinco Pontos que Explodem o Coração, ele foi sublimado e vestiu a última
faixa.
-Técnica dos 'Cinco Pontos que Explodem o Coração? Eu pensava que isso
era coisa de filme de Artes Marciais! — Disse Hugo novamente espantado.
Sim. Eu a vi sendo citada num filme assim também. Porém o diretor
apenas estava fazendo referência a uma das técnicas mais poderosas das Artes
Venusianas.
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No táxi, Hugo se maravilhava com as luzes da Rua La Rambla, que à noite,
parecia um céu estrelado em Terra. Alguns quilômetros seguiram, até que
adentraram por uma rua cujas calçadas estavam ladeadas por numerosos
carros de luxo. Avistaram à frente uma enorme mansão de cores douradas e
lilases.
Hugo percebeu que não era o único novato à medida que foi adentrando o
recinto e vendo outros poucos homens que não usavam faixas. Talvez uns 3
além dele. Esses também o cumprimentavam como se já o conhecessem, em
outros idiomas que jamais ouvira antes.
Chegaram juntos até outro amplo ambiente onde havia retratos de alguns homens
pendurados pela parede. Os primeiros da parede eram fotos de esculturas
aparentemente muito antigas. Em seguida vinham fotos em
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preto e branco. Após essas, outras em cores. Alguns sozinhos, outros
abraçados a belíssimas mulheres. Abaixo de cada retrato havia o nome de cada
um deles. Hugo começou a ver alguns nomes que lhe eram familiares:
Ovídio, Lancelot, Leonardo da Vinci, Giacomo Casanova, Don Juan Tenório,
Grigori Rasputin, Sigmund Freud, dentre outros mais recentes na história
que eram celebridades da música e da arte que inclusive já tinha visto na
televisão, mas que jamais imaginara ver naquela parede.
Havia ali mais de mil cadeiras, sendo que as da frente tinham um estofado de
camurça vermelho.
Hugo estava na primeira fileira, ladeando Afim, que por sua vez ficava ao lado
de Lanto que estava numa cadeira à beira do corredor que dividia os dois
grupos de aproximadamente 500 cadeiras cada um.
Quando uma equipe de rapazes em cima do palco acenou para Afim, esse se
levantou e caminhou até eles. Agradeceu-lhes e posicionou entre a orelha e
a boca uma espécie de microfone sem fio, o qual testou dizendo algumas
palavras em inglês. Aquele seria o idioma no qual se seguiria a reunião, talvez
por ser o mais falado do mundo. Hugo não ouvira nada sobre isso, mas agora
via que Afim era um homem importante dentro da Alcateia, pois recebera a
incumbência de falar com todos, talvez por ser um dos que mais soubesse
ali dentro.
41
hoje nos conhecimentos de nossa arte. Sejam todos muito bem vindos! É a
vocês que dedico a primeira parte do meu discurso, pois sei que muitas são as
dúvidas que estão em suas mentes agora. Afinal, trata-se de uma sociedade
secreta, portanto, cheia de mistérios que até mesmo nós, veteranos, não
conseguimos desvendar em sua totalidade. Se estão aqui, sei que são de
confiança e sei também que não preciso lembrar-lhes de guardar segredo
sobre tudo o que ouvirem aqui hoje.
Originou-se entre homens que viveram em períodos muito remotos, mas que
tinham em comum entre si o amor pela mulher e a busca pelas habilidades e
poderes que as fariam desejá-los. Esse conhecimento que tinha o poder de
atrair qualquer mulher foi chamado de Sedução, e seus praticantes se
denominavam Sedutores. Sabemos que a mulher é o verdadeiro eixo sobre o
qual giram todos os esforços de realização do Homem.
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um ano profetizado como sendo o ano das grandes revelações da
humanidade. O fim do mundo segundo os mais antigos calendários.
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As técnicas de sedução continuam sendo muito efetivas, mas aqui dentro não
focamos somente nelas, pois estudamos a lapidação de nosso ser a um nível que
qualquer um que a pratique torna-se atraente aos olhos de qualquer mulher.
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Hoje é um dia especial, pois teremos mais discursos especiais com as
descobertas de outros célebres integrantes de nossa Alcateia. Teremos
também mais tarde o Ritual Rôgona, no qual serão dadas as faixas que
alguns membros conquistaram ao longo desse ano. E por fim, ao mesmo
tempo em que se dará o Ritual Rôgona, se dará também o Ritual InaMaral,
no qual será feita a entrega dos primeiros pergaminhos para aqueles que
começam hoje suas novas vidas".
Passaram por um trecho de jardim muito florido, que de dia deveria ser
belíssimo, mas que naquele momento era iluminado apenas por apenas sete
tochas colocadas ao longo do caminho estreito. Havia adiante um enorme
casarão cujas paredes eram dominadas por trepadeiras que subiam mais de
10 metros de altura até o telhado. Nenhuma luz vinha de dentro. A única
iluminação de que dispunham eram as velas do castiçal carregado pelo
chaveiro. À medida que se aproximavam, ouviam latidos de cães que
pareciam vir de dentro da casa escura. Os latidos aumentavam cada vez
mais, até que chegaram à porta de entrada.
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O chaveiro, ainda inexpressivo, falou:
-Adiante se encontram três salas. Uma dá acesso à outra. Contudo, as portas
que dão acesso entre uma e outra estão trancadas. Tenho aqui uma chave
para cada um de vocês — disse erguendo quatro chaves douradas que
pendiam de cordões compridos — São Chaves Mestras, ou seja, a mesma
chave abre todas as portas. Ao passarem pela última porta, chegarão ao
santuário onde serão iniciados. Lá há um sino. Toquem-no oito vezes ao
chegarem lá e esperem.
O homem pegou uma das chaves douradas e abriu a porta. Porém, o cômodo
que se mostrou estava totalmente escuro.
O chaveiro tirou uma vela do castiçal para dá-la ao homem. Mas antes de
entregá-la soprou sua chama apagando-a:
Tome — disse o chaveiro ainda inexpressivo.
O homem titubeou ao receber a vela apagada. Que piada seria aquela? Não
teve coragem de perguntar ao chaveiro, pois pela expressão de seu rosto não
aparentava estar fazendo piada alguma. O homem inflou o peito e adentrou
o cômodo escuro.
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Os latidos aumentaram. O chaveiro fechou a porta que tinha sido aberta. Mais
latidos. Os segundos se passavam. Todos do lado de fora estavam apreensivos.
De repente ouviu-se um grito. Algo aconteceu.
Abrindo a porta desesperado saiu o homem com a roupa rasgada à altura do
ombro. Sua mão sangrava.
Você está louco? Como poderei chegar ao final com tantos cães lá
dentro? Eu desisto! — disse ele ofegante ao chaveiro.
-Volte para o salão. Lá terá os devidos cuidados—disse o chaveiro sem mudar
a face.
Hugo refletiu brevemente. O que seria a sua vida a partir dali, se voltasse para
casa sabendo que falhara com a maior oportunidade que jamais tivera? A
vida que experimentaria ao desistir não lhe parecia melhor do que a que
poderia viver se conseguisse chegar ao final da prova, mesmo que ferido.
Respirou fundo, pegou a chave e entrou sem pegar a vela apagada que o
chaveiro lhe estendeu.
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No cômodo em que adentrou não parecia haver nada. A porta se fechou atrás
dele. A escuridão era sólida. Ali parado, ficou alguns segundos a ouvir os
latidos dos cães que lhe aguardavam no cômodo seguinte. O medo era
tanto, que pensou em voltar. Mas lembrou-se de Afim e pensou: "se ele
conseguiu, eu também consigo!". Caminhou adiante, tocou na maçaneta da
porta e ela se abriu. Estava ainda destrancada graças ao homem que tinha
se ferido.
Hugo adentrou o cômodo seguinte. Seu coração parecia estar batendo na
garganta. Os latidos eram furiosos e ele sentia que podia ser atacado a
qualquer momento. Seu corpo estava começando a paralisar-se novamente.
Pensava em tatear as paredes em busca de algum interruptor com o qual
pudesse acender a luz, mas os latidos o faziam recuar com as mãos. Ali
naqueles breves segundos de pé viu que os cães não o atacavam, embora
não parassem de latir. Aquilo lhe deu algumas gotas de conforto, mas sem
demorar-se, rumou na direção em que estava, caminhando lenta e
retamente. Hugo bateu sua testa numa superfície, que pelo som, parecia ser
de madeira. Ele não podia acreditar. Seria a porta que daria acesso ao
cômodo seguinte? Correu as mãos pela superfície e encontrou uma maçaneta.
Com as mãos tremulas pegou a chave, colocou-a na fechadura e a girou.
Estranhamente, a porta não estava trancada. Será que o candidato anterior
tinha conseguido cruzá-la? E se mesmo ao cruzá-la ele ainda tinha sido
mordido, será que ali haveria mais cães ferozes?
Após essa reflexão, o seu medo aumentou. Mas agora já era tarde para voltar
atrás. Avançou adentrando o próximo cômodo.
Ali não parecia haver mais cães. Fechou a porta e escorou-se de costas nela
como que se deitando. Sentia-se aliviado. Os latidos vinham de trás, o que lhe
aliviou um pouco, pois o próximo setor poderia não ser mais tão perigoso quanto
o anterior. Caminhou retamente mais uma vez, dessa vez com uma mão à
frente procurando alguma porta, e logo encontrou. Mais uma vez, usou sua
chave, mas a porta não estava trancada como pensava. Abriu-a e cruzou-a.
Ali, diante de seus olhos estava um caminho iluminado por velas. Seguiu
andando ainda trêmulo, e mais velas foi encontrando. Candelabros, depois
tochas e tudo agora estava nitidamente iluminado. Até que chegou
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a um altar. Era a belíssima escultura de um corpo feminino seminu com
enormes asas abertas, que numa mão segurava uma serpente e na outra um
cajado que na ponta tinha formas desconhecidas circundando um cristal
ovalado. Na cabeça uma coroa de cinco pontas. Atrás dela havia flores e
arbustos de todos os tipos e cores. Aos seus pés estavam depositadas lindas
rosas vermelhas e incensos de aromas tão doces e florais que inundavam as
narinas de Hugo que se inebriava com seu perfume. Olhou para cima e viu
um sino dourado. Pegou o seu badalo e tocou-o com firmeza oito vezes.
Sentou-se no chão e esperou.
Hugo sorriu. Não sabia o que dizer, mas estava orgulhoso de saber que
passara num teste sagrado cujos significados lhe enalteciam tanto o
caráter.
O chaveiro continuou:
-O número oito representa o infinito. O sino representa a vitória e o
nascimento. Chegar aqui e tocá-lo oito vezes é morrer para o passado e
renascer para uma vida de infinitas glórias e conquistas.
