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XVSGCO- 175
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CARACTERIZAÇÃO GEOLÓGICA DA PORÇÃO LESTE DO MUNICÍPIO DE TOCANTINS – TO

Florença Moura¹, Lucas Teles²


¹,²Univerdidade de Brasília
fmouraunb@gmail.com¹, lsbteles@gmail.com²

INTRODUÇÃO
O presente trabalho faz parte de um projeto
maior, denominado Projeto Paraíso – Tocantins, que
foi executado pelos alunos de geologia como trabalho
final de graduação, realizado no decorrer do ano de
2015, com o apoio do Instituto de Geociências da
Universidade de Brasília (IGD-UnB).
Apesar de apresentar atividades garimpeiras,
a região de Paraíso do Tocantins, até então, era
carente em estudos geológicos de detalhe e não tinha
sido mapeada na escala de 1:50.000. Desta forma, o
projeto contribuiu para o melhor mapeamento do
centro-norte do estado do Tocantins.
A área do Projeto Paraíso – TO situa-se no
município de Paraíso do Tocantins, porção centro-
norte do estado do Tocantins, a cerca de 770 km a
norte de Brasília (Figura 1) e a 75 km a oeste de
Palmas.
A região de estudo tem uma área de 126 km²
e sua localização é marcado pelos vértices nordeste
717500 e 8880000 e sudoeste 698500 e 8873500. As
principais vias de acesso são a BR-080, BR-153 -
Rodovia Transbrasiliana (Figura 1) e vias vicinais não
pavimentadas. O acesso da área, se da pela via
estadual TO-447 que liga os municípios de Paraíso do
Tocantins e Chapada de Areia. Figura 1: Localização da Área Estudada.

CONTEXTO GEOLÓGICO porção oeste e norte pelo Domínio Faixa Araguaia


A área de estudo encontra-se na região (Hasui, 1980).
centro-norte do Tocantins e está inserida no Cinturão A Faixa Araguaia é representada por uma
Araguaia (Hasui et al, 1980), essa megaestrutura faz sucessão metassedimentar, máfica e ultramáfica
parte da porção oeste da Província Estrutural do metamorfisadas, apresentando uma deformação
Tocantins (Almeida, et al 1981). Localizado na borda crescente de oeste para leste e encaixadas no
oriental do Cratón Amazônico, esse cinturão tem sua Supergrupo Baixo Araguaia, subdividido em dois
borda leste encoberta por rochas sedimentares grupos: Estrodo e Tocantins (Silvia et al, 1974; Abreu,
pertencente à Bacia do Parnaíba, a sudeste faz limite 1978).
com as rochas do Maciço de Goiás (Gorayeb et al. O Grupo Estrondo pode ser dividido em
2008). Formação Morro do Campo, constituída de
O Cinturão Araguaia é compartimentado em metaconglomerados, quartzitos, micaxistos com
dois domínios, a sudeste pelo Domínio Rio dos granadas e estaurolitas; Formação Xambioá composta
Mangues, que é o seu embasamento exposto e a por xistos feldspaticos com quantidades variadas de

