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DESENVOLVIMENTO TiPICO Dias NM, Seabra AG. Funcées executivas: desenvolvimente e intervencéo. Tomas sobre Desenvolvimento 2013; 19(107):206-12. fungdes executivas: desenvolvimento e intervencdo (0) Doutorn om Disord Deservokenento pal Unveidade Prosbtoiana Macken, Preessra HMackersi (UPA, Barista FAPESP, Sto Paul, SP (2) Daur en Piel Expermenal pea Useriade de SSo Paula (USP), Docnte do Progra. de Peearadungto om Orion do Cesarvekimevo da Unversade Pesatorans Wacken 0PM, Botta de Soaunidade CNPa, Sto Pada, SP. Natdlia martins dias' alessandra gotuzo seabra* CCORRESPONDENCIA Waitin Dine talala_rdas yahoo.com br. RESUMO 'FUNCOES EXECUTIVAS: DESENVOLVIMENTO E INTERVENCAO: Funcées executvas (FE) permitem o controle dos comporta ‘mentes, cogncses e mores. inluem irs habldades principais:inbigao, meméra de trabalho e fexbildade cogntva. Qutas ha- bidades, come planolamento e fomada de decisde, S40 hablidades oxecitivas comploxas @ emorgem da intragi onto as habil ades principals. O deservalvimento das FE incia por volta do primero ano de vida, porém essas habldades apenas estéo consol ‘adas om meades da adolescdncla,sendo que algumas coninuam em desenvolvimento alé nico da vida adulta, Aualmonte, cons ‘erando a relevanca dessas habiidades para a aprendizagem e para o comportamento, pesquisadores lém se preocupado em del- hear e investiga procedimentos que promovam au faciltem o desenvalvimento de FE em eriangas. Dileentes abordagens 16m sido ‘ampregadas com esse propdsto, entre elas 0s curcules escolares e os programas complementares que, apicadcs poles prévios brofessores, iém se mostrado eficazes em promover as FE de criangas. Esses programas empregam técricas e atvidades que pos Ebiliam que a crlanga praique e, assim, desenvolva suas FE. Tat invesigapses também tm ocorido no Braci, 0 que possillou 2 ispontiizardo do primeira programa para promoeao de FE no contexte nacional. A despetfo de seu potencial preventive, estudos {utores dever considerar impacto dessetpo de intervene a cute, médio e longo prazo. Unitermes: Cognicdo, neta, Autoregulapo. ABSTRACT EXECUTIVE FUNCTIONS: DEVELOPMENT AND INTERVENTION: Executive functions (EF) allow the contre of behaviors, cogn! tions, and emotions. They include three main skils:ihibton, working memory and cognitive Mlexiblty. Other skils, such as planning {and decision making, are complex EF and emerge from tha infraction Between the ain skils. The EF development starts around the rst year of Ite, but these sks are consolidated only in the rid-eons, and some aro stil in development unt! early adulthood. Cur ‘entiy,consisering the importance of EF for learning and behavior, researchers have focused an delineating and Investigating proce {ur that promote oF facilitate EF development in chien, Different approaches have beon employed for this purpoce, eluding ‘school cumicula and supplementary programs tha. applied by the teachers themselves, have proven effective j promoting EF in chi- ren, These programs employ techniques and actives that allow the child fo pracice and thus develop thelr EF. Sueh investigations Ihave also occured in Brazil, which alowed the disclosure of the first program fo promote EF in the national context. Despite is pre- ventive potential future studies should consider the impact ofthis type of intervention ia the shor, medium and fang term. Keywords: Cognition, Chichood, Sevegulation. Fungées executvas se referem a um conjunto de habi lidades responsaveis pelo controle top-down do compor- tamento. Ou seja, essas habilidades atuam no controle e ra regulagao de outros processos comportamentais, o que inclui cogni¢ao e emocao"*, ¢ sao requeridas sempre que © individuo Se engaja em larefas ou situagées novas, para 5 quais néo possui um esquema comportamental prévio (4 automatizado, bem como na resolugao de problemas & no estabelecimento de objetivos, sendo fundamentals a0 ‘seu funcionamento adaptative no dia a dia’. Um modelo bastante aceito na literatura recente”? sugerido pelo estudo de Miyake et al.’ em 2000 considera que as fungdes executivas se constituem de trés