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INTRODUÇÃO

As barragens surgiram inicialmente com a função de utilização dos recursos


hídricos para consumo humano e combate as secas, no entanto, hoje têm as mais diversas
finalidades e tipologias. (Mariana Souza et all, 2013)
Com a crescente necessidade energética, no Brasil, na última década, a construção
de barragens aumentou consideravelmente para a inserção de hidroelétricas e geração de
energia dita como limpa, mas que na verdade apresenta diversos impactos ambientais.
Somente a Bacia do Rio Amazonas representa 40,5% de todo o potencial hidrelétrico
nacional, sendo que muito pouco do potencial dessa bacia foi explorado até então. Na
engenharia civil, a geologia relacionada a barragens é aplicada por meio de estudos, com
embasamentos científicos, que são observadas várias atividades como a obtenção de
materiais para construção em geral, análise do material rochoso da região, sendo assim
determinar a construção do modelo de barragem considerado ideal para as condições
geológicas do terreno, pois desta forma será possível uma melhor desenvoltura e
economia, sem afetar a qualidade da obra, causando o menor impacto ambiental possível.
Dessa forma, a geologia é indispensável na implantação de barragens.
O objetivo desse trabalho foi destacar a importância da geologia na implantação
de barragens, enfatizando os tipos barragens utilizados de acordo com a região a ser
implantada.

1. BARRAGEM
Barragem é um elemento estrutural construído transversalmente a vales ou
depressões, com o intuito de elevar o nível da água dos cursos naturais ou de formar
reservatório destinado à acumulação de água; podendo ter várias finalidades como a
geração de energia através das usinas hidrelétricas, abastecimento de água para indústrias,
residências e agricultura, contenção de enchentes, navegação, piscicultura, turismo,
contenção de sedimentos, entre outros. As barragens são construções muito importantes
para qualquer comunidade, pois são imprescindíveis ao desenvolvimento do local onde
estão inseridas, porém apesar de toda sua vantagem este é um tipo de obra que pode
impactar muito o meio ambiente, mudando o curso dos rios, os níveis freáticos, além de
toda a paisagem a sua volta.

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Dessa forma, a escolha do local onde irá se construir essa barragem é muito
importante e deve ser feita seguindo um planejamento para se estudar em que a obra irá
afetar as condições geológicas e geotécnicas da região, estudar também os fatores
hidráulicos, políticos, econômicos, social e ambiental. Essa escolha deve estar ligada
diretamente aos objetivos do empreendimento, pois para cada tipo de barragem são
necessárias algumas exigências. Bem como a escolha do tipo de barragem está ligada a
aspectos técnicos variados, como as condições de acesso, condições de fundação,
condições topográficas, além da disponibilidade de materiais de construção no local.

1.1. TIPOS DE BARRAGEM


As barragens são classificadas de acordo com o seu objetivo, seu projeto
hidráulico e os tipos de materiais utilizados. Assim temos diferentes tipo como, Barragem
de Concreto; Barragem de Terra e/ou Enrocamento.

1.1.1. BARRAGEM DE CONCRETO


São construídas principalmente a partir de materiais granulares produzidos
artificialmente aos quais adiciona-se cimento e aditivos químicos. Este tipo de barragem
tem três modelos mais comuns: Barragem de concreto gravidade; Barragem de concreto
em arco; Barragem em contraforte, estas podem ser construídas com concreto armado ou
rolado.

1.1.2. BARRAGEM DE CONCRETO GRAVIDADE


Construídas por uma parede de concreto que consegue resistir à pressão da água
com seu próprio peso, distribuindo as tensões para o solo do leito do rio. Esta é uma
barragem que apresenta estabilidade devido ao peso e largura da sua base adequada à
resistência da fundação. Para uma maior eficácia deste modelo é necessário que a
barragem seja maciça, com material construtivo de alta densidade.

1.1.3. BARRAGEM DE CONCRETO EM ARCO


São barragens que necessitam de condições de terreno especiais para serem
construídas. O formato em arco permite que as pressões sejam distribuídas para suas
ombreiras, distribuindo assim a força aplicada nas barragens para as margens e o fundo
do rio, por esse motivo as margens precisam ser altas e construídas de rochas resistentes.
Este tipo de barragem é muito construído em vales estreitos e canyons.