51
Fez uma pausa e caminhou para o altar:
- Peguemos essas rosas — disse ele estendendo um ramalhete a Hugo —
vamos oferecê-las à nossa rainha. Você agora vai receber a energia da "Fila
das Mulheres". Nos ajoelhemos.
-Agora repita comigo os votos que selarão o seu contrato de compromisso para
com o amor — Disse o chaveiro.
Hugo seguiu-o.
Dos pés de !narina, retirou um pequeno saco de couro para dar a Hugo. Ali
estavam os primeiros pergaminhos que poderia estudar.
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ligeiramente em direção à escultura do lobo cinzento, como que se
despedindo de uma entidade espiritual.
Mais de dez horas os separavam de seu destino. Agora Afim escrevia seu diário
calma e silenciosamente. Hugo dormia de boca aberta na poltrona ao lado.
Precisava recarregar suas energias. Nos dias seguintes daria início a uma
incrível jornada rumo a tornar-se um Sedutor.
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Pergaminho 1: Teoria do Homem Interno
Quem sou EU?
Sempre que o vemos, ele está sorrindo e brindando à vida. Claro! Ele é rico, e
cheio de amigos. Be simplesmente tem tudo aquilo que qualquer homem sempre
sonhou ter.
É um homem aventureiro e para ele nada parece impossível. Ele faz as coisas
mais ousadas que se pode imaginar. Coisas que o, até então, chamado EU,
jamais seria capaz de fazer.
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companhia dela, beijando-a, amando-a e recebendo dela todo o amor e
carinho que sonhamos receber.
morte sem despertar em si o poder divino que têm de criar a própria vida que
querem experimentar.
O que fazemos aqui fora acontece de verdade. O que o Homem Interno faz
também acontece. Porém, nossas ações podem ser vistas aqui, do lado de
fora. Já as ações dele, por enquanto só podem ser vistas do "Seu" lado de
dentro.
Ele vive uma realidade. Nós vivemos outra. Ele parece irreal, pois tudo o que
ele tem desaparece assim que acordamos pela manhã.
Essa aqui, onde tudo parece impossível, ou aquela, onde tudo o que se
pode sonhar já está lá, esperando por nós?
Não conseguiremos ir para lá, mas podemos construir tudo aquilo aqui.
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Porém, conhecemos o limitado poder que temos sendo o Homem
Externo. A única pessoa no mundo que tem poder suficiente para
transformar essa vida num sonho lúcido é o nosso eminente Homem
Interno. Ele sabe como se faz, afinal, já o fez tantas vezes...
O fracasso não mais será o tributo pago pelos meus esforços, pois a partir de
agora se inicia uma nova vida! Inicia-se um novo homem!
Não mais saberei a diferença entre o que verei ao fechar os olhos pela noite
e o que verei ao abri-los de novo pela manhã, pois construirei meus sonhos
pelas mãos daquele que os vive. Tirá-lo-ei de seu sono! Assumi-lo-ei! Sê-lo-ei!
Nova vida, novo homem! Aliás, ótima hora para escolher um novo nome!
A derrota não mais será minha companheira, pois agora tenho minhas
mãos firmemente unidas às do meu experiente mentor.
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O que diferencia um homem de vitórias de um homem de derrotas são seus
hábitos.
Bons hábitos constroem vencedores. Maus hábitos destroem o que quer que
os pratique.
Até ontem essa era a colheita que tinha sendo escravo de meus maus hábitos
que eram ditados por meus impulsos.
Como passageiro de uma carruagem sem condutor puxada por dois cavalos
fortes, assim estava eu indo aonde quer que os meus cavalos me levassem. Eu
seguia a vida ditada pelos impulsos dos meus cavalos, que bebiam,
descansavam e corriam ao seu bel prazer.
Sentirei com imenso prazer os afagos do vento no meu rosto, que até então
não podia sentir estando do lado de dentro.
Apreciarei a beleza do caminho que se abre até a montanha que demarca meus
objetivos certeiros e bem definidos.
Ninguém jamais tocará nas rédeas que agora seguro. Nunca mais seguirei o
caminho de ninguém além do meu.
57
Como farei para manter minha direção em meio a terrenos tão tortuosos e
que por vezes serão escuros?
Tenho agora comigo uma bússola. Bússola essa, cuja agulha aponta para o meu
polo magnético. Não o do mundo, mas o meu. Essa bússola que me orientará
são os meus novos hábitos. Minha disciplina.
Primeiro lerei em voz alta ao acordar. Será o tom desse decreto que criará o
dia que vou viver.
Depois, o lerei de novo em voz alta ao meio do dia. Nesse momento hei de
refletir sobre o quanto apliquei daquilo que me propus ao levantar.
Por fim, antes de dormir, o lerei mais uma vez em voz alta. O tom desse
decreto ecoará em minha mente, fazendo assim parte de meus sonhos, de
maneira que não perderei meu foco, mesmo estando a dormir. Pois sei que
a consciência de um homem sábio é também sábia até mesmo enquanto
dorme.
No dia seguinte repetirei o processo todo outra vez e assim farei por mais 6
dias. Só então, abrirei o pergaminho seguinte e repetirei esse processo com
ele por outros 7 dias.
Continuarei assim até viver intensamente cada um dos pergaminhos por 7 dias,
construindo assim o meu primeiro novo hábito, que será a leitura e o decreto.
Essa singela atitude é o segredo escondido pelos poucos homens da Terra que
realizaram alguma coisa, mas que principalmente, se realizaram.
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A repetição dessas palavras e o eco de seus sons me empreguiçarão e se
tornarão parte da minha mente consciente, até que aos poucos, irão
tornar-se parte da minha outra mente, a inconsciente, que frequentemente
trabalha contra a minha vontade.
Tão logo meu lado inconsciente assuma esses novos condicionamentos, eles
passarão a ser a minha verdade. Não mais me lembrarei de meu passado
indigno, pois realmente, terei morrido para ele.
Esse é o início de um novo hábito. E assim será com os muitos novos bons hábitos
que virei a cultivar com os pergaminhos seguintes. E desse cultivo amoroso e
disciplinado colherei as frutas mais doces da árvore da sabedoria.
Cada novo hábito, uma nova colheita. Novas frutas, novos sabores.
Com a prática, colher as frutas mais altas e difíceis passará a ser natural, fácil
e prazeroso. E se prazer eu sentir, é normal que eu queira repetir.
59
Pergaminho 2: O Corpo Fala
Essa é a verdade escondida por traz de quase toda falha ou sucesso
aparentemente inexplicável.
O pergaminho que lerei agora me traz do alto os detalhes que farão do meu
corpo uma poderosa ferramenta de comunicação.
Superestimada por aqueles que não sabem o que falam, a boca com suas
palavras é vista pelo homem comum como a mais poderosa arma de
Sedução. Contudo, mal sabem que a Sedução começa muito antes de se
começar a falar.
Essa anti-regra é a base desse conhecimento. Por vezes o Sedutor pode sentir-
se tentado a usar-se de seu conhecimento corporal em ambientes e situações
onde eles não são cabíveis. Logo, deve nortear-se pela naturalidade que seus
gestos apresentam. O natural é sempre bem vindo. O extravagante muitas
vezes não causa boa impressão.
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O primeiro de todos os exercícios que devo praticar diz respeito ao que o meu
corpo fala enquanto estou simplesmente parado. Não posso jamais me iludir:
estou a dizer algo de mim mesmo enquanto nada estou a fazer.
A atenção especial que dedicarei aos meus ombros se deve ao fato de eles
serem o centro da postura de todo corpo. Os ombros para trás trazem
consigo todos os outros elementos que por ventura persistam em manter-se
arqueados para frente.
61
Externamente, os ombros abertos são responsáveis por efeitos na mente
feminina que poucos conhecem, mas que agem em seu subconsciente
inevitavelmente.
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Outro motivo para trazer minhas costas para trás é o fato de que durante uma
interação, aquele que mais se inclina em direção ao outro, muitas vezes
demonstra estar necessitado de sua atenção. Seja em pé ou sentado, devo
estar sempre atento ao quanto me inclino para dentro das pessoas, pois muitas
das vezes, posso reduzir meu valor para com os desconhecidos, ou até mesmo
repeli-los por demonstrar-me necessitado demais.
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Até hoje, o homem que ao sentar-se relaxa o seu corpo e deixa o peito à
mostra, é ainda tido como o Cacique da tribo. Os espíritos não morrem,
apenas pulam para novos corpos com o passar dos anos. Por isso, ainda
carregamos em nossas mentes ocultas muitos dos valores que tínhamos na
antiguidade.
Por isso, de hoje em diante, devo a todo o momento olhar para meu corpo
e fazer-me a seguinte pergunta: estou aberto para o confronto como o
Cacique que sou? E dessa reflexão me alinharei para uma postura que, de tão
relaxada, poderá agir sobre minhas emoções, melhorando até mesmo o
nervosismo que por ventura estiver a sentir no momento. O corpo influencia
a mente. Se me agito com nervosismo, logo sinto desconforto dentro de
mim. Se me relaxo e diminuo a movimentação, logo sinto calma e
tranquilidade.
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O último ponto que pode tornar minha imagem mais bela diz respeito ao ângulo.
Existe um ângulo conhecido somente pelos maiores artistas, o qual de tão poderoso
é chamado de "divino", devido ao fato de nada explicar o porquê de tanta atenção
chamar.
É o ângulo de 45 graus.
Encarando uma pessoa de frente, com meu corpo totalmente voltado em sua
direção, estou a vê-la e a ser visto em O grau. Se eu me imaginar no centro de uma
circunferência com essa pessoa sendo um raio, posso dividi-la em mais 7 raios
formando assim uma circunferência com 8 partes de 45 graus. Ao encarar a mesma
pessoa sem interromper nosso contato ocular, mas com meu corpo voltado à
próxima parte dessa circunferência imaginária, estarei com meus olhos a O grau,
mas meu corpo a 45, o que fará de mim inexplicavelmente mais belo, assim como as
esculturas dos deuses gregos mais imponentes.
Nos tempos mais remotos em que ainda éramos uma sociedade tribal, éramos
guerreiros indígenas. Viver numa tribo nem sempre era tão pacífico. Existiam
tribos rivais que a qualquer momento podiam invadir nossas terras. As florestas
eram a nossa casa e existia o risco de sermos atacados por animais selvagens.
Esse clima nos deixava em constante alerta e por isso, todos os índios viviam em
guarda com suas lanças em mãos. Tinham a postura um pouco mais arqueada de
maneira a protegerem-se e a atacar ao menor sinal de perigo. Contudo, só existia
um índio dentre todos que podia sentar-se de peito aberto e reclinar-se em total
relaxamento: o Cacique. Se alguém o atacasse, ele como líder, tinha todos os
outros índios da tribo para lutarem por ele.