habilida- {des principais:inibieao, meméria de trabalho ¢ flexibiidade cognitiva. A partir da integragdo dessas trés fungdes exe- cutivas principais, outras hablldades surgiriam, como, por exemplo, planejamento, tomada de decisao, resolugao de problemas © mesmo raciocinio, consideradas fungées executivas complexas’, ‘A primeira das habilidades principals ¢ a inibigo ou controle inibitério. Essa habilidade permite ao individuo controlar comportamentos inapropriados, o que & referido como inibigao de resposta ou autccontrole. Esté também envolvida no controle dos processos de atengéo e dos ensamentos, o que é designado como controle de interte réncia, Esse timo, na medida em que permite inibir a tengo a estimules inelevantes, inelul também 0 conceito de atencao seletiva. A inibigao 6 grandemente relevante fem indmeras tarefas e situagdes do dia a cia, pois prove 0 individuo 0 controle de sous processos cognitivos, temacionais e comportamentais, suplantando 0 contrale por eventos externos, reagdes emocionais automaticas, ten déncias prévias ou habituais. Dessa forma, 0 individuo se tomna capaz de inibir impulsos, comportamentos inadequa- dos, respostas automiticas ou prepotentes, assim como estimulos irelevantes ou distratores, de modo que possa onderar e pensar antes de emitir uma resposta® Esse componente se assemelha muito ao conceito de autorregulagao, habllidade que permite o ajustamento © a adaptagao do individuo, 0 que ocorre por meio do morito: ramento, regulagao e controle de seus estados motivacio: ral, emocional e cognitivo", Para Diamond, os conceitos de inibigao @ autorregulagao se sobrepéem, sendo que 0 Ultimo incluiia também a ativagao cognitiva, emocional ¢ motivacional Por sua vez, a meméria de trabalho, segunda habilda: de das fung6es executivas, refere-se & manutencio da informagao em mente por tempo limitado e & habilidade de manipular mentalmente essa informacao, seja atualizando 0 dados necessétios a uma aividade, seja utllzando-os ra realizagao da tarefa. Essa habilidade permite que 0 individuo possa relacionar ideias, integrar informagoes presentes com outras armazenadas na meméria de longo prazo e lembrar sequéncias ou ordens de acontecimentos. Est4, portanto, relacionada 4 meméria sequencial @ & projegao de sequéncias de a¢des no futuro, 0 que 6 fun damental, por exemplo, para a organizagao ¢ 0 planoja- mento de comportamentos complexos” Por fim, a terceira habilidade das fung6es executvas 6 a {lexibdade cognitva, que permite ao individuo adaptar-se as demandas do ambiente e adequar seu comportamento a ovas regras. Envolve a habilidade de mudar 0 foco de atencao e de perspectva e tem sido relacionada a criti dade. Assim, a flexbilidade possibifta que o individuo abor- de um problema a partir de uma perspectiva diferente possa gerar solugées alterativas ou novas, sem manter-se reso a padrées pré-estabelecidos de comportamento® Para se compreender a relevancia dessas habilidades, pode-se recorrer aos resutados de Mofit et al. Os auto: Fes avaliaram @ acompanharam 1.000 criangas em uma investigagao longitudinal de 30 anos. Concluiram que aqueles com melhores habiidades executivas durante a Infancia tenderam a apresentar, quando adolescentes © adultos, menores taxas de evasto escolar, menor propen: #0 ao abuso de substéncias e envolvimento em crimes, melhores indices de sade ((isica e mental) e maior su sesso profissional. Ou seja, as fungées executivas na Infancia podem predizer indices tao relevantes quanto os de salide, prosperidade e criminaldade, tr8s décadas Temas sobre D 107) depois. Isso mostra o quo importante 6 0 estudo de tais habildades ¢ seu adequado desenvoWimerto. © papel das fungées executivas para a aprendizagem também tem sido destacado recentemente", havendo nao apenas evidéncias da relagdo entre essas habilidades © 0 desempenho escolar"®"*"*, mas também dados acerca da importancia dessas habilidades para as competéncias de leitura © matematica’™"*. Isso toma imprescindivel a con- sideragao das habilidades executivas e sua avaliagao frente & queixa de dificuldade de aprencizagem. lnstru- mentas tém sido desenvolvidos, adaptados e validados no