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biotita, estaurolita e granada e Formação Canto da Os Tremolita-Serpentina Xisto apresentam
Vazante, onde as rochas aflorantes são micaxistos, uma coloração esverdeada com uma foliação
calcoxistos, mármores e lestes de anfibolitos (Abreu, penetrativa, a petrografia a rocha apresenta
1978). basicamente um domínio fino composto por tremolita
O Grupo Tocantins (Almeida 1967 e Hasui et (60%), com crescimento radial, onde estão imersos
al. 1977) compõe-se a leste das Formações Pequizeiro, cristais de serpentina (35%) variando de 0,1 a 1,0mm.
constituída por quartzo-clorita-xistos abundante, Também são encontrados finos cristais de magnetita
clorita-xistos e corpos de metabasitos e Formação (4%) e relictos de olivina (1%).
Couto Magalhães, composta de filitos, ardósias, O Talco Xisto apresenta coloração verde
metassiltitos, metarcósios, metagrauvacas, esbranquiçada, com baixa coesão, untuosa ao tato e
metacalcários, além de intercalações de formações levemente magnética, composta por talco e magnetita.
ferríferas, metassilexitos e quartzitos. O talco (85%) se encontra em dois domínios diferente,
Ainda presentes na composição litológica da um onde apresenta tamanho de até 2,5mm e em outro
faixa, estão inseridos os anortositos Carreira Comprida, em que esses minerais se encontram menores que
que foram definidos por Gorayeb (1996) como uma 0,2mm. São observados porfiroclástos (3mm) e
intrusão de forma isolada e que apresenta estruturas porfiroblástos (1mm) de magnetita. Pontualmente
geradas por uma forte influência da zona de ocorre a presença de clorita.
cisalhamento transcorrente Porto Nacional. O Serpentina-Talco Xisto é verde acinzentado,
untosa ao tato, apresenta foliação penetrativa marcada
RESULTADOS pela orientação de minerais. A rocha é composta por
Na área estudada ocorrem representantes do serpentina (65%) com tamanho entre 0,2 e 0,5mm,
Complexo Rio dos Mangues (Unidade Ortoderivada 1) e onde é possível ver um crescimento desse mineral de
do Grupo Tocantins (Formação Pequizeiro e Sequência forma radial. Os domínios de talco (25%) ocorrem
Metavulcanossedimentar Rio do Coco). aleatoriamente entre a serpentina. Em poucos
O Complexo Rio dos Mangues, representante domínios da lâmina é possível observar relictos de
do embasamento da região, possui ocorrência restrita olivina (2%). Uma característica marcante é o
na área e sua litologia é predominantemente crescimento em mais de uma direção dos cristais de
ortognaissica. A rocha apresenta textura granoblástica talco, além de uma grande quantidade de magnetita
composta por 45% de quartzo, 30% de microclíneo (8%) euedral.
entre 0,2 a 0,8 mm e 15% de plagioclásio que variam O Actinolita Xisto apresenta uma coloração
de 0,2 a 0,4 mm, e em menores proporções biotita, verde acinzentada, com domínios mais claros
carbonato e clorita. compostos por quartzo (tardios) e as porções escuras
A Sequência Metavulcanosedimentar Rio do apresentam cristais de menor tamanho de actinolita,
Coco é representada pelas unidades: Metassedimentar onde é evidenciada uma foliação bem marcada. Em
(subdividida em fácies psamíticas e pelíticas), Filitos lâmina delgada, a actinolita (60%) encontra-se
Carbonosos, Metachert e Máfica-Ultramáficas. orientada, segundo a foliação lepidoblástica. Esses
Os filitos carbonosos ocorrem na área em cristais apresentam tamanho inferior a 0,4mm. Em
formas de lentes intercaladas nas rochas da unidade alguns domínios é possível observar hornblenda (5%)
ultramáfica. São rochas de coloração escura e matriz preservada. Óxidos (5%) rotacionados se encontram
fina, basicamente composta por minerais opacos pontualmente na lâmina. É evidenciada uma
(85%), quartzo (10%) e muscovita (5%). transformação chamada leucoxen que envolve a
Os cherts se apresentam de forma maciça desestabilização de ilmenita. É importante ressaltar
onde são evidenciados grãos de quartzo e raros que os critais de quartzo (30%) encontrados, são todos
porfiroblástos de magnetita. Petrograficamente foram de origem tardia e não fazem parte do protolito
descritos quartzo (75%) anedrais com tamanho entre metamorfizado.
0,1 a 0,4 mm, porfiroclástos de magnetita com cerca de O Talco-Tremolita Xisto apresenta coloração
0,5 mm (20%), muscovita (3%) e biotita (2%) ocorrendo acinzentada, pouco coesa, apresentando untuosidade
pontualmente. ao tato, indicando a presença de talco. Na seção
As rochas Maficas-Ultramáficas encontradas delgada se observa que a rocha é formada
nesta unidade são: Tremolita-Serpentina Xisto, Talco basicamente por uma matriz fina de talco (65%) com
Xisto, Serpentina-Talco Xisto, Actinolita-Xisto e Talco- tamanho inferior a 0,1mm sendo que em alguns
Tremolita Xisto. domínios são encontrados lamelas bem formadas, com
até 0,4mm. Imersos nessa massa fina encontram-se