65
Até hoje, o homem que ao sentar-se relaxa o seu corpo e deixa o peito à
mostra, é ainda tido como o Cacique da tribo. Os espíritos não morrem,
apenas pulam para novos corpos com o passar dos anos. Por isso, ainda
carregamos em nossas mentes ocultas muitos dos valores que tínhamos na
antiguidade.
Por isso, de hoje em diante, devo a todo o momento olhar para meu corpo
e fazer-me a seguinte pergunta: estou aberto para o confronto como o
Cacique que sou? E dessa reflexão me alinharei para uma postura que, de tão
relaxada, poderá agir sobre minhas emoções, melhorando até mesmo o
nervosismo que por ventura estiver a sentir no momento. O corpo influencia
a mente. Se me agito com nervosismo, logo sinto desconforto dentro de
mim. Se me relaxo e diminuo a movimentação, logo sinto calma e
tranquilidade.
66
Um movimento lento tende a roubar a atenção das pessoas. Mais atenção
é uma maneira de destacar-se. Essa exposição me torna mais belo, pois
subcomunico através disso que tenho dentro de mim conforto suficiente
para ser visto por muitas pessoas sem acanhar-me por isso.
Num centro público com centenas de pessoas diferentes, todas as que ali
correm e se movimentam com pressa no mesmo ritmo, numa imagem de
macro, estão a fazer um papel. Contudo, não é um papel de protagonista.
São pessoas, mas não têm o papel de personagens. Têm o papel de
cenário.
Outra parte do mimetismo social diz respeito aos vícios de postura. Esses
pequenos gestos viciosos são de certa forma uma válvula de alívio para a
pressão social que o indivíduo sente, ainda que não se dê conta
plenamente.
As mãos nos bolsos indicam timidez. Logo, quanto mais dedos fora dele
eu puser, mais confortável parecerei estar. Os braços cruzados também
fecham minha postura. Logo, ao soltá-los, assemelho-me mais a um
Cacique por mostrar meu peito. O copo que ergo à altura do peito,
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embora sutil, demonstra medo, pois o uso como escudo para esconder-me
atrás dele. As mãos nas alças da bolsa também indicam que não sei o que
fazer com minhas mãos, o que mais uma vez subcomunica desconforto.
Olhar para o relógio com frequência torna-se também um costume vicioso,
pois já sabemos se estamos atrasados ou não, mas mesmo assim
conferimos o relógio, sendo que muitas vezes, se no instante seguinte um
estranho nos pergunta as horas, não sabemos lhe dizer qual é, pois não
consultamos o relógio para nos informar, e sim para cumprir com um vício de
postura.
Quem me ver após isso, verá que estou relaxado, com meus braços
pendendo naturalmente ao longo do corpo, confortável comigo mesmo e com
o ambiente que me rodeia.
Por último, mas não menos importante, devo saber o que o meu rosto fala
de mim enquanto está a se comunicar.
68
Minha boca e meus olhos são realmente muito perigosos. Por isso, devo saber
a hora certa de usar cada expressão.
Pode parecer infundada a ideia de que alguém que me veja a usar tal
expressão facial venha a associar-me com sexo, mas agora vejamos o que a
ciência da Programação-Neuro-Linguística tem a dizer.
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sentir. Assim sendo, a face com lábios e pálpebras relaxados descreve algo:
o momento de um beijo ou de um êxtase sexual.
Infinitas são as atitudes, expressões e até palavras que posso utilizar para
causar os mesmos efeitos de presença sexual na mente feminina.
70
Seu corpo pode indicar-me o interesse ou o desinteresse que tem por
mim.
Quando ela leva a mão aos cabelos para arrumá-los, quando ela alinha os
adornos que carrega, quando ela simplesmente toca a si mesma com uma
frequência maior, como que se coçando, posso saber: é interesse.
Algumas conhecem até mesmo o ângulo divino, sem sequer nunca terem
ouvido falar dele. Quando uma mulher está atraída por um homem, ela
naturalmente procura o ângulo de exposição que melhor lhe permitir ser
visualizada. Geralmente é o de 45 graus.
Quando eu tiver plena consciência do que falo com o meu corpo, estarei apto
a receber as mensagens ocultas emitidas pelas mulheres, pois muitas vezes, o
que elas emitem inconscientemente é o mesmo que eu emito
conscientemente.
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Pergaminho 3: Abordagem
Do céu só caem raios e galhos de árvore secos.
Jamais houve sobre a Terra Sedutor que tivesse êxito com as mulheres sem
ter que abordá-las. Por vezes elas podem até ter a atitude de tentar um
romance com um homem, porém, isso seria contar com a sorte. Já eu, que sou
criador de minha vida, sei que não posso contar com esse fator. Devo contar
apenas com aquilo que depende do meu esforço e não da graça dos deuses,
pois até mesmo eles, não têm o hábito de presentear aquele que não faz por
onde de ser merecedor.
Incontáveis são os homens que, dia após dia, morrem de amores por
mulheres que passam a vida inteira sem saber do amor que por elas
sentem. Esses homens levam para o túmulo seus desejos mais ardentes,
quando para o mesmo ataúde poderiam estar a levar as lembranças de uma
vida plena de amor, se assim tivessem a coragem para construí-la.
Sei que a realidade mais doce que posso degustar me espera lá fora.
Construi-la e vivenciá-la é a minha responsabilidade, e jamais hei de me iludir
pensando que tal maravilha me cairá do céu. Portanto, abordarei!
A Sedução não começa quando vou para a caça. Começa quando abro meus
olhos pela manhã. O caçador não é o personagem que visto quando me
apronto para uma festa. É o resultado dos meus genes e de minhas atitudes.
Assim como o lobo, que não escolhe ser predador somente
72
quando sente fome. O realizador nesse mundo, independente de que área escolhe
para empreender, é sempre aquele que almeja, fareja e busca aquilo que
deseja, com tamanho foco e ferocidade, que seu objetivo não vê outra
alternativa, senão realizar-se. Nada resiste à Atitude.
É ideal para alvos que se encontram sozinhos, pois para uma mulher que está só,
pode ser desconfortável ficar na presença de um desconhecido sem saber o real
motivo de sua presença. O que também é uma vantagem para o Sedutor, pois se
ao abordar ele vai direto ao ponto e ela o rejeita, nem ele nem ela perdem
tempo. Já se o contrário acontece e ela o aprecia, ele percebe que ganhou o
tempo que teria que investir trabalhando pela sua afeição.
Um Sedutor, seja ele direto ou indireto, deve ter em sua mente a seguinte verdade:
"não tenho a obrigação de fazê-la gostar de mim". Ele jamais se preocupa com o
resultado de sua interação, pois sabe que o romance para
73
acontecer, depende não somente dele, mas também dela, e essa parte lhe foge
do controle. Nunca se é possível saber todos os motivos pelos quais uma
mulher pode não gostar de um homem. Às vezes, seu rosto é idêntico ao de
algum inimigo dela, ou ela não gosta de homens, ou está simplesmente de
mau humor.
Muitos homens dizem não ter problemas na hora de abordar, mas sim, na
hora de manter uma conversa. O que eles não percebem é que estão a iludir-
se, pois quando sentem que não conseguirão conversar, já nem iniciam uma
interação com uma desconhecida. Novamente, o problema não é a habilidade
de conversar, e sim, a incapacidade de abordar.
74
novas e desconfortáveis tivermos coragem de realizar, maior se tornará essa
zona e logo, nada mais será capaz de abalar nossa tranquilidade, pois tudo
nos será confortável.
O simples gesto de dizer a uma mulher o quanto seu vestido lhe cai bem, para
muitos pode consumir tanta coragem, que pode também parecer impossível
de se fazer. Mas que diferença faz... Um elogio sincero muda o dia de uma
mulher, porém mais do que mudar o dia dela, muda também os genes do
homem que o proferiu, pois ele se torna cada vez mais destemido à medida
em que pratica o ato de falar aquilo que pensa sem medo da reação dela.
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Um belo romance pode ter seu início com o simples gesto de um homem dizer
a uma mulher que jamais viu olhos tão bonitos em toda a sua vida. Quantos
romances deixam de florescer diariamente pela simples ausência de uma
atitude assim...
Contudo, por diversas vezes uma bela mulher não estará sozinha.
Comumente as mais belas se encontram integrando outros grupos de
pessoas também desconhecidas.
Se ao abordar uma mulher que está em meio a amigos, essas pessoas tendem
a trabalhar contra nosso amor, devo então começar por fazê-las trabalhar a
meu favor, tornando-as aliados.
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Com a Linguagem Corporal Indireta, posso alinhar o meu corpo
ligeiramente para fora do grupo, sem apresentar-me totalmente de frente
para eles, de maneira a não declarar intenções de nele adentrar,
parecendo que estou de passagem. Somado a isso, devo ter sempre na
manga uma desculpa que tornará minha passagem aparentemente anda mais
rápida, como por exemplo, estar atrasado para me encontrar com os meus
amigos que estão logo ali.
Posso usar qualquer assunto para abrir um grupo de pessoas, mas por
base, pode ser uma pergunta de opinião, como também pode ser um
simples comentário situacional. Independente do assunto escolhido, ele deve
ser dirigido a todo o grupo, de maneira que ninguém se sinta excluído da
conversa e venham assim a me absorver melhor, pois sei que se algum dos
obstáculos se sentir excluído ou desconfortável em minha presença, logo
acionará os outros que se voltarão, fazendo assim com que eu seja o
excluído.
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possamos nos conectar mais profundamente, sem que haja a
interferência de ninguém.
Via de regra, grupos mistos, com homens e mulheres são raros. Geralmente
as mulheres se reúnem preferencialmente com outras amigas mulheres.
Contudo, em grupos onde há a presença de outros homens, é válido dar
atenção primeiro a eles, pois eles quase sempre se sentem na condição de
autorizar o acesso às mulheres do grupo.
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Toda mulher tem uma gaveta mental onde guarda imagens dos homens que
já rejeitou na vida. Cada uma dessas rejeições tem uma etiqueta.
O desconhecido olha com os olhos que apreciam aquilo que nunca viu
antes. Já o conhecido tem um olhar tremendamente diferente.
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Quando amigos distantes se veem novamente, após décadas separados,
ambos se confundem ao verem os rostos um do outro. É uma expressão facial
de confusão na qual ambos tentam acessar a memória de seu passado
tentando encontrar a semelhança dos rostos atuais com os rostos antigos que
têm arquivados em suas mentes.
