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») s0 ‘amo oga Hamm via etree basis © oa pane mie, Arevelacgdo do Novo Mundo No dis 22 de abril de 1500, as naus portuguesas comer dadas por Pedro Alvares Cabral chegaram ao sul do atual estado da Bahia e, apos navegarem cerca de BE quilimetros ao longo da costa, aportaram em uma bala a que deram 0 nome de Porto Seguro. Estava “descoberto” o Brasil, Pero Vaz de Caminha, escrivao de armada portuguesa enviou uma longa carta para o reiD. Manuel dando noticias daachamento da “nova terra’, batizada de Vere Cruz [..] Neste mesmodia, & hora de Wéspéfas, avistamos terral Primeiramente um grande monte, muito alto e redondo; depois, outras serrasmais baixas, da parte sul em relacdo a0 monte e, mais, terra ch3.Com grandesarvoredos, Ao monte alto 0 Capitao deu onome de Monte Pascoal; e8 terra, Terra de Vera Cruz. [..] CASTRO, Silvia [Intr. atualz, enates). A Gartade Pero Vaz de Caminita. Parte Alegre: LBPM, 1996. p. 77. [Fragmento}. Vesperas: na iturpia catbice, as vesperns ea0. parte co ffeio cvino que ccorre entre as 15 e a= 18 haras. Emboraa Carta de Caminha contenha @ primaire desert pao das terras brasilelras, nao foi ela que divulgnu, para 0 piblice europsu, as caracteristices da territério americano. Por eer um documento que continha informe ces importan- tes para 6 coras sorugueca, a Carta ficou guardada nos arquivos da Torre do Tombo ats 0 inicio do sécula XIX. Américo Vespucio: o criador da América O navagader Italiane Américe Vespucio exploreu o Nava Mundo, primeira, a serviga dos reis de Castela e Aragao (satel Te Fernando 1) ¢. depuis. do rei de Portugal, Fui ele quem eanclulu que os teritérias encantrades néa faziem parte de Aaa, ols texcos atribuldes a Américe Vespicio, Mundus Nov ® Quatro novegacoes, foram, na verdade, os responsévels 3S primeires imacens que oseuropeus fizeram da“ouarta parte do mundo” [camo era conhecide a reiéode quedrante caste do Atlantico Sul), dos seus hebitantes @ da curiosa faunae fara laceie, 0 projeto colonial portugués Osonho do Imperio Portugués ultramerina teve iniciono século XV, quando 0 interesse do infante 0. Henrique pelos estudos de navegagin a fex mider-se pore Sagres de onde comandou as pesquiges scbre as possibilidades de traves- ies aoaainicas. A partir de 1422, tocos a8 anas, 0 infante envieu bare: para explorar a ensta africana. Fm 1434, Gil Zanes ultrapas- s0u 0 cebo Bojador, n0 sul da Africa, abrinde o caminho cue levaria cs navegentes a0 Oriente, 1, Manuel I, 9 Vanturogo, continuou c orojeto das ex- padicoas meritimas iniciado no século XV, Quando enviou 1 ermads de Cabral Africa em busca ce pimente, crava e gencibre, o rei portuguts 8 sabie que encontreris Lerras 1 noroeste dos Acores ¢ da Madeira, O Brosil, portant, foi incorporado 0 um projato colonial qua determinavia ni Somente suis expiaragan e ccupagan, mas também a nai reza do intercamtso cultural que se carla, dasde a primeira momento, entre portu gueses e netivos. Avida.a bordo des caravelas: maior abstécula dee trevecsiaa maritimes eva acre iver as condighes de vida em uma raravela, Fra impossivel tomar banfo: piolhos, pulgas percevejoa proliterevem nn cnepo das pessnas. Os alimentos, armarenados em pordes umides, epodreciam repidamente. Quando asneue enfrentavarm ume calmarla, 0s merishelros comiam de tus: cola de eapato, oaatis, biscoltos com larvse do inset © zerimels martes. BD) 92 Oimpacto dos descobrimentos Juntam ante com a invengée da prenga moval por Guten- berg, 98 descobeimentos maritimos simbalizam a iniio da Era Maderrs. Depois de dascoberts das terras america a tade a geogrefia macieval teve de ser mudada Os portugueses foram o orimeiro povo europeua