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c
°Leonardo Rodrigues Limongi, 2006
2
3
Aos meus pais Sérgio e Lúcia,
pelo apoio, entusiasmo e dedicação.
Agradecimentos
Gostaria de agradecer a meus pais (Sérgio e Lúcia) pelo forte incentivo e apoio
em todos os sentidos. Obrigado ao meu pai, por tão precocemente me mostrar o
que verdadeiramente um Engenheiro é capaz de fazer. As minhas irmãs, Carolina,
companheira de infância, e a “gorda” (Lorena). Não posso esquecer também do meu
“amozão” (Luciana), pela grande paciência e companheirismo dedicados a mim.
Obrigado aos Professores do PPGEE por acreditar nesse trabalho e a CAPES pelo
apoio financeiro.
Muito obrigado aos professores Marcelo Cabral Cavalcanti, Francisco de Assis dos
Santos Neves e Zanoni Dueire Lins, aos quais dedico minha mais profunda estima, pelos
ensinamentos, apoio e amizade.
Agradeço imensamente as contribuições dos Professores Marcos Antônio Severo
Mendes, Porfírio Cabaleiro Cortizo e Paulo Fernando Seixas da Universidade Federal
de Minas Gerais-UFMG, durante a elaboração desse trabalho, sobretudo na parte ex-
perimental. E ao falar em experimentos, o que seria de mim sem o colega Eng. Gustavo,
inseparável companheiro, no laboratório do GEPAE.
Agradeço aos amigos companheiros de mestrado, pela ajuda imprescindível na
imensa luta travada contra os métodos matemáticos, Geane, Alex, Zeca, Eldermar-
cio, Otoni e Ricardo. Aos colegas Marcos Müller e Eric Bouton serei sempre grato por
me manterem motivado em busca dos meus ideais.
Obrigado aos colegas do GEPAE Samuel, Sílvio, Kleber, Josué, Gustavo, Vitor,
Fabrício e ao grande colega talibã André por criar o mais produtivo dos ambientes
para se trabalhar que eu já tive oportunidade de presenciar.
Abril/2006
8
Abstract of Dissertation presented to UFPE as a partial fulfillment of the
requirements for the degree of Master in Electrical Engineering
April/2006
The widespread use of the electronic components and the consequent appearance
of new technologies have stimulated the appearance of problems in power quality of
the electric net. The main objective of this dissertation is study the proposals of cur-
rents compensation in the electric net generated by the presence of loads that contains
high harmonic content. Inside of this scene, the active filters appear as main proposal
to solve the problems related the harmonic ones. However, the good performance in
the control of these filters is extremely dependent of the strategy adopted to deter-
mine the references to be imposed on the current control of the active filter. Four of
these theories are studied and compared under two conditions; considering the pres-
ence of severe harmonic contents in the source voltage and the second comparison is
made considering the set of three-phase voltage unbalanced. Moreover, a study of two
proposals of Phased Locked Loop (PLL) adopted to find the necessary angle in the
transformation of coordinates abc to dq (used in some of the strategies mentioned).
Inside of the topologies of active filters, the parallel and hybrid filters are presented
and compared. With the simulation results, it is shown that the parallel active filter
presents better results for compensation of harmonic load content. Therefore, this filter
was implemented using the digital processor of signal (Digital Signal Processor - DSP)
TMS320F2812.
10
Lista de Figuras
12
3.25 Filtro híbrido utilizando a teoria IRP . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 92
3.26 Resultados de simulação do filtro híbrido utilizando a teoria IRP . . . . 93
3.27 Esquema para obtenção da referência SRF . . . . . . . . . . . . . . . . 94
3.28 Filtro híbrido utilizando a teoria SRF . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 95
3.29 Resultados de simulação do filtro híbrido utilizando a teoria SRF . . . 96
3.30 Extração da referência utilizando a teoria IRP estendida . . . . . . . . 96
3.31 Extração da referência utilizando a teoria da potência média SRF . . . 96
3.32 Resultados de simulação do filtro híbrido utilizando a teoria IRP estendida 97
3.33 Resultados de simulação do filtro híbrido utilizando a teoria da potência
média SRF . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 97
3.34 Compensação de potência reativa dos filtros paralelo e híbrido. . . . . . 99
3.35 Desempenho dos filtros. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 100
3.36 Desempenho dos filtros durante uma variação de freqüência. . . . . . . 100
3.37 Desempenho dos filtros híbrido e passivo com alteração de 10% da ca-
pacitância do filtro. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 101
1 Introdução 18
1.1 Filtros passivos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 21
1.2 Filtros ativos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 24
1.2.1 Classificação dos conversores . . . . . . . . . . . . . . . . . . 25
1.2.2 Classificação das Topologias . . . . . . . . . . . . . . . . . . 25
1.2.3 Classificação quanto ao número de fases . . . . . . . . . . . 29
1.3 Estratégias de obtenção das correntes de referência . . . . . . . 29
1.4 Objetivos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 30
1.5 Síntese dos capítulos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 31
16
5 Conclusões, Comentários e Sugestões 122
Referências 132
1 Introdução
• Variações de freqüência;
• Afundamentos de tensão;
• Sobretensões;
• Desbalanceamentos;
• Distorções.
vSa L
vSb
vSc
r
200
100
Tensão
−100
−200
0.2 0.22 0.24 0.26 0.28 0.3
50
Corrente
−50
∞
X X∞
1
f (t) = F0 + fh (t) = a0 + [ah cos(hwt) + bh sen(hwt)] (1.1)
h=1
2 h=1
20
vS + Chaves
vS + Chaves
C Vdc e CC C Vdc e
- controle - controle CC
tante populares. Para acender esse tipo de lâmpada é necessário um reator, que inicial-
mente era eletromagnético e posteriormente passou a ser eletrônico. O reator eletrônico
possui algumas vantagens em relação ao eletromagnético. No entanto, o THD de cor-
rente gerado por esses reatores é muito maior do que o gerado pelo reator eletromag-
nético. Isso se constitui em um problema a medida que à demanda por esse tipo de
tecnologia cresce [2].
As fontes chaveadas e os reatores eletrônicos se constituem em importantes exemplos
para explicar o crescente interesse dos engenheiros em suprimir os harmônicos da rede.
Um aspecto interessante a se notar é que os equipamentos que injetam distorções na
rede elétrica são os mais afetados pela presença das mesmas.
Uma maneira de suprimir harmônicos da rede é utilizar filtros passivos. Essa al-
ternativa, no entanto, mostrou-se inadequada. O reconhecimento dessas limitações
impulsionou o desenvolvimento do filtro ativo de potência, que se constitui em uma
alternativa mais eficaz na eliminação de harmônicos na rede elétrica.
IS Z1 vF
vS IL
v
i= , (1.3)
Z1 + Z2
23
v
i= (1.4)
jωLs + jωLf + 1/jωCf
1
f =± p . (1.5)
2π Cf (Ls + Lf )
Se existir, então, algum harmônico de tensão na rede com essa freqüência, o mesmo
causará fortes danos ao sistema.
Na Fig.1.6 desconsidera-se a influência dos harmônicos de tensão da rede, pre-
tendendo com isso analisar apenas a influência dos harmônicos da carga. O fenômeno
de anti-ressonância ocorre quando, para um dado harmônico de corrente da carga, a
combinação da impedância da rede Z1 em paralelo com a impedância do filtro produz
uma alta impedância para esse harmônico. Calculando a tensão acha-se:
Para que a tensão cresça é preciso que o denominador da equação 1.7 se aproxime de
zero para alguma freqüência. Nessa freqüência (equação 1.8), ocorrerão os problemas
de anti-ressonância.
1
f =± p (1.8)
2π Cf (Ls + Lf )
IS Z1 vF
vSh
Z1 I Lh
Em geral, os Filtros Ativos (FA’s) são usados para compensar harmônicos de cor-
rente e de tensão, mas existem outros benefícios que podem ser conseguidos com a
utilização de um FA [4]. Entre eles, pode-se citar:
+
Carga Carga L Idc
-
• Paralelo ou Shunt;
• Série;
26
vS iS iL vS iS iL
Carga não Carga não
Linear Linear
iC iC
+ +
C vdc C vdc
- -
vS iS iL vS iS iL
Carga não Carga não
Linear Linear
iC
iC
+ +
C v dc C vdc
- -
• Híbrido;
A Fig.1.8 mostra os diagramas das topologias de filtros ativos. O filtro ativo paralelo
da Fig.1.8(a) foi o primeiro a ser desenvolvido e pode ser usado com a finalidade de
compensar [5],[12],[13],[14],[16]:
• Harmônicos de corrente;
• Potência reativa;
• Corrente de neutro;
• Desbalanços de corrente.
iS iS + iH
vS - iH Carga não
linear
- vH
vS
vS + vH Carga não
linear
• Harmônicos de tensão;
• Desbalanços de tensão;
• Afundamentos de tensão.
[12],[17]. A utilização do UPQC deve ser restrita a um cenário em que existam cargas
críticas, muito sensíveis às distorções harmônicas e por isso requerem um suprimento
de energia de boa qualidade. Estas cargas devem estar conectadas a um barramento
onde se encontram outras cargas não lineares geradoras de correntes distorcidas. Além
disso, deve existir a presença de distorções nas tensões da rede. Para implementar esse
filtro é preciso utilizar dois conversores acoplados a um barramento DC único como
mostra a Fig.1.8(c), onde o controle da tensão do barramento é feito através do con-
versor ligado em paralelo. É preciso enfatizar que, do ponto de vista de resultados,
esta topologia é sem dúvida a melhor entre as existentes. No entanto, a sua utilização
deve ser restrita a sistemas que justifiquem um alto investimento, já que os custos da
implementação do UPQC são bastante elevados [18].
O filtro híbrido na Fig.1.8(d) por sua vez tem como proposta a utilização de um filtro
paralelo passivo e um série ativo [5]-[7],[9],[19]-[21]. Foram propostos para diminuir a
potência dos filtros ativos, bem como seu custo inicial. O filtro ativo série funciona
como um isolador harmônico de forma a impedir uma possível interação da rede elétrica
com os filtros passivos. Isso elimina os problemas de ressonância dos filtros passivos e
torna a tarefa de sintonizá-los bem mais fácil.
Existem ainda outras configurações de filtros híbridos. Na Fig.1.11 é apresentado o
filtro ativo conectado em série com o filtro passivo paralelo. O filtro passivo em série
conectado em paralelo a carga, confere ao filtro passivo um comportamento pratica-
mente ideal. Esses filtros são usados em aplicações de altíssima potência [38]-[42].
vS iS iL
Carga não
Linear
iC
+
C vdc
-
Figura 1.11: Filtro híbrido - conexão série entre filtro passivo e ativo.
29
Pode-se, ainda, utilizar filtros passivos paralelos em conjunto com um filtro ativo
paralelo. Nesse caso, o filtro ativo paralelo compensa as harmônicas de corrente de
baixa ordem, enquanto o filtro passivo fica responsável pelas harmônicas de alta ordem.
bem mais abrangente que a teoria convencional existente até então. Essa teoria teve
uma grande aceitação por parte da comunidade científica porque representava muito
mais do que um meio para controlar um filtro ativo. No entanto, a aplicação dessa
teoria apresentou algumas limitações em sistemas trifásicos a 4 fios e isso motivou o
surgimento de diversas outras teorias de potência instantânea [30]-[33].
