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Educação Unisinos

12(3):174-181, setembro/dezembro 2008


© 2008 by Unisinos doi: 10.4013/edu.20083.02

Memória(s), diálogos e buscas:


aprendendo e ensinando didática1

Memory(ies), dialog and research:


Learning and teaching didactics

Vera Candau
r.sousalima@uol.com.br

Resumo: O campo da didática no Brasil vem passando, especialmente a partir de 1982, quando
foi realizado na PUC-Rio o seminário “A Didática em questão”, por um amplo movimento de
revisão, reconstrução e desenvolvimento que tem como ponto de referência fundamental os
Encontros Nacionais de Didática e Prática de Ensino (ENDIPEs). O presente trabalho pretende
oferecer algumas reflexões sobre o processo vivido e colocar questões que consideramos
fundamentais para o campo da Didática nos próximos anos. Numa primeira parte, apresentamos
como protagonistas particularmente significativos, professores de didática com ampla produção
acadêmica e reconhecimento pelos seus pares, caracterizam a trajetória da Didática a partir dos
anos 1980. A segunda parte do texto focaliza uma questão central no debate atual da Didática
e das questões pedagógicas em geral: as diferenças culturais presentes nos processos sociais
e educacionais. O texto conclui afirmando a tese de que a dimensão cultural é intrínseca aos
processos educativos e potencia aprendizagens mais significativas e produtivas dos sujeitos
neles implicados.

Palavras-chave: didática, cotidiano escolar, diferenças culturais, formação de educadores.

Abstract: Since 1982, when the Catholic University of Rio de Janeiro held the seminar
“Didactics at Stake,” the field of Didactics in Brazil has experienced a wide movement of
revision, reconstruction and development, having the National Meetings on Didactics and
Teaching Practice as its main focus of reference. This paper intends to offer some ideas about
the process itself and present questions that we consider pivotal for the field of Didactics in
the coming years. In the first part, we discuss how professors of Didactics who have a sound
academic production and are recognized by their peers have characterized the development
of Didactics since the 1980s. The second part focuses on a fundamental question not only for
Didactics today, but also for Pedagogy in general: the role of cultural differences in social and
educational processes. The conclusion argues that the cultural dimension is intrinsic to the
educational processes and potentiates learning experiences which are significant and productive
for the subjects involved.

Keywords: didactics, school learning, cultural differences, teacher training.

1
Texto apresentado no XIV Encontro Nacional de Didática e Prática de Ensino, realizado em Porto Alegre, de 27 a 30 de abril de 2008.
Memória(s), diálogos e buscas: aprendendo e ensinando didática

Posso afirmar que, se tomamos Memória/Memórias da e projeto”, em que o autor afirma