desem- rarcar na Breil, ra tncla, na Chine, no lope 8, ecredita-se também, na Australia, 0 contato com culturas # religides: muito diferentes das europsias iniciou ume mudenga de mentalidade, ainda que os colanizedores impusessam seus valores 8s papulagoas natives das novas teriterios Os agentes do discurso Felatos, tratads 2 diérice nasciam da penade eecridos (Pero Vaz deCaminna),religinsos|Farnao Carelm Jeande Lary) aventureiros (Hans Staden|, histo riadores (André Thévet) au navegedares (America YesoJcio). Os autores dos textos da literature ce viagans ne apracentam, portant, um part somalhante, Ha entra eles rapresentantes tanto da teocen- trisma medieval comada viséo humanista do Rerascimento.0 gue osune 4 o mesmo contexte de produgao, todos relatam, ‘.experiéncia raal de conheoer novos paises 6 sus natureza, As concig6es decirculacaa desses textos variavam bas- tante, AGarta de Pero Vez de Caminha, por exenplo, ere um documenta confidencial, porque fornecie infarmacées muito eopecifices oobre a rota adatade pola frota de Cabral pars aleancar alitnrel brasileira, las cartas ce América Vesplicia Foramimpressas como panfleta e lides por nobres e plebeus. Os textos escritos pelcs padres jesultas apresentam condigdes de produgao ede circulagav bem diferentes das observacas nns relatos de viagem. Fles nascem de intangao de calequizer os indios # manter presentes, enlie os colenos: Portugueses, 09 clementos da fé crista Seus outorcs tem um mesmo perfil: saareligiosas, quase sempre jasuitas, que buscam formas ce Contato com a populagéo nativa para poder converté la, Séa sles 05 primeiras 8 estudar a lingua dos indice © a desorevé-la om uma gramética, por exemple A circulagao cesses textos religioscs, ra coldnia, se dé esserialimente de fornia oral corde do Neve Mundo A corte Mundus Nows fee um sucesso estrondoso na Europe. Publicade somo um tolneta semelhante a ums histovis Ge corde, teve PS etches em mais de seis linguas entra 0: anas de 1504 @ ISB. Celoule-se que cerca ce 20 mil exemoleres desse's fo hetos tener sido yendidos er precae e feiras D elato, que misturava selegeria 8 eexo, visbes de parelao.e cenea de canitelisma,atrela apUblico, + Os relatos de viagem e 0 piblico Era grande 0 interaase pelos textos que cesereviam 0 Nove Mundo, lam da curiosidade generalizes, havi tam- beme desejo ce desenbrir o potenciel economizo tos novos: teritrios ¢ de conhecer mais sobre a vida nessas terras. Filosofos como Montaigne e Erasmo de Rotterdam, eseritores coma Thomas Morus @ Rabelais, pintores coma Leonardo da Vinci @ Sandro Botticelli, o pansador Nicolau Maquiavel, todos eles leram ag cartas de Américo Vespdcio foram, de alguma maneira, inspiradas por alas. + Os textos religiosos e o publico Enquanto os cronistas escrevem para os eurapeus, os jesultas destinam seus textos aosnatives americanos, porque fo elas os interlacutares a seram convertidos pela discurso religioso. Para alcangar esse abjetivo, os padres cheyemn a incorporar elementos da cultura indigena &s pecas teatrals que eserevem. Algumas apresentam, inclusive, trechos escri- tos.em lingua tupi, A literatura de viagens A longo daséculoXV1, diversas expedicdes foram envie~ das para as terras brasileiras.Os vijantes que es integravam tinham algumas miss6es especificas a cumprie: dascrever a terre © 0 povo nativo, catalogar espécimes da fauna © da flora, identificar possiveis interesses econdmicos para a ccoroa portuguesa, Era necessério, ainda, apresentar a nova ccoldnia de modo positiva © promissar, para estimular nos portugueses o deseo de se aventurarem na ocupagaa e na colonizaraa do vasto territério descaberto, Ter pers i oeaer er Pe ee ee Hass af etdvoahgan nab urns sara