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tremolitas (25%) com tamanho inferior a 0,4mm e A Formação Pequizeiro foi individualizada em
magnetita (10%). duas fácies distintas: Sericita-Quartzo Xistos e
A unidade metassedimentar apresenta um Magnetita Quartzitos. O Sericita-Quartzo Xisto é
conjunto de rochas com variação composicional, composto por uma matriz síltica onde estão imersas
porém todas derivadas de um mesmo protólito lamelas de mica de alteração (sericita), além de grãos
metamorfisado em fácies xisto verde alto/anfibolito. de quartzo disseminado por toda a rocha.
Foi possível diferenciar três tipos diferentes de rochas A fácies do Magnetita Quartzito encontra-se
nesta fácies sendo elas: Ms-Bt-Qz ( Grt) Xisto, Bt-Qz intercalada como lentes na fácies Sericita-Quartzo
( Mg) Xisto e Qz-Bt Xisto. Na Tabela 1 encontram-se as Xisto. Petrograficamente os grãos de quartzo são de
variações composicionais encontradas nas rochas granulação média (0,3 a 0,5mm), intercalados por
dessa unidade. faixas milimétricas de coloração escura compostas por
magnetita.

Tabela 1: Composições modais das rochas da unidade sedimentar da Sequência Metavulcanicassedimentar Rio do Coco.
Amostra Qtz Ms Bt Ep Plg Zr Cc Grt Apt Opacos Classificação
TF-2015-V-23b 45% 20% 20% 7% 3% x x x x 2% Ms-Bt-Qz Xisto
TF-2015-V-73b 25% x 72% x x * x x x x Qtz-Bt Xisto
TF-2015-V-120 60% x 25% x 3% * x x x 10% Bt-Qtz Xisto (com Mgt)
TF-2015-V-242a 45% 10% 25% 5% 3% * 10% x x 2% Ms-Bt-Qtz Xisto
TF-2015-V-242b 55% 13% 15% x 1% x 10% 2% * x Ms-Bt-Qtz Xisto (com Grt)
TF-2015-V-109 40% 20% 25% 5% x * 5% x x x Ms-Bt-Qtz Xisto
TF-2015-V-238 35% 20% 40% x x x x * x * Ms-Qtz-Bt Xisto
TF-2015-V-254a 60% x 30% x x 1% 5% x 1% 1% Bt-Qtz Xisto

Tendo em vista o forte processo de  Descrição da Sequência


intemperismo local, que resulta na escassez de Metavulcanossedimentar Rio do Coco, composta por
afloramentos e espessamento da crosta laterítica que xistos máficos, ultramáficos e pelíticos, além de filitos
domina boa porcentagem das áreas Projeto Paraíso, a carbonosos e metachets e
análise da área de mapeamento por meio de dados de  Refinamento cartográfico significativo de
geofísica foi uma ferramenta de extrema importância contatos e estruturação das unidades mapeadas, com
para a confecção dos mapas da região. o apoio de produtos de geofísica aérea.
Os dados de geofísica utilizados foram
disponibilizados pelo Serviço Geológico Brasileiro
(CPRM) e pela ANP, sendo os principais dados
geofísicos utilizados no trabalho a magnetométricos
(AGHT) e gamaespectrometria (Figura 2).

CONCLUSÕES
As principais conclusões referentes ao Projeto
Paraíso – TO, em especial aqueles referentes a sub-
área V são:
 Na área de estudo o embasamento aflorante
se caracteriza como um ortognaisse pertencente ao
complexo Rio dos Mangues;
 Foram descritas rochas do Grupo Tocantins,
onde as principais litologias pertencem a Formação
Pequizeiro, onde foram observados sericitas-xistos e
magnetita quartizitos, no extremo oeste da área;

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Figura 2: Mapa Geológico e produtos geofísicos.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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