No âmbito dos filtros ativos trifásicos a 3 fios, embora Akagi tenha proposto uma
teoria de potência bastante sólida, a mesma apresentava problemas para determinação
da referência de controle quando as tensões da rede apresentavam distorções e/ou
desequilíbrios. Isso motivou a pesquisa de outras definições de teorias de potência
ativa e reativa que se adequassem a esse requisito [22],[34] .
Considerando a implementação a 3 fios, o filtro ativo foi ainda implementado uti-
lizando a teoria Synchronous Reference Frame (SRF) [14],[15],[20],[21] que utiliza as
transformações de coordenadas abc para dq3 e que já era amplamente utilizada no
acionamento de máquinas elétricas. Essa teoria ao contrário das outras, não se utiliza
de definições de potência para o cálculo das referências de controle.
1.4 Objetivos
2.1 Introdução
Nesse capítulo, será dada ênfase aos métodos em que se baseiam a obtenção das
referências de controles dos filtros ativos de potência.
Para o correto funcionamento dos filtros ativos é preciso que se obtenha as referên-
cias de controle dos mesmos de forma precisa. No caso do filtro paralelo, calcula-se
essa referência a partir das correntes de carga (que possuem elevado conteúdo har-
mônico). Com o objetivo de obter a correta separação das componentes harmônicas
da fundamental, várias estratégias foram propostas. Entre as muitas existentes serão
mostradas:
v = Vmax sen(wt)
(2.1)
i = Imax sen(wt − φ)
4
P ativa
3.5 P reativa
P instantânea
3
2.5
Potencias
1.5
0.5
−0.5
−1
0 0.005 0.01 0.015 0.02
tempo (s)
em torno do mesmo valor médio e a segunda tem valor médio nulo (Fig.2.1). Assim,
são definidas as seguintes grandezas [23]:
Vmax Imax
P , 2
cos(φ)
(2.5)
Vmax Imax
Q, 2
sen(φ)
Devido a teoria da potência ativa e reativa convencional não servir para a determi-
nação das referências de controle do FA, outras definições foram criadas para atingir
esse objetivo. Entre os quatro métodos apresentados aqui, três se baseiam em no-
vas definições de potência instantânea (Teoria IRP, Teoria IRP estendida e a Teoria
baseada no cálculo da potência media nas coordenadas dq0). O quarto método, a Teo-
ria dq0, foi adaptado do acionamento de maquinas elétricas para o controle dos filtros
ativos.
A tarefa de determinar a referência de controle se constitui em um fator decisivo
no projeto de um FA. De fato, um bom desempenho no controle é extremamente
dependente da estratégia adotada para obtenção das referências a serem impostas nos
mesmos.
iS iL
vS vS iL
iC Determinação
da Carga não
referência linear
FA
i*c
Controle -
de corrente +
iC
Controlador
∞
X √
vk (t) = 2Vkn sen(ωn t + φ0kn ); k = a, b, c. (2.6)
n=1
Onde o sinal ponto (.) foi empregado para representar fasores e α = ej2π/3 . A trans-
formação inversa da equação (2.7) é dada por:
V̇an 1 1 1 V̇0n
V̇bn = 1 1 α2 α V̇+n (2.8)
3
2
V̇cn 1 α α V̇−n
√
van (t) = 2V0n sen(ωn t + φ0n ) +
√
2V+n sen(ωn t + φ+n ) +
√
2V−n sen(ωn t + φ−n ) (2.9)
√
vbn (t) = 2V0n sen(ωn t + φ0n ) +
√ 2π
2V+n sen(ωn t + φ+n − )+
3
√ 2π
2V−n sen(ωn t + φ−n + ) (2.10)
3
√
vcn (t) = 2V0n sen(ωn t + φ0n ) +
√ 2π
2V+n sen(ωn t + φ+n + )+
3
√ 2π
2V−n sen(ωn t + φ−n − ) (2.11)
3
∞
X ∞
X
√ √
vα = ( 3V+n sen(ωn t + φ+n ) + ( 3V−n sen(ωn t + φ−n )
n=1 n=1
∞
X ∞
X
√ √
vβ = (− 3V+n cos(ωn t + φ+n ) + ( 3V−n cos(ωn t + φ−n )
n=1 n=1
∞
X √
v0 = (− 6V0n sen(ωn t + φ0n ) (2.13)
n=1
38
b
b
a
a
Figura 2.3: Transformação de referencial estacionário abc para o referencial estacionário αβ.
Pativa = vα iα + vβ iβ + v0 i0 = p + p0 (2.16)
Preativa = vβ iα − vα iβ (2.17)
39
A potência imaginária instantânea existe nas fases individualmente mas não contribui
para a potência ativa instantânea [65]. O volt-ampere imaginário foi então batizado
por Akagi para designar a unidade da potência reativa.
No caso geral, as tensões e correntes são distorcidas e desbalanceadas. Pode-se se-
parar as harmônicas da fundamental observando que as componentes p, p0 e q possuem
valores médios e oscilantes [12].
p = p + pe
q = q + qe (2.18)
p0 = p0 + pe0
n=∞
X
p= 3V+n I+n cos(φ+n − δ+n ) + (2.19)
n=1
n=∞
X
3V−n I−n cos(φ−n − δ−n )
n=1
∞ X
X ∞
pe = [ 3V+m I+n cos(ωn − ωm )t + φ+m − δ+n ] + (2.20)
m6=n n=1
X∞ X ∞
[ 3V−m I−n cos(ωm − ωn )t + φ−m − δ−n ] +
m6=n n=1
m=∞
X X ∞
[ 3V+m I−n cos(ωm + ωn )t + φ+m − δ−n ] +
m=1 n=1
m=∞
X X ∞
[ 3V−m I+n cos(ωn − ωn )t + φ−m − δ+n ]
m=1 n=1
∞
X
q= 3V+n I+n sen(φ+n − δ+n ) + (2.21)
n=1
X∞
−3V−n I−n sen(φ−n − δ−n )
n=1
40
∞ X
X ∞
qe = [ 3V+m I+n sen(ωn − ωm )t + φ+m − δ+n ] + (2.22)
m6=n n=1
X∞ X ∞
[ 3V−m I−n sen(ωm − ωn )t + φ−m − δ−n ] +
m6=n n=1
X∞ X ∞
[ 3V+m I−n sen(ωm + ωn )t + φ+m − δ−n ] +
m=1 n=1
X∞ X ∞
[ 3V−m I+n sen(ωn − ωn )t + φ−m − δ+n ]
m=1 n=1
∞
X
p0 = 3V0n I0n cos(φ0n − δ0n ) (2.23)
n=1
∞ X
X ∞
pe0 = [ 3V0m I0n cos(ωn − ωm )t + φ0m − δ0n ] + (2.24)
m6=n n=1
X ∞ X ∞
[ −3V0m I0n cos(ωm + ωn )t + φ0m + δ0n ]
m=1 n=1
b
b q
w
d
a a
Figura 2.4: Transformação de referencial estacionário abc para referencial síncrono dq.
2π 2π
r cos(θ) cos(θ − 3
) cos(θ + 3
)
2
−sin(θ) −sin(θ
abc =
Tdq0 − 2π ) −sin(θ+ 2π ) (2.25)
3 √ √
3
√
3
1/ 2 1/ 2 1/ 2
va = V̂ cos(wt)
vb = V̂ cos(wt − 2π/3) (2.26)
vc = V̂ cos(wt + 2π/3)
q
2
vq = 3
[−V̂ sen(θ)cos(wt) − V̂ sen(θ − 2π/3)cos(wt − 2π/3)−
(2.28)
−V̂ sen(θ + 2π/3)cos(wt + 2π/3)]
q
2 3V̂
vd = [
3 2
cos(θ − wt) + V̂2 cos(θ + wt) + V̂2 cos(θ + wt + 2π/3)+
(2.29)
+ V̂2 cos(θ + wt − 2π/3)]
q
2
vq = 3
[− 32V̂ sen(θ − wt) − V̂2 sen(θ + wt) − V̂2 sen(θ + wt + 2π/3)−
(2.30)
− V̂2 sen(θ + wt − 2π/3)]
Fazendo θ = ωt, os eixos giram junto com o vetor resultante da transformação de tal
q
forma que vd = 32 V̂ e vq = 0. Resultados semelhantes podem ser encontrados para
as correntes de um sistema trifásico.
O fato da mudança de eixos resultar em tensões constantes facilitou o controle de
corrente em máquinas elétricas já que neste caso, o uso de controladores proporcionais
integrais resulta em erro nulo em regime permanente [24]. Essa teoria foi originalmente
usada para esse fim e só depois adaptada para o uso em filtros ativos.
Suponha agora que uma determinada tensão está distorcida pela presença de um
harmônico de ordem h que gera apenas componentes de seqüência positiva.
va = V̂ cos(wt) + k V̂ cos(hwt)
vb = V̂ cos(wt − 2π/3) + k V̂ cos(hwt − 2π/3) (2.32)
vc = V̂ cos(wt − 4π/3) + k V̂ cos(hwt + 2π/3)
q
2
vd = 3
[k V̂ cos(θ)cos(hwt) + k V̂ cos(θ − 2π/3)cos(hwt − 2π/3)+
+k V̂ cos(θ + 2π/3)cos(hwt + 2π/3)]
(2.33)
q
2
vq = 3
[−k V̂ sen(θ)cos(hwt) − k V̂ sen(θ − 2π/3)cos(hwt − 2π/3)−
−k V̂ sen(θ + 2π/3)cos(hwt + 2π/3)]
p = va ia + vb ib + vc ic
(2.36)
q = va0 ia + vb0 ib + vc0 ic
44
onde as tensões va0 , vb0 e vc0 estão adiantadas de va , vb e vc pelo fator π/2. Usando o fato
de que, em um sistema trifásico a três fios, a soma das correntes é zero, no conjunto
de equações (2.36), chega-se às equações (2.37) and (2.38):
p va − vc vb − vc ia
= , (2.37)
q va0 − vc0 vb0 − vc0 ib
ia − vb0
vc − vb p vc0
= 1 (2.38)
ib ∆0 vc0 − va0 va − vc q
p3φ = vd id + vq iq + v0 i0 = vd id + v0 i0 = pd + p0 (2.39)
qq = −vd0 iq
(2.40)
q0 = v0 id − vd i0
p
onde vd0 = vd2 + v02 .
A potência qq representa um intercâmbio de energia entre as tensões da rede, como
conseqüência da circulação das correntes não ativas. Essa potência é diretamente rela-
cionada a perdas [22].
A potência q0 tem dois termos; um representa o intercâmbio de energia entre as
fontes de tensões de seqüencia positiva e negativa (como conseqüência da circulação de
correntes homopolares); o outro representa um intercâmbio de energia entre as fontes
de tensão de seqüência homopolar (como conseqüência da circulação de correntes de
seqüência positiva e negativa) [22].
Usando essas definições de potência, é possível compensar as potências reativas qq ,
q0 e a corrente de neutro como feito por Rodriguez em [22]. No entanto, para compensar
harmônicos, potência reativa e corrente de neutro simultaneamente, Rodriguez propôs
uma nova estratégia baseada numa proposição de Buchholz [22].