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Sua vantagem quando comparada à de concreto gravidade é que o seu consumo
de concreto é muito menor, resultando em menores custos de implantação, porém possui
um projeto mais elaborado logo necessita de uma mão de obra mais especializada.

1.2. BARRAGEM EM CONTRAFORTE


É uma barragem formada por uma laje impermeável a montante, apoiada em
contrafortes verticais, exercendo assim uma maior compressão na fundação quando
comparada à barragem de concreto gravidade. Sendo assim sua fundação deve ser apoiada
em rochas com elevada rigidez.

Os contrafortes são estruturas feitas para reforçar paredes, construídos geralmente


na superfície externa ou interna agindo como “aliviador” de pressão.

Quando comparada à barragem de concreto gravidade suas vantagens são o seu


menor volume e a menor sub-pressão na base, porém exigem um projeto estrutural mais
complexo.

1.3. BARRAGEM DE TERRA


Devido à grande quantidade de rios que existem no Brasil, este foi o país que mais
desenvolveu técnicas para o projeto, construção e controle de barragens de terra. Isso
ocorreu, pois, as primeiras barragens de grande porte foram construídas em regiões ricas
em argila e pobre em granito. A barragem de terra possui várias vantagens entre elas a
segurança proporcionada, sua capacidade de poder ser construída em quase todo tipo de
fundação, com a utilização de métodos modernos é possível construí-la com qualquer tipo
de solo e são relativamente baratas além de não exigir trabalhadores muito especializados.

Apesar de suas variadas vantagens essa obra também apresenta riscos os quais
devem ser muito bem prevenidos através de sondagens, a avaliação desse risco deve
começar pelo estudo de modos de falhas para estimar a probabilidade e consequência de
cada risco, entre estes riscos está o vertedouro insuficiente e mal calculado que pode gerar
inundações; fundações porosas gerando solapamento e materiais de má qualidade.

Nesse tipo de barragem pode surgir um fenômeno chamado piping, que é a erosão
interna que provoca a remoção de partículas do interior do solo, formando tubos vazios
que provocam colapsos e escorregamento laterais do terreno, este fenômeno pode se
desenvolver por processo degenerativo ou envelhecimento das estruturas. Porém a

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probabilidade de rupturas em barragens mais antigas (construídas antes de 1950) é 7,5
vezes maior que em barragens mais novas.

As barragens de terra têm grande volume, taludes suaves, devem ter muita
inclinação e compatibilidade com a resistência ao cisalhamento do material após
compactação. Possuem base larga para distribuir o peso e aumentar sua seção de
percolação. Dependendo da disponibilidade de materiais ela terá seção homogênea ou
zonada.

O corpo da barragem de Terra e/ou enrocamento é uma estrutura trapezoidal,


constituída de diversos materiais que cumprem funções distintas. Estes tipos de barragem
que são destinadas para o armazenamento permanente de água devem possuir um elevado
grau de estanqueidade. Normalmente possuem um eficiente sistema de drenagem interna
e elevados coeficientes de segurança, tanto para uma possível erosão interna como para
possibilidade de ruptura por cisalhamento.

1.3.1. BARRAGEM DE TERRA HOMOGÊNEA


Construída quase exclusivamente com terra compactada, é a mais comum onde é
utilizado um único tipo de solo. As inclinações dos taludes, montante e jusante devem ser
adequadas ao tipo de solo. Nessa barragem constrói-se um cut-off que é a parte do aterro
que se insere a fundação. Feita basicamente de um único material com permeabilidade
suficientemente reduzida para permitir níveis aceitáveis de percolação.

1.3.2. BARRAGEM ZONADA


É formada por solos de diferentes características, utilizando-se o solo disponível
com o coeficiente de permeabilidade menor no núcleo central com função vedante. São
barragens cujo maciço não é formado por um único material predominante.

A barragem zonada não apresenta uma vantagem marcante quando se compara


com as barragens de terra homogêneas, pois, a escolha de uma das seções depende do
tipo de solo do local, da topografia, da geologia e do regime hidrológico.