Essa é a expressão facial que me põe distante da gaveta dos rejeitados. Para
começar, não é uma caminhada, é uma parada. Paro com os meus pés
abruptamente como se estivesse surpreso e a reconhecê-la de algum lugar. Em
seguida, cerro meus olhos ligeiramente, como que focando um pouco mais a
minha visão de maneira a conferir imagem com lembrança. Também posso
levar a mão ao queixo exprimindo a ideia de confusão enquanto reforço isso
com um leve tombar de minha cabeça para um lado como se estivesse a
pensar. Essa expressão facial de "acho que te conheço...", deve ser treinada
no espelho, pois se bem executada como um verdadeiro ator,
inevitavelmente desperta sobre meu alvo a dúvida em questão. Assim, ela se
torna muito mais receptiva, pois estará agora curiosa para saber se já me
conhece.
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impedir seu alvo de colocá-lo na gaveta dos rejeitados, já contribui, e
muito, para que a interação tenha sucesso.
Sabendo agora as maneiras mais efetivas de se abordar uma mulher, devo ter
em mente que num mesmo ambiente, eu posso não ser o único caçador.
Como Homem Interno e divino que sou, devo me distanciar de tudo o que vai
contra o fluxo da vida. Assim sendo, quanto mais distante me mantiver da
competição, mais próximo estarei da riqueza e da plenitude.
81
Muitos são aqueles que caçam em meio às festas. Porém, quantos são aqueles
que caçam em meio às prateleiras de um mercado? Talvez nenhum. Então é
para lá que eu vou!
Assim é com o Sedutor que conhece os hábitos das mulheres. Ele se utiliza da
Engenharia Social para criar oportunidades que tragam para perto dele novas
mulheres, as quais ele não precisará abordar, pois inevitavelmente o conhecerão.
Exemplo disso são os anfitriões que cedem suas casas para que nelas se façam
festas. As mulheres que lá forem, irão conhecê-lo através dos amigos em comum
que irão querer apresentá-las a ele. Logo, ele acaba por criar o seu viveiro de
novas mulheres.
Novamente, o Mestre Sedutor não é aquele que melhor aborda, mas sim, aquele
que cria as oportunidades que o farão ser abordado.
A partir de hoje, não mais me negarei ao impulso que me atrai para perto das
mais belas mulheres. Quando a "Ansiedade de Aproximação" me atingir, hei de
trocar seu significado para "Alarme para Agir".
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Não mais me prenderei ao resultado de uma interação, pois sei que assim, nem
mesmo uma interação serei capaz de iniciar.
De hoje em diante, não terei a meta de abordar uma mulher por dia, mas em
verdade, não deixarei de dizer aquilo que quero a nenhuma que me despertar
interesse.
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Pergaminho 4: Atração
Inúmeros antigos tentaram filosofar a natureza da atração e seus efeitos.
Que força é essa que move, aproxima e repele homens e mulheres, desde as
mais desprezadas castas da plebe, até as mais sultânicas famílias reais? Giram
em torno de semelhantes de mesma medida, mas que por vezes se unem a
corpos distantes, tanto em grandeza quanto em semelhança.
Força essa, que nas palavras de um cientista, não passa de uma grandeza
vetorial. Mas que na sabedoria de um Sedutor, é tida como um elemento
natural.
O amor é a matéria prima que produz tudo aquilo que vemos e que não
vemos.
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A observação desse aspecto da natureza universal é o segredo escondido por
trás das conquistas mais admiráveis dos maiores de nossos ancestrais
Sedutores.
A abelha não escolhe amar ou odiar a flor. Simplesmente sente-se atra ída por
seu aroma, cor e forma. Vai ao seu encontro apaixonada, mas de maneira
nenhuma teme pela rejeição de sua amada, pois seu frágil corpo está
permeado pela atração, que de tão natural, é correta e irrecusável.
O beija-flor dispõe dos mesmos pratos dos quais a abelha se serve, porém seu
corpo, também leve e frágil, supera em muito o peso da abelha, obrigando-o
a manter-se longe de sua flor amada, de maneira a não machucá-la.
Contentando-se apenas em beijá-la distantemente.
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Por vezes me deparei preso ao olhar de uma bela dama. Que de tão linda e
fulgurante, parecia-me impossível de seduzir. Tal qual a mariposa noturna,
que deseja a luz, mas não se atreve a desejar a Lua. Talvez por julgar-me
pequeno demais.
Se ao menos eu fosse um conde, barão ou ministro._
Acabou!
Ela pode ser muito mais do que uma bela e cobiçada dama. Ela pode ser uma
rainha. Mas eu não preciso temê-la, nem mostrar-me intimidado com seu
porte e beleza, pois eu sou um rei.
E de posse de tal poder posso ser compatível com qualquer dama que eu deseje,
pois esse reino é meu, assim como tudo o que nele há! Desde o pequeno
punhado de terra que agora seguro em minha mão, até as águas do rio que
corre por detrás da serra ao longe. Tenho parte nisso tudo! Sou filho do poder!
Sou dono da riqueza!
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homem que elas verão, será a princípio, o meu Homem Externo. Homem
Externo esse, que só pode atrair mulheres cujo valor seja igual ao dele.
Mas meu externo pode ainda não condizer com meu nobre interior. Como
poderia qualquer imagem expressar a imensidão de meu ser? Devo então
externalizá-lo, sabendo que elas irão atrair-se por ele inevitavelmente.
Ao final de cada dia nele escreverei tudo o que fiz, vi ou pensei. Com total
disciplina.
Um dia chuvoso que me obrigue a passá-lo em casa não será desculpa para
nada escrever. Pois simplesmente a experiência de passar um dia dentro de
meu corpo, pode-me ser rica o suficiente para dela tirar incríveis lições,
desde que a cada minuto eu lhe preste a devida atenção.
Demonstrando a elas o homem que sou, assim como farei ao meu diário,
harmonizarei os meus valores tornando-me tão nobre aos olhos delas como
elas já são aos meus. O plebeu torna-se um rei.
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Porém, a harmonização não se resume somente ao meu valor. Há também o
dela. Seu valor pode ainda estar a ofuscar-lhe a humildade que precisará para unir-
se a mim.
Elevada em seu alto pedestal, uma dama pode ser inatingível para a maioria
dos homens. Tamanha distância os separa, fazendo desistir até mesmo os mais
persistentes que se cansam de olhar para cima.
Bajulam-na e adoram-na pensando que com isso a farão descer a fim de escutar
mais de seus galanteios baratos. Porém, mal sabem eles que a cada doçura
proferida, mais alto ela sobe e mais distante fica do solo em que pisam.
Agora tenho o conhecimento capaz de fazer qualquer dama descer de seu pedestal a
fim de pisar o mesmo solo que eu piso.
Se a cada elogio mais alto ela sobe, irei agir ao contrário subtraindo pedaços de
seu pedestal a cada brincadeira que eu fizer. E para brincar com ela, devo
chamar a minha criança.
Tão logo eu perceba que a arrogância de uma mulher a põe distante de mim,
irei dizer-lhe tudo aquilo que um homem amedrontado não diria. Sem medo de
zombá-la pelo nariz que se mexe enquanto fala, pela voz esganiçada que tem,
pelas mãos grandes, pelos cabelos em desordem, ou pelos pés de galinha que lhe
aparecem enquanto sorri. Porei em cheque tudo o que a faz sentir-se perfeita, e
com isso a farei perceber que perto de mim ela é mais humana do que de
costume. Trazendo-a de volta ao nível do solo, onde finalmente podemos nos
amar. A rainha torna-se plebeia.
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Fora da linha do equilíbrio nosso romance não pode acontecer. Eu não devo
estar mais alto do que ela, senão ela também não me alcançará. Devo então
saber não gabar-me demais de mim mesmo para não demonstrar-me mais
esnobe do que nobre, e também saber o limite de minhas brincadeiras, para
não rebaixá-la ou passar-me por infantil.
A abelha e a flor se tornam um só. Uma não é mais importante do que a outra.
.
Importante agora só Ihes é o amor.
89
Pergaminho 5: A Moeda do Verdadeiro Homem
Rico
O poder é realmente o maior afrodisíaco que existe, e como sedutor que sou,
preciso conhecê-lo muito bem.
Os montantes de ouro escondidos nos baús dos ricos nada mais são do que
um símbolo de seu poder. Mas por vezes o poder de um homem rico se
manifesta sem que ele precise apresentar moeda alguma. Percebo hoje a
diferença entre um símbolo e o seu verdadeiro poder.
Até ontem era pobre, pois baseava meu poder na moeda que movimenta o
mundo externo. Mas como poderia o ouro ser valioso o suficiente para cobrir
as numerosas transações que meu Homem Interno há de fazer? Nem
mesmo todos os diamantes mais rosados de toda a África poderiam custear a
obra que tenho a realizar sobre a Terra.
Mesmo que eu pudesse deter e ostentar todo o ouro desse mundo, tamanho
símbolo não seria nada mais do que uma mínima fração de meu verdadeiro
poder, que por ser divino, é infinito.
90
Contudo, devo saber a diferença entre a influência e a exploração para com
essas pessoas. Na primeira, utilizo-me do que tenho à disposição. Realizo
meus objetivos com a ajuda de outros que também enriquecerão com as
minhas ideias. Na segunda, induzo-as a fazerem o que quero tendo em vista
somente o meu ganho sem me importar com o coletivo. A exploração por sua
vez, é a mais egoísta de todas as manifestações do poder, estando,
portanto, contra o fluxo da verdadeira riqueza, tendo assim vida curta e
graves consequências.
Tenho agora nesse pergaminho o segredo oculto por trás da vida abastada dos
maiores avatares da história. É o segredo da conexão. Segredo esse que é
sustentado por 3 pilares principais.
1. Alma
O verdadeiro homem rico traz já no seu olhar a centelha que o distingue dos
demais: antes de enxergar sócios ou amantes, ele enxerga pessoas.
91
esses fatos e explorá-los em meus assuntos fará de mim apenas mais um
estranho que lhes atravessou o caminho. A diferença se fará no momento em
que eu me interessar sobre como se relacionam com esses fatos. O que
sentem a respeito e como interagem com esses fatos. Só então saberei
como são como seres humanos.
Conheço uma professora. Posso perguntar-lhe se ama sua profissão, o quê lhe
dá mais prazer em exercer sua função, se aquilo era seu real sonho e vocação
desde a infância. Be se sentirá a professora mais importante do mundo.
Nenhuma dessas respostas me poderá ser dada sem que nelas ela ponha pelo
menos um pouco do sopro de sua alma.
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A pessoa que comigo conversar por um minuto, há de fascinar-se por si
mesma.
2. Risco
O risco de que aqui falo é o risco de perder sua afeição. Por vezes poderei
sentir-me tentado a mentir e concordar com tudo o que diz de maneira a
tentar me aproximar. Mas isso ainda seria mascarar a minha verdadeira
identidade. Assim sendo, as máscaras dela também não terão porque cair.