Considere uma carga trifásica alimentada pelas tensões V~ = [va , vb , vc ]T em que as
correntes de carga são dadas por I~ = [ia , ib , ic ]T . A potência ativa instantânea entregue
p
a carga é p3φ . Seja IΣ3 = i2a + i2b + i2c o valor eficaz coletivo trifásico das correntes.
Existe um único vetor de correntes I~G com mínimo valor eficaz coletivo para o qual
p3φ = V~ · I~ = V~ · I~G . Esse vetor é dado por:
1
RT
PL3φ T0
pL3φ dt
G= 2 = RT (2.42)
VΣ3 1
(va2 + vb2 + vc2 )dt
T 0
46
O vetor I~G contem apenas as correntes de fase necessárias para produzir potência
instantânea consumida pela carga. Conseqüentemente I~G não inclui qualquer compo-
nente de corrente não ativa [22]. Com a mudança de coordenadas de abc para dq0, a
equação (2.41) se torna:
iGd vd
PL3φ
I~G = i = ~ = PL3φ 0
V (2.43)
Gq 2
Vd0 2
Vd0
iG0 v0
2
onde Vd0 é dado por (2.44).
Z T
2 1
Vd0 = 2
vd0 = (vd2 + v02 )dt (2.44)
T 0
2
Pela expressão (2.43), observa-se que nos sistemas em que PL3φ /Vd0 não for cons-
tante, as componentes de I~G geralmente serão oscilantes, significando que as correntes
de fase não serão senoidais e equilibradas.
Pode-se determinar o valor médio de PL3φ e o valor de V~ +1 e empregá-los para
determinar as correntes de fase senoidais e equilibradas que seriam necessárias para
produzir PL3φ . Fazendo com que tais correntes fluam através da rede, o filtro deverá
fornecer apenas à carga toda a potência não ativa e também a parcela oscilante de
PL3φ . A fim de encontrar as correntes de fase senoidais equilibradas a serem fornecidas
pela fonte (rede), utiliza-se a expressão (2.44), substituindo vd por v ∗ = V~ +1 , v0 por d
v0∗ = 0, PL3φ por P L3φ (obtido através de um filtro passa-baixas) e vd0 por vd∗ :
1
PL3φ ~ +1 PL3φ
I~S(d+1 q+1 0+1 ) = V(d+1 q+1 0+1 ) = +1 0
(2.45)
~ +1
|V | 2 ~
Vd+1
0
positiva.
47
Embora essa estratégia tenha sido proposta para filtros ativos utilizando 4 fios, a
mesma pode ser usada no controle de um filtro utilizando 3 fios. Para utilizar essa
estratégia, é necessário um PLL que capture a tensão de seqüência positiva da compo-
nente fundamental vd+1 mesmo que a tensão da rede possua desbalanços e distorções.
O critério utilizado para comparação das teorias será medir seus desempenhos sob
condições de tensões de rede distorcidas de 3% de 5◦ e 5% de 7◦ harmônicos, e seve-
ramente desbalanceadas. Considera-se que os controladores de corrente utilizados na
malha de controle são ideais e não injetam nenhuma distorção na corrente da rede.
Sendo assim, o controlador da Fig.2.2 pode ser simplificado como mostra a Fig.2.5
iS iL
vS vS iL
iC Determinação
da Carga não
referência linear
FA
i*c
Controlador
iα 1 v vβ −e
p
= α . (2.47)
2
iβ vα2 + vβ vβ −vα −q
va vb
sen wt
PLL
cos wt
- i*Ca
iLa + i*d
ab ab S dq ab
100
−100
0.15 0.2 0.25 0.3
20
IRP1
−20
0.15 0.2 0.25 0.3
20
SRF1
−20
0.15 0.2 0.25 0.3
tempo
Figura 2.8: Referências IRP1 e SRF1 sob condições de tensões balanceadas e não distorcidas
A teoria SRF é quase insensível à presença de distorções na tensão da rede uma vez
que qualquer componente não contínua é atribuída a harmônicos em regime perma-
50
100
Tensão rede
0
−100
0.15 0.2 0.25 0.3
20
IRP1
−20
0.15 0.2 0.25 0.3
20
SRF1
−20
0.15 0.2 0.25 0.3
tempo
Figura 2.9: Referências IRP1 e SRF1 sob condições de tensões balanceadas e distorcidas
nente. Já a teoria IRP apresenta problemas sob condições de tensão distorcida porque
o produto da tensão de rede e corrente de carga resultará em potência real nas fre-
qüências harmônicas. Essa potência real nas freqüências harmônicas resultará numa
corrente de rede distorcida.
Na Fig.2.10 as tensões da rede estão desbalanceadas com componentes de seqüência
positiva e negativa iguais a 100 e 30V respectivamente. Sob essas condições a corrente
is gerada por SRF1 apresentou um THD de 3, 69% enquanto que a gerada por IRP1
apresentou um THD de 31, 81%.
Embora a importância da teoria da potência instantânea reativa (IRP) não esteja
em discussão, suas aparentes limitações encorajaram a pesquisa de outras definições
de potências, entre elas a teoria pq estendida [34],[35],[36],[37] e a teoria baseada no
cálculo da Potência Média SRF [22],[67].
Os esquemas para extração das referências utilizando as teorias IRP estendida e
da Potência Média SRF são mostrados na Fig.2.11 e na Fig.2.12. Os resultados de
simulação dessas teorias (chamadas respectivamente de IRP2 e SRF2) são mostrados
na Fig.2.13. Nessas condições os desempenhos dessas técnicas são idênticas a IRP1 e
a SRF1 [69].
51
Tensões da rede
100
0
−100
20
IRP1
−20
0.15 0.2 0.25 0.3
20
SRF1
−20
0.15 0.2 0.25 0.3
tempo
Sa Sb
iLa
iLb
-
+ Ca
S Eq.
Eq.
Sa (2.37) (2.38)
vSa -
+ Cb
S
vSb Sb
LPF
vSa vSb vSa vSb
Figura 2.11: Determinação das correntes de referência utilizando a teoria IRP Estendida
vSa ab ab
vd+1
vSb ab dq
LPF d ab i*Ca
Eq. n +
S
(2.45) pL3f pS3f
*
iLa ab - dq i*Cb
ab
iLb ab dq
Figura 2.12: Determinação das correntes de referência utilizando a teoria da Potência Média SRF.
52
100
−100
0.15 0.2 0.25 0.3
20
IRP2
−20
0.15 0.2 0.25 0.3
20
SRF2
−20
0.15 0.2 0.25 0.3
tempo
Figura 2.13: Referências IRP2 e SRF2 sob condições de tensões balanceadas e não distorcidas
53
Tensões da rede
100
−100
0.15 0.2 0.25 0.3
20
IRP2
−20
0.15 0.2 0.25 0.3
20
SRF2
−20
0.15 0.2 0.25 0.3
tempo
Figura 2.14: Referências IRP2 e SRF2 sob condições de tensões balanceadas e distorcidas
Tensões da rede
100
0
−100
20
IRP2
−20
0.15 0.2 0.25 0.3
20
SRF2
−20
0.15 0.2 0.25 0.3
tempo
Figura 2.15: Referências IRP2 e SRF2 sob condições de tensões desbalanceadas e distorcidas
sin
cos
va ab ab
vd
vb - w + w* 1
ab dq
vq S PI S q*
+ +
S
v*q w ff
150 150
Tensão do PLL Tensão do PLL
Tensão sem distorção Tensão sem distorção
100 100
50 50
Tensões
Tensões
0 0
−50 −50
−100 −100
−150 −150
0.1 0.11 0.12 0.13 0.14 0.15 0.1 0.11 0.12 0.13 0.14 0.15
tempo tempo
(a) PLL com banda de 50Hz (b) PLL com banda de 500Hz
dinâmica do sistema muito pobre [22],[66],[67]. Além disso, o SRF-PLL não consegue
detectar a amplitude da componente de seqüência positiva com exatidão.
A Fig.2.17 mostra a recuperação das tensões da rede (tensões originalmente distor-
cidas) utilizando um PLL com uma banda de 50Hz e 500Hz. A distorção na banda de
500Hz é muito maior e com essa banda o PLL contribuiria no aumento da distorção da
referência de corrente SRF1. Nas simulações das referências SRF1, o PLL foi ajustado
com uma banda pequena e com isso, as simulações produziram bons resultados para
tensões distorcidas.
Para tensões desbalancedas a diminuição da banda do PLL não elimina comple-
tamente a distorção na referência de corrente. A Fig.2.18 mostra a tensão trifásica
recuperada através do SRF-PLL. A distorção na fase é de 3, 6%, exatamente igual ao
índice obtido na simulação da corrente iS utilizando SRF1. Comparando a Fig.2.18
com a Fig.2.10 é possível observar que elas são idênticas. Isso mostra que a distorção em
SRF1 na Fig.2.10 foi gerada inteiramente pelo SRF-PLL. É possível perceber através
da Fig.2.18 que a amplitude da componente de seqüência positiva não é obtida cor-
retamente. A introdução de distorções nas tensões trifásicas da rede nessa simulação
não acarretaria mudanças perceptíveis (em regime), visto que a redução da banda do
PLL, como mostrado na Fig.2.17, atenua consideravelmente este efeito.
O SRF-PLL, no entanto, não pode ser utilizado no esquema da Fig.2.12 para
obtenção da referência de controle utilizando SRF2 porque não é possível obter a tensão
56
200 200
Tensões recuperadas
Tensões da rede
100 100
0 0
−100 −100
−200 −200
0.1 0.11 0.12 0.13 0.14 0.1 0.11 0.12 0.13 0.14
tempo tempo
50 100
0 50
−50 0
−100
−50
0.1 0.11 0.12 0.13 0.14 0.1 0.11 0.12 0.13 0.14
tempo tempo
lares são dadas por nθ0 e mθ0 , e θ0 é o ângulo de fase do PLL. Expressando o vetor
tensão nesses dois eixos mostrados na Fig.2.19 resultará nas equações (2.49) e (2.50).
0 n m 0
vsdn cos(n(ωt − θ ) + φ ) cos(mωt + φ − nθ )
vs(dqn ) = = Vsn + Vsm
vsqn sen(n(ωt − θ0 ) + φn ) sen(mωt + φm − nθ0 )
(2.49)
n 0 0 m
vsdm cos(nωt + φ − mθ ) cos(m(ωt − θ ) + φ )
vs(dqm ) = = Vsn + Vsm
vsqm sen(nωt + φn − mθ0 ) sen(m(ωt − θ0 ) + φm )
(2.50)
vsdm cos(φm )
vs(dqm ) = = VSm +
vsqm sen(φm )
cos((n − m)ωt) −sen((n − m)ωt)
+Vsn cos(φn ) + Vsn sen(φn ) (2.52)
sen((n − m)ωt) cos((n − m)ωt)
As amplitudes dos sinais oscilantes da equação (2.51) coincidem com o valor médio
dos sinais da equação (2.52) e vice-versa. O esquema de desacoplamento das compo-
nentes n e m mostrado na Fig.2.20 é baseado nesse fato. Após o desacoplamento das
componentes n e m, o DSRF-PLL utiliza um controlador PI para encontrar a freqüên-
cia angular ω e um integrador para determinar o ângulo. Na Fig.2.21 é mostrado o
esquema do DSRF-PLL onde n = +1 and m = −1.