contexto nacional para idar com essa demanda”™ Para além de seu papel na aprendizagem, alteragies nas fung6es executivas tém sido documentadas em diver- 's0s quadros (veja Dias et a.” para uma revisdo de altera- ‘:6es nessas habildades na infancia © adolescéncia), co- mo Transtomo do Défict de Atengéo © Hiperatvidade (TDAH), abuso de substancias, quadros sindrémicos, como Sindrome de Down e Sindrome de Prader-Will Transtomos do Espectro do Autismo, entre outios. Recen- temente, porém, alleragées nessas habilidades tém sido ‘encontradas em criangas e adolescentes na auséncia de qualquer quadro diagnéstico. Ou seja, em alguns casos, ‘essas habilidades podem nao estar se desenvolvendo adequadamente™. Essa constatagao coloca duas impor- tantes quesides, as quais este artigo buscara responder: 1) Qual 0 desenvolvimento normal das fungdes executl- vas? E necessario conhecer o desenvolvimento de tais habildades para que se possam identificar ateragées nesse curso?, e 2) E possivel promover o desenvolvimento dessas habilidades? Se sim, como? Desenvolvimento das fungées executivas Do's pontes sao importantes ao se considerar como as fungdes executivas surgem @ se desenvolvem. O primeiro doles refere que essas funedes possuem um longo curso de desenvolvimento, isto é, iniciam seu desenvolvimento pre- cocemente na inféncia, por volta dos 12 meses, em um trajeto até a adolescéncia ou mesmo a vida adulta iicial. © segundo, que os distintos componentes das fungées execu tivas parecer seguir trajetos de desenvolvimento distintos, ‘com algumas habllidades j@ mais bem estabelecidas na adolescéncia, enquanto que aquelas mais complexas atingi- riar maturagao mais tardiamente no ciclo vtal®2**" Apesar desse longo curso de desenvolvimento e do fa- to de que diferentes habilidades se consolidam em diferen- tes momentos, evidéncias apontam que a infancia parece ser um periodo importante para o desenvolvimento das fungées executivas. Em recente estudo acerca do desen- volvimento dessas habilidades dos 5 aos 17 anos, Best et al verificaram que as fungbes executivas se desenvol- ern rapidamente na infancia (maior efeito de idade em hr 107) criangas de 5 a 7 anos), com mudangas mais modestas ocorrendo em criangas mais velhas ¢ mesmo durante a adolescéncia (efeito apenas moderado entre 8 © 15 anos © pequeno entre 15 @ 17 anos). HA evidéncias de que a primeira hablidade a emergir soja a inibicdo™, por volta dos 12 meses. Porém, nesse estagio de desenvolvimento, essa habilidade 6 ainda muito Incipiente e, até aproximadamente os 3 anos de idade, os comportamentos infantis ainda so predominantemente espontaneos, refletindo reacdes ao ambiente". € apenas entre 4 @ 5 anos que as criangas se tornam progressiva- mente mais capazes de inibir a reagao inicial e de agir de modo mais ponderado. Apesar de emergir em idade pre~ ce, a inibigao tem um desenvolvimento mais pronuncia~ do entre 3 € 5 anos de Idade, continuando até a adoles- céncia, quando alinge nivel equivalente ao do adulto™”, ‘Apés os 12 meses, evidéncias sugerem a emergéncia dda habilidade de meméria de trabalho”. Mas 6 apenas a partir dos 3, até aproximadamente os 5 anos de idade, que as criancas precisargo cada vez menos da presenca e da ‘manipulagao fisica do objeto para pensar sobre ele. Nesse periodo, elas se tomam capazes de criar imagens mentais ‘operar sobre elas”. Por exemplo, na resolugo de um que- bra-cabega, uma erlanga com até 3 anos de dade experi rmentaria pega a pega para completar um quadro com um item faltante, Jé em tomo dos § anos, a ctianga se torna ccapaz de manipular © conjunto mentalmente; ela ignora pegas muito pequenas ou grandes, aquelas obviamente erradas, ¢ seleciona apenas aquelas com maior possibiida- de de completar o quadro. Ela nao pracisa mais tentar en- caixar uma a uma, pois j& ponderou as caracteristcas da situagdo mentalmente. A literatura da area destaca que a rmeméria de trabalho continua a desenvolver-se ao longo da Infancia e adolescéncia™ até a vida aduta nical?" Com relagao & flexibiidade, Diamond® considera que essa habilidade comecaria a se desenvolver mais tardia- mente em relacdo a inibigdo © & meméria