de viagens cu de informagao. Portugueses, franceses e alemaes descrevem a nova terra como.uma espécie de paraiso tropical, visto como mani- festapa da bondade divina, Com isso, revelam uma viedo de ‘mundo ainda bastante moldada pelo taocentrismo medieval, A linguagem dos cronistas O ojetiva da literatura de viagens era informar. E isso criou um desafo interessante para seus autores: como, por meio de palavres, epresentar um retrato compreensivel de ume realidade inteiramente desconhecide e estranha? A primeira carecteristica que chama a atengBo, nos tex tos, é sus estrutura descrtive, na qual merece destaque o uso frequente das comparagdes. Observe. Capitulo Sexto —Das Fruitas Da Terra [..]Tambem ha huma fruita que the chamgo Bananas, ¢ pela lingua dos indios Paeovas: hana terra muita abundancia dellas: parecem-se na feigdo com pepinos, nascem numas arvores mui tenras e no si0 muito altas, nem tém ramos. sendo folhas mui compridas. targas,[.] Esta he hurma fruita ‘mui sabrosa ¢ das boas que ha na terra, tem huma pelle como de figo, a qual thes lancao fora quando as querem comere se comemuitasdellas fazer dano a saude e causso febre a quem se desmanda nellas.[..] Ha duas qualidades desta fruita, humas so pequenas como figos BErjaCOteS, a5 ‘utras sdo maiores e mais compridas. Estas pequenas t@r dentro em si huma cousa estranha, a qual he que quando as cortao pelo meio com huma faca ou por qualquer parte que seja acha-se nellas hum signal 8 maneira de Crucifix, @-assi totalmente o parecem. [.] GANOAVO, Pere de Manalhs, Tata da Tera de Brasil” Historia da Provincia Santa Cruz. Bel Horzonte: Tata! ‘te Paulo: £8099, 1980.p.50-5. (Fragment Pacovas:banenes, er ings indigens. Berjacotes: certs variedade defo 2 ‘AL WAGNER,2Oetaho ds aqueros Bano, 163442637, exten obra Teruch, Para explicar o que sao bananas, Pero de Magalhaes Gandavo, historiador e cronista do eéculo XVI, parte da semelhanca entre essa fruta (que era desconhecida em Portugall eo pepino [alimento conhecida das portugueses!. Mais adiante, também compara as bananas pequenas a fi ‘908, uma fruta consumida na Europs. Gandava revela ainda ‘um olhar muita influenciado pela religiac catdlice, ao dizer, {que dentro das bananas ha um sinal idéntico ao crucifixo Detalhes como esse screscentavam sempre caracte- risticas exéiticas ou misteriosas aas elementos da Nava Mundo. Tambem reforgavam, junto ao publice europeu, a ideia de que a travessia do oceana Atlantica as havia posto em contata cam uma espécie da paraiso terrestre ‘abencoade por Deus. ‘Aderrubada das matas ‘Quenda os portuqueses descobritemo valor do paurbresil teve inicio 0 proceso de devastacdo das matas brasileira. Registros da chegads de cargueirosportugueses efranceses os portos euroneus nermitem estimar que, somente ao longo o seculo XV, dois mifibes de arvores forem derrubadas, 0 ‘quedarie uma médis de 50 cortas por di, No final de 1500, 0 paurbresil ere encontrado lange da costa, 93 « As vis6ées do paraiso Pero Vaz de Caminha é 0 primeira @ descrever 0 Nova Mundo da mado idealizado. Na sua Carta, as matas, a égua sabundante, 0s animais desconhecides 20s indies configura o cendrio de um paraiso tropical [..Jaterra por cima é toda cha e muito cheia de grandes arvoredos, De ponta a ponta é tudo praia redonda, muito hd e muito formosa ( Nela até agora nio pudemos saber que haja ouro, nem prata, nem coisa alguma de metal ou ferro; nem o vimos. Porém aterra em si éde muito bons ares, assim frios etem- perados como de Entre-Douroe Minho, porque neste tempo de agora os achivamos como os de ls ‘AS éguas 530 muitas e infindas. E em tal maneira graciosa que, querendo aproveits-la, tudo dard nela, por causa das aguas que tem