como referência inicial do movimen- trajetória da Didática: que, nas sociedades complexas,
to que se concretizou nos Encontros leituras dos/as estas dimensões estão interligadas
Nacionais de Didática e Prática de protagonistas e se articulam em realidades e pro-
Ensino o seminário “A Didática em cessos pessoais e sociais. Assim,
questão” realizado na PUC-Rio, em toda memória constrói identidade e
Como ponto de partida deste tra-
1982, não somente tenho acompa- constitui referência para um projeto
balho, considero importante pergun-
nhado a trajetória destes já 26 anos, de futuro, ao mesmo tempo em que
tar sobre o sentido de fazer memória.
como participado ativamente do seu toda identidade é construída tendo
Para tal tomei como referência textos
desenvolvimento. por base memórias e está orientada
breves de dois autores muito dife-
Certamente, quando o primei- a ultrapassar-se e todo projeto se
rentes, o analista e escritor uruguaio
ro seminário foi organizado, não alimenta tendo-se presente memórias
Eduardo Galeano e o antropólogo
se podiam prever a expansão e e identidades. Afirma o autor:
brasileiro Gilberto Velho.
o impacto que hoje adquiriram
De Eduardo Galeano, destaquei
os ENDIPEs. A abrangência e a A memória é fragmentada. O sen-
esta expressiva citação do seu livro
relevância acadêmica e social que tido de identidade depende em
Las palabras andantes: grande parte da organização desses
progressivamente conquistaram
estes encontros são incontestá- pedaços, fragmentos de fatos e
Hacer memoria no es memorizar. episódios separados. O passado,
veis. Na atualidade, este espaço Hacer memoria es pensarse, ubicar- assim, é descontínuo. A consistência
constitui um dos momentos mais se, inscribirse en un caminar como e o significado desse passado e da
importantes de reflexão e discussão pueblo, colectivo múltiple y diverso, memória articulam-se à elaboração
sobre a problemática da educação que ‘hace historia’. Por ello mismo, de projetos que dão sentido e esta-
no nosso país e, especialmente, resulta necesario recoger el legado belecem continuidade entre esses
sobre as questões relativas à prática de quienes en otra época estuvieron diferentes momentos e situações.
pedagógica das nossas escolas, os en las mismas calles. Travesías de Por outro lado, o projeto existe no
tiempo somos. Somos sus pies y sus mundo da intersubjetividade. Por
desafios de ensinar e aprender em
bocas. Los pies del tiempo caminan en mais velado ou secreto que possa
tempos particularmente complexos nuestros pies. A la corta o a la larga, ser, ele é expresso em conceitos,
e controvertidos. ya se sabe, los vientos del tiempo palavras, categorias que pressupõem
Não pretendo neste trabalho fazer borrarán las huellas. ¿Travesía de a existência do Outro. Mas, sobretu-
uma sistematização do processo la nada, pasos de nadie?2 (Galeano, do, o projeto é o instrumento básico
vivido, nem um balanço crítico dos 1993, p. 105). de negociação da realidade com outros
trabalhos apresentados nos diferen- atores, indivíduos ou coletivos (Ve-
tes encontros. Existem já diversos Neste belíssimo texto, o autor lho, 1994, p. 103).
trabalhos que analisam a produção evidencia como as memórias pesso-
do campo da Didática em diferentes ais, diversas e plurais, se entrelaçam É neste universo de conceitos e re-
períodos históricos realizados com para configurar um caminho coletivo, ferências que me situo para penetrar
grande competência por profissio- também marcado pela pluralidade, no universo de memórias dos atores
nais como Maria Rita Sales Neto de assim como a importância de se do campo de Didática que se entre-
Oliveira (1993, 2000), Selma Garrido construir esta memória para poder laçam no processo de constituição da
Pimenta (2000), Marli André (2008), continuar a caminhada conscientes identidade deste campo, certamente
José Carlos Libâneo (2000, 2008), de que nossos passos se dão a partir plural e diversificado, e trazem ger-
entre outros. das pegadas dos que nos precederam. mens de projetos de futuro para o seu
O objetivo deste texto é bem É fundamental reler a travessia e não desenvolvimento.
mais modesto. Pretendo unicamente deixar que os passos dados e as teias Tomei como base para o desenvol-
oferecer algumas reflexões sobre o construídas desapareçam da memória vimento deste trabalho depoimentos
processo vivido e colocar questões coletiva. coletados através da pesquisa “Res-
que me parecem fundamentais para Esta perspectiva pode ser articula- significando a Didática na perspecti-
o desenvolvimento do campo da da com o instigante texto de Gilberto va multi/intercultural”, desenvolvida
Didática nos próximos anos. Velho (1994), “Memória, identidade de março de 2003 a fevereiro de
175
2
Pelo caráter literário do texto, optei por deixá-lo na língua original.

