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“E não vos embriagueis com vinho, em que há contenda, mas enchei-vos do

Espírito,” Efésios 5:18


Segundo o Dr Martin Lloyd-Jones, a expressão “enchei-vos” tem a noção
de estar encharcado, igual a uma esponja. 1 Quando colocamos uma esponja
em contato com a água, ela fica de tal modo cheia de água que não é preciso,
se quer, apertá-la para a água sair. A ideia do apóstolo é que a completude do
nosso ser seja preenchida pelo Espírito de Deus.
Paulo se utiliza de uma comparação muito interessante entre a vida
controlada pelo pecado e a vida controlada pelo Espírito de Deus. O álcool tem
um efeito depressor no cérebro. Isso significa que sua ação faz o sistema
nervoso trabalhar de modo mais lento, mais letárgico. Diversas áreas do
cérebro são afetadas pelo álcool,
por exemplo, aquelas
responsáveis pelo movimento,
memória, julgamento, respiração,
etc. “Em pequenas doses, a
substância tem um efeito
estimulante. A pessoa fica eufórica
e, geralmente, menos inibida”,
afirma Denise De Michelis,
psicobióloga da Unifesp. Quando a
bebida alcança o lobo frontal,
surge a sensação de alegria. O sujeito fica mais falante, ainda sem prejuízo do
raciocínio. Ao atingir os lobos parietal e temporal, começam os problemas. O
sujeito pode cometer um desatino, como cruzar um sinal vermelho.

Esse é o problema: os efeitos imediatos do álcool são a alteração do


comportamento de tal maneira que a pessoa passa a não se controlar mais;
perde-se a noção do certo e do errado e a pessoa torna-se “corajosa” para
tomar certas atitudes que não tomaria em sã consciência. Essas atitudes
podem ser desde a pessoa falar coisas que não falaria em outras
circunstâncias, até tirar a vida de outra pessoa. Em reportagem, o jornal O
Globo relatou que a violência em São Paulo está diretamente relacionada com
1
Vida no Espírito: no casamento, no lar e no trabalho, Martyn Lloyd-Jones, 1991, Editora PES, São Paulo,
SP.
o uso de bebidas alcoólicas e o porte de arma de fogo. Nada menos do que
40% das vítimas de homicídio doloso têm álcool no sangue e a criminalidade
aumenta à noite e nos fins de semana. 2 É bem capaz que o apóstolo Paulo
tivesse conhecimento de vários fatos provocados pelo abuso do álcool.

É muito interessante essa comparação, pois a pessoa bêbada não tem


controle sobre seu corpo: não é possível andar em linha reta, articular os
pensamentos, falar de modo inteligível e, mais terrível ainda, a pessoa bêbada
não é capaz de medir as consequências dos seus próprios atos e,
simplesmente, age de modo inconsciente. O segundo aspecto dessa
comparação é que o abuso do álcool traz contenda. Essa palavra significa
disputa, briga, discórdia, luta. Porém, no original grego, a palavra tem a ideia
de desperdício e devassidão. É a mesma palavra utilizada por Jesus para
descrever o modo de vida que o filho pródigo teve longe da presença de seu
pai – luxúria, libertinagem, vida desenfreada, dissolução, lascívia.

Resumindo, o apóstolo Paulo está comparando um estilo de vida


controlado pela devassidão, pela discórdia, pelas disputas com um estilo de
vida que é controlado pelo Espírito Santo. E, depois de estabelecer essa
comparação, o apóstolo passa a explicar como podemos nos encher do
Espírito. Nos versículos 19 a 21, vemos que a maneira de nos enchermos do
Espírito Santo é vivermos comunitariamente. Ninguém se enche do Espírito
Santo sozinho, isolado, separado da comunidade de Jesus.

