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Resumo
Vibrações de cabeça de bobinas é um modo de falha que está se tornando recorrente em
grandes turbogeradores, especialmente os fabricados a partir das duas últimas décadas. Este
problema não é exclusivo de um fabricante e afeta a maioria deles, podendo estar relacionada a
competitividade do mercado e a necessidade de redução nos custos de fabricação. Uma das
partes afetadas por estas reduções de custos são as cabeças de bobina, que sofreram
modificações nos sistemas de fixação antigos e consolidados que não apresentavam tais
problemas [3].
Com a realização de inspeções, associado a ensaios periódicos nas cabeças de bobina, falhas
e o cenário mais grave pode ser evitado e como será demonstrado neste artigo, com a realização
do ensaio de bump test e a correta interpretação dos seus resultados, é possível identificar as
regiões com problema de vibração na cabeça de bobina e realizar as correções adequadas e
pontuais.
Palavras chave
Cabeça de bobina; Vibração; Turbogeradores; Bump Test; Frequência.
1 INTRODUÇÃO
Os turbosgeradores que apresentam problemas com vibração de cabeça de bobina geralmente
são de 2 ou 4 polos, com a rotação de 3600 e 1800 rpm, respectivamente, e com potências
elevadas, normalmente acima de 100 MVA. As bobinas destes geradores, por questões
geométricas, tendem a possuir cabeças de bobinas longas, podendo ter mais de 2 metros de
comprimento.
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na direção radial e tangencial. Outra força que atua nas cabeças de bobina durante uma
operação normal é a frequência da velocidade de rotação, sendo 50/60 Hz para maquinas de 2
polos e 25/30 Hz para máquinas de 4 polos [6].
Todo gerador possui uma frequência natural de vibração, podendo esta sofrer alterações quando
o enrolamento está em temperatura de operação. Se esta frequência natural de vibração possuir
valores próximos as frequências dos campos magnéticos ou da frequência de velocidade de
rotação, as cabeças de bobinas tenderão a vibrar por ressonância, podendo levar o equipamento
a uma falha prematura [5].
Existem algumas causas raízes para que ocorra a vibração da cabeça de bobina, sendo as
principais:
Projeto inadequado
O projeto da cabeça de bobina deve atender ao requisito de que a frequência natural seja maior
que 180 Hz. Caso o projetista não considere este parâmetro no momento da criação do projeto,
o gerador pode ter frequência naturais abaixo de 180 Hz após sua fabricação.
A sincronização errada do gerador pode criar uma força magnética suficiente para quebrar ou
danificar a amarração e permitir que os blocos entre as bobinas se soltem [1].
Este tipo de condição na operação resulta em envelhecimento térmico da isolação e dos suportes
orgânicos das cabeças de bobina. Por consequência, os materiais tendem a alterar sua
geometria, permitindo que uma folga entre os componentes se desenvolva. Além disso, a
mudança na temperatura pode modificar os valores da frequência natural, resultando uma
ressonância antes inexistente [1].
O óleo pode reduzir a efetividade de alguns materiais utilizados nas amarrações das bobinas,
permitindo que elas afrouxem. Ainda, o óleo pode agir como lubrificante que penetra entre os
pontos de fixação, permitindo pequenos movimentos que normalmente não ocorreriam sem a
presença do óleo [1].
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Figura 01 – Pó branco nas cabeças de bobina
Uma das formas para a verificação da ocorrência de ressonância é através do ensaio de bump
test. Neste ensaio, utiliza-se um martelo com massa aproximada de 1 kg e com um acelerômetro
conectado para dar uma batida na cabeça de bobina. As regiões da cabeça de bobina deverão
estar conectadas temporariamente com um ou mais acelerômetros, sendo capaz de medir pelo
menos as forças na direção radial e tangencial, podendo medir também na axial. A resposta da
batida é monitorada através de um analisador de espectro de frequência do tipo transformada
rápida de Fourier (FFT) capaz de responder a frequências de até 10 kHz. Se o bobinado estiver
com ressonância próximo as frequências de 60Hz ou 120Hz, o espectro apresentará uma forte
resposta nesta região[2]. Este ensaio deve ser realizado em diversas regiões da cabeça de
bobina e nos barramentos de saída.
Além dos ensaios off-line, é possível também realizar o monitoramento da vibração das cabeças
de bobina com o gerador em operação. Este tipo de monitoramento é realizado através de
instalações de sensores em pelo menos seis regiões da cabeça de bobina, capazes de realizar
medições nas direções radiais e tangenciais. As posições dos acelerômetros devem ser
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escolhidas com cuidado, sendo as áreas mais propensas a vibração os principais locais de
instalação. Ainda, o acelerômetro deve ser composto de material não metálico e de fibra óptica,
para que nenhum deles se soltem ou que iniciem algum curto circuito elétrico, além de ser capaz
de suportar as temperaturas máximas de operação do bobinado, basicamente não influenciando
em nenhum fator o funcionamento do estator [3].