de trabalho pois, em certa medida, envolveria essas outras habilida des. Por exemplo, para tomar uma perspectiva diferente, seria necessério, antes, inibir a perspectiva prévia e, ain- da, alivar na meméria de trabalho a nova abordagem a0 problema, Algumas evidéncias sugerem que a flexibilidade apresenta desenvolvimento significativo entre 5 @ 7 anos de idade, apesar de continuo crescimento ao longo da Infancia e adolescéncia®. Outras evidéncias sugerem que essa habilidade se desenvolve até aproximadamente os 18 anos", enquanto que outros estudos ainda nao encon- traram um nivel de desempenho equivalente ao do adulto em adolescentes”, Entre os 4 ¢ § anos, progressivamente, desenvolvem se as habilidades de focalizar a atengao e de recordar-se de algum evento de forma deliberada, ignorar distratores, postergar gratificagao, interromper um comportamento inadequado, agressive por exemplo, e agir de mado “adap: tativo", adequando seu comportamento as demandas ¢ regras socials, inclusive controlando suas emogdes. Nessa idade, as criangas jé so capazes de avaliar 0 produto de suas agdes (por exemplo, ‘meu desenho ficou muito boni 10°), o que & um ato metacognitiva. Podem, ainda, distin ‘ur entre 0 que devem ou nao fazer, que comportamentos 80 ou néo adequados, @ sentem descontorto na trans ‘gressAo, 0 que significa que sao capazes de compreender, apesar de nem sempre serem capazes de seguir as regras ‘que thes sao impostas™. Entre 05 9 e 5 anos, a aquisicao da linguagem da a cr nga uma importante ferramenta de controle e regulacao. A fala autodirecionada pode, assim, ser utiizada para manejo do comportamento do outro e, depois, do seu proprio, Essa estratégia 6 evidente em criangas com ida des enire 3 © § anos e 6 tolalmente internalizada apenas erie 9 @ 12 anos. E, mesmo apés essa idade, essa esira ‘égia ainda pode ser utizada quando a difculdade da tarefa, 6 elovada, por exemplo. A intemalizacao da fala facia o ccumprimento de regras @ 0 uso de estratégias de solugao de problemas, autoinstrugao e automonitoramento™ Dessa forma, inicialmente, até os 3 anos de idade emer: ‘gem hablidades basicas; ¢, entre 3 e § anos, tals habilda- ‘des, ainda em desenvolvimento, sao integradas, permitin {do & crianga maior controle de seu comportamento. Nesse perfodo hd a emergéncia e o desenvolvimento de hablida des tals como inibigdo, atengao seletiva, memoria de tra- batho @ de aspectos metacognitives, que permitem a cri anga avaliar 0 produto de suas agdes e saber se um com: portamento 6, ou no, adequado as regras ou a contextos especificos. A partir dessa idade, dos 5 aos 6 anos, as, criangas se tornam capazes de se engajar em comporta mentos mais complexos, tomar decisdes e planejar, dvidir comportamentos complexos em sequéncias e 0s recombi nar em novas formas para resolugao de novos problemas 0U objetivos, © que exige a atuagao integrada de outras habilidades do funcionamento executivo’® 9 Um ponto relevante a se considerar é que o curso lento progressive de desenvolvimento das fungées executivas, de idades precoces alé a vida adulta, pode possiblitar uma ampla janela de vulnerabilidade, de modo que altera 628 precoces no desenvolvimento dessas habildades podem acarretar consequéncias diversas em curto, médio ® longo prazo". No entanto, essa janela pode também prover opartunidade para a estimulagao @ a promacao do desenvolvimento dessas habilidades, o que seré abordado ro t6pico seguinte, Retomando um antigo debate da psicolagia, nature and rurture, que paderia ser traduzido como natureza (referin do-se aos aspectos biol6gicas, genélicos) e ambiente, ambos estdo Implicados no desenvolvimento das funcdes executivas. © eértex pré-frontal, uma das prineipais estru turas do substrato neurolégico das habilidades executivas, 6 a bitima regio cerebral a atingir maturagdo. A mieliniza 40 das fibras se inicia em estigios precoces do desenvol- vimento e, especticamerte nos lobes pré-trontais, continua até 0 inicio da vide adulta, quando essa estrutura atinge mmaturidade, 0 curso temporal desse proceso de matura~ 40 assim como de suas conexdes subcotticals encontra alta correspondéncia com 0 curso de desenvolvimento das fungées executivas”*, Outros marcos de maturagao impor: tantes ocorrem no mesme periodo: por exemple, 0 aumento dda substancia cinzenta, caracterizado principalmente pelo rescimento no ndmero de sinapses, cujo pico se dé antes dos 5 anos, havendo uma subsequente reducao dessas conexdes, chamada poda neuronal. Um segundo periodo {de erescimento da substincia cinzenta se inicia novamente entre 11 @ 12 anos, seguido de novo episédio de poda. Esses poriodos de crescimento se caractorizam por fases, de répido aprendizado e desenvolvimento, enquanto que, na redugdo subsequente, ha a consolidaeao das novas capaci- dades e aprendizados adquiridos. Por outro lado, evidéncias também tém sugerida impor- tante papel do ambiente no desenvolvimento das fungdes executivas. Por exemplo, criangas que vivem em ambien tes desorganizados, cujos pais tém difculdades de plane: jamento, apresentam maior probabilidade de terem prejui 208 executivos™, A literatura também aponta que diversas variéveis ambientais parecem impactar o desenvolvimento dessas habllidades, como nivel socioeconémico™, culty ra’”**, ambiente familar e esilo de interagao entre a cri anga e seus pais". Mais recentemente, evidénclas tam bem sugerem que artes marciais, praticas contemplativas como meditagao, ¢ intervengées conduzidas no contexto escolar, como curriculos escolares especificas ou mesmo complomentares, também podem impactar 0 desenvolvi- mento das fungdes executivas e ser utiizades para pro: mové-las com resultados bastante promissores’. IntervengSes para promogao ‘dos fungées executtvas ‘A maioria das intervengGes delineadas para criangas com pobres hablidades executvas objetva remediar as conse ‘quéncias do déict, © nao tentar provenios. Promover 0 desenvohimento dessas hablldades precocemente, no en tanto, pode acarretar beneficios de curto a longo prazo nos Ambitos escolar © social. Um maior desenvohimento dessas habilidades pode promover melhor adaptacéo e rendimento escola, além de prevenir uma série de problemas sociais & de sade mental, 0 que pode mesmo conduzir & diminuigéo os custos sociais relacionados a comportamentos desadap: tativos @ anlissocials, incuindo adiggo a substancias, © no dlagnéstico de desordens do funcionamento executvo, ‘exemplo do TDAH e do Transtomo de Conduta’®. Temas sobre D 107) Desse modo, fica evidente a importéncia do desenvol- Vimento das tungées executivas, mesmo em fase precoce da vida, © ndo somente pelo sou impacto em curto prazo, mas pelo potencial preventivo de dificuldades futuras. O leitor interessado em reabillagao de fungdes executivas ‘em pacientes neurolégicos ou mesmo psiauiatricos podera consultar Sohiberg e Mater para uma reviséo mais ‘specifica. Neste tépico seré abordada a promogao do desenvolvimento das habilidades executivas em criangas, Em uma reviséo recente sobre o tema, Diamond e Lea’ apresentaram seis diferentes abordagens para promover fungdes executivas nos primeiros anos escolates, em criangas de 4 a 12 anos, aproximadamente. A primeira abordagem mencionada 6 o Treino Computadarizado, que, ‘em geral, séo jogos computadorizados com progressive aumento da demanda sobre habildades espectticas. No fentanto, as evidéncias a favor dessa abordagem so con- traditérias © uma revisao recente questiona sua eficécia, principalmente no que tange & generalizacao de ganhos na habilidade treinada para outvas areas e situagdes“. De fato, nao basta melhorar no treino e em testes similares & situagdo de treinamento. & fundamental que o individuo possa se benefciar do ganho na habilidade para seu de- ‘Sompenho e funcionamento om tarefas do dia a dia. Outra ‘abordagem combina jogos computadorizados e nao com- putadorizados e, assim como 0 modelo anterior, os resul- tados parecem ser especificos para a habilidade treinada e ‘om larefas também especificas. Ou seja, melhorar o de- ssempenho durante o treino nao é sufciente para que haja transferéncia para outras atividades, e o desenvolvimento das fungées executivas deveria ter como objetivo final ppromover 0 funcionamento adaptative do indlviduo. A terceira abordagem se refere aos exercicios aerdbi- cos. Alguns estudos sugerem ganhos em flexibildade cognitiva, © também em criatvidade, em criangas de 8 a 12 anos de idade com a pratica de exercicios aerdbicos, © que tals ganhos séo maiores do que os observados na ‘educacao fisica padrao. A pratica regular de esportes pode impactar ainda mais as fungdes executivas do que as atividades aerdbicas, pois demandam atencao sustentada, meméria de trabalho © disciplina, além de favorecer a interagao social”. ‘A quarta abordagem se refere as artes marcials e pré- ticas de contemplagéo mental (mindlulness). De fato, as artes matciais tvadicionals 18m como foco 0 desenvoli- mento do autocontrole ¢ discipina. © treino contemplativo, por sua vez, envalve 0 controle top-down da atencao. ‘Além de ganhos em habilidades executivas, essas praticas tém algumas evidéncias de generalizarao de ganhos para outras areas e atividades. ‘A quinta abordagem consiste nos curriculos escolares’. Um curriculo que promove o desenvolvimento de habllida- des executivas @ tem sido foce de alguns estudes 6 0 “Tools hr 107) ‘of the Mind” (em portugués, Ferramentas da Mente)". Em lum desses estudos, com eriangas com idade mécia de 5 ‘anos, constatou-se que a participagao no programa levou a ganhos signiicativos de meméria de trabalho, controle inibi- tério e tlexbilidade cognitva que se generalizaram e foram transteridos para novas atividades, diferentes daquelas ccondluzidas em sala de aula™, Outro estudo, conduzido com criangas de 3 @ 4 anos de idade, evidenciou que a particina- ‘740 no mesmo programa proveu ganhos na autorregulago no funclonamento executivo, sendo que © grupo experi- ‘mental obteve maior sucesso e superou o grupo-controle ‘em medidas de comportamento social®. A sexta @ titima abordagem apresenta os programas curriculares complementares. A exemplo dos cutriculos, em tals programas os professores sao treinados e, eles rmesmos, implementam as alividades em suas salas de aula. Evidéncias apontam ganhos em habilidades execut- vas e generalizacao dos ganhos para outras areas, como desempenho escolar”. O programa “Sarilhos do Amarelo” dos autores portugueses Rosétio et al.”, pode ser enqua- drado nessa categoria, Aplicado a pré-escolares de 5 anos de idade, os autores veriticaram que as criangas foram capazes de utilizar as estratégias implomentadas no pro- grama (planejamento, execucéo, avaliacdo) em outras atividades, ainda que em contexto de sala de aula. Qu- tros programas, como os sugeridos por Dawson e Guare™ fe Melzer”, também podem ser tomados como curricula- res complementares. Esses programas visam a ensinar estratégias que auxliem as criangas a inibir impulsos, planejar, organizar-se, focalizar a alengao e mesmo regu- lar suas emogées. Podem ser utlizados em contexto de sala de aula com todos os estudantes, mas também para enderecar dificuldades especificas de algumas eriangas ou mesmo adolescentes, com evidéncias de sua eficécia ja documentadas na literatura" Apesar das diferentes abordagens ao desenvolvimento das fungdes executives, pade-se compreender que 0s curt culos escolares ou os programas curriculares complementa- res poderiam ser os mais Uteis, no sentido em que, imple- rmentados nas escolas de Educagao Infantil ou mesmo no Ensino Fundamental, permitiiam acesso a um grande nd ‘mero de etiangas, que multas vezes nao ispdem de recut- sos para préticas extracuriculares de meditagao, artes rmarciais ou outros espartes. Tamém, om relacao aos trei- nos (computadorizados ou no), as abordagens curriculares possuem um caréter mais ecolégico, possibiltando endere~ ‘gar as fungSes executivas de forma mais global, o que pode faciltar a generalizagao e transteréncia de ganhos. De fato, hd evidéncias de que criangas expostas a cur- rieulos ou programas complementares que visam ao de- senvolvimento das fungGes executivas possuem ganhos om reas de desempenho escolar". Criangas mais habeis fem focalizar a atencdo, inibir impulsos, em fazer planos e fem regular seu comportamento podem se utiizar dessas habilidades na aprendizagem, explicando os ganhos em reas nao diretamente enderegadas nesses programas. © que esses programas curiculares e complementa- res"?4485° possuem em comum, © que so alguns dos aspectos relevantes para a promordo das fungbes execu tivas, s4o: (1) foco em ‘como aprender” ¢ nfo s6 no produ to fina. efetindo a opiniao undrime dos autores de que as hablidades executvas precisam © devem ser ensinadas (2) promogéo de oportunidades para que a crianga possa pratcar ¢ exercitar fungées executvas em diferentes situa Ges. Isso pode se dar de ciferentes manciras e em deren tos tinos de atvidades, como no planejamento da brincade ra em “Tools of the Mind‘; a patr de uma narratva, como fem “Sarihos do Amarelo"; ou pelo ensino de estratégias, como proposto por Melizer @ por Dawson @ Guare; (3) énfa se no uso da linguagem como ferramenta autoregulatéria; (4) conducdo de atividades em pares ou grupos maiores para permitr a regulagéo mitua de comportamentos; (5) Uso do mociadores e/ou ensino de estratégias; (6) instru do direta e expliita, com recurso a modelagem e praca (7) necessidade do envalvimento e engajamento da crian G2 no processo; e (8) modo de interagdo e papel do pro fossor, com clara énfase om otarecer maior suport inicial ¢. gradativamente,reirar esse apoio, provendo autonomia, crescente & crianga. © relatério SelF-regulated leaming: a iterature rewiew (Aprendizagem autorregulada: revisio da Iteratura), do Instituto de Educagao de Londres, apresenta ainda outros, programas interventivos e iniciatvas poliicas, cujo objetivo 6 estimular © desenvolver habilidades executivas e promo: ver autorregulagao em diversas faixas etarias, como Brai- nology, Leaming to Learn, Visible Thinking, Personal Lear- hing and Thinking Skils, Social and Emotional Aspects of Learning, Tools of the Mind, Deep Learning, Value Scho- ols, Penn Resiliency Programme e Sell-regulation Empo- werment Programme. Todos focalizam 0 desenvolvimento de habilidades, ensino de estratégias, manejo de emocées © comportamentos, visando & autonomia do aprendiz. Para 0 autores do relatério, a abordagem & autorregulagao deve ser parte dos programas de aprendizagem. Relevam ainda que, ao menos em seu pais, nos ultimos anos tem sido crescente o interesse politico nessa area” No Brasil, estudos sobre programas interventivos @ sua eficécia na promogao de fungées executivas em criangas sAo ainda escassos. Alé a data, hd apenas um programa desenvolvido, empiricamente testado © disponibilizado no pais, © Programa de Intervengao em Autorregulagéo © Funges Executivas ou PIAFEX” No PIAFEx, a promogao de habilidades executives & compreendida como resultado da prélica intencionada, proparcionada por uma postura ¢ interacao educativa que ‘demande tais habllidades. Nesse sentido, constiuise de um manual que compila 43 atividades com o objetivo de estimular as fungdes executivas e promover seu desenvol: vimento. O PIAFEx 6 aplicado pelo proprio professor, em contexto de sala de aula, embora possa ser utlizado om contexto clfnico, preferencialmente no atendimento de tgrupos. As atividades do programa proporcionam o enga jamento de habilidades executivas em uma sétie de sitva- 628 € contextos, proporcionando oportunidades para que a crianga possa pralicé-las e, desse modo, possa aprender a uilzé-as na organizagao de seu comportamento, no plane: jamento de tarefas e na resolugao de problemas do dia a cia. © programa conta com uma sesso de Aspectos Es- senciais, 10 Médulos Basicos © um Médulo Complemen: lar. Sao eles: Aspectos essenciais [(1)Interacao professor: aluno / classe; (2) Mediadores externos: (3) Fala privada; (4) Incentive & heterorregulagao}; Médulo 1: Organizagao de materiais / Rotina e manejo do tempo; Médulo 2: Orga- rizagao de idelas, estabelecimerto de objetivos e planos: estratégias para o dia a dia; Médulo 3: Organizagao de ideias, estabelecimento de objetivos @ plans: atividades de estimulagdo; Médulo 4: FE nas atividades fisicas / mo- toras; Médulo 5: Comunicagao e gestao de confltos; Mé- dulo 6: Regulando emogdes; Médulo 7: Trabalhando com colagas: oportunidade de exarcitar a hétero a autorregu lagao; Médulo 8: Jogando com os significados das pala ‘ras; Médulo 8: Conversando sobre as atvidades; Médulo 10: A brincadeira planeiada; © Médulo Complementar: O diario de Nina. Estudo conduzido com salas de Educagao lntantl (er angas de 5 anos) e 1® ano do Ensino Fundamental (6 anos) revelou que as criangas que pariciparam do pro: grama, ou seja, cujos professores apicaram o PIAFEX em sala de aula, tveram ganhos superires aos colegas cujos professores nao receberam instrugdes sobre o programa Especiicamente, as criangas da Educagao Infanti tveram ganhos em medidas de atengao e inibigé. AS criangas do Ensino Fundamental mostraram ganhos em testes de atengao, nibigao e tlexbilidade, além de ganhos em me- méria de trabalho e planejamento, conforme resposta de pais @ protessores @ uma escala funcional™**. No caso das criangas de 1 ano, para as quals se dispunha dessa medida, howe evidéncia de ganhos em comporamento pré-soval ¢ redugo de problemas de conduta, conforme resposta de pais professores ao Questondvio de Capa cidades © Difculdades - SDQ”. Ainda, apesar de o PIA- FEx ter sido desenvolido com o objetivo de promover © estimular 0 desenvolvimento das fungées executivas em criangas entre 5 € 6 anos, o programa também pode ser implementado, remediativamente, em criangas com com prometimento nessas hablidades. Oe fato, uma adaptacao do PIAFEx para criangas mais velhas, com ciagnéstico de TDAH, mostrou resultados promissores no incremento das fungées executivas dos partipantes, especifcamente de inibigao e de meméria de trabalho. Temas sobre D Consideragées finals FungSes executivas sdo relevantes 2 muitas atividades do dia a dia. Sao fundamentais & aprendizagem, ao ajus- tamento e funcionamento do individuo de maneira apropri- ada as regras e as demandas dos distintos contextos. ‘Quando essas habilidades estao comprometidas ou n&o se desenvolvem adequadamente, inimeros problemas podem ocorrer. © individuo pode tomar-se desatento, impulsivo, ter diflculdade para fazer planos, para terminar ‘uma atividade ou conseguir engajar-se em comportamen- tos complexos; pode experimentar, ainda, dificuldade em regular suas emogdes, ndo conseguindo postergar a grati- ficagao, demonstrando iritabllidade, entre outros. © desenvolvimento dessas habilldades segue um lon- 90 trajeto de desenvolvimento, iniciando em etapas preco- ces da infancia, porém em curso continuo até a adoles- céncia, quando algumas habllidades parecem estar mals bem consolidadas, © a vida adulta. Perante a relevancia dossas habildades @ as diiculdades causadas pelo seu subdesenvolvimento, pesquisadores tém se dedicado a desenvolver programas que possam, aplicados a criangas, festimular © promover o desenvolvimento das funcoes oxecutivas. Os curriculos escolares e os programas com- plementares estao entre as abordagens que tém recebido alengao e que possuem numero razoavel de evidéncias de sua efetvidade, No Brasil, 0 PIAFEx, um programa com- pplementar, foi desenvolvido com propésito de ser uma ferramenta para promocio de fungées executivas no con- texto escolar, sendo aplicado pelo proprio professor. Fungdes executivas podem (e devem!) ser ensinadas. ppossivel, por meio de ativdades adequadas, proporcionar 4s criangas oportunidades para desenvoWimento dessas habilidades. Estudos futuros deverao ampliar 0 conhecimen- fo atual acerca dessas intervengées, investigando, por ‘exemplo, seu impacto, néo apenas em curto ou médio pra- 20, mas também em longo prazo, sobre a aprendizagem, comportamento, funcionalidade © mesmo indices de saide mental Referénclas 2, laren ctv Funetons, Annu Rev Psyenal 2015 413656 sly Dis LF, Cararge CMP, Coenen sien, Por Alar: Armes 208. [nd Nowopiolegi Toor 4 Saute, Sherman EMS, Soraen 0. A Compendivn of Neopeyeolg ‘yPress 2008 5. Lezak MO, Howson O8, Lara, OW. Newopsyeraogia!assessmant 4 fe. New Yor: rd Univers Poss: 2008 6. Menezes A, Godoy 5, Tessa MC, Carer LA. Saab AG. Dates tetas acren ds ings ences e da algo: Sera AG, las A [nd Avalagienewopseligien cagrvn: Alongs © anger exoeirat Vol Temas sobte Desenvolimento 2013, sti07 4. 8to Pale: Memon: 2012, 1. Diamond A Le K ervntons shown oa Executive Function develop: rertinehlron 41 12 years Seance 2011 330988. €. Saba AG, Repeoa CT. D's NM, Paion C. 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