Porém, o melhor fruto que dela se pode tirar me parece que serd salvaresta gente. E esta deve sera principal sernente que Vossa Alteza nela deve lancar. LJ ‘CASTRO, Sitio [Intr.tualiz, snotas).A Carta de Paro Var de ‘Cominko, Port Alegre: LEPM, 1998, p.07-98. (Fragmental Outros viajantes apresentem a terra de modo muito se melhante. Nesse sentido, destacam-se as seguintes obras: Tratada da Terra do Brasil (escrito, proveveimente, em 1570, ‘mas publicada apenas am 1826) eistéria da Provincia Santa Cruz 0 que vulgarmente chamamas Brasi (1576), de Pero de Magalhaes Gandavo; Tratado descrtivo do Brasil (1587), de Gabriel Soares de Souse; Ditlogo sobre a conversto os gen tis (1557), do padre Manuel da Nobrega e Histéria do Brasil (1627), do frei Vicente do Salvador. £ esee olhar estrangeiro que vai definir os futuros simbolos da nacionalidede brasi- leira: 08 indios e. natureza exuberante. Os cronistas do sécula XVI vo transformé-los em elementos centrais de seus relatos, inaugurando temes literérios muito explorados mais tarde, de mods diversos, por escritores de diferentes épocese movimentos literavios. 0 texto de Caminha tambem revels os principais interes- ses da maquina colonizadora portuguesa: encontrar aura & metas preciosos e "salvar* os indios, Este ultimo trabalho caberé aos padres jesuitas que, embarcados nes caravelas portugueses, chegam ao Novo Mundo para submeter os indigenas ao dominio da fé catolica A sombra da cru: a literatura de catequese ‘A histéria das primeiras décadas do Brasil coldnia é tam- bem a histéria dos missionérios jesuites que chegaram em 1649 e aqui permaneceram ate 1806, Nesse periado, funda~ ram varias cidades, como Salvador, Rio de Janeiro e S80 Paulo, ») 94 A presenga dos jesuitas nas cidades e povoados era sindnimo de eduucagdo, Aande chegavam, inauguravam logo uma escola que funcionava como base da misao, Durante sua permanéncia na Brasil, as missianarios jasul tas ascreveram poemas e pecasde teatro para converter os Indios a religido catélica. A dramatizagéa de cenas biblicas e de passagens da vida dos santos era feita, muitas vezes, em tupi para garantir que os ensinamentos religiosos e moreis fossem compreendidas palos nativas. (Os textos escritos pelos religiosos com 0 objetivo de Peet ee ro an al Sah ae Com 0 objetivo de seduzir a indigena para a religiao, os jesuitas recorreram a algumas formasmais populares, como ‘canta, odiélogo @ as narrativas, com a aproveitamento de mitas da tradigaa indigana, Osperearinos da fé Fundada em 1534 pelo padre asnanhol Inacio de Loyola, 8 Companhia de Jesus fol um dos instrumantos utilizados pela Inreja Catelica pare combatera reforms protestante de “Martinho Lutera. Coma ordem religioea, os jeeuttas surgirem ‘com a mieséo de levar 0 catalicismo aos mele distentes territoros. Entre os Jesuites célebres que passaram pelo Brasil, destacam-se Jose de Anchlets e 0 orador barraco Antonie Vieira. Anchieta: apéstolo e poeta Nescido nas ilhas Canérias, José de Anchieta chegou ‘0 Brasil ainda come novico, em 1563. Fundou, com o padre Manuel da Nobrega, 0 Colégia da Sao Pauio de Piratininga,em 25 de janeiro de 1554, Em tomo dacolégio,surgiramalgumas casas: nagcla, assim, a cidade de Sao Paula, « CALIXTO.B. Retrata ‘se padre nsec Jvchiota, 1802. Bee sobre tea, 10 x 100m. I i i i 4 i A fama de Anchieta cresceu em 1563 quende, durente uma rebelde dos indins tamoias, permaneceu como refém por cerca de trés meses. Teria sido durante 0 cativeiro que ele ascreveu, nas arias da praia de Tperoig fatual Ubatubal, um poema de5.786 versos dedicado a Virgem, Sua permanéncia entre os tamoios foi decisiva para o proceso de pacificagéo daqueles indias. * Os textos literarios Na