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2006, com o apoio do CNPq, pelo com o desenvolvimento do campo meçam” a contar suas memórias,
grupo de Estudos sobre Cotidiano, da Didática, a partir, principalmente, histórias pessoais e profissionais.
Educação e Cultura(s) (GECEC). do final dos anos 1970 e início dos Na tentativa de melhor sistema-
No contexto desta pesquisa, foram 1980. Vários deles/as são protago- tizar as diferentes considerações
realizadas entrevistas individuais nistas e atores centrais no processo feitas pelos/as entrevistados/as sobre
com vinte profissionais da área de de ressignificação da Didática que o desenvolvimento do campo da
Didática, durante o XII ENDIPE, emerge no contexto nacional nesse Didática, agrupei suas reflexões em
realizado em Curitiba, em 2004, e período. Há também um grupo de três períodos: anos 1980, anos 1990
durante a Reunião Anual da Anped, entrevistados/as, menos numeroso, e os últimos anos.
realizada neste mesmo ano, em Ca- que se inseriu no campo a partir dos Assim sendo, gostaria de destacar
xambu. A análise destes depoimentos anos 1990. Contudo, é importante em primeiro lugar que a grande maio-
foi publicada em artigo intitulado dizer que nenhum/a dos/as entrevis- ria deles/as assinala a importância
“Conversas com... Didática e pers- tados/as tem menos de 10 a 15 anos da década de 1980, podendo esta ser
pectiva multi/intercultural”, realiza- de experiência profissional. considerada como o momento de
do em co-autoria com Adélia Maria Todos/as têm doutorado em Edu- uma verdadeira “refundação” da re-
Nehme Simão e Koff. cação, dezesseis (16) realizados flexão e pesquisa da Didática no país.
Para a seleção desses/as especia- no Brasil e quatro (4) no exterior. O significado do “movimento da Di-
listas foram adotados critérios que Podemos afirmar que as trajetórias dática em questão” e a relevância da
podem ser assim sistematizados: acadêmicas são consistentes e todos/ perspectiva crítica parecem expressar
freqüência significativa e contínua as possuem uma formação avançada um consenso na área. Alguns/mas
no GT de Didática da ANPED, par- na área educacional. Em geral, são entrevistados/as apontam, também,
ticipação sistemática nos ENDIPEs, professores/as com ampla experi- a questão do confronto, na época,
comprovação de expressiva produ- ência de ensino de graduação em entre a pedagogia crítico-social dos
ção acadêmica na área e representa- disciplinas como Didática Geral, conteúdos e a pedagogia libertadora
tividade regional. Metodologias de Ensino, Práticas como um aspecto marcante.
O roteiro utilizado nas entrevis- de Ensino, Trabalho Docente e Os seguintes depoimentos ex-
tas semi-estruturadas foi objeto de outras afins. Também atuam na pós- pressam de modo significativo a
um intenso e detalhado processo de graduação, lato e stricto sensu, e postura que permeia o grupo como
elaboração com a participação de estão envolvidos/as em projetos de um todo:
todos os componentes da equipe. As pesquisa e outras atividades próprias
entrevistas foram realizadas após do âmbito universitário. O campo na década de 1980 é um
prévio contacto via e-mail com os/ Uma característica significativa campo que busca muito a sua identi-
as professores/as selecionados/as. do grupo entrevistado é sua inserção dade. Acho que é marcado pela busca
Realizaram-se em um clima de diá- em diferentes associações profissio- da sua identidade.
logo e cordialidade, tendo em média nais, sua participação em comissões
Acho que o nosso movimento da
uma duração de 60 a 80 minutos, de órgãos federais como a Capes
didática acompanhou esse processo
sendo todas gravadas, com prévia e outros órgãos do MEC, o CNPq, [dos movimentos políticos, sociais
autorização dos/as entrevistados/as. assim como em órgãos de nível e culturais do final da década dos
Os/as entrevistados/as podem ser estadual e municipal (secretarias 1970 e início dos 1980], foi sujeito
assim caracterizados/as: quatro (4) de educação, conselhos, fundações e objeto. Acho que ele não foi assim
professores e dezesseis (16) profes- de pesquisa, etc.) e organizações da um fenômeno isolado, ele veio junto
soras que atuam em universidades sociedade civil. do que se discutia, se misturaram um
públicas e/ou privadas nos estados Analisando os depoimentos, cons- pouco a nossa didática com a questão
da CBE e depois mais tarde a ANPED
de São Paulo, Rio Grande do Sul, tatei que o grupo entrevistado mani-
e aquilo vinha num processo, assim,
Minas Gerais, Goiás, Paraná, Mato festa como tendência dominante uma acho que foi um momento intelectual
Grosso, Pernambuco e no Distrito forte identificação com o campo da muito rico que a gente viveu no país
Federal. São professores/as que, em Didática. Suas trajetórias parecem com todas as suas tensões.
geral, possuem uma ampla experiên- se misturar com as construções e
cia e uma trajetória profissional que, tendências que vão marcando e/ou No campo da didática nos anos 1980,
176 para um número significativo deles/ configurando a área de Didática, eu tive a oportunidade de estar par-
as, tem aproximadamente trinta (30) principalmente a partir dos anos ticipando por dentro um pouco [...]
num movimento muito forte, muito
anos e está intimamente relacionada 1970, quando muitos deles/as “co-