58
m b n b
q q m
m
VS VS
n n
VS VS
m n
d d
mq’ n q’
a a
A célula para desacoplar os sinais n e m pode também ser usada para separar
harmônicos de qualquer ordem. Nas simulações seguintes foram usadas células para
separar a componente de seqüência positiva, negativa e harmônicos (5th e 7th ). O PLL
passa então a se chamar MSRF-PLL (Multiple Synchronous Reference Frame Phased
Locked Loop).
Nesse PLL não é preciso diminuir a largura da banda para conseguir bons resultados
porque a amplitude da tensão de seqüência positiva é obtida com precisão, e por isso
a resposta dinâmica do MSRF-PLL é muito boa [22],[67].
A Fig.2.22 mostra a recuperação das tensões trifásicas do MSRF-PLL realizadas a
partir da captura do ângulo de um conjunto de tensões desequilibradas e distorcidas.
Na mesma Fig.2.22 é possível ver que as componentes de seqüência positiva e negativa
são capturadas perfeitamente, ao contrário do SRF-PLL que não consegue medir a
componente de seqüência negativa, conseguindo apenas uma aproximação da seqüência
positiva. A Fig.2.23 mostra a simulação das técnicas SRF1 e SRF2 utilizando o MSRF-
PLL. Os resultados são idênticos demonstrando que a distorção ocorrida na técnica
SRF1 foi devida ao PLL utilizado (SRF-PLL).
2.10 Conclusão
Nesse capítulo foi mostrado como obter as referências de corrente para controlar os
filtros ativos em um sistema a três fios. O fato de existirem diversas formas de se obter
a referência de controle pressupõe que as mesmas possuam desempenhos diferentes sob
alguma condição.
Se as tensões da rede forem perfeitamente senoidais e equilibradas todas as teorias
59
Tensões da rede
100 100
0 50
−100 0
−50
0.1 0.11 0.12 0.13 0.14 0.1 0.11 0.12 0.13 0.14
tempo tempo
100
30
50
20
0
10
−50
0
−100
−10
0.1 0.11 0.12 0.13 0.14 0.1 0.11 0.12 0.13 0.14
tempo tempo
200
−200
0.15 0.2 0.25 0.3
20
SRF1
−20
0.15 0.2 0.25 0.3
20
SRF2
−20
0.15 0.2 0.25 0.3
tempo
apresentadas nesse capítulo mostram que a teoria IRP falha nessa tarefa em ambas as
condições testadas, seja com a presença de harmônicos, seja na presença de tensões
desbalanceadas. A teoria da potência reativa instantânea estendida foi então proposta
com a finalidade de corrigir os problemas da teoria IRP para o caso das tensões da
rede serem desbalanceadas. Foi mostrado que o objetivo proposto foi alcançado com
sucesso, embora a teoria continue a falhar para o caso das tensões da rede apresentarem
distorções.
A utilização da teoria SRF, apresentou de forma geral bons resultados (0,43% e
3,69% de distorção contra 5,86% e 31,81% da teoria IRP) visto que as tensões da rede
apresentavam grandes desequilíbrios e distorções. Mesmo assim, o fato da mesma não
calcular as referências de forma precisa levou a crer que o desempenho do PLL estava
influenciando esse resultado, já que o esquema da teoria SRF é essencialmente simples
e depende apenas da filtragem das componentes no referencial dq0. Adicionalmente a
teoria baseada no cálculo da potência média nas coordenadas SRF (chamada aqui de
SRF2) apresentou resultados excelentes utilizando um PLL que consegue detectar a se-
qüência positiva da componente fundamental de freqüência de um sinal. Por essa razão,
foi feita a comparação dos desempenhos das duas propostas de PLL e foi verificado que
o MSRF-PLL possui desempenho bastante superior ao SRF-PLL. Foi mostrado, então,
na Fig.2.23, que o erro no cálculo da referência de controle na teoria SRF, quando
as tensões da rede apresentavam desequilíbrios e/ou distorções, eram causados pelo
SRF-PLL que não conseguia detectar corretamente o ângulo do vetor tensão orientado
através das tensões da rede. Com essa comparação, fica evidente que as teorias que
utilizam um PLL (para a transformação de abc para dq0 ) são superiores àquelas que
são calculadas no referencial αβ e apresentam resultados igualmente precisos se no
cálculo do ângulo é utilizado o MSRF-PLL.
Um aspecto importante a ser levantado seria a utilização do MSRF-PLL nas quatro
técnicas estudadas. Embora as teorias IRP e IRP estendida sejam definidas no refe-
rencial estacionário αβ, o MSRF-PLL poderia ser usado para a detecção da seqüência
positiva da componente fundamental de freqüência das tensões da rede. Dessa forma,
poderia-se obter as tensões da rede equilibradas e senoidais a partir de um conjunto
completamente desequilibrado e distorcido. Isso se constitui uma forma de resolver os
problemas das teorias IRP de forma a obter os mesmos resultados que os encontrados
62
Nesse capítulo serão apresentadas duas propostas de filtro ativos com a finalidade
principal de compensar harmônicos de corrente. São elas:
• Filtro paralelo;
• Filtro híbrido.
vSa i Sa
iLa
vSc i Sc iLc
LC Carga não
Linear
RC
i i i
Cc Cb Ca
a +
b C Vdc
c -
filtro ativo paralelo se torna bastante viável. Outra vantagem que pode ser conseguida
ao se utilizar um filtro ativo paralelo é a compensação de potência reativa.
A Fig.3.1 mostra um inversor conectado à rede em paralelo com uma carga não
linear e sem a presença de conexão de neutro. O filtro ativo propriamente dito é
formado pelo inversor e seu controle.
(vSa + vSb + vSc = 0) e que não existe corrente de seqüência zero (em um sistema a 3
fios, iCa + iCb + iCc = 0), chega-se à seguinte expressão:
c
1X
vM N =− vmM (3.2)
3 m=a
Pode-se agora definir as expressões VaM , VbM e VcM de uma forma geral:
c
diCk vSk Rc 1 1X
= − iCk + ( VmM − VkM ) . (3.4)
dt Lc Lc Lc 3 m=a
c
diCk vSk Rc 1 1X
= − iCk − (ck − cm )vdc . (3.5)
dt Lc Lc Lc 3 m=a
c
1X
dnk = (ck − cm ) . (3.6)
3 m=a
diCk vSk Rc 1
= − iCk − dnk vdc . (3.7)
dt Lc Lc Lc
66
A equação (3.6) mostra que o valor de dnk depende do estado da chave n, e da fase k.
Expandindo (3.6) chega-se a seguinte equação matricial:
dna +2 −1 −1 ca
dnb = 1 −1 +2 −1 cb . (3.8)
3
dnc −1 −1 +2 cc
Sendo a tensão do capacitor vdc , sua corrente será idc = C dvdtdc e a seguinte relação pode
ser observada através da Fig. 3.1:
c
dvdc 1 1X
= idc = cm iCm . (3.9)
dt C c m=a
Multiplicando ambos os lados da equação (3.8) por iCm e somando as linhas dessa
equação matricial, levando em conta mais uma vez que não existe corrente de seqüência
zero (iCa + iCb + iCc = 0), chega-se à seguinte relação:
c
X c
X
dnm iCm = cm iCm . (3.10)
m=a m=a
Xc
dvdc
= dnm iCm . (3.11)
dt m=a
A soma das linhas da equação matricial (3.8) resulta em dna + dnb + dnc = 0. Uti-
lizando esse resultado na expansão do somatório da equação (3.11) chega-se finalmente
à terceira equação do modelo do filtro ativo no referencial abc:
dvdc 1 1
= (2dna + dnb )iCa + (dna + 2dnb )iCb . (3.12)
dt C C
iCa −R
Lc
c
0 − dLnac iCa vSa
d
iCb =
iCb + 1 vSb .
0 −R c
− dLnbc (3.13)
dt Lc Lc
2dna +dnb dna +2dnb
vdc C C
0 vdc 0
No capítulo 2, foi visto que o cálculo das potências instantâneas utilizando correntes
que possuam componentes harmônicas resulta em uma potência que possui compo-
nentes oscilantes e contínuas. As componentes oscilantes da potência ativa são atribuí-
das à presença de harmônicos de corrente. A expressão para o cálculo das potências
instantâneas [28],[29],[65] é reescrita na equação (3.14):
p0 v0 0 0 i0
p = 0 vβ
vα iα . (3.14)
q 0 vβ −vα iβ
iLa iLa
ab ab
iLb iLb
ab ab
p +
-
p* i*Ca p +
-
p* i*Ca
pFILT S pFILT S
Eq. Eq. Eq. Eq.
vSa va (3.14) - q* (3.15) i*Cb vSa va (3.14)
LPF
q* (3.15) i*Cb
ab q + ab q
qFILT S -1
vSb vb LPF vSb vb
ab ab
va vb va vb
(a) Compensação de harmônicos (b) Compensação de harmônicos e potência reativa
Com o termo “-q” da equação (3.15) entende-se que existe a compensação de har-
mônicos e potência reativa como no esquema da Fig.3.2(b).
Uma vez determinadas as referências de corrente, é preciso utilizar uma estratégia
de controle para que as correntes do inversor alcancem o mais rápido possível seus
valores de referência.
A partir do modelo (3.13) em abc do filtro ativo paralelo, pode-se chegar ao modelo
em αβ0. Para isso, utiliza-se a transformação de Clarke da equação (3.16):
r 1
−1/2 −1/2
abc =
2
0 √ √
.
Tαβ0 3/2 − 3/2 (3.16)
3 √ √ √
1/ 2 1/ 2 1/ 2
dvdc 1
= [dnm ]T [iCabc ] . (3.17)
dt C
Os termos de seqüência zero na expressão (3.18) são nulos. Como conseqüência, chega-
se a:
Como não existe a conexão de neutro, a presença da equação de corrente para a fase
3 se torna redundante, pois com quaisquer duas correntes determina-se a terceira. As
três fases aparecem nessa equação para que a transformação da equação (3.16) seja
aplicada sem a necessidade de modificações. A aplicação da transformação resulta,
então, em:
1 0 0
d αβ0 Rc αβ0
Tabc [iCαβ0 ] = − 0 1 0 1 αβ0
Tabc [iCαβ0 ] − Lc Tabc [dnαβ0 ]vdc +
1
T αβ0 [vSαβ0 ]
Lc abc
.
dt Lc
0 0 1
(3.21)
d αβ αβ d
Levando em conta que T [i ]
dt abc Cαβ
= Tabc [i ] e, mais uma vez, que as componentes
dt Cαβ
iCα −R
Lc
c
0 − dLnαc iCα vSα
d
iCβ =
dnβ
1
.
0 −R c
− i + v (3.23)
dt Lc Lc Cβ Lc Sβ
dnα dnβ
vdc C C
0 vdc 0
Para se obter uma resposta dinâmica rápida no controle das correntes do inversor
são utilizados controladores de corrente do tipo proporcional-integral (PI).