produgao literdria de José de Anchieta, marcada palo carter religineo, predaminavam pegas de teatro @ poemas lnicos que ele costumava dedicar a Virgem Maria ‘Anchieta foie eutor das primeiras pecas de teatro enc nadasino Brasil Seus autos tém fungao claramentereligiosa epedagdgica.O mais conhecide deles é 0 Auto representado 1a festa de Sé0 Laurenco, cam varsas em trés linguas dife- rentes: tupi, portugues @ espanhol. O uso das trés linguas permitia que colonizadores e indios fossem representados pelas personagens do euto. Einteressante observar, porém, que as felas em tupiséo sempre associadas ao demonio e os versos em portugues. 20 Anjo, em uma exploracéo evidente da lingua para afirmagéo da superioridade espiritual a cultural das calanizadores. Outra obra da grande importancia escrita por Anchiata foi a Arte da gramética da lingua mais usada na costa do Brasil, de 1596, Trte-se da primeira grematica da lingua tupi, £m Deus, meu criador Nao ha cousa segura Tudo quanto se vé se vai passando. ‘A vida nao tem dura, (© bem se vai gastando. Toda criatura passa voando. Em Deus, meu criador, esta todo meu bem e esperanca, ‘meu gosto e meu amor e bern-aventuranea Quem serve a tal Senhor indo faz mudanca, Contente assim, minha alma, do doce amor de Deus toda ferida, ‘omundo deixa em calma, buscando a outra vida, nna qual deseja ser toda absorvida Ld ANCHTETA, José de, Ir: MARTING, M. de L. de Paula (Trans, trad. enetss) Poesias. Sela HarizentelSee Pauls Itatiaia/Esitora da Universicade de S€0 Paulo, 1999. p. 402 fragmento. (Biniotoca bisicade literatura brasileira 3 SLECIEET filme Amissio dos jesultas Um vielanto marcador de escravas indiganas mata o pr pia mao a, para radimiese, trnar-seum missionéria jeculte ne regidodos Sete Pavos des Misa6ae. Embore aagBo ocorre no sécula XVIII filme & missdo llustra a Impecta de acko dos jesultas sobre as povos indigenes americanos. A misice de Ennio Morricone # cendrie dealumbra nte do filme erlam a ambientacéo perteite para ee canes épices das betalnas ‘entre os indias guaranis eos soldedos erviados para expulsé 408 do sues terra. om define a Joffe, Inglatere, 1368, \ YD 9999999959999999) (7 TEXTO PARA ANALISE 22>)? >> O texto a seguir refere-se as questoes de 1.43. A Carta de Pero Vaz de Caminha Caminha, neste trecho de sua Carta, revela o olhar do europeu na avaliacao que faz dos indios. Ll Andaram na praia, quando saimos, oito ou dez deles;e dai a pouco comegaram a virmais.€ parece- -me que viriam, este dia, & praia, quatrocentos ou quatrocentos e cinquenta.Algunsdeles traziam arcos e flechas, que todos trocaram por carapucas ou por qualquer coisa que thes davam. Comiam conosco de tudo que thes ofereciamos. Alguns deles bebiam vinho; outros nao 0 podiam suportar. Mas quer-me parecer que, se os acostumarem, o hao de beber de boa vontade. Andavam todos tio bem-dispostos, 180 benfeitos e galantes com suas tinturas que mui- to agradavam, Acarretavam dessa lenha, na maior quantidade que podiam, com muita boa vortade, ¢ levavam-na aos Bat&ls. € estavam ja mais mansos ¢ seguros entre nds do que nds estavamos entre eles. Foi 0 Capito com alguns de nds um pedaco por este arvoredo, até um ribeiro grandee de muita agua, que ao nosso parecer é o mesma que vern ter praia, ondendstornamos égua. Alidescansamosum pedaco, bebendoe folgando, a0longo dele, entre esse arvoredo que é tanto e tamanho, tao bastoe tanta qualidade | > 95 >| de folhager que nao se pade calcular. Ha ls muitas palmeiras, de que colhemos muitos e bons palmitos. Quando saimos do bate, disse-nos o Capito que seria bem que fOssemos diretamente& cruz que esta- va encostada a uma arvore, junto ao rio, a fim de ser colocada amanha, sexta-fera, e