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intenso que nós tivemos na década de analisados uma menor convergência turalismo e acho que isso aparece
80, sensacional, porque eu acho que a de idéias e, embora possamos dizer tanto na reflexão, nos trabalhos, que
produção foi extremamente rica e nós que há uma continuidade das refle- a gente observa no GT, mas a gente
tivemos várias elaborações e vários xões em torno da perspectiva crítica, vê as explicações, nas discussões por
trabalhos que nos deram, embora naquele momento, isso acontece de aí. Acho que tem toda a questão da
tivéssemos objetivos comuns todos modo mais frágil. Sobre essa déca- teoria crítica que também vem via
voltados para o desenvolvimento de multiculturalismo, mas também tem
da, os/as entrevistados/as parecem
uma proposta mais progressista de outras aberturas que se dão, a partir
trabalho, essa busca de articulação de
concordar com o fato de que existe daí, então, toda uma perspectiva de
teoria e prática que era uma questão uma incorporação de novos temas, discutir, acho que vem muito mais
muito forte, e essa prática focalizando a partir de outros enfoques teórico- pela questão do currículo, mas não
mesmo a prática social do sujeito. Eu metodológicos, por exemplo: profes- deixa de estar presente na hora em
acho que a produção nessa época foi sor reflexivo, professor pesquisador, que é discutida a didática, tanto que
muito fecunda, ela se ampliou bastante, identidade docente, questões relativas mais uma vez esses campos não estão
nós tivemos grupos significativos que ao cotidiano escolar são temas que muito delimitados.
trabalharam essas questões.
ganham força. Poucos/as apontam,
Uma vez mais o debate no campo
Estes depoimentos expressam neste período, a permanência dos
da Didática está fortemente configu-
claramente que o processo de con- conflitos internos ao próprio campo,
rado pelas questões epistemológicas,
figuração do campo da didática nos enquanto outros/as fazem referência
políticas, socioculturais e ideoló-
anos 1980 possuía uma íntima arti- à tensão e/ou confronto entre os cam-
gicas presentes na sociedade e na
culação com os processos sociais, pos do Currículo e da Didática. Para
produção dos intelectuais da área.
políticos e culturais que atravessam alguns/mas entrevistados/as começa
É possível afirmar que as tensões
o período da transição democrática. a aparecer aqui o tema do multicultu-
presentes no campo desde os anos
Por outro lado, também oferecem ralismo, mas ainda de modo bastante
1980 se aprofundam, novos temas
indícios das tensões e disputas de he- tangencial.
e posições emergem e se fragiliza
gemonia que permearam os debates Os depoimentos abaixo eviden-
a hegemonia da matriz histórico-