1.3.3. BARRAGEM DE ENROCAMENTO


É o tipo de barragem na qual são utilizados blocos de rochas de tamanho variável
e uma membrana impermeável na face de montante. A construção dessa barragem só se
torna econômica em locais onde o custo do concreto for elevado ou onde houver escassez
de materiais terrosos além de haver excesso de rocha dura e resistente. Vale destacar que

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a rocha adequada para a fundação de uma barragem de enrocamento pode não ser
aceitável para uma de concreto. A rocha que preencherá a maior parte da barragem precisa
ser inalterada pelo intemperismo, não sendo facilmente desintegrada ou quebrada. São
inadequadas para a construção rochas que se fragmentam facilmente em pedaços muito
pequenos, com muitas lascas e pó quando sujeitas à ação de explosivos. Exemplos de
rochas resistentes adequadas são a gnaisse e o diabásio, os blocos dessas rochas são
colocados de forma que elas tenham o maior contato possível entre suas superfícies e os
vazios entre elas, são preenchidos por material de menor tamanho.

2. CRITÉRIOS DE ESCOLHA DO TIPO DE BARRAGEM


Uma das etapas que necessitam de extremo cuidado é a escolha do tipo de barragem
a ser construída. Vários aspectos devem ser considerados para a escolha da configuração
de barragem mais adequada a região que será inserida. Alguns desses aspectos são:

2.1. DISPONIBILIDADE DE MATERIAL


Visando certa economia e viabilidade do projeto é importante fazer uma análise
do solo nas áreas próximas a obra, e dependendo da conclusão das características
geotécnicas existe uma indicação do tipo de barragem mais adequado, como mostra a
tabela.00000000000

Tabela 1: Relação entre material disponível e tipo de barragem adequado

Material disponível Tipo de barragem mais indicado


região de basalto - argila barragem de terra homogênea
região de granito - rocha barragem de terra e enrocamento ou
(enrocamento e agregado para de concreto gravidade
concreto)
região com pouca argila barragem com núcleo delgado ou
face de concreto
região com solos distintos barragem zoneada

Determinados aspectos construtivos também devem ser avaliados como a área de


armazenamento do material, porém o ideal é que seja desposto no corpo da barragem logo
após a escavação; a distância entre o solo e a área em que a obra se encontra, pois a área

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de exploração precisa estar em áreas com cotas superiores a área de lançamento no aterro
para facilitar o transporte.

2.2. TOPOGRAFIA
Uma análise da dimensão e formato onde será construída a barragem é
fundamental na etapa de escolha do tipo mais apropriado de barragem. Os rios em quais
as barragens serão inseridas podem ser chamados de vale (V) que é o mais usado e o vale
(U) que tem as encostas íngremes e o volume de aterro é maior. É avaliado também o tipo
de vale, como mostra a tabela a seguir.

Tabela 2: Tabela que correlaciona tipo de vale e tipo de barragem mais indicado

Tipo de vale Características do vale Barragem indicada


Fechado Erosão vertical, menor Barragem de concreto
volume de construção (arco ou gravidade)
Irregular Descontinuidades na Barragem de concreto
altura da barragem, (gravidade ou
recalques diferenciais, contrafortes) ou de
trincas transversais enrocamento
Aberto Maior custo de geração, Barragem de terra ou
erosão lateral, depósitos enrocamento com núcleo
sedimentares, maior área
de reservatório

2.3. CLIMA
Esse fator pode influenciar diretamente as características do solo, como interferir
no cronograma de chuvas. De maneira geral, regiões de clima úmido costumam ter solos
finos em camadas resistentes, enquanto as regiões de clima seco possuem solos mais
grosseiros em rasas camadas. As chuvas precisam de uma severa influência, pois ,além
de interferir no cronograma da obra e na erosão do talude e jusante durante a vida útil de
barragens de terra ou enrocamento. Ainda é fundamental o estudo do regime de cheias do
rio, pois a vazão do rio na época da construção pode ser decisiva na escolha do tipo de
barragem.