Continuaremos então como dois estranhos a conversar.
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Mas eu me importo com as pessoas! Eu arrisco! Sei que para ganhar é preciso
estar disposto a perder!
Assim como o amigo que aprecio por tratar-me com sinceridade, serei também
apreciado por aqueles que, como eu, preferem uma verdade a um tapinha
falso nas costas. A sinceridade pode não ser a mais agradável das minhas
qualidades, mas com certeza mostrará para aqueles que me ouvem o quanto
me importo com eles. É a conduta que tenho especialmente para com
aqueles que amo.
Tendo em vista também os limites do ego alheio, agirei com cautela de maneira
a não machucar-lhes com minhas palavras. Sabendo a finíssima linha que
separa um amigo de um inimigo: ambos nos dizem verdades que os apenas
colegas não diriam. Mas um nos diz o que diz para no fim ver-nos bem. Ou
outro nos diz o que diz apenas para vem o nosso fim.
3. Troca
Nessa dimensão em que também vivo sei que tudo aqui se faz baseado numa
lei: a lei da troca.
Um bom conselho dado por um amigo pode não parecer tão valioso quanto
o mesmo conselho comprado de um conselheiro.
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Portanto troco!
Dessa ajuda, circulação e troca, termino por firmar nossos laços e eles irão
embasar a relação que teremos por todos os anos que se seguirem. Por mais
que as décadas nos distanciem em tempo e espaço, ainda teremos algo a
lembrar daquilo que trocamos no passado, e saberemos que podemos
contar um com o outro sempre, pois haverá muito de mim contigo e muito
de você comigo.
Porém a troca à qual me refiro, é em essência aquela que não perece com
tempo, tal qual o anel que hoje lhe dou, mas que amanhã pode estar
envelhecido e enferrujado.
O mesmo conhecimento que passarei a ter fará parte do meu valor que
cresce. Tornando-se assim, meu capital. Dele posso investir em outras
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pessoas que ainda não o têm, mas que por ele dariam-me mais daquilo que
necessito. Seja essa necessidade uma moeda ou um favor.
Desses débitos, favores e saldos torno simples conhecidos parte de minha vida.
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Pergaminho 6: Tudo Entre Eu e Ela é Secreto
Quer saber o que vou fazer com ela? Não vai saber. Ninguém nunca sabe.
Para quase todo homem, seu maior prazer não é conquistar uma bela
mulher, e sim, contar a todos que a conquistou.
Assim é com o Homem Externo. Ele se sente nutrido com a admiração das
outras pessoas e passa sua vida a divulgar suas façanhas. Pouco lhe
importa a exposição que fará das mulheres que nele confiaram.
Comigo não.
Sei que por vezes serei protagonista de façanhas heroicas e de conquistas que
poderão me sublimar sobre os humanos comuns. Aplausos, confetes e
serpentinas! Mas para quem? Para meu ego somente.
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As mulheres não são tão difíceis quanto se pensa. Em verdade, muito do que
elas não aceitam, não aceitam simplesmente por saberem que outras pessoas
ficarão sabendo. Elas não querem ser julgadas e por isso, tendem a aceitar
com maior facilidade aquilo que lhes propomos em reservado.
Ninguém jamais olha duas vezes para algo que não lhe interesse. Assim
sendo, uma mulher jamais olha duas vezes para um homem que não lhe
tenha despertado algo.
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Assim sendo, posso ter total confiança antes de minha abordagem. Devo
abordar toda mulher que me interesse, tendo ela olhado para mim ou não.
Contudo, minhas chances de rejeição serão muito menores quando me dirigir
a uma mulher cujo olhar eu já tenha capturado pelo menos duas vezes.
Dificilmente um homem consegue fixar seu olhar nos olhos de uma mulher
por muito tempo. Algo de desconfortável parecer querer transbordar e
acaba fazendo-o desviar. Os olhos de uma mulher são um portal místico pelo
qual poucos conseguem passar. E os que passam dificilmente saem ilesos.
Manter um Contato Ocular com uma mulher desconhecida é algo que precisa
de tanta coragem, que tende a ser o cartão de visitas de um homem de
verdade.
Contudo, encará-la por longos períodos ainda não quer dizer coragem. Às
vezes, muito pelo contrário, acaba por demonstrar falta de atitude. Ele tem
coragem suficiente para manter o olhar, mas não tem coragem suficiente
para aborda-la.
O Contato Ocular atinge o seu pico entre o quarto e quinto segundo. É nesse
momento que a abordagem deve acontecer.
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No 3' segundo, ela identifica uma intenção dele. E se ela mesma conseguir
manter-se no mesmo Contato Ocular até então, isso é um Indicador de
Interesse da parte dela. Estão agora conectados. Ela também tem sua
coragem testada, pois a mesma sensação de desconforto começa a afeta-la.
Uma pressão começa a criar-se entre os dois.
No 40 segundo ela passa a admirá-lo pela coragem. Não importa a beleza desse
homem. Ela aprecia o que vê e já sente algo de força nele. Não é todo dia
que uma mulher vê um homem de tamanha coragem.
Já a partir do 8° segundo, ela pode pensar que esse homem tem más
intenções. Tal qual o sequestrador que mira sua vítima e a aterroriza por
vários segundos, esperando o momento de sua maior fragilidade para
cometer seu crime.
100
Se por ventura a situação não permitir uma abordagem instantânea logo após
o olhar mútuo, é viável que se interrompa o contato para retomá-lo
posteriormente, de preferência no momento em que surgir uma
oportunidade de abordagem. Preserva-se a pressão e mais sensações ela
pode criar e vivenciar durante os próximos minutos. O que contribuí muito
para a magia que se dará no momento da investida.
101
O olhar que marca um Sedutor na mente de uma mulher e que por vezes a
faz querer devorá-lo, não consiste somente na posição de suas pálpebras.
Consiste no que ele está a pensar enquanto a olha.
102
Por último, mas não menos importante, o segundo pilar da Comunicação
Secreta diz respeito ao corpo, em sua proximidade ou até mesmo em
toques.
Ela está em frente a uma tenda apreciando roupas para comprar. Ele
está por perto e a viu. Ela provavelmente também o viu. Se ele
simplesmente se aproxima como que também está analisando o mesmo
que ela, ele terá dela uma resposta perfeita sobre as possibilidades que
tem, Ela pode afastar-se sutilmente, o que indica menos chances, mas
não o impede de seduzi-la. Ou, ela pode permanecer no mesma lugar,
consciente de que ele se aproxima, mas sem distanciar-se dele.
Assim sendo, no subconsciente dela existe algo a favor daquele
homem. Em ambos os casos, a resposta que o Sedutor recebe é a mais
sincera possível, pois não se trata de algo que ela pensou antes de falar.
Ela não fala, mas reage. A resposta do corpo é a melhor de todas, pois é
a que vem da mente oculta da mulher, que é mais sincera e espontânea
do que sua mente racional.
103
esbarrão prolongado e sutil, ela demonstra ainda mais interesse por ele, pois
além de permitir-lhe a proximidade, está agora também permitindo algo mais
físico. Esse toque pode ser o leve tocar de uma perna na outra enquanto
estiverem sentados lado a lado como desconhecidos numa
carruagem, ou o leve toque dos cotovelos enquanto viajam. Até mesmo o leve
roçar dos quadris enquanto olham juntos na mesma direção para algo que
estejam a apreciar. Tudo isso é comunicação.
Nessa hora, surge o chamado Isolamento, onde o Sedutor move-se com seu
alvo para um lugar mais reservado no qual ele possa efetuar a conclusão de
sua conquista. Ela pode apreciá-lo pela sua coragem e discrição, contudo,
mesmo que ele tenha a Atitude de abordá-la, ela pode ainda rejeitá-lo.
Porém, quase tudo o que uma mulher rejeita, ela só rejeita por estar
conectada com o externo.
Isolando-se com ela num local adequado, poderão agora conversar sobre si
mesmos e em maior profundidade. Não haverá nenhum acanhamento
104
por parte dela, pois de nada poderão julgá-la se ela não mais estiver sob o foco
da atenção alheia.
O comando que a isola pode muitas vezes ser dado quando o Sedutor se move
sozinho para outro espaço. Eles já estavam a conversar mudos antes, agora
indo para outro lugar, ela tende a segui-lo para que possam falar com suas
bocas. Outras vezes, após a abordagem, alguns minutos de conversa seguidos de
uma sugestão verbal para que caminhem também termina por isolá-los
devidamente.
Ele sabe da verdade ancestral: quem come quieto come mais e sempre.
105
Pergaminho 7: Eu Arrisco
O que muitos consideram um fechamento é na verdade uma abertura. É um
novo romance que se inicia. Portanto, considerar um beijo como um
fechamento é sugar de um romance toda a glória que virá a seguir.
106
Os pergaminhos anteriores me explicaram exatamente a natureza da
atração. Uma amiga é uma conexão que não enxerga meu valor sexual. Já uma
amante que enxerga em mim somente o sexo, está longe de ser a parceira
ideal, pois para que caminhemos juntos, precisamos além de amantes,
sermos amigos, para que nos importemos devidamente um com o outro e
enxerguemos um caminho a percorrer além da cama.
Estando consciente daquilo que comunico com minha boca e com meu corpo,
sei exatamente o que uma mulher enxerga em mim. Posso a todo momento
conduzir nossa interação para níveis mais amistosos ou mais sexuais.
Essa linha fina que separa o amante do amigo exige extremo cuidado e
atenção por parte do Sedutor. Mas não só isso: o mais fundamental é a
Atitude. Atitude para puxar o gatilho.
107
É preciso ter muito claro na mente se realmente concluímos a atração. E
como saberei se já a criei suficientemente? Através dos Indicadores de
Interesse.
Contato Ocular.
Ninguém jamais olha duas vezes para algo que não lhe interessa. Disso
aprendemos que um primeiro olhar breve pode ser um esbarrão de
olhares. Já um segundo olhar indica que ela quer conferir se ainda estou a
observá-la. Se minha apreciação visual lhe é importante, é porque ela
também me aprecia. Se mantivermos um mesmo Contato Ocular por mais de
3 segundos, ela quer que eu a aborde.
Direção.
Assim como a agulha de uma bússola, o corpo de uma mulher atraída por mim,
sutilmente aponta em minha direção. Quando em qualquer ambiente eu
visualizar uma mulher que esteja em minha direção a O grau ou próximo
disso, saberei que se trata de puro magnetismo. O mesmo saberei quando
mais próximos, ela se inclinar ou sutilmente cruzar suas pernas e apontar com
seus pés em minha direção.
Proximidade e Toque.