e buscas neste período. ciam estas posições:
crítica configuradora até então das
No entanto, Maria Rita Sales
Neto de Oliveira, membro da mesa abordagens dos temas referenciados
Eu acho que foi uma fase de transi-
redonda que, no X ENDIPE, reali- ção, no meu ponto de vista, porque à didática.
zado no Rio de Janeiro (2000), foi de repente, nós tivemos grandes No que diz respeito aos últimos
dedicada à análise dos 20 anos de acontecimentos que modificaram anos, os depoimentos nos possibili-
produção dos ENDIPEs, na mesma inclusive as bases referenciais e se tam afirmar que é uma fase de muito
perspectiva, afirma em relação à passou a negar muitos referenciais menos confluências, alguns chegam
até então constituídos para todos os mesmo a caracterizá-la como um
década dos 1980:
trabalhos – vamos dizer assim, que
momento de “risco de dispersão”.
era exatamente a questão do materia-
Pode-se constatar, então, o fato de
lismo histórico-dialético, toda aquela
Esta realidade está motivada, para
que, para além das diferentes posi- alguns, por uma mudança de contex-
referência mais marxista. E isso, de
ções sobre o objeto de estudo das to e de referenciais teóricos:
certa maneira, passou a ser negado,
áreas, o que existe é um grande con-
negado assim, pelo menos teve uma
senso. Ele se refere à luta em defesa Há uma mudança, digamos, de refe-
retração e [...] houve uma mudança
da legitimidade do saber didático-pe- rencial e de contexto mesmo. Você
nesse referencial, nesse momento. O
dagógico, enquanto constituindo um está vivendo um novo momento
que eu posso perceber é isso.
campo de conhecimento e enquanto agora, você já tem agora essa ques-
conteúdo do currículo da formação tão da globalização, essa questão do
Eu acho que existe um avanço interes-
do educador, no contexto da luta novo modelo, digamos, um novo
sante na produção do conhecimento,
pela especificidade e importância do reflexão, na busca de novos referen- momento do próprio capitalismo,
papel dos processos da educação e do ciais e agora nas últimas décadas, de com novos focos de exploração e
ensino, no movimento de recuperação 90 ou da metade da década de 1990 tudo o mais e isso muda toda uma
e democratização da escola pública para cá, tem todo esse movimento da expectativa global em termos assim
e na transformação social (Oliveira, reflexividade no trabalho do professor, “que trabalhador agora eu preciso
2000, p. 164-165). na formação do professor. formar? O que é importante? Qual
o perfil desse trabalhador para dar 177
Quanto aos anos 1990, foi pos- E tem uma questão: acho que tem conta desse momento? etc.” Para
sível evidenciar nos depoimentos a questão toda ligada ao multicul- atender exatamente os interesses