Encher-se do Espírito é uma experiência comunitária de relacionamento,


de doação, de serviço mútuo, de ensino e aprendizagem “uns com os outros”.
Em Atos, Lucas descreve que “Todos os que criam estavam juntos e tinham
tudo em comum (...) perseverando unânimes todos os dias no templo (...)
louvando a Deus e caindo na graça de todo o povo e perseveravam na doutrina
dos apóstolos, e na comunhão, e no partir do pão, e nas orações” (Atos 2:42-
47).
E Lucas, como médico que era, via os benefícios que essa comunhão
provocava na vida das pessoas. No versículo 46, ele relata que o coração
estava cheio de “alegria e singeleza”. Na Bíblia, o coração é mais do que um

2
http://oglobo.globo.com/sp/mat/2007/10/01/297957643.asp
órgão. Ele é tratado como a sede do intelecto (Gênesis 6:5), dos sentimentos
(1 Samuel 1:8) e da vontade (Salmo 119:2). A vida comunitária abençoa a vida
em todas as suas dimensões. O intelecto trata da nossa sanidade mental, do
discernimento das nossas ações e decisões que temos de tomar. A comunhão
dos santos pode nos prevenir de sentimentos de ira, raiva, rancor, tristeza.
Além disso, quando nossa vida está pautada na comunhão “uns com os
outros”, eu tenho com quem me aconselhar, com quem dividir meus
pensamentos e nunca estarei só.
Mas voltando para a comunhão entre os irmãos, o salmista também
reconheceu algo muito importante: é na comunhão dos santos que o Senhor
ordena a Sua bênção (Salmo 133:3). Não pode haver afirmação mais clara. Por
que muitas vezes deixamos de ter a bênção de Deus? É porque estamos
afastados da comunhão uns dos outros. E as bênçãos que deixamos de
desfrutar são matérias e espirituais. Lucas relata que na Igreja Primitiva, os
irmãos eram assistidos nas suas necessidades (Atos 2:45) e, além disso, a
comunhão nos enche de bênçãos espirituais:
 o Senhor garante a Sua presença (Mal. 3:16; Mateus 18:20);
 oração em favor mútuo (2 Cor. 1:11; Efésios 6:18);
 exortação (Col. 3:16; Hebreus 10:25);
 consolo e edificação (1 Tess. 4:18; 5:11);
 simpatia e bondade mútuas (Romanos 12:15; Efésios 4:32)

Queridos irmãos, é tempo de nos encher da presença do Espírito Santo de


Deus. É tempo de buscarmos a Deus enquanto podemos achá-lo (Isaías 55:6).
O profeta adverte para o fato de Deus estar perto. Mas Deus está perto como?
Onde? Ele está perto porque está representado na vida dos nossos irmãos. A
nossa vida e comunhão deve espelhar o ser de Deus, a Sua essência, as Suas
características.
A nossa vida tem que estar tão cheia de Jesus que não precisamos fazer
força a vida dEle se manifestar em nós. Igual a uma esponja encharcada que
transborda de água sem esforço algum. Como Paulo nos ensina em Gálatas
2:20, a vida que temos agora é a própria vida de Cristo em nós. E ainda mais:
uma esponja transborda de água em qualquer parte dela. Isso deve nos fazer
refletir para o fato que em qualquer área da nossa vida temos que transbordar
da vida do Espírito de Deus. Seja no trabalho, na família, no casamento, nos
relacionamentos dos mais diversos níveis, temos que ser reconhecidos como
filhos de luz (Efésios 5:8).
Pensamento: Confessar nossos pecados significa que fazemos duas coisas com o nosso
pecado: 1) reconhecemos o pecado pelo que é aos olhos de Deus e 2) deixamos de lado nossos
segredos e somos honestos com um outro cristão sobre as nossas fraquezas, vulnerabilidades,
fracassos e pecados. A linguagem de Tiago é poderosa. Ele menciona que essa confissão não
traz apenas o perdão, como também a cura.

Primeiramente, concordo com a explicação que está na Bíblia de Genebra,


e por experiência própria, que o confessar, não é, necessáriamente à pessoa
diretamente atinginda. Tem casos e casos. Não falamos aqui de um pecado
"menor". Ao confessar, a cura se dá pelo perdão. Por isso, nem sempre a
confissão deve ser diretamente à pessoa atingida, pois, ou ela está muito ferida
ou ela não tem maturidade suficiênte para entender.
Ela também carece da ação de Deus, para entender e perdoar.

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