Assim como o ímã e o metal, dois corpos que se aproximam têm entre si a
atração. É possível testar minhas possibilidades com uma mulher,
simplesmente me aproximando dela, desde que já tenha sido por ela
observado previamente. Se ela se afasta, é porque no seu inconsciente
108
não lhe sou atraente ainda. O que não me impede de agir, mas
demonstra-me que sua primeira resposta não é tão receptiva. Talvez porque
seja tímida, talvez porque seja comprometida. Já a mulher que se dá conta de
minha aproximação e permanece no mesmo lugar, dá-me a resposta sincera
de sua mente oculta que me é receptiva e minhas chances com ela são
maiores. Se somado a isso, sutilmente esbarro meu corpo com o dela
levemente corno que por um acidente, ela novamente pode me responder
sinceramente utilizando seu corpo, que, em sinal de desinteresse se afasta, em
sinal de interesse mantém o contato, criando entre nós um canal de
comunicação exclusivo e secreto que posso incrementar intercalando
Contatos Oculares.
Quando toca a si mesma, o corpo dela está a dizer algo por ela.
Geralmente os primeiros toques que ela se auto-aplica, se dão no instante
seguinte a minha abordagem. Um toque no cabelo a arrumá-lo, alinhar os
adornos que carrega no corpo, retocar o batom, coçadinhas em si mesma, nos
braços ou no próprio rosto frequentemente, tudo isso, se divide em duas
explicações: asseio e sugestão. Como asseio, ela se arruma e isso indica que
procura ser apreciada. Logo, quer conquistar-me. Como sugestão, ela toca
a si mesma porque em sua mente passa-se o desejo que ela tem de ser
tocada. Ela descreve isso, mas sem saber sugere que a toque.
Ângulo.
Assim como no tópico anterior, ela procura meios de parecer mais bonita, e
uma dessas formas é assumindo o ângulo que melhor nos permite observar
sua beleza. Geralmente, é o de 45 graus, que conhecemos como "ângulo
divino".
Atenção e destacar-se.
109
Agraciadas com o conhecimento natural da Sedução, algumas conhecem mais
dos princípios que temos que estudar para aplicar. Um desses conceitos
que muitas delas utilizam sem precisar sequer pensar é o conceito de
cenário e personagem. Elas tendem a agir de maneira completamente das
demais pessoas de um mesmo recinto, em geral mantendo Contato Ocular,
de maneira a se tornarem a única presença feminina do ambiente.
Expressão Facial.
Voz.
Risos e sorrisos.
110
A mulher interessada tende a agir com um humor mais agradável que o
normal. Ela sorri para aumentar a empatia e ri até mesmo das coisas mais
idiotas que falamos. É uma maneira que encontram de se afeiçoar com os
homens com quem interagem.
Perguntas.
Qualquer pergunta a meu respeito, por mais simples que seja, é um Indicador
de Interesse. Alguns Sedutores utilizam-se tão bem do conhecimento desse
fato, que baseiam suas interações em conversas previamente programadas,
onde a mulher, sem perceber, passa a fazer perguntas sobre eles. Quando uma
mulher pergunta o nome de um homem, ou sua idade, algo nele lhe é
interessante. Não é preciso dizer que quando ela pergunta sobre sua vida
amorosa, isso indica que ela tem intenções românticas para com ele.
Mãos.
As mãos de uma mulher dizem claramente o que ela está sentindo pelo homem
que as segura. Um teste simples consiste em tentar segurar-lhe a mão. Se ela
não permitir esse toque, que é um pouco mais intimo, isso indica que o Sedutor
deve retomar os estágios anteriores. Se ela permite esse toque, ela quer
avançar na interação. Se do simples toque, o Sedutor tenta entrelaçar seus
dedos com os dela, ele novamente obtém a resposta de em que nível se
encontra. Contudo, a permissão ao toque não é a
111
única coisa que as mãos de uma mulher podem revelar. Algumas vezes, as
mãos de uma mulher se encontram suadas. O líquido que escorre pela palma
das mãos indica que as mesmas querem deslizar. Geralmente essa textura
molhada revela intenções sexuais fortíssimas por parte dela.
112
Em se tratando de beijos, existem muitos pontos que os tornam mágicos. O
beijo mais mágico de todos ocorre quando a conexão e a atração estão tão
firmemente instaladas que os amantes nem sentem que precisam se beijar
para que o romance aconteça. Já sabem o que estão a sentir e já são gratos
por isso. É como se já estivessem a fazer amor.
113
Pode também haver recusa. Nesse caso, uma estratégia simples pode ser a
simples punição. Fingindo estar decepcionado, o Sedutor a reprova e se afasta.
Isso permite à mulher que ela sinta a consequência de seu ato. Logo, o
sentimento de estar a perdê-lo pode atacá-la e ela percebe que recusá-lo não
é uma boa ideia. Após esse afastamento, ela tende a aproximar-se
rapidamente tentando ganhar sua atenção novamente, com muito mais doçura
do que antes.
114
carnais ou sentimentais que sejam. Logicamente, se ele lhe revela essas
mesmas intenções logo de início, ela pode erguer-lhe escudos de
reprovação devido ao fato de que seu ego tenta a todo custo impedi-la de
parecer uma mulher fácil. Então, via de regra, quanto mais próximo do beijo
ou do sexo, melhor se torna o momento para expor a realidade. E ela há de
aceitar. Afinal, ser monogâmico, poligâmico, ou apenas fornicador é uma
questão de opção sexual que cabe ao homem escolher e à mulher respeitar.
Ela não é obrigada a aceitar, mas aceita melhor se perceber que aquilo é uma
real decisão do homem.
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Pergaminho 8: A Escada Secreta
Mares serenos não fazem bons marinheiros.
Conquistas fáceis não fazem bons Sedutores.
Carrego em meu peito o amor que toda mulher pede a Deus em suas
orações antes de dormir.
Como o curandeiro que tem o remédio certo para toda doença, sou o
Sedutor que tem para cada mulher da Terra a cura de todos os seus males.
A cura para a solidão, para a angústia e para a tristeza advinda de não haver
encontrado em sua vida o amante que lhe preencherá o coração com
paixões, alegria e vontade de viver.
Contudo, mesmo de posse de tal bálsamo, sei que muitas das mulheres a
quem eu o oferecer, por vezes o rejeitarão. Nessa hora hei de lembrar-me dos
mais persistentes de meus antepassados, cuja decisão de amar a mulher era
tão forte que não lhes permitia sequer considerar a hipótese de desistir de
sua conquista.
116
arrisca, assim como seus irmãos: a Falha, o Erro e o Aprendizado. Nunca
chegarei a realizar-me como homem enquanto medo de falhar eu tiver.
A cada nova rejeição, minha intenção romântica fica cada vez mais sólida. Até
que entre nós, o clima que se instala é de puro desejo. Prova disso, é que,
mesmo dizendo "não", ela não sai de perto. Nem tampouco tenta impedir que
a toque. Por vezes, nesses momentos ela passa a lançar os maiores
Indicadores de Interesse.
Mulheres sentem-se naturalmente atraídas pelos homens que elas sabem que
nunca vão poder dominar. A cada tentativa dela de fazer-me desistir, torno-me
mais valioso ao manter-me firme, mostrando que ela não me molda.
Aliás, nas mãos de uma mulher eu sou como a argila: quando ela terminar de
me moldar e eu me tornar o homem perfeito, eu sei que ela há de me pôr
numa prateleira junto às suas outras obras terminadas. Por isso mantenho-
me imperfeito e inacabado. Nunca chegará a concluir-me.
117
As mulheres não tomam suas decisões baseadas em argumentos lógicos. Elas
as tomam baseadas em suas emoções.
Contudo, via de regra, uma mulher que ainda não deu as costas e saiu
andando, geralmente só não o fez ainda porque vê algo de interessante no
homem que acaba de rejeitar.
118
A melhor maneira de se transformar esse "não" em um "sim" é não
querer mudar a opinião dela argumentando de maneira lógica. Ao invés
disso, conduzi-la para a solução de maneira sutil. Apenas absorvendo e
entendendo aquilo que ela apresenta como impedimento. Só então, deve-se
fazer algo que resolva o problema em questão.
Posso voltar a conversar com ela, caminhar com ela para algum local mais
reservado, e lá, tentar beijá-la de novo. Provavelmente nesse local
reservado, ela aceitará, pois sua objeção era com relação ao desconforto
que o local aberto lhe causava. Beijar-lhe é a simples recompensa que eu
não teria, se tivesse entendido o que ela me disse como sendo o fim de
minha tentativa. Sou eu quem define o fim.
Uma maneira muito boa de lidar com objeções é concordar com o que ela
diz e encarar isso como um problema que também é dela, e não somente
meu:
119
Agora imagine esse novo desfecho para a mesma interação: -
-Nossa! Verdade! Ainda bem que você disse! Eu também não gosto de ser
observado pelos meus amigos. Vamos conversar ali que é mais reservado.
120
O Mestre Sedutor, em verdade, não é aquele que nunca falha, e sim,
aquele que já falhou de todas as maneiras possíveis. Somente aquele que
viveu todas as formas erradas de se seduzir uma mulher, é que pode saber
todas as formas certas de fazê-lo. Ser aberto a novas falhas é questão de
sabedoria.
Tão cruel quanto a própria rejeição pode ser um simples teste. Antes de
aceitar-me em sua vida, uma mulher pode questionar a veracidade
daquilo que apresento de mim. Contudo, esse teste pode parecer uma
rejeição, pois por vezes eles porão em cheque aquilo penso saber de mim
mesmo.
Assim sendo, não há razão de aplicar-lhe nenhum teste. Ela sabe o que ele é e
sabe o que ele quer, pois desde o início da interação ele foi sincero e
congruente a respeito de suas intenções e foi sincero até mesmo em
relação aos seus pontos fracos.
121
tentou parecer inabalável diante da beleza dela, nem tampouco parecer
imune à toda a fragilidade que o torna humano.
O Mestre Sedutor, não é aquele que sabe a resposta certa para escapar de cada
teste. É aquele que não os recebe. É aquele que conhece tão bem a si
mesmo, que em face de qualquer teste, embasa a sua resposta na simples
denotação da verdade. Sua maneira de apresentar-se é tão transparente
quanto o cristal, Não há uma só mancha nele que possa confundir a mulher
a respeito de sua pureza. Ele não tenta encobrir as imperfeições que por
ventura venha a ter. Isso tiraria do cristal aquilo que o torna mais belo além
de sua forma: a transparência.
De hoje em diante não mais tentarei maquiar minhas imperfeições, pois disso
virão os testes. Sou o que sou e não me desculpo por isso.
122
Pergaminho 9: Como Funciona a Mente Feminina
Respeitável pergaminho. O seguro com honra e gratidão, seguro de que
foi para hoje nos encontrarmos que tanto me preparei por vidas e vidas.