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do capitalismo hoje, sempre. Então os entrevistados/as me permitem texto, da externalidade para a inter-
claro que isso interfere, mas eu ainda apontar também certos elementos de nalidade, de uma visão de totalidade
não tive tempo para poder fazer essa continuidade, tais como: a perspec- para uma visão de particular –, na
elaboração. tiva crítica, embora agora apareça minha maneira de ver ocorreu um
com menos força e sob um olhar reducionismo temático, quer dizer, a
Para outros, este risco tem outras mais crítico da própria perspecti- questão da didática ou do currículo
origens: va, o cotidiano escolar, a tensão hoje é a cultura.
Currículo-Didática e a formação Em relação a esta última ques-
Mas vamos um pouquinho mais no
tema do risco da dispersão. Eu tenho
de professores, com destaque para tão, convém ressaltar que uma
uma teoria pouco desenvolvida ainda uma progressiva preocupação com maior incorporação da dimensão
que é a seguinte: no nosso país, já há as questões relativas à Didática do cultural na análise das questões
uns bons anos, vem ocorrendo um Ensino Superior.
pedagógicas não supõe necessa-
processo extremamente desgastante Por sua vez, novos elementos pa-
riamente uma retração do social.
para o campo da educação. A desqua- recem “afetar” o campo da Didática.
lificação econômica do magistério se Trata-se de articular as diferentes
São eles: a tentativa da retomada de
projeta numa desqualificação social dimensões dos processos educati-
uma visão tecnicista, em consonân-
da profissão e acaba desqualificando vos, com a consciência da impor-
cia com as atuais políticas de caráter
o campo investigativo da área. Eu tância de se trabalhar os processos
tenho essa teoria de que há algum neoliberal, a necessidade de busca de
de construção de identidades
tempo não tem dado prestígio es- novos referencias para lidar com no-
culturais, tanto no âmbito pessoal
tudar sala de aula, escola. Então, a vos contextos, novos sujeitos, novas
como social.
dispersão temática que pode estar problemáticas, como, por exemplo, a
ocorrendo, [...] se dá por razões de Tendo-se presente estes depoi-
violência e os impactos provocados
prestígio, na academia e tal, aca- mentos, é possível afirmar que o
pelas tecnologias da informação
bam largando a sala de aula. [...]. E campo da Didática está no momento
e comunicação no processo de
deslocam seus estudos para campos atual sendo desafiado por novas
academicamente mais prestigiosos.
ensino-aprendizagem. Além disso,
problemáticas. Talvez mais do que
[...] Quer dizer, a dispersão que está as questões relativas ao multicul-
uma questão de dispersão é possí-
ocorrendo é menos teórica e mais turalismo ganham maior presença,
vel interpretar esta realidade como
social nesse sentido, sociológica. [...]. seja quando apontam o tema das
Um outro fator desse risco de disper-
um momento de desestabilização e
diferenças como uma possibilidade
são é o modismo. Evidentemente que diversificação, em que emerge uma
de enriquecimento da reflexão e ação
a nossa área é uma área demasiada- pluralidade de enfoques, temáticas
didáticas, seja quando destacam suas
mente submissa aos modismos. [...] e problemáticas. O desafio atual da
preocupações pelo deslocamento do
Então, o risco da dispersão também Didática pode ser sintetizado em
existe na medida em que segmentos
social para o cultural.
como trabalhar com a diferença,
de pesquisadores entram na onda do
Nos últimos anos, a partir de 1995, ou melhor, com as diferenças entre
antimarxismo. Que eu acho que é
1996, a gente começa a perceber seus próprios atores e protagonistas,
uma questão também crucial. Porque,
quando colegas nossos abandonaram novas temáticas permeando essa dis- favorecendo espaços de interlocução
ou flexibilizaram a sua relação com cussão da didática, da prática de en- e diálogo entre, principalmente, os
o marxismo, claro, você perde uma sino. E quais são esses novos reque- grupos de pesquisa presentes neste
referência. Podia ser marxismo, rimentos que começam a aparecer? campo.
podia ser outra, se houvesse outra. A questão da cultura, a questão dos
Diante dos depoimentos ana-
No nosso caso, era o marxismo. diferentes saberes e também a ques-
tão da violência no espaço escolar e lisados, relatos e memórias que
Então, justamente por isso é que eu
não escolar, enfim, então são temas expressam as leituras de protago-
acho que a garantia de você segurar,
vamos dizer, um núcleo duro da teoria que começam a aparecer que antes a nistas importantes na construção
didática está em não abandonarmos gente não via. E aí justamente toda a do campo da Didática nas últimas
as questões epistemológicas. discussão do multiculturalismo, da décadas, sinto-me provocada a trazer
questão da raça, da questão de etnia, questões que venho trabalhando nos
de gênero, então começa a aparecer,
Achei importante registrar este últimos anos, especialmente a partir
ainda, eu diria, meio tangencial.
longo depoimento por considerá-lo da última década, que me parecem
178 especialmente expressivo da posição Quando ocorreu esse deslocamento estar demandando um novo olhar,
de um grupo significativo dos atores do social para o cultural – desloca- uma nova leitura para as questões
da campo da didática. Entretanto, mento mesmo: do contexto para o do campo da Didática.