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2.4. MATERIAL DE FUNDAÇÃO
É de suma importância analisar a resistência, deformidade e permeabilidade do
material da fundação em que a barragem será inserida. Assim, com essas características
da fundação poderá ser indicado o tipo de barragem, como também o tratamento da
fundação.

Tabela : Correlação entre a classe da rocha e o tipo de barragem mais adequada (MARQUES FILHO e GERALDO,
1998).

Para barragens de solo, as mais indicadas serão as de terra e enrocamento, pois


podem sofrer mais deformações do que as demais.

2.5. HIDROLÓGICO-HIDRÁULICO
O estudo hidrológico das vazões do rio, do nível do reservatório e da altura de
borda livre é utilizado para a determinação da altura da barragem. Esses estudos ajudam
a determinar se a barragem será autovertedoura ou não e define-se o tipo de barragem que
suportará o galgamento, quando se fizer necessário. As ondas no reservatório também
precisam ser analisadas assim como os ventos que geram essas ondas, pois o talude de
montante tem que suportar os efeitos causados por esses fenômenos.

Fatores como preservação ambiental, custo prazo e aspecto construtivo também


influenciam critérios de escolha do tipo de barragem.

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2.6. PRESERVAÇÃO AMBIENTAL
Atualmente a questão ambiental tem ganhado cada vez mais importância na
construção de barragens. Os projetos devem ser feitos visando minimizar os impactos
ambientais. Podem existir áreas onde não seja permitida a escavação ou o desmatamento,
afetando assim na disponibilidade de material de empréstimo, e consequentemente,
interferindo na escolha do tipo de barragem. Portanto, é imprescindível um estudo
detalhado das limitações impostas por questões ambientais ainda nas fases iniciais do
projeto.

3. INFORMAÇÕES GEOLÓGICAS IMPORTANTES


3.1. SOLO

O estudo do solo existente no local antes da construção de uma barragem é


indispensável para definir seu tipo e se o solo realmente comporta uma barragem.

3.2. SOLOS COM MUITOS AFLORAMENTOS DE ROCHAS


Nesses locais deve-se optar pela construção de uma barragem de concreto, pois
nesses locais não são recomendados para a construção de barragens de terra, porque não
permitem uma boa ligação entre o maciço e os lajedos de pedra do terreno. Com isso,
haverá grandes riscos de deslizamentos da barragem, com consequentes rompimentos do
maciço.

3.3. SOLOS FIRMES E PROFUNDOS, COM CARACTERÍSTICAS


ARGILOSAS

Condição ideal para a construção de barragens de terra, pois sendo os solos secos,
firmes e profundos, a barragem poderá ser assentada diretamente sobre o solo. Entretanto,
antes de iniciar a sua construção, recomenda-se fazer uma aração (com arado de discos
ou de aivecas) no local, onde a sua base será assentada. A finalidade dessa aração é
permitir que, após a compactação, ocorra uma boa condição de ligação entre a primeira
camada de terra do maciço e o solo, permitindo que ele fique bem fixo ao solo, garantindo,
portanto, uma boa condição de estabilidade.

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3.4. SOLOS ARENOSOS

Nesse caso se o solo no local é arenoso, ou argiloso superficialmente, mas com


grandes camadas de areia à pouca profundidade, a construção da barragem apoiada
diretamente sobre o terreno, neste caso não é recomendada. Neste caso, as possibilidades
de ocorrer altas taxas de infiltração de água, abaixo do maciço de terra são grandes, o que
poderá comprometer a eficiência da estrutura.

3.5. SOLOS ÚMIDOS OU PARCIALMENTE ALAGADOS (BREJOS)

Nesse tipo de solo existem muitas “micronascentes” ou nascentes difusas no local.


Não é recomendável construir a barragem de terra simplesmente apoiada sobre o solo,
pois, a presença de nascentes embaixo do aterro, poderá se tornar em um grande problema
futuro, podendo causar inclusive, desmoronamentos na barragem.