123
Por vezes, em humildes tentativas, tentam nos orientar, dando-nos
algumas chaves. Porém, a maior parte delas não passa sequer pela
fechadura.
Por mais que digam o quanto gostam de flores, muitos são aqueles que ao
entregar-lhes tal presente, entregam também o sorriso e a alegria para nunca
mais esboçá-los em seus rostos de novo.
Por mais que digam o quanto detestam ciúmes e amam a liberdade, parece
que só chegam a sentir-se livres quando encontram homens que as
prendam.
Jamais haverá uma mulher que saiba realmente os segredos dos corações
femininos, a menos que ela mesma já tenha seduzido muitas.
Por que o homem aprecia tanto imagens de sexo, ao passo que a mulher não
se entretém com as mesmas figuras na mesma intensidade?
A imagem do sexo na mente do homem é apenas um "resultado". Por sua
tamanha objetividade é natural que seja mais interessante a ele do que à ela,
pois ela se agrada muito mais com tudo aquilo que vier antes do resultado, ou
seja, tudo aquilo que tiver ligação com o processo que antecede o sexo.
Tal processo é o flerte, o romance que se desenrola. É a história de amor.
Outra pergunta pode ser agora respondida: por que uma mulher demora tanto
na simples tarefa de ir às compras?
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O homem vai direto à loja onde sabe que vai encontrar o que precisa. Ele é
objetivo e quer o resultado. Seu prazer só virá após a conclusão de sua tarefa.
Já a mulher passa por todas as lojas que encontra e entra por último
naquela que tem o que precisa. Ela prova todas as roupas e sapatos de uma
loja, mas muitas vezes, sai dela sem nada comprar, apenas para poder ir
para a próxima loja, com a desculpa de que ainda não encontrou o que
procurava.
Esse é o seu prazer: a experiência da compra. Aquilo que ela compra, em si
nem é tão importante. Muitas são as roupas, sapatos e adornos que elas
compram e nunca usam.
Por fim, respondemos aquela que permeia os corações dos homens mais
desiludidos: por que elas rejeitam o carinhoso e morrem de amores pelo
cafajeste?
Com o homem carinhoso ela pode sentir-se confortável, amada, segura,
respeitada e valorizada. Sentirá ao seu lado muita paz.
Com o homem cafajeste ela pode sentir-se confortável num instante, mas
desconfortável depois. Amada num momento, e abandonada em outro.
Segura no começo, e insegura depois. Respeitada e desrespeitada.
Valorizada e insignificante. Sentirá ao seu lado muitas coisas boas, mas
também muitas coisas ruins, como ódio, tristeza e medo da solidão.
Quanto mais emoções variadas ela viver ao meu lado, mas ligada será a mim.
126
Essa verdade me será também útil não só ao seduzir diferentes mulheres, mas
também me valerá quando eu encontrar aquela a qual vou querer seduzir
novamente todos os dias.
Uma mãe ciumenta que não lhe permite sair de casa não me é motivo de
tristeza. É o primeiro vilão de nossa história. O qual nos forçará a viver uma
aventura nos escondendo e vigiando a retaguarda para proteger nosso
romance.
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A diferença de idades que a faz pensar que poderia ser minha mãe não me
é motivo de desânimo. É o primeiro pecado que irá tornar o nosso romance
mais proibido e assim mais desejoso e cheio de paixão.
Logo ao avistar o primeiro fator que nos impede de ter um romance, hei de
levantá-lo como problema. Porém, quando eu sou o primeiro a levantar o
problema, ela automaticamente é impelida a encontrar uma solução.
Ela se sentirá impelida a dizer que idade não importa para o amor.
"Eu realmente gosto muito de você. Por mim a veria todos os dias... Pena que...
A sua mãe é muito ciumenta e pode nos atrapalhar o romance...".
Na mesma hora ela me dirá que isso não é problema desde que driblemos a
marcação de sua mãe. Nosso romance será uma aventura.
"Estou louco para beijá-la aqui mesmo! Pena que... Aqui na igreja é
proibido que nos beijemos".
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E assim farei com tudo o mais que me puder impedir de amar uma mulher.
Para um Sedutor, um impedimento nada mais é do que uma oportunidade, pois
é do seu aparente maior problema que surge a sua maior solução.
129
Pergaminho 10: Tristeza e Solidão
Entender a natureza da tristeza humana é a maior alegria que o Homem
poderia querer. Devo sorrir, e muito, ao receber tamanho conhecimento, pois
sei que muitos por não tê-lo, passam sua vida em plena lamúria.
Mesmo hoje que tenho à minha volta os amigos e as amantes que sempre
sonhei, devo estar ciente de que quando da Terra eu partir, partirei sem eles
rumo ao desconhecido. Mais uma vez tão sozinho quanto eu era quando
cheguei a esse mundo.
Nesse mundo de humanidade tão animalesca, existem apenas duas forças por
traz de toda e qualquer ação humana. A primeira pela qual agimos é o sexo.
130
Felizes são esses seres que julgamos inferiores, mas que em sua total
sabedoria vivem longe da racionalidade, da culpa e da vida urbana,
ocupando sua vida com a busca mais natural e sincera que pode vir de
qualquer. coração: o prazer.
Ele quer ser aceito pelas academias que podem torná-lo um profissional útil
à sociedade. Isso lhe dará o preparo e as oportunidades de que necessita
para assumir no futuro a profissão que tanto deseja.
Após isso, o que motiva o homem formado a passar metade ou até dois terços
do seu dia a trabalhar com afinco exercendo a profissão que aprendeu?
Ele quer ganhar o ouro pago por seus labores. Quer tornar-se rico e
abastado. A riqueza é a aparente razão que consome metade da vida de um
homem entre estudos e trabalhos exaustivos.
Rico, poderá ter os bens que sempre sonhou e cuidar daqueles que ama e que
vier a amar, sendo-lhes o provedor. Terá ao seu lado todos aqueles a quem
puder proteger e confortar com os benefícios que só o ouro pode conceder.
Mas com tudo isso, poderá ter ao seu lado algo muito valioso: uma
companheira. Poderá satisfazê-la com uma vida digna e supri-la em todas as
suas necessidades. Assim como fará com os filhos que virão após sua união
com ela.
131
O mesmo faz o cantor, que embora diga fazer o que faz apenas por seu amor
à música, está a cada novo sucesso criando o caminho que o fará ter a vida
sexual que deseja em seu íntimo.
Assim também faz o poeta pintando quadros com palavras, que embora diga
fazer o que faz apenas por amor, na verdade procura tocar os corações das
pessoas que o leêm, afim de que alguma delas seja a mulher de seus sonhos,
a qual reconhecerá o teor de seus sentimentos e os tratará também com
amor e apreço.
Nos braços de uma mulher é que toda dor e suor de sua jornada se justificam.
Num momento de prazer divino onde todo o vale de chamas e pedras
pontiagudas, que percorreste a pés descalços, revela-lhe o tesouro que lhe
transcende a alma e cura-lhe como bálsamo as feridas de seu espírito.
Reconheço o sexo como uma das principais forças que me movem. Porém
tomo consciência agora da existência de outra: a solidão.
Se a mulher e seu calor são a meta da vida de um homem, o que gera então
essa necessidade? O que antecede a busca por sua companhia?
132
que nos persegue. Essa é a razão de trilharmos um caminho retilíneo:
busca e fuga.
Fugimos daquilo que mais tememos. Isso desde o primeiro segundo em que
abrimos nossos olhos pela primeira vez. Importante então é entender esse
momento no qual conhecemos nosso primeiro medo. Para compreendê-lo é
preciso recordar dois fatos: o nascimento e a vida antes do nascimento.
Quando nos encontramos mortos aqui na Terra e vivos do outro lado da vida,
estamos conectados à nossa verdadeira natureza divina, como espíritos
livres e dissolvidos no absoluto, nos preparando para o próximo nascimento.
Experimentamos durante esse período de preparação uma liberdade e um
senso de unidade que são incompreensíveis para qualquer pessoa que esteja
dentro de um corpo agora. Nessa dimensão, a solidão não existe, pois nela
sentimo-nos parte de tudo, não separados daquilo que vemos, tocamos,
usamos, vestimos ou saudamos. Nem mesmo os outros espíritos nos são
estranhos. Apenas diferentes obras advindas da mesma matéria-prima.
133
Em sua infinita sabedoria, a natureza nos dá nossa primeira mulher. Uma
mulher amorosa, a qual nos amará e confortará pelo resto da vida e até
mesmo depois da vida. Que nos protegerá e nos confortará usando-se de todos
os recursos que seu corpo e seu arredor lhe permitirem. Que trocará a vida
dela pela nossa e o fará sorrindo, por vezes em meio a lágrimas. Amá-la é
inevitável, pois da abrupta dor e fragilidade na qual somos submersos faz-se
também nossa fortaleza: a mãe.
Os anos passam e toda a atenção e mimos que recebia dos adultos agora não
lhe são mais dirigidos. É como se de repente ela tivesse perdido o seu encanto,
pois as pessoas já não lhe sorriem mais de forma gratuita como faziam até
então.
A tristeza lhe consome, e isso tende a agravar-se ainda mais quando outro
viajante do tempo adentra a sua casa através da mesma porta pela qual entrou.
Surge-lhe um irmão.
134
O amor inebriante que conhecera um dia, mas que lhe foi retirado, foi agora
passado a um novo integrante desconhecido. Toda a família se reorganiza de
maneira a suprir a fragilidade do recém-chegado, mas ao invés de entender o
que se passa com seu irmão, tende a invejá-lo.
Uma década se passa, e a solidão torna-se parte da sua vida. Contudo, ela tende
a agravar-se cada dia mais enquanto participa da sociedade. Ela começa seus
estudos, aprende linguagem, cultura e ciências. Mas na escola não lhe
ensinam nada sobre ela mesma e sobre o vazio que sente.
Ela frequenta templos religiosos buscando a paz de espírito que todos dizem
estar lá, mas ao invés de encontrá-la, encontra uma cultura repressora que a
faz olhar para seus desejos sexuais como sendo a fonte do pecado. Incutem-
lhe a culpa. E além de solitária, agora a criança se sente mal por ser
portadora do desejo, que não sabe ela, foi-lhe dado apenas com o propósito
de salvar-lhe.
Submerso numa cultura que diariamente lhe prega valores externos, ele vê
que sua realização como ser, se dará somente quando ele concluir
graduação, patrimônio e matrimônio.