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O campo da Didática referindo-se a essa mesma discussão: destacar a dificuldade das escolas
novamente “em “não convém anunciar esses proble- e da área pedagógica em geral de
questão”: “a diferença mas como sendo novos, nem lançá- reconhecer e trabalhar no cotidiano
está no chão da escola” los como moda, perdendo a memória escolar com as diferenças, particu-
e provocando descontinuidades nas larmente as diferenças culturais.
lutas para mudar as escolas” (Gimeno As duas citações, uma do próprio
Esta expressão “a diferença está
Sacristán, 2002, p. 15). Gimeno Sacristán (2002) e outra da
no chão da escola”, utilizada por
Em trabalho que publiquei em conhecida pesquisadora argentina
uma das entrevistadas no contexto
co-autoria com Miriam Soares Leite, Emilia Ferreiro (2001 in Lerner,
da pesquisa acima mencionada,
intitulado “Diálogos entre diferença 2007) sobre esta questão, apresenta-
parece-me sintetizar uma questão
e educação”, analiso/analisamos das a seguir, ilustram de modo muito
que considero central no debate atual
alguns marcos da construção do expressivo esta problemática.
da Didática e outras áreas do conhe-
discurso sobre a diferença no campo Para o autor espanhol3:
cimento: a questão da diferença, ou
pedagógico brasileiro, buscando
melhor, das diferenças presentes nos
identificar a especificidade e o sen- Uma das aspirações básicas do
processos sociais e educacionais.
tido das contribuições atuais da pers- programa pro-diversidade nasce da
No caso da reflexão pedagógica e rebelião ou da resistência às tendên-
pectiva intercultural na abordagem
didática, em vários debates dos quais cias homogeneizadoras provocadas
desta questão. Destaco/destacamos
tenho participado esta preocupação, pelas instituições modernas regidas
as contribuições de diferentes ver-
algumas vezes, é vista como algo pela pulsão de estender um projeto
tentes da psicologia e da sociologia
“externo”, recentemente incorpora- com fins de universalidade que, ao
da educação, assim como de movi-
do ao campo, constituindo como um mesmo tempo, tende a provocar
mentos como a escola nova, o ensino a submissão do que é diverso e
corpo estranho às suas preocupações
programado e a educação popular contínuo “normalizando-o” e distri-
e, de alguma forma, responsável por
para o tratamento desta questão. buindo-o em categorias próprias de
deslocar seu olhar para aspectos
Apresento/apresentamos as contri- algum tipo de classificação. Ordem e
considerados secundários, em de-
buições da perspectiva intercultural caos, unidade e diferença, inclusão e
trimento das questões nucleares do
e sintetizo/sintetizamos minha/nossa exclusão em educação são condições
campo didático-pedagógico. contraditórias da orientação moderna.
posição da seguinte maneira:
No entanto, defendo a posição de E, se a ordem é o que mais nos ocu-
que a diferença é constitutiva, intrín- A perspectiva intercultural na educa- pa, a ambivalência é o que mais nos
seca às práticas educativas, “está ção pretende superar as construções preocupa. A modernidade abordou a
no chão da escola”, e atualmente é da visão didático-psicológica relati- diversidade de duas formas básicas:
cada vez mais forte a consciência vamente à diferença, sem negar suas assimilando tudo que é diferente a
dos educadores/as de que integra o contribuições. Por outro lado, procura padrões unitários ou “segregando-o”
manter um diálogo crítico com as em categorias fora da “normalidade”
núcleo fundamental de sua estrutu-
contribuições das diversas correntes dominante (Gimeno Sacristán, 2002,
ração/desestruturação. Ter presente do pensamento da pós-modernidade, p. 123-124).
a dimensão cultural considero ser reafirmando o compromisso com
fundamental para potenciar os pro- a transformação política e social, Por outro lado, Ferreiro (2001
cessos de aprendizagem, torná-los proposto pela pedagogia crítica, ao in Lerner, 2007), referindo-se ao
mais significativos e produtivos para mesmo tempo em que evidencia a
contexto latino-americano e à di-
importância das questões culturais,
todos os alunos e alunas. ficuldade da escola pública dos
para além da visão em que a diver-
Para aprofundar, mesmo breve- sidade é percebida como algo “natu- nossos países desde o início de sua
mente, esta questão é importante ral”, e concebe as diferenças como institucionalização de trabalhar com
partir da afirmação de que a questão construções sócio-históricas que se as diferenças, afirma:
da diferença na educação não é um dão nas relações sociais (Candau e
problema inédito, e tampouco se Leite, 2006, p. 136-137). A escola pública, gratuita e obri-
pretende ignorar as importantes teori- gatória do século XX é herdeira da
zações já construídas a esse respeito. No entanto, tendo presentes estas do século anterior, encarregada de
Como afirma José Gimeno Sacristán, afirmações, também é importante missões históricas de grande impor-
179
3
Convém ter presente que neste texto Gimeno Sacristán usa diversidade e diferença indistintamente.