Como solução para o problema de vibração das cabeças de bobina, existem algumas
alternativas, porém todas elas envolvem o aumento da rigidez mecânica na região, são elas:
Para identificar a causa da vibração do barramento, foi realizado o ensaio de resposta ao impacto
(bump test) em toda a região de cabeça de bobina, incluindo os barramentos de saída do
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gerador. Este ensaio tem como objetivo identificar as principais frequências naturais da cabeça
de bobinas, avaliando assim se estão próximas as frequências de excitação do gerador, sendo
elas 60 e 120 Hz. O ensaio para verificação da frequência natural da cabeça de bobina foi
realizado em parceria com a empresa Vibrodata.
Os sinais de vibração foram captados por um acelerômetro Wilcoxon modelo 780C, com
sensibilidade de 10 mV/g. Estes sinais de vibração foram integrados analogicamente para sinais
de velocidade, por um coletor/analisador de vibrações Marca CSI (Computation System
Incorporated), modelo 2120.
Os sinais foram analisados por um algoritmo de FFT (Fast Fourier Transform) e posteriormente
armazenados para posterior reprodução e análise.
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Figura 04 - Ponto 1 Figura 05 - Ponto 2
A seguir é apresentado a Figura 10, com as indicações de todos os pontos que durante o ensaio
apresentaram frequências naturais dentro da faixa pré-estabelecida como critica.
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Pontos 1, 2, 3 e 4
Ponto 9
Ponto 5
A região com as frequências naturais próximas a 60 Hz estavam relacionada a uma região com
espaço maior entre os suportes, causando uma falta de rigidez naquela região, conforme
apresentado na figura 11. A região com maior espaçamento entre os suportes isolantes está
exatamente onde se encontra a identificação dos Pontos 1,2 e 4.
Nesta região também foi identificado um suporte isolante completamente solto, onde seu
travamento com a carcaça do equipamento estava com os parafusos de fixação sem aperto,
possivelmente decorrente da vibração causada pelos barramentos em vários anos de operação
do equipamento.
Desta forma, para correção do problema, foi proposto a instalação de um suporte nesta região,
e em todos os outros pontos onde foi identificado um espaçamento maior entre os suportes,
alterando assim a frequência natural da região.
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2.3 Correção do problema
Para a correção do problema foi desenvolvido um novo suporte isolante para os barramentos, a
serem instalado na região dos pontos 1,2 e 4, região esta que apresentava a falta de um suporte.
O suporte isolante foi fabricado em material laminado epóxi auto extinguível reforçado com manta
de fibra de vidro. O projeto do suporte que foi instalado é apresentado a seguir:
O travamento dos barramentos ao novo suporte foi realizado por cordão de fibra de vidro
impregnada com resina epóxi, garantindo assim a rigidez mecânica necessária para sua fixação.
Da mesma forma, foi realizado o travamento do suporte que estava solto.
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Figura 15 - Ponto 1 Figura 16 - Ponto 2
3 CONCLUSÃO
Conforme demonstrado na apresentação do estudo de caso, o gerador possuía alguns sintomas
de vibração na região das cabeças de bobinas como presença de poeira branca, sinais de
abrasão entre o cordão de fibra de vidro e o barramento de saída do gerador, além de um suporte
de isolamento com os parafusos soltos.
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Com as alterações propostas e executadas no sistema de suporte das cabeças de bobina, foi
possível modificar as frequências naturais, corrigindo o problema de ressonância na região.
Ainda, comprovou-se a eficiência e importância do ensaio de bump test, que aliado a análise do
espectro de frequência, identificou e determinou os pontos onde ocorriam vibração nas cabeças
de bobina. Por consequência, evidenciou os pontos onde necessitavam ajustes e correções.
Mesmo com as correções e ajustes realizados, é necessário que inspeções visuais continuem
sendo realizadas na região para verificar se ainda há sintomas de vibração na cabeça de bobina.
Além disso, para confiabilidade operacional do gerador, deverão ser realizados também ensaios
de Bumb Test periodicamente.
Bibliografia
[1] Stone, G. C. et al – Electrical Insulation For Rotating Machines, 2015, pgs 224-228.
[2] Stone, G. C. et al – Electrical Insulation For Rotating Machines, 2015, pgs 375-377.
[3] Kapler, J.; Letal, J.; Sasic, M.; Stone G. C. – “Recent endwinding vibration problems in air-
cooled turbine generators”. Cigre 2014.
[5] Martin, B.; Moore, B. – “Solving Stator End-winding Dusting and Resonance Issues”. 80th
International Conference of Doble Clients.
[6] Letal, J.; Sasic, M.; Teixeira, M. – “Endwinding Vibration Monitoring of turbogenerators”. ENA,
2016.
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