A primeira e a segunda equações do modelo (3.23) podem ser escritas da seguinte
forma:
diCα
Lc + Rc iCα = −vdc dnα + vSα , (3.24)
dt
diCβ
Lc + Rc iCβ = −vdc dnβ + vSβ . (3.25)
dt
Z
uα = KpeiCα + Ki eiCα dt , (3.28)
Z
uβ = KpeiCβ + Ki eiCβ dt , (3.29)
onde eiCα = i∗Cα − iCα e eiCβ = i∗Cβ − iCβ representam os erros de corrente. Com as
equações (3.26) e (3.27), as funções de estado de chaveamento são determinadas da
seguinte forma:
71
vSα − uα
dnα = , (3.30)
vdc
vSβ − uβ
dnβ = . (3.31)
vdc
vdc
C = dnα iCα + dnβ iCβ . (3.32)
dt
Z
udc = Kpv vedc + Kiv vedc dt . (3.34)
∗
Onde vedc = vdc − vdc é o erro de tensão. Multiplicando ambos os lados da equação
(3.33) por vdc e assumindo que se o controle de corrente é ideal, a relação abaixo é
verdadeira,
Medição de
corrente
Medição de
tensão
vSa iSa i La
vSb iSb i Lb
ab vSc iSc i Lc
ab Carga não
- linear
+
Eq.
pL S P*
(3.14) L
ab
-q L
ab
ab LC
ab RC
iCa -
iCc i Cb iCa
p* i*Ca+ ua dna
+ Eq.
S S PI (3.30)
+ Eq. +
p*dc PWM C vdc
(3.15) iCb - -
i*Cb + ub Eq. d nb
q*
S PI (3.31)
Eq. - v dc
(3.36) PI S
+
v*dc
sor responsável pela regulação dessa tensão. É importante lembrar que a parcela da
potência instantânea p é a responsável pela potência ativa enquanto que q representa
potência reativa. Finalmente, é feita a atualização dos pulsos das chaves através de
uma estratégia de PWM (conforme descrito no apêndice A).
Na Fig.3.4 vêem-se os resultados de simulação do filtro ativo para o caso onde as
tensões da rede são equilibradas e perfeitamente senoidais. De cima pra baixo estão
as formas de onda da fase a da tensão da rede, corrente da rede, corrente do inversor
e corrente da carga. Com esse resultado, vê-se que o objetivo foi alcançado já que
enquanto a corrente da carga é distorcida, a corrente da rede é senoidal. Com as
tensões da rede distorcidas, a referência de corrente não é determinada corretamente
como mostrado no Cap.2. A Fig.3.5 mostra o resultado de simulação para esse caso.
Conseqüentemente, a corrente da rede apresenta distorções e o filtro ativo falha no
seu objetivo de compensar harmônicos de corrente. Enquanto no Cap.2 foi avaliado
apenas a distorção no cálculo da referência de controle (considerando o controle de
corrente ideal), nessa figura é mostrado a simulação do filtro utilizando o controle de
corrente proporcional-integral juntamente com o esquema completo do filtro ativo. A
Fig.3.6 mostra o caso em que as tensões da rede estão desbalanceadas. Mais uma vez,
o resultado mostra, como no Cap.2, que o esquema simulado não consegue compensar
corretamente os harmônicos.
Tensão rede
40
20
0
−20
−40
0.05 0.06 0.07 0.08 0.09 0.1 0.11 0.12
Corrente carga Corrente filtro Corrente rede
−2
0.05 0.06 0.07 0.08 0.09 0.1 0.11 0.12
2
−2
0.05 0.06 0.07 0.08 0.09 0.1 0.11 0.12
2
−2
0.05 0.06 0.07 0.08 0.09 0.1 0.11 0.12
tempo
Tensão rede
40
20
0
−20
−40
0.05 0.06 0.07 0.08 0.09 0.1 0.11 0.12
−2
0.05 0.06 0.07 0.08 0.09 0.1 0.11 0.12
2
−2
0.05 0.06 0.07 0.08 0.09 0.1 0.11 0.12
2
−2
0.05 0.06 0.07 0.08 0.09 0.1 0.11 0.12
tempo
40
20
0
−20
−40
0.05 0.06 0.07 0.08 0.09 0.1 0.11 0.12
Corrente carga Corrente filtro Corrente rede
−2
0.05 0.06 0.07 0.08 0.09 0.1 0.11 0.12
2
−2
0.05 0.06 0.07 0.08 0.09 0.1 0.11 0.12
2
−2
0.05 0.06 0.07 0.08 0.09 0.1 0.11 0.12
tempo
sen wt sen wt
PLL PLL
cos wt cos wt
iLa +
- i*Cd iLa +
- i*Cd
ab ab S ab ab S
LPF
iLb ab +
- i*Cq iLb ab
i*Cq
dq S dq -1
LPF
As equações de corrente do modelo em abc, mais uma vez são escritas da seguinte
forma:
76
1 0 0
d Rc
[iCabc ] = − 0 1 0 [iCabc ] − 1 [dnabc ]vdc + 1
[v ] . (3.39)
dt Lc Lc Lc Sabc
0 0 1
d dq Rc 1 0
Tabc [iCdq ] = − Tabc
dq dq
[iCdq ] − L1 Tabc [dndq ]vdc + 1
T dq [v ]
Lc abc Sdq
. (3.40)
dt Lc 0 1 c
vSd + Lc wiCq − ud
dnd = , (3.43)
vdc
vSq − Lc wiCd − uq
dnq = . (3.44)
vdc
77
vdc
C = dnd iCd + dnq iCq . (3.45)
dt
Z
udc = Kpv vedc + Kiv vedc dt . (3.47)
∗
Onde vedc = vdc −vdc representa o erro de tensão. A referência de corrente para controlar
a tensão do barramento é dada em (3.48).
dnq vdc ≈ vq ,
(3.49)
dnd vdc ≈ vd .
Ao assumir que as tensões da rede são dadas pela equação (3.50), a transformação de
q
vSa e vSb para coordenadas dq resulta em vSd = 32 V̂ e vSq = 0.
78
vSa = V̂ cos(wt)
vSb = V̂ cos(wt − 2π/3) (3.50)
vSc = V̂ cos(wt − 4π/3)
q
3
Como conseqüência, dnq vdc ≈ vSq = 0 e dnd vdc ≈ vSd = 2
V̂ . A referência de corrente
torna-se:
r
2 vdc
i∗do = udc . (3.51)
3 V̂
p = vd id + vq iq ,
(3.52)
q = vq id − vd iq .
O PLL conectado à rede faz com que vq seja igual a zero. Sendo assim, somente a
corrente de eixo direto id é capaz de fornecer potência ativa ao sistema. Para manter
a tensão do barramento constante, é preciso adicionar à saída do controlador PI de
controle de tensão (malha mais externa) i∗do , à referência da corrente de eixo direto i∗d
(malha mais interna). A corrente iq contribui apenas para o fornecimento de potência
reativa.
Medição de
Corrente
vSb iSb i Lb
vSc iSc i Lc
Sen wt
PLL
Cos wt
Carga não
Linear
-
+ ab ab
ab ab
i Ld S
dq ab
ab dq
i Lq
LC
Sen wt
Cos wt RC
Tensão rede
40
20
0
−20
−40
0.05 0.06 0.07 0.08 0.09 0.1 0.11 0.12
Corrente carga Corrente filtro Corrente rede
−2
0.05 0.06 0.07 0.08 0.09 0.1 0.11 0.12
2
−2
0.05 0.06 0.07 0.08 0.09 0.1 0.11 0.12
2
−2
0.05 0.06 0.07 0.08 0.09 0.1 0.11 0.12
tempo
40
20
0
−20
−40
0.05 0.06 0.07 0.08 0.09 0.1 0.11 0.12
Corrente carga Corrente filtro Corrente rede
−2
0.05 0.06 0.07 0.08 0.09 0.1 0.11 0.12
2
−2
0.05 0.06 0.07 0.08 0.09 0.1 0.11 0.12
2
−2
0.05 0.06 0.07 0.08 0.09 0.1 0.11 0.12
tempo
Figura 3.10: Resultados de simulação do filtro paralelo utilizando a teoria SRF com as tensões da
rede distorcidas
81
Tensões rede
50
−50
0.05 0.06 0.07 0.08 0.09 0.1 0.11 0.12
−2
0.05 0.06 0.07 0.08 0.09 0.1 0.11 0.12
1
−1
0.05 0.06 0.07 0.08 0.09 0.1 0.11 0.12
2
−2
0.05 0.06 0.07 0.08 0.09 0.1 0.11 0.12
tempo
Figura 3.11: Resultados de simulação do filtro paralelo utilizando a teoria SRF com as tensões da
rede desbalanceadas
Sa Sb
iLa
iLb
-
+ Ca
S
Sa -
vSa + Cb
S
vSb Sb
LPF
vSa vSb vSa vSb
Figura 3.12: Esquema para extração da referência de controle da teoria IRP estendida.
vSa ab ab
vd+1
vSb ab dq
LPF
[ ]
i*Cd
d
Eq. n +
(3.55) S
pL3f p *
- i*Cq
iLa ab ab
S3f
iLb ab dq
Figura 3.13: Esquema para extração da referência de controle da potência média SRF.
A Fig.3.14 mostra o resultado de simulação do filtro paralelo para o caso das tensões
equilibradas e senoidais. Nesse caso, o resultado é o mesmo alcançado utilizando a
teoria da potência reativa instantânea e a teoria SRF. A Fig. 3.15 mostra a simulação
para o caso onde existe a presença de distorções na rede elétrica. Como é visível, a
corrente da rede apresenta distorções da mesma forma que as simulações do Cap.2.
Como a teoria da potência instantânea estendida foi concebida com o objetivo de
calcular as referências de corrente sob a presença de desequilíbrios nas tensões da rede,
vê-se na Fig.3.16 que a mesma alcança o objetivo pretendido.
83
Tensão rede
40
20
0
−20
−40
0.05 0.06 0.07 0.08 0.09 0.1 0.11 0.12
−2
0.05 0.06 0.07 0.08 0.09 0.1 0.11 0.12
2
−2
0.05 0.06 0.07 0.08 0.09 0.1 0.11 0.12
2
−2
0.05 0.06 0.07 0.08 0.09 0.1 0.11 0.12
tempo
Figura 3.14: Resultados de simulação do filtro paralelo utilizando a teoria IRP estendida
40
tensão rede
20
0
−20
−40
0.05 0.06 0.07 0.08 0.09 0.1 0.11 0.12
Corrente carga Corrente filtro Corrente rede
−2
0.05 0.06 0.07 0.08 0.09 0.1 0.11 0.12
2
−2
0.05 0.06 0.07 0.08 0.09 0.1 0.11 0.12
2
−2
0.05 0.06 0.07 0.08 0.09 0.1 0.11 0.12
tempo
Figura 3.15: Resultados de simulação do filtro paralelo utilizando a teoria IRP estendida com as
tensões da rede distorcidas
Tensões rede
40
20
0
−20
−40
0.05 0.06 0.07 0.08 0.09 0.1 0.11 0.12
−2
0.05 0.06 0.07 0.08 0.09 0.1 0.11 0.12
2
−2
0.05 0.06 0.07 0.08 0.09 0.1 0.11 0.12
2
−2
0.05 0.06 0.07 0.08 0.09 0.1 0.11 0.12
tempo
Figura 3.16: Resultados de simulação do filtro paralelo utilizando a teoria IRP estendida com as
tensões da rede desbalanceadas
sendo assim, o controle atua de forma a fazer com que a corrente da rede seja senoidal.