3.6. FALHAS GEOLÓGICAS

Falhas Geológicas são rupturas ou cisões de um bloco de rochas ou faixas estreitas


da superfície que é responsável pelo deslocamento de suas partes. O acúmulo de energia
e a eventual liberação desta em zonas de falhas geológicas é um dos fatores responsáveis
pela ocorrência dos terremotos. Por isso, para que a barragem não corra o risco de obter
fraturas provenientes desses deslocamentos de terra, é indispensável verificar o mapa
sismológico da região.

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4. BARRAGENS EM PERNAMBUCO

Por conta do solo do estado de Pernambuco não ter a presença de rochas sedimentares
em 80% da sua extensão, as barragens de terra são predominantes no estado por não
possuírem o requisito de rochas rígidas no solo como as barragens de alvenaria.

4.1. BARRAGEM DE JUCAZINHO

Barragem de concreto compactada a rolo inaugurada em 1998 e localizada em


Surubim, no Agreste de Pernambuco, é uma das mais importantes do estado. A capacidade
de produção de Jucazinho é de 1,3 mil litros por segundo, armazenando 327 milhões de metros
cúbicos e atendendo a uma população de aproximadamente 800 mil pessoas ao longo dos 206
quilômetros de adutoras. Entretanto, a barragem está em colapso desde 2016.

4.2. BARRAGEM DE PIRAPAMA

Localizada no Cabo de Santo Agostinho-PE

4.3. BARRAGEM DE BOTAFOGO

Localizada em Igarrasu-PE

5. IMPACTO AMBIENTAL DE UMA BARRAGEM


Os impactos da construção de represas são relativamente bem documentados para
muitas bacias hidrográficas. Estes impactos estão relacionados ao tamanho, volume,
tempo de retenção do reservatório, localização geográfica e localização no continuo do
rio. Os principais impactos detectados são:

 Inundação de áreas agricultáveis;


 Perda de vegetação nativa e da fauna nativa terrestres;
 Interferência na migração dos peixes;
 Mudanças hidrológicas a jusante da represa;
 Alterações na fauna do rio;
 Interferência no transporte de sedimentos;
 Aumento da distribuição geográfica de doenças de veiculação hídrica;
 Perdas de heranças históricas e culturais, alterações em atividades econômicas e
usos tradicionais da terra;

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 Perda da biodiversidade, terrestre e aquática;
 Efeitos sociais por relocação.
 Poluição, contaminação e introdução de substâncias tóxicas;
 Atividades excessivas de pesca;
 Aumento do material em suspensão na água devido a atividades agrícolas;
 Deterioração da margem de rios, represas e lagos;
 Alteração na flutuação do nível da água e interferência no sistema hidrológico;
 Remoção de espécies de grande importância na rede alimentar;
 Aumento de navegação e transporte;
 Intensificação das atividades de mineração;
 Alterações nas condições químicas e físicas das águas (qualidade da água) –
temperatura, oxigênio dissolvido, pH (por acidificação), nutrientes (por
eutrofização).

Estudos realizados pela Universidade de Nagoya no Japão, tem demonstrado que a


grande quantidade de água retida artificialmente no interior, tem provocado pequenas
mudanças no movimento de rotação da Terra, fato que com o passar do tempo
inevitavelmente afetará o magnetismo do Planeta, com modificações na Magnetosfera.
Esse fator se concretizado afetará a camada de ozônio e a atmosfera baixa da Terra como
consequência da irradiação dos gases cósmicos cuja vida no planeta será colocada em
estado de risco.

Pelo menos 45% das barragens no Brasil funcionam de forma irregular e sem
autorização, segundo a Agência Nacional de Águas (ANA). São 10.330 barragens sem
concessão ou licença de um total de 22.920, o que dificulta a fiscalização e o
monitoramento. Para Carlos Barreira Martinez (2018), os custos de manutenção e
fiscalização devem ser incorporados aos da barragem. “Não basta construir uma estrutura
e achar que ela vai sobreviver ao longo do tempo sem ter o tratamento devido, pois precisa
de manutenção”. (Revista IHU-Unissinos).