O jovem busca a todo o momento maneiras de fugir da solidão. Ele não quer
estar consigo mesmo. Pois se consigo mesmo estiver, sente o vazio. Porém em
todos os seus anos de vida, ele nunca se depara com as respostas a respeito
de sua verdadeira natureza. Nem os pais, nem os professores, nem o padre
lhe ensinaram a lidar com o vazio que o
135
consome. Por não encontrar essas respostas, ele sente que não há
solução para a solidão.
Daí vemos pessoas, não somente jovens, mas adultos principalmente, que
passam a sua vida a distrair-se. Nunca se dispõem a enfrentar o vazio. Por isso
vivem a ludibriar-se, tentando não percebê-lo quando ele se apresenta.
Mas a quem estão enganando?
O costume de ouvir música em alto volume é muitas vezes, não um gosto pelo
som, mas sim, a busca por um ruído que lhe desconcentre e o distraia
impedindo de perceber o vazio.
A corrida em direção à mulher pode sempre terminar com uma derrota, pois
mesmo que cheguemos em primeiro lugar, podemos não cruzar a linha do
seu coração.
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Se corrermos em direção a ela, correndo apenas do medo que temos do vazio
que nos persegue, ela também há de sentir-se usada, pois saberá que ao
invés de ser acolhida, terá que acolher. Pode até dar-lhe a vitória, porém, seu
prêmio pode decidir abandoná-lo quando sentir sua carência e medo.
Por vezes são elas que correm até nós, e às vezes, tendo em mente o mesmo
objetivo.
Outro fator importante refere-se ao prazo de vida que cada romance tem. Sabe-
se que mesmo os romances mais fortes um dia hão de acabar. Ou por
enxergarem claramente que têm caminhos distintos a seguirem separados, ou
até mesmo pela morte que implacavelmente há de separar todos os amantes da
Terra.
Nesse fim, que é certeiro, o amante abandonado vê-se sem chão. Como se a
razão de sua vida lhe tivesse sido tirada. O que acarreta depressão e outras
doenças emocionais.
Não posso basear minha felicidade nas coisas Terrenas, sejam elas materiais
ou afetivas, pois sei que um dia hei de deixá-las ou elas hão de me deixar. O
que farei então para sustentar a felicidade? Seria ela uma busca infindável por
algo incerto e passageiro como a vida?
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vida inteira buscando fora algo que me preenchesse, sem encontrar, só
posso ter procurado no lugar errado. A resposta sempre esteve perto de mim.
Escondida no último lugar que ousaria procurar: dentro de mim.
O amor é a minha raiz. E quando em meu próprio vaso essa raiz não mais
couber, ela há de transbordar e finalmente poderei dar amor às pessoas. Não
como sementes fragilizadas, lançadas em vasos mal cuidados, expostos ao
mal tempo e às pragas que assolam cada pessoa, mas como extensões de
uma árvore gigante, imponente, saudável e sólida que nunca há de
tombar.
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Passarei pela fila das mulheres de minha família, e ao receber o amor delas,
terei finalmente entendido o que é ser um homem, e jamais procurarei
numa amante uma mãe, como fazem os homens solitários.
Mestre Jesus deixou-nos antes que o verdadeiro significado de sua frase pudesse
ser entendido. Por falta de seu esclarecimento final, a humanidade tentou como
pôde seguir aquilo que disse. Porém, atendo-se apenas à primeira parte, que
compreende somente amar ao próximo. Sem perceber que o amor ao próximo é
apenas a semente, que podemos lançar em seu vaso, mas que não sabemos ao
certo se irá germinar ou não.
Logo, o campo não será mais uma paisagem do cerrado, composto de poucas
árvores em meio a vastas pastagens. Será uma floresta, e abaixo de seu solo
todas as raízes se tocarão, tornando-se uma só.
Quando eu não mais precisar das mulheres, terei entendido a fundo o que é não
ser necessitado, e de mim emanará a abundância e a alegria. Elas estarão ao meu
redor e dentro de mim. Entender a natureza da tristeza e da solidão não é o
segredo de se dar bem com as mulheres. É o segredo
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da felicidade e do amor, que não se resume apenas a uma companheira, mas
sim, a estar uno com o todo.
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Capítulo 4: O Aniversário de Um Homem Morto
Cinco meses haviam se passado.
O rapaz sério e desajeitado que um dia tentara se matar havia realmente morrido.
Hugo era agora um novo homem, com uma nova vida. De anônimo passou a
conhecido e agora tinha em sua vida a presença de muitas pessoas especiais.
Dentre elas, muitas eram mulheres, que entravam e saiam de sua casa com
frequência.
Aquela era uma noite especial. Era o dia de celebrar o nascimento daquele
que havia morrido cinco meses atrás. Era o aniversário de Hugo.
Pela primeira vez na vida, Hugo via Afim vestindo uma camiseta. Seu mentor
era bom em se misturar, e para uma festa jovem como a de seu pupilo, não lhe
cairiam bem as roupas garbosas de sempre.
As mulheres que lá foram prestigiar sua festa eram em boa parte seus novos
romances. Os amigos que lá foram, eram em grande parte novos em sua vida,
mas havia ali também aqueles antigos com quem brincava no parque desde a mais
tenra infância.
Ao seu lado estava um de seus mais novos e importantes amigos: Afim. Seu
irmão recém-chegado, que lhe conhecera tão tarde, mas que lhe dera o maior de
todos os presentes: uma nova vida.
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Quando a madrugada chegou, os convidados foram se despedindo à medida
em que se abaixava o som da música. Ao final da festa, restaram somente
copos sujos e desordem a se limpar. Seu vizinho Afim seria o último a deixá-
lo. Relaxaram, deixaram a varanda e foram para o sofá descansar ainda
sorrindo:
Meu. Deus! Acho que semana que vem farei outro aniversário como esse! —
Disse Hugo exausto, mas empolgado.
Ambos riram.
Sabe, Afim... Eu tenho que te agradecer! — Disse Hugo meio sem jeito
olhando para o copo sobre o joelho.
Tenho sim muito que agradecê-lo. Afinal, se não fosse por você, eu talvez não
tivesse chegado a ver o dia de hoje. Tudo o que fez por mim desde aquele dia
são coisas que não só me permitiram continuar vivo, mas principalmente,
viver de verdade. Coisa que mesmo vivo eu não fazia antes.
Fico realmente muito feliz por você! Sinto muito orgulho de você! Você é
determinado e persistente! Já teve muitas conquistas nesse meio tempo, e
estou certo de que pelos próximos anos, muito mais ainda irá conquistar!
— Disse Afim endireitando-se sobre o sofá.
142
-Realmente... Sei bem do que está falando, pois ela teve sobre minha vida o
mesmo efeito de mudança e melhoria.
O que sente dentro de você hoje, Hugo? — perguntou Afim se apoiando sobre o
cotovelo.
A Karisa era sim incrível, mas estar preso à ela me impedia de ver o quanto
mais a vida ainda podia ser gloriosa. Depois dela, tantas outras vieram... Mulheres
que hoje têm tanta importância na minha vida, que olhando para o passado, eu
não me perdoaria por não as ter conhecido. E jamais as conheceria se não fosse
pela atitude da Karisa de me abandonar e me dar essa oportunidade — Hugo riu-
se por um instante — Hoje não sinto mais nenhuma gota de rancor pela maneira
como ela me tratou. A liberdade que ela me deu foi o maior presente que já
me deu. Espiritualmente posso dizer que o amor dela por mim foi tanto, que
permitiu a ela que me libertasse, mesmo sabendo que isso me faria sofrer tanto.
Hoje tenho uma vida tão plena de significado, que me admira saber que um dia
pensei em acabar com ela.
Seguiu-se um silêncio. Afim estava a refletir com o mesmo semblante que Hugo
fazia ao ouvir as orientações de seu mentor. Hugo continuou:
Os pergaminhos iniciáticos são a base do que vivo hoje. Mas muito da minha
nova atitude devo às suas orientações. Quando eu me senti fraco e quis tentar de
novo ter o amor da Karisa você me deu dicas valiosas.
143
Então entendi que tudo aquilo que perseguimos tende a fugir. Que
sempre que corremos atrás de uma mulher, ela tende a correr adiante
escapando. Eu pensava em me reconciliar com ela, mas ouvi o seu
conselho. Tratei-me com respeito e dignidade, e dei a ela espaço para que
avaliasse a atitude que teve para comigo. Comecei a investir mais em mim
mesmo, pois você me ensinou que se eu continuasse sendo o mesmo rapaz
que ela havia rejeitado um dia, o tempo sozinho não seria capaz de fazê-la
querer de novo aquilo que um dia ela rejeitou. O caminho para que ela
pudesse se reatrair por mim era o de melhorar a mim mesmo, não só por
fora, mas principalmente por dentro. Cuidando de minha mente, meu espírito,
meu corpo e de minha vida social, que antes eu não tinha. Mas nessa jornada
em busca da melhor versão de mim mesmo, acabei por conhecer tantas
mulheres incríveis, que hoje já não fico mais sentado no sofá esperando a
Karisa me ligar.
-Quem será a essa hora? — Disse Hugo a Afim que estava também
surpreso.
Alô.
Alô, Hugo?
Sim.
-Aqui é a Karisa!
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Nota do Autor
Esse é o primeiro livro que público nessa vida.
Contudo, muitas das vezes, a ajuda que leva um pupilo a seduzir uma mulher de
fato, não termina por dar-lhe a felicidade que sonhava ter. Como costumo dizer a
eles: "pegar mulher é a parte mais fácil da vida de um Sedutor". Devido a isso,
grande parte do meu trabalho como Consultor Amoroso consiste não somente
em ensinar os segredos da Sedução a um homem, mas principalmente em fazê-lo
conhecer a si mesmo, pois disso advém a plenitude que o fará feliz com ou sem
mulheres ao seu lado. Além de quê, a mulher isso os fazem tratar a mulher com
mais respeito e reverência. Logo, minha busca se ampliou, fazendo-me buscar
conhecimentos não só sobre Sedução, mas sobre a verdade.
Buscar a verdade é uma jornada árdua, pois conhecê-la nos força a mudar. O
que pode ser muito desconfortável.
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A Mulher é uma divindade que foi fatalmente suprimida pelos homens
covardes que ao longo dos milênios inventaram maneiras de torná-la
submissa, e que o fizeram através de suas estórias que construíram a
sociedade patriarcal na qual vivemos hoje.
Hoje meu trabalho é muito mais eficaz, pois não me atenho somente aos
princípios da Sedução. Porque sei que após seduzir todas as mulheres do
mundo, meu pupilo pode ainda não sentir-se completo, o que o levaria a ter
que buscar algo mais profundo e esclarecedor a respeito da felicidade que
pode ainda não ter conquistado.
E assim foi construída essa obra que tenta lapidar o leitor a fim de que o
sucesso com as mulheres não lhe seja mais do que a direta consequência de
melhorar a si mesmo.
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