Esses resultados são aparentemente idênticos aos obtidos com a teoria SRF. Se as
distorções e os desequilíbrios na rede não forem severos, os resultados das simulações
das duas técnicas são muito semelhantes com uma leve vantagem para a SRF2. Caso
contrário encontra-se resultados parecidos com os simulados no Cap.2.
Tensão rede
40
20
0
−20
−40
0.05 0.06 0.07 0.08 0.09 0.1 0.11 0.12
Corrente carga Corrente filtro Corrente rede
−2
0.05 0.06 0.07 0.08 0.09 0.1 0.11 0.12
2
−2
0.05 0.06 0.07 0.08 0.09 0.1 0.11 0.12
2
−2
0.05 0.06 0.07 0.08 0.09 0.1 0.11 0.12
tempo
Figura 3.17: Resultados de simulação do filtro paralelo utilizando a teoria da potência média SRF
85
Tensão rede
40
20
0
−20
−40
0.05 0.06 0.07 0.08 0.09 0.1 0.11 0.12
−2
0.05 0.06 0.07 0.08 0.09 0.1 0.11 0.12
2
−2
0.05 0.06 0.07 0.08 0.09 0.1 0.11 0.12
2
−2
0.05 0.06 0.07 0.08 0.09 0.1 0.11 0.12
tempo
Figura 3.18: Resultados de simulação do filtro paralelo utilizando a teoria da potência média SRF
com as tensões da rede distocidas
Tensões rede
40
20
0
−20
−40
0.05 0.06 0.07 0.08 0.09 0.1 0.11 0.12
Corrente carga Corrente filtro Corrente rede
−2
0.05 0.06 0.07 0.08 0.09 0.1 0.11 0.12
2
−2
0.05 0.06 0.07 0.08 0.09 0.1 0.11 0.12
2
−2
0.05 0.06 0.07 0.08 0.09 0.1 0.11 0.12
tempo
Figura 3.19: Resultados de simulação do filtro paralelo utilizando a teoria da potência média SRF
com as tensões da rede desbalanceadas
vSa L
S + vo - iSa iLa
vSb L
S + vo - iSb iLb
N
vSc L
S +vo - iSc iLc
Non-linear
load
iCa,Cb,Cc
c RC LC
+ b
vdc a
- 5th 7th
shunt
passive filter
O filtro híbrido aqui estudado é formado por um conversor ligado em série com a
rede e filtros passivos ligados em paralelo com a carga, como mostra a Fig.3.20. O
filtro série é controlado para funcionar como uma impedância ativa, ao contrário do
filtro ativo paralelo que funciona como uma fonte de corrente (impedância infinita) e o
filtro série para eliminar harmônicos de tensão, que funciona como uma fonte de ten-
são (impedância zero) [12]. O conversor série do filtro híbrido atua como um isolador
harmônico entre a carga e a fonte. Sua função é impor uma alta resistência para cor-
rentes harmônicas e uma baixa resistência para a corrente de freqüência fundamental,
garantindo que a corrente na rede seja puramente senoidal. Com isso, obtêm-se as
seguintes características:
O inversor conectado em série com a rede elétrica não é usado para compensar
harmônicos de tensão, como pode parecer em uma primeira impressão, mas para me-
lhorar as características de compensação do filtro passivo paralelo. Considerando o
filtro ativo série como uma fonte ideal de tensão controlada, um modelo unifilar do
circuito da Fig.3.20 é mostrado na Fig.3.21, onde Zs é a impedância da rede e Zf é a
impedância do filtro passivo. A carga, como mostrado anteriormente, é representada
por uma fonte de corrente e vs é a tensão da rede. A idéia é controlar o filtro ativo série
para apresentar impedância zero na freqüência fundamental e uma impedância resis-
tiva (k) grande para as freqüências harmônicas. Se essa resistência for suficientemente
grande para bloquear a passagem das correntes harmônicas, toda a corrente distorcida
da carga passará pelo filtro passivo e a corrente da rede estará sem os harmônicos. A
Fig.3.22 e a Fig.3.23 mostram o circuito equivalente da Fig.3.21 para as componentes
fundamental e harmônicas.
Na Fig.3.23 se k À |ZF | então a corrente harmônica da carga irá fluir pelo filtro
passivo. Além disso, se k À |ZS | a impedância da fonte não irá afetar as características
de compensação do filtro passivo e nenhuma corrente harmônica proveniente de outra
88
ZF 1
iSh = iLh + vSh . (3.56)
ZS + ZF + k ZS + ZF + k
ZS + k ZF
vF h = Zf iF h = − Zf iLh + vSh . (3.58)
ZS + ZF + k ZS + ZF + k
k k
vo = Zf iLh + vSh . (3.60)
ZS + ZF + k ZS + ZF + k
Se o filtro série for controlado de forma que k À |ZS | e k À |ZF |, a equação (3.60) se
torna:
89
O conversor série do filtro híbrido deve garantir que as correntes da rede isa , isb e
isc na Fig.3.20 sejam senoidais. Esse procedimento garante que o filtro passivo absorva
90
i∗α 1 vα vβ −p
= (3.65)
i∗β vα2 + vβ2 vβ −vα −q
va vb
d
Lc iCα + Rc iCα = voα − dnα vdc , (3.67)
dt
d
Lc iCβ + Rc iCβ = voβ − dnβ vdc . (3.68)
dt
Z
uα = KpeiCα + Ki eiCα dt , (3.71)
Z
uβ = KpeiCβ + Ki eiCβ dt , (3.72)
onde eiCα = i∗Cα − iCα e eiCβ = i∗Cβ − iCβ representam as correntes de erro. Com as
equações (3.69) e (3.70) definem-se as funções de estado de chaveamento:
voα − uα
dnα = , (3.73)
vdc
voβ − uβ
dnβ = . (3.74)
vdc
92
Medição
corrente
Medição v L S iSa vO
v Fa
iLa
Sa
tensão
v L S iSb vO v Fb
iLb
Sb
ab v Sc
L S iSc v
O v Fc iLc
ab Carga não
linear
ab
ab
Eq. iLd Eq.
(3.64) (3.65) ab
ab
iLq
Lc
R
iCa iCa iCb iCc
- ua dna
iC*a+ Eq.
S PI (3.73)
5th 7th
+ Filtro passivo
iCb PWM C v dc paralelo
- dnb -
iC*b + ub
Eq.
S PI (3.74) Bateria
200
T. filtro
−200
0.2 0.22 0.24 0.26 0.28 0.3
200
C. rede
−200
0.2 0.22 0.24 0.26 0.28 0.3
100
C. filtro
−100
0.2 0.22 0.24 0.26 0.28 0.3
200
C. carga
−200
0.2 0.22 0.24 0.26 0.28 0.3
tempo
O controle utilizando a teoria SRF para a obtenção das referências de corrente i∗Cd
e i∗Cq no inversor, tem o mesmo objetivo (do controle utilizando a teoria IRP) de impor
correntes senoidais na rede elétrica. O transformador do filtro série foi simulado com
uma razão de 1:20, sendo o lado de menor tensão voltado para a rede. Na transformação
do referencial abc para o dq, torna-se possível separar as componentes harmônicas da
fundamental utilizando filtros passa-baixas. O controle de corrente no referencial dq
tem a vantagem de não produzir atrasos de fases no sistema. O esquema de extração
das referências de controle i∗Cd e i∗Cq é mostrado na Fig.3.27.
94
sen wt
PLL
cos wt
iSa i*Cd
ab ab
iSb
ab
i*Cq
dq
LPF
vod + Lc ωiCq − ud
dnd = (3.76)
vdc
voq + Lc ωiCd − uq
dnq = (3.77)
vdc
atualização dos pulsos das chaves é feita através de uma estratégia de PWM (apêndice
A).
Medição
corrente
Medição v L S iSa v
O
v Fa
iLa
Sa
tensão
v L S iSb vO v Fb
iLb
Sb
v Sc
L S iSc v O v Fc iLc
Sin wt
PLL
Cos wt
Carga não
linear
ab ab
ab ab
iLd
dq ab
ab dq
iLq
Lc
Sin wt
Cos wt
R
iCd iCa iCb iCc
-
iCd* + ud Eq.
und
S PI (3.76)
5th 7th
+ Filtro passivo
iCq PWM C v dc paralelo
- -
iCq* + uq Eq.
unq
S PI (3.77) Bateria
200
T. rede
0
−200
0.2 0.22 0.24 0.26 0.28 0.3
200
C. rede
0
−200
0.2 0.22 0.24 0.26 0.28 0.3
100
C. filtro
−100
0.2 0.22 0.24 0.26 0.28 0.3
200
C. carga
−200
0.2 0.22 0.24 0.26 0.28 0.3
tempo
Fa Fb
iSa
iSb
Fa
vFa
vFb Fb
vFa ab ab
vd+1
vFb ab dq
LPF d
iSa ab ab
pL3f
n
pS3f
* [ i*i* ]
d
q
iSb ab dq
200
T. filtro
0
−200
0.2 0.22 0.24 0.26 0.28 0.3
200
C. rede
0
−200
0.2 0.22 0.24 0.26 0.28 0.3
100
C. filtro
−100
0.2 0.22 0.24 0.26 0.28 0.3
100
C. carga
−100
0.2 0.22 0.24 0.26 0.28 0.3
tempo
Figura 3.32: Resultados de simulação do filtro híbrido utilizando a teoria IRP estendida
200
T. filtro
−200
0.2 0.22 0.24 0.26 0.28 0.3
200
C. rede
−200
0.2 0.22 0.24 0.26 0.28 0.3
100
C. filtro
−100
0.2 0.22 0.24 0.26 0.28 0.3
200
C. carga
−200
0.2 0.22 0.24 0.26 0.28 0.3
tempo
Figura 3.33: Resultados de simulação do filtro híbrido utilizando a teoria da potência média SRF
A comparação dos filtros ativos deve ser feita de acordo com uma determinada apli-
cação particular. Como existem muitas possibilidades de compensação em um filtro
ativo, não existe uma topologia que apresente vantagens em todas as características
de compensação. Existem muitos requisitos que devem ser levados em conta na de-
terminação de topologia de filtro ativo a ser utilizada como se o sistema possui 3 fios
98
100 100
0 0
−100 −100
−200 −200
0.1 0.11 0.12 0.13 0.14 0.15 0.16 0.17 0.18 0.19 0.2 0.1 0.11 0.12 0.13 0.14 0.15 0.16 0.17 0.18 0.19 0.2
200 200
Corrente e tensão da rede
0 0
−100 −100
−200 −200
0.1 0.11 0.12 0.13 0.14 0.15 0.16 0.17 0.18 0.19 0.2 0.1 0.11 0.12 0.13 0.14 0.15 0.16 0.17 0.18 0.19 0.2
tempo tempo
deve muito mais ao estado tecnológico das chaves semicondutoras (que não possuem
potências tão altas) do que pelos méritos de compensação dos filtros passivos.