que nos puséssemos todos de joethos ea beijdssemos para que eles vissem co acatament6 que the tinhamos. E assim fizemos. Ea esses dez ou doze que lé estavam, acenaram-thes que fizessem o mesmo; ¢ logo foram todos beijé-la Parece-me gente de talinocéncia que, senésenten- dBssemosa sua falaeeles anossa,seriam logo cristos, vista que no tém nem entendem crenga algum: Segundo as partncis 6 portant, os ue aqui hao de ficar aprenderem bema sua fala © 05 entenderem, nfo duvido que eles, segundo a santa TAGS de Vossa Altera se fardo cristéos e haode crer na nossa santa fa qual pf@i@ a Nosso Senhor que os traga, porque certamente esta gente é boa e de bela simplicidade. € imprimir-se-é facimente neles todo e qualquer EURO que thes quiserem dar, uma vez que Nosso Senhor thes deu bons corpos e bons rostos, como a homens bons. £0 fato de Ele nos haver até aqui trazido, creio que n80. foi sem causa. € portanto Vossa Alteza, que tanto deseja acrescentar santa fé catélica, deve cuidar da salvacio deles. € aprazerd a Deus que com pouco trabalho seja assim! Ld CASTRO, Sih Untr atualz. snotas).A Carta ce Pero Varde ‘Caminha. Porto Aloare: LBPM, 2008.0. 110-12. (Fragmentel Batol: emtorcagaes poavonas, ‘Acatamento: respi, vereracéa, Degredados uc fram condoned so dost, exletos Tengan:propost,intencao Prazaeagrede, ‘unhor crater indole tendtncis 1. Nesse trecho da Carta, é possivel perceber que o pri- meito contato entre portugueses eindios foi bastante amistoso. Que informacées do primeito pardgrafo ‘comprovam essa afirmacéo? a) Como os indios sao retratados por Caminha? ) Oqueasexpressées utilizadas para caracterizar os, {ndios enfatizam? «) OqueCaminha procura mostrar ao enfatizar essas caracteristicas? 2 Releia “Eimprimir-se-dfacilmentenelestodoe qualquercunho ‘que thes quserem dar, uma vez que Nosso Senor thes deu bons corpos e bons rostos, como a hornens bons. a) O trechodestacado revela os principios que nortea- ram a colonizacio portuguese. Explique por qué. 1) Além deencontrar ouro e metas preciosos, os portu- gueses tinham outro objetivo para a terra recémn-des- coberta, Explique qual era esse objetivo e transcreva rio caderno 0 trecho em que ele fica explicito. ») 96 3. Queclementos do texto indicam a visio de um homem europeu que desconsidera a cultura indigena? » £ possivel explicar o processo de aculturacio dos ‘ndios a partir dessa visio de mundo docolonizador? Por qué? 4, O trecho a seguir é um dos cantos do poema “0 Des- cobrimento”, do poeta modemista Augusto Frederico ‘Schmidt, e remete a passagens da Carta de Pero Vaz Ge Caminha, Leia 0 texto atentamente e responda is, questies a seguir. Xx Ealgaram, nos ares luminosos, Como um simbolo augusto e soberano, ‘Acruz da redeneio, 0 Santo Lenho, Sinal do Sacrificio e do Martiio. Eos ventos do Brasil cruz beijaram £ a05 céus do Brasil, claros e puros, ‘ACruz do Salvador, bracos abertos, Se alteou, como bandeira da esperanca, ra um mundo pagso,igntd mundo, (Que a lusitana gente conquistava, Para.a Fé, para o Rel, para a Fortuna, a pequena nagao, grande nos mares, Para.a raga criadora e resoluta, Que os mistérios atlanticos domara. SCHMOTT, Augusto Frederico © Doscabriments Is RIBEIRO, Marin Aoaracda AareadeCaminta neous cae: atte w antl CGaintrss Angelus Nove, 2008. 976-377 Fragment) {[ tgnote: descontecido ‘2) Que elementos do poerna estabelecem um “dilogo” com otrecho transcrito da Carta? ) 0 eu lirco explicita os objetivos dos portugueses em relagio & nova terra. Quais sio eles? Justifique com elementos do poema, ) f possivel identificar, no poema, a imagem que o-eu litico faz dos portugueses. Ela é positiva ou negative? Explique.

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