5.1. BARRAGEM DE FUNDÃO – IMPACTO AMBIENTAL


O acidente pode ser considerado o maior desastre ambiental brasileiro da última
década. Todavia, a tragédia ocasionada pelo rompimento da barragem de Fundão foi
particularmente dramática, haja vista suas consequências socioambientais de grande
amplitude. Pertencente ao conjunto de barragens da Empresa, a barragem de Fundão

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mantinha um volume de rejeitos de aproximadamente 55 milhões de metros cúbicos,
dentro do limite permitido e licenciado pelo órgão ambiental competente –
Superintendência Regional de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável (Supram)
–, de até 111 milhões de metros cúbicos. Este era o volume licenciado quando fosse
atingida a cota de 920 metros, conforme dados do Estudo de Impacto Ambiental (EIA).
No dia 05 de novembro de 2015, o dique da barragem entrou em colapso e rompeu-se,
causando um desastre ambiental sem precedentes na história do Brasil. Os efeitos
imediatos dessa tragédia, ainda em desenvolvimento, puderam ser observados desde a
jusante da barragem destruída, em Minas Gerais, até a foz do rio Doce, no mar do Espírito
Santo.

Para minimizar os impactos sobre a região do litoral capixaba após a chegada dos
rejeitos, a Samarco instalou barreiras, em sentido longitudinal, nas duas margens do rio e
em ilhas localizadas no estuário; isso, no entanto, não impediu que se espalhasse.
Um plano de ações emergenciais foi executado, com foco na gestão dos impactos
ambientais com ações de monitoramento da água, revegetação emergencial com
gramíneas e restauração da fauna local. Buscou-se fortalecer os sistemas de
monitoramento e segurança das barragens remanescentes e foram executadas obras de
reforço estrutural, para suavizar o risco de novas ocorrências.

Os problemas têm início no sistema de drenagem da barragem, o que levou à entrada


de lama em áreas não previstas, e são agravados pelas obras de alteamento do maciço.
Por causa da lama acumulada na ombreira esquerda, o recuo foi feito nesse ponto sobre
uma base de lama, portanto instável. Por fim, três pequenos abalos sísmicos ocorridos 90
minutos antes da tragédia funcionaram como gatilho para o processo de rompimento.

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6. CONCLUSÃO
De acordo com os estudos supramencionados, a construção de barragens está em
crescimento, devido a sua ampla utilização e disponibilidade de recursos hídricos no
Brasil. Contudo, os estudos indicam que sempre há determinados impactos ambientais
causados pela construção de barragens, e a falta de aplicação do conhecimento
científico na construção das barragens pode acarretar prejuízos financeiros e
comprometer a vida útil da construção. Outro ponto crucial a ser analisado é a escassez
na fiscalização de irregularidades em suas implantações no território nacional. Mais
estudos devem ser realizados para determinar o motivo desse défice e propor soluções
viáveis para que a segurança de moradores locais não seja afetada.

7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
 http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/44/44134/tde-19062015-152233/pt-
br.php
 www.repositorio.ufc.br/bitstream/riufc/6288/1/2011-TESE-MMABRAZ.pdf
 https://www.ecodebate.com.br/2010/08/04/os-impactos-ambientais-dos-
reservatorios-artificiais-artigo-de-altair-sales-barbosa/
 www.cepa.if.usp.br/energia/energia1999/Grupo2B/Hidraulica/balbina.htm
 http://www.ipt.br/publicacoes/tecnicas/artigos_tecnicos/1146-
sismicidade_de_paraibuna_paraitinga:_relacao_empirica_entre_a_escala_mr_e_
medidas_locais_de_duracao_e_amplitude.htm
 http://www.ihu.unisinos.br/185-noticias/noticias-2016/558628-brasil-so-
fiscaliza-4-e-desconhece-risco-de-87-das-barragens-diz-ana
 http://www.ihu.unisinos.br/78-noticias/578174-45-das-barragens-no-brasil-
funcionam-de-forma-irregular-e-sem-autorizacao
 periodicos.pucminas.br › Capa › v. 5, n. 1 (2016) › Lopes
 https://www.engenhariacivil.com/funcionamento-barragens-moveis
 www.monografias.poli.ufrj.br/monografias/monopoli10006346.pdf
 www.cbdb.org.br/documentos/site/91/9121.pdf
 www.cbdb.org.br/documentos/site/92/9230.pdf

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