O desempenho do filtros passivo, híbrido e paralelo são mostrados na Fig.3.35. É
possível verificar que embora o filtro passivo melhore a distorção de corrente da rede,
a mesma ainda se encontra distorcida. Na mesma Fig.3.35 é possível verificar como
o filtro híbrido melhora as características de compensação dos filtros passivos. Essa
simulação, mostra que as características de compensação do filtro passivo são muito
ruins em comparação com os filtros paralelo e híbrido [68]. Além disso, como o filtro
híbrido não compensa reativo, a amplitude da corrente da rede é maior em relação a
corrente da rede do filtro paralelo.
A Fig.3.36 compara os desempenhos dos filtros passivo e filtro híbrido variando
os valores das capacitâncias dos filtros passivos de 10%. É possível observar que a
distorção na corrente aumenta no caso do filtro passivo enquanto que as características
no filtro híbrido não mudam. A Fig. 3.37 mostra o desempenho dos filtros paralelo,
híbrido e passivo durante uma variação de freqüência de 2% na rede. A distorção na
corrente na rede aumenta enquanto que os outros filtros (paralelo e híbrido) não sentem
efeito algum [68].
Considerando os argumentos apresentados e a pequena potência da carga a ser
compensada experimentalmente, o filtro paralelo foi escolhido para implementação.
100
50
Sem filtro 0
−50
0.1 0.11 0.12 0.13 0.14 0.15 0.16 0.17 0.18 0.19 0.2
50
Filtro passivo
−50
0.1 0.11 0.12 0.13 0.14 0.15 0.16 0.17 0.18 0.19 0.2
50
Híbrido
−50
0.1 0.11 0.12 0.13 0.14 0.15 0.16 0.17 0.18 0.19 0.2
50
Paralelo
−50
0.1 0.11 0.12 0.13 0.14 0.15 0.16 0.17 0.18 0.19 0.2
tempo
50
Sem filtros
−50
0.1 0.11 0.12 0.13 0.14 0.15 0.16 0.17 0.18 0.19 0.2
50
Filtro passivo
−50
0.1 0.11 0.12 0.13 0.14 0.15 0.16 0.17 0.18 0.19 0.2
50
Híbrido
−50
0.1 0.11 0.12 0.13 0.14 0.15 0.16 0.17 0.18 0.19 0.2
50
Paralelo
−50
0.1 0.11 0.12 0.13 0.14 0.15 0.16 0.17 0.18 0.19 0.2
tempo
50
Sem filtro
0
−50
0.1 0.12 0.14 0.16 0.18 0.2
100
Filtro passivo
−100
0.1 0.12 0.14 0.16 0.18 0.2
50
Híbrido
−50
0.1 0.12 0.14 0.16 0.18 0.2
tempo
Figura 3.37: Desempenho dos filtros híbrido e passivo com alteração de 10% da capacitância do filtro.
3.13 Conclusão
Nesse capítulo, foi testada a validade dos métodos abordados no capítulo 2 para
extrair a referência de corrente do filtro ativo paralelo. A modelagem dos filtros ativos
foi feita de forma a calcular os termos nas ações feedforward. Com essa modelagem,
foi feito todo o detalhamento do funcionamento dos filtros paralelos e híbrido.
As simulações do filtro paralelo mostraram que a teoria SRF, mesmo com a pre-
sença de desequilíbrios e distorções consegue calcular as referências aproximadamente
senoidais. Na verdade, dificilmente as tensões da rede apresentarão os níveis de dis-
torções apresentados no Cap.2. Considerando as tensões da rede aproximadamente
senoidais (aproximação essa perto da realidade), a melhor teoria a ser utilizada para a
determinação das referências de controle seria a SRF, pela sua simplicidade tanto da
técnica em si quanto do PLL utilizado para a determinação do ângulo do vetor tensão
orientado.
Quanto as comparações das topologias, o filtro paralelo apresenta sem dúvida as
melhores condições técnicas para compensação, seja de harmônicos, potência reativa
etc. A compensação de potência reativa é uma característica muito desejada nos dias
atuais porque significa economia nos gastos com energia elétrica. A não compensação
102
de potência reativa por parte do filtro híbrido significa um custo de operação alto com-
parado ao filtro paralelo, embora os custos iniciais (de construção) sejam mais baratos.
Os custos iniciais do filtro paralelo são maiores visto que sua potência pode chegar a
100% da potência da carga. Essa característica indesejável incentivou a pesquisas de
outras alternativas com a do filtro híbrido. Esse filtro híbrido apresenta muitos incon-
venientes como a conexão em série do conversor com a rede e a presença de uma fonte
de tensão para manter a tensão do barramento fixa, já que não é possível fazer manter
a mesma fixa através do controle do conversor como é feito no filtro paralelo.
4 Implementação dos
Filtros utilizando o
Processador Digital de
Sinais
Para representar um número real na notação Q.n, multiplica-se esse número pelo
fator 2n . Por exemplo, se o objetivo é obter o número π (aproximado para 3, 1415) na
notação Q.3, o resultado será 3, 1415 ∗ 23 = 25, 132. A partir daí é só mudar a base
do número 25, 132 de decimal para binário. É importante lembrar que nessa mudança
de base, a parte decimal do número é ignorada. Sendo assim, conclui-se que uma
aproximação está sendo feita ao representar esse número na notação de ponto fixo Q.3.
Qual seria, então, a melhor representação para esse número? Uma conclusão natural
105
seria que ao aumentar o valor de n, a aproximação ficaria cada vez melhor. Isso não
pode ser feito porque dispõe-se de uma quantidade finita de bits para representar um
número real. Além disso, uma parte desses bits deve ser reservada para a representação
da parte inteira desse número. Supondo que se dispõem de 8 bits para representar o
número 3, 1415, percebe-se que é necessário um bit para representar o sinal e dois para
representar a parte inteira. Como todo o número é formado por 8 bits, sobram apenas
5 bits para representar a parte fracionária de π. Então a melhor representação de π
em 8 bits é em Q.5.
A generalização desse exemplo pode ser feita. Ao se representar um número real x
em uma palavra de b bits, tem-se que:
log x
n = piso(b − 1 − ) (4.2)
log 2
onde n é o número de casas decimais que se representa o número real x com maior pre-
cisão possível. A notação piso significa que o número encontrado deve ser arredondado
para o inteiro imediatamente menor.
Ao se efetuar operações com números na notação em ponto fixo, deve-se tomar
algumas precauções. No caso da adição, dois números em ponto fixo devem estar na
mesma notação Q.n. Isso equivale a “alinhar” as vírgulas de dois números na realização
do algoritmo da soma. Na multiplicação, dois números com bases n e m diferentes
podem ser multiplicados. O resultado dessa multiplicação será um número na base
(n+m), ou seja, a multiplicação de um número em Q.n por um número em Q.m resulta
em um número na base Q.(n+m). Os mesmos cuidados devem ser tomados na subtração
e divisão.
• Harvard ;
• Von Neumann.
Na arquitetura Von Neumann 1 existe uma única memória para programa e da-
dos enquanto que na arquitetura Havard 2 , as memórias de programa e de dados são
separadas. O DSP utiliza a arquitetura Harvard, e com isso se ganha mais rapidez
de processamento, já que o mesmo dispõe de barramentos distintos para acessar as
informações (dados e programa). A memória de dados é a responsável pelo armazena-
mento das variáveis enquanto que a memória de programa armazena instruções de um
programa. A Fig.4.1 e a Fig.4.2 mostram os diagramas dessas arquiteturas.
Memória
Address bus
CPU
Instruções
CPU
e
Dados
Data bus
• Deslocador de entrada.
• Multiplicador.
• Jtag emulator.
• Três contadores.
4.3 Interrupções
• Interrupções externas;
• Interrupções de software;
• Interrupções de periféricos.
A interrupção Power Driver Protection Interrupt (PDPINTx) é uma das mais im-
portantes. Ela é utilizada quando ocorre algum problema no inversor, como por exem-
plo o fechamento simultâneo das duas chaves em um braço. Nesse caso, um sinal lógico
é mandado para o DSP que trava imediatamente a execução do programa.
para conversão AD e para geração de PWM, entre outros. Essas interrupções são
muito importantes porque são elas que controlam o período de chaveamento do PWM
e período de amostragem da conversão AD através de contadores que iniciam um
processo de interrupção.
A Tabela 4.1 mostra todas as interrupções que podem ser geradas pelos periféricos.
Elas estão agrupadas em 12 conjuntos por ordem de prioridade, sendo o grupo int1
o mais prioritário e assim sucessivamente. As interrupções PDPINTx estão no grupo
int1 e por serem interrupções ligadas a eventos de segurança são as mais prioritárias.
Na ocorrência de um evento de interrupção, a CPU é avisada através de flags que
indicam que existe uma pendência de uma interrupção de um determinado grupo.
• Continuous up.
• Directional up/down.
• Continuous up-down.
O modo de contagem Stop and Hold faz com que o contador permaneça sempre
parado.
No modo de contagem Continuous up, o registro T xcnt conta de zero até o valor
do T xpr e quando este valor é alcançado o contador tem seu valor reiniciado com zero.
A Fig.4.4 exibe esse modo de contagem. A contagem só é iniciada quando o bit 6
do T xcon é habilitado com 1 e em seu primeiro ciclo, o valor de T xpr é 3. O valor
do período (número de pulsos do clock ) é sempre dado por T xpr + 1. No segundo
ciclo, o valor de T xpr é mudado para 2, no entanto, a sua atualização só é feita no
terceiro ciclo. Isso é possível devido ao registro T xpr ser sombreado. O modo como a
atualização dos registros sombreados é feita é definida no registro T xcon.
sentido de rotação é definido pela entrada T dira/b. Quando T dira/b está definido com
o valor 1, a contagem é realizada no modo Up e quando seu valor é zero, o modo de
contagem é definido como Down. Na Fig.4.5 é possível ver o momento exato em que
o valor de T dira/b é mudado de zero pra 1. Só após o termino do ciclo, o sentido de
contagem é alterado para Down. Mais uma vez é necessária a habilitação do bit 6 do
registro T xcon para a contagem ser inicializada.
• O High speed clock prescaler (HSPCP) que divide essa freqüência por 2.
1 2
T =( ) ∗ (P LL) ∗ (HSP CP ) ∗ (T CP S) = ( ∗ 5M Hz) ∗ (128) = 1.7067µs (4.3)
extclk 30
Para encontrar o valor de TxPR que fornece 100ms de período faz-se:
Existem 4 tipos de interrupções que podem ser geradas pelos gerenciadores de even-
tos. São elas:
• Overflow - Txofint;
• Underflow - Txufint;
4.5.1 Sequenciadores
RESULT0
ADCIN0
ADCIN1 MUX
RESULT1
ADCIN2 Conversor
MUX A/D + S/H
12 bits
ADCIN15 Result
select RESULT15
SOC EOC
MAXCONV1
Sel Ch (State0)
STATE
POINTER
Sel Ch (State1)
Sel Ch (State15)
Software
EVA
EVB Start of Sequence
Pino externo
flag, faz-se com que a ordem de conversão seja mantida. Suponha que deseja-se ler os
canais 2, 3, 2, 3, 6, 7, 12 nessa mesma ordem. O registro Maxconv1 (que determina o
número máximo de conversões a serem realizadas) tem que possuir o valor 6 (número de
conversões menos um). Os campos do registro Chselseq devem ser escritos de acordo
com a Fig.4.9. Os canais 2 e 3 terão o dobro de valores convertidos em relação aos
canais 6, 7 e 12. O canal 2 será convertido para o registro RESULT1, o canal 3 para
o RESULT2. Uma nova amostra do canal 2 será convertida para o RESULT3 e assim
por diante.
