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Os fios negros dançavam vívidos com o balançar fúnebre da garota; seus olhos eram o próprio

oceano tempestuoso pedindo que o céu fosse gentil consigo aquela noite, e apesar de cada
movimento rápido e habilidoso, sua alma era como um livro velho e mofado na prateleira
mais alta de uma grande biblioteca, intocável. Enquanto seu corpo perdurava por toda
eternidade como um diamante que nunca se quebra, sua alma padecia podre como a maçã do
paraíso, enrugando-se a cada “tic, toc” do relógio da vida.
Ela sabia, bem no fundo, mesmo que negasse abertamente, que pertencia a ele. Pertencia a seu
toque quente e seu olhar atrevido, assim como ele sabia que pertencia a ela. Mas, ao olhar
para si mesma e não enxergar uma pessoa, não enxergar o conteúdo, a alma que deveria estar
ali, ela se negava a amar, se negava a sentir. Pois, seu interior guardava um medo que brigava
veemente para assumir o controle, e em maior parte do tempo conseguia tomar as rédeas de
seu ser.

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