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novo. Esta afirmativa é de suma importância e nunca se pode perdê-la de vista, ou seja,
tudo tem como ponto de partida – a palavra dita por Jesus. E por isso ao proferir a sua
palavra todas as possibilidades estão de alguma forma em atividade, envoltas de amor e
mistério.

Essa parábola é proferida utilizando-se duas figuras, o vinho e uma vestimenta, a


primeira é mais importante que a segunda. Elas são demonstrações de elementos
concretos e cotidianos, mas que podem ser imperceptíveis pelo excesso e/ou falta. Se,
costumeiramente naquela cultura, a vida é mais ouvida e tocada e menos vista, que fica
em segundo plano, ela desaparece pelo agir automático. Então se há a escassez não
voluntária e prolongada, somente a ausência é percebida.

O vinho e vestimenta, em primeiro plano, são dádivas indiretas da criação contidas na


vida animal e vegetal – natureza. E num segundo, são atividades do engenho humano –
cultura. E, portanto, as duas englobam necessidades básicas de conservação e proteção.
Mas na ordem da natureza o alimento é mais importante do que a veste, ou seja, a vida
humana precisa, primeiro nutrir-se e depois cobrir-se para integrar-se como pessoa, e
daí manter a sua continuação.

E no contexto do Antigo Testamento a narrativa se coloca nesta conexão, na medida em


que, no jardim Éden, a criação da natureza realizada por Deus provê tudo para todos os
seres, desde o casal primevo, como relata em Gênesis 1,31: “E viu Deus a tudo que fez,
e eis que era muito bom; e aconteceu tarde e aconteceu manhã, o dia sexto.” E na
sequência, não se pode esquecer que, as primeiras vestimentas são originalmente
retiradas de animais e surgem como um ato e presente dado por Deus às duas pessoas
que sofreram a queda, como está em Gênesis 3,21: “E fez Yahweh Deus para Adam e
para sua mulher túnicas da pele, e os fez vestir 1.”

Como esse estado original edênico desaparecera e, agora, a criação e natureza não estão
mais em plena harmonia, por isso se introduz a cultura. Não obstante a quaisquer
rompimentos com Deus, a criação caminha com a presença e atuação de sua graça. E
confirma-se este fato, pois em determinado momento surgem dois irmãos, Kain e Hebel,
os quais são os primeiros a uniram a natureza com a cultura, atestado em Gênesis 4,2:

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As traduções dos textos Bíblicos são confeccionadas pelos autores.

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