Essas possibilidades são configuradas no registro Int-ena-seq1 (Controle do Modo
Interrupção de SEQ1) da seguinte forma:
• (0 0) - Desabilita as interrupções;
Para encontrar o valor digital de uma amostra na conversão AD no DSP T M S320F 2812
utiliza-se a expressão (4.5).
115
RESULT0
MUX
RESULT1
ADCIN0 MUX
ADCIN1
Conversor
ADCIN2 MUX A/D + S/H Result
12 bits select RESULT7
ADCIN15
RESULT8
SOC EOC
MUX
RESULT9
Sequencer
Arbiter
MUX Result
select RESULT15
MAXCONV1 MAXCONV2
Software
EVA Software
Pino externo
EVB
Entrada − ADCLO
Vdigital = 4095 (4.5)
3
• Baixo ruído;
Utilizando esse amplificador operacional é possível fazer com que a sua saída esteja
sempre na faixa de zero a 3 volts. A Fig.4.12 mostra o amplificador operacional fun-
cionando na configuração inversora. Uma tensão de offset no sinal de entrada faz com
que o mesmo fique centrando em 1,5 volts.
Para os sinais de tensões, foi utilizado um amplificador de instrumentação INA 114.
Com esse amplificador, é possível condicionar o sinal para a faixa desejada ajustando
seu ganho. O estágio seguinte do circuito da Fig.4.13 faz com que o sinal esteja na
faixa de zero a 3 volts.
Para implementação dos filtro ativo paralelo foi utilizada a interrupção adcint
(grupo int1 da tabela 4.1) do DSP. Essa interrupção utiliza um contador do geren-
ciador de eventos para disparar as conversões AD. Esse contador está configurado para
118
R1
Sensor de R2 3V
efeito
Hall +
-15V R3
- OPA2350
R4
R1
R8
15V
R2 R5 3V
+
v + INA114
R6
+
-
R3 -15V
-15V
OPA2350
R7
R4
funcionar no modo Continuous up-down e seu período é de 50 µs, o que significa que o
inversor está sendo chaveado a 20kHz. Toda vez que esse contador atinge o valor zero,
as conversões AD são iniciadas. O conversor AD está configurado para funcionar no
modo de operação start-stop (Cont-run=0) e em cascata (ou seja, apenas uma seqüên-
cia de conversão). Ao final de todas as conversões AD, a sub-rotina de interrupção é
acionada. Nesse ponto todo o cálculo da rotina de controle é realizado e ao final dela,
os pulsos de PWM são atualizados.
O filtro ativo paralelo foi implementado utilizando a teoria dq para extração da
referência e SRF-PLL [16]. O esquema da implementação é o mesmo do Capítulo.3.
Utilizando o Jtag é possível acessar dados que estão sendo processados em tempo
real e com a utilização de animações é possível, ainda, construir gráficos para uma
melhor visualização das grandezas. A Fig.4.14(a) e a Fig.4.14(b) mostram o ângulo
do PLL e as correntes de carga nas coordenadas dq. Essas variáveis aparecem em
uma escala de -1 a 1 devido a normalização de todas as grandezas que são convertidas
no módulo ADC do DSP. A Fig.4.15 mostra o resultado de simulação das correntes de
carga em dq. Com a comparação dessas figuras, vê-se a importância dos gráficos gerados
pelo Jtag no DSP e como eles podem ser úteis em qualquer processo de implementação.
119
1.5
1
Corrente id
0.5
−0.5
0.05 0.055 0.06 0.065 0.07 0.075 0.08
0.6
0.4
Corrente iq
0.2
0
−0.2
−0.4
4.7 Conclusão
O primeiro objetivo dessa dissertação de mestrado foi o estudo das topologias pa-
ralelo e híbrido de filtros ativos. Atrelado a esse estudo vieram as teorias em que se
baseiam a obtenção das referências de controle desses filtros. Nesse ponto, as teorias
IRP e SRF apareceram com grande destaque nas publicações científicas, a IRP por ser
a primeira teoria desenvolvida para esse fim e a SRF por ser uma teoria já consolidada
em acionamentos elétricos e por possuir um bom desempenho.
A comparação dos desempenhos dessas teorias surgiu naturalmente como uma forma
de decidir que estratégia utilizar na implementação dos filtros ativos. A obtenção das
referências de controle sob condições de tensão distorcida e/ou tensões desbalanceadas
mostraram que a teoria SRF possui melhor desempenho nessas condições.
A etapa seguinte se constituiu na implementação dos filtros ativos utilizando o DSP
TMS320F2812. Esse DSP representa uma ruptura com os seus antecessores por pos-
sibilitar o desenvolvimento da rotina de controle utilizando inteiramente a linguagem
C. Além disso, a substituição das implementações analógicas pelas digitais é uma forte
tendência que deve ser confirmada nos próximos anos com o avanço da tecnologia e o
barateamento dos custos do DSP.
Uma investigação mais detalhada das teorias de potência instantânea possibilitou
a comparação de outras duas teorias chamadas de teoria IRP estendida e teoria da
potência media SRF. A teoria IRP estendida mostra um avanço significativo de desem-
penho em relação a teoria IRP. No entanto, essa teoria foi desenvolvida com o objetivo
de corrigir as distorções geradas pelo desbalanço das tensões da rede elétrica, e para
123
O emprego das técnicas de modulação tem sido estudados com o objetivo de realizar
um controle eficiente da potência elétrica nos conversores. A técnica de modulação
seno-triângulo é uma das mais conhecidas, no entanto, as técnicas que utilizam injeção
de seqüencia zero na referência a ser imposta no conversor se mostraram mais eficientes
devido ao seguintes fatos:
uma maneira eficiente de gerar essa seqüência zero. P. Seixas [75] propôs o PWM
1
Escalar Regular Trifásico Simétrico que utiliza v
2 0
como tensão de seqüência zero,
onde v0 é a tensão que possui instantaneamente o valor intermediário entre as tensões
trifásicas da rede.
300
200
Tensão de Sequência Zero
100
−100
−200
−300
0.05 0.06 0.07 0.08 0.09 0.1
tempo
500
300
200
100
−100
−200
−300
−400
−500
0.05 0.06 0.07 0.08 0.09 0.1
tempo
v4 v1
v5 v6
Pode-se mostrar que as tensões van , vbn e vcn são dados por :
127
van +2 −1 −1 S1
vbn = Vdc /3 −1 +2 −1 × S2 (A.1)
vcn −1 −1 +2 S3
Os valores médios das tensões de fase dependem apenas das razões cíclicas das chaves,
ou seja:
Z Ts Z Ts
1 1 Vcc
v an = van dt = (S1 + S2 + S3 )dt (A.2)
Ts 0 TS 0 2
Tem-se que:
1 durante o tempo t1
S1 =
0 durante do tempo Ts − t1
2Vdc
v an = (2τ1 − τ2 − τ3 ) (A.3)
3
∗ ∗ ∗
É possível gerar as tensões de referência van , vbn e vcn em termos médios fazendo:
∗
van +2 −1 −1 τ1
v ∗ = Vdc /3 −1 +2 −1 × τ2 (A.5)
bn
∗
vcn −1 −1 +2 τ3
A matriz quadrada da equação (A.5) não admite inversa, logo o sistema acima possui
∗ ∗
infinitas soluções. Tem-se infinitas soluções para obter τ1 , τ2 e τ3 através de van , vbn e
∗
vcn . Qual será, então, a melhor solução?
128
Suponha uma situação em que precisa-se aplicar os vetores ativos ~v4 e ~v5 e completar
o tempo de chaveamento com os vetores ~v0 e ~v7 . Observe que ~v0 e ~v7 não contribuem
para o valor médio de tensão. Tem-se infinitas maneiras de completar esse tempo
de chaveamento. Uma delas está mostrada na Fig.A.5, onde completa-se o tempo de
chaveamento com ~v0 no início de Ts e ~v7 no final.
v7 v4 v5 v0
s1
s2 t
s3 t
t
t7 t4 t5 t0
De uma outra forma poderia-se usar apenas o vetor ~v0 para compor o vetor nulo
como na Fig.A.6, ou ainda, utilizar somente o vetor ~v7 para completar o tempo de
chaveamento como na Fig.A.7.
v4 v5 v0
s1
s2 t
s3 t
t
t4 t5 t0
A ordem de aplicação dos vetores não importa desde que os tempos t4 , t5 e tnulo
sejam aplicados corretamente.
129
s1 v7 v4 v5
s2 t
s3 t
t
t7 t4 t5
v0 v5 v4 v7 v4 v5 v0
s1
s2 t
s3 t
t
t 0 /2 t 5 /2 t 4 /2 t7 t 4 /2 t 5 /2 t 0 /2
Figura A.8: Vetor nulo composto por ~v0 e ~v7 dispostos simetricamente.
Neste método, impõe-se assim como no PWM vetorial, intervalos iguais para a
aplicação dos vetores nulos ~v0 e ~v7 , sendo ~v0 aplicado no início e no final do período de
chaveamento e ~v7 no meio desse período.
130
Vdc ∗
v in = (2τi − τj − τk ) = vin (A.6)
3
Vdc ∗
v jn = (2τj − τi − τk ) = vjn (A.7)
3
Vdc ∗
v kn = (2τk − τj − τi ) = vkn (A.8)
3
Se os tempos dos vetores nulos são aplicados de acordo com a Fig.A.8, tem-se:
t7 = tmin (A.11)
t0 = Ts − tmax (A.12)
τi + τk = 1 (A.14)
131
∗ ∗ ∗
Substituindo (A.14) em (A.9) e (A.10) e considerando que vin + vjn + vkn = 0, chega-se
finalmente a equação (A.15).
∗
1 3vjn
τj = + (A.15)
2 2Vdc
∗
Para calcular τj , é preciso apenas saber qual é a tensão intermediária vjn . Obtendo
τj , calcula-se τi e τk através das equações (A.9) e (A.10). Tem-se, então, uma forma
eficiente de implementar uma estratégia de PWM trifásico.
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e-mail : llimongi@gmail.com
1L
AT
EX 2ε é uma extensão do LATEX. LATEX é uma coleção de macros criadas por Leslie Lamport para o sistema TEX, que
foi desenvolvido por Donald E. Knuth. TEX é uma marca registrada da Sociedade Americana de Matemática (AMS).
O estilo usado na formatação desta dissertação foi escrito por Dinesh Das, Universidade do Texas. Modificado em 2001
por Renato José de Sobral Cintra, Universidade Federal de Pernambuco, e em 2005 por André Leite Wanderley.
140