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tancia: criar um único povo, uma e diferença são vistas como pólos total de sessenta horas semestrais. A
única nação, anulando as diferenças contrapostos e não como dimensões construção do curso exigiu muitas
entre os cidadãos, considerados como que mutuamente se reclamam. É discussões, e, semanalmente, a equi-
iguais diante da lei. A tendência verdade que é possível identificar pe analisava a experiência vivida e
principal foi equiparar igualdade a progressivamente uma maior sen- debatia as elaborações/reelaborações
homogeneidade. Se os cidadãos eram sibilidade para esta temática, mas a serem realizadas.
iguais diante da lei, a escola devia traduzi-la nas práticas educativas Em artigo publicado em 2007 na
contribuir para gerar estes cidadãos,
cotidianas continua sendo um grande revista Cadernos de Pesquisa, em
homogeneizando as crianças, inde-
pendentemente de suas diferenças
desafio. co-autoria com Miriam Soares Leite,
de origem. Encarregada de homo- Por outro lado, se analisamos os analiso todo o desenvolvimento da
geneizar, de igualar, esta escola mal cursos de formação de educadores experiência, suas tensões, conquistas
podia apreciar as diferenças. Lutou e, mais especificamente, a disciplina e desafios. Concluo/concluímos o
não somente contra as diferenças de Didática e outras correlatas, como as trabalho afirmando:
língua mas também contra as dife- Práticas de Ensino, também consta-
renças dialetais da linguagem oral, tamos a pouca presença da temática Reconhecemos que estamos propon-
contribuindo assim para gerar o mito das diferenças e como ela afeta os do um caminho que apenas começa
de um único dialeto padrão para ter a ser trilhado, um caminho ainda em
diferentes componentes da ação
acesso à língua escrita construção. No desenvolvimento
pedagógica. Nesse sentido, estamos
desta experiência, confrontamo-nos
E conclui: longe de “instrumentalizar didati-
não apenas com os desafios aqui
camente a escola” para trabalhar
brevemente discutidos, mas também
É indispensável instrumentalizar com as diferenças, assim como de com vários outros, de ordem opera-
didaticamente a escola para trabalhar transformá-las em “vantagem peda- cional e/ou teórica.
com a diversidade. Nem a diversida- gógica”, como propõe Emilia Ferrei- Ficaram claras, por exemplo, as
de negada, nem a diversidade isolada, ro. Nós, professoras e professores de limitações das possibilidades de atu-
nem a diversidade simplesmente Didática e das demais disciplinas dos ação de somente uma disciplina no
tolerada. Também não se trata da processo de formação de professoras,
cursos de formação destes profissio-
diversidade assumida como um mal no sentido das desestabilizações pre-
nais, também estamos desafiados a
necessário ou celebrada como um tendidas. Além disso, no desenvolvi-
bem em si mesmo, sem assumir seu trabalhar nesta direção, não somente
mento da nossa proposta, tivemos de
próprio dramatismo. Transformar a teoricamente, mas incorporando
continuamente buscar articulações
diversidade conhecida e reconheci- esta perspectiva nas nossas próprias com os condicionamentos institu-
da em uma vantagem pedagógica: práticas pedagógicas. cionais, que definem datas, ritmos e
este me parece ser o grande desafio Com esta preocupação e como modos, que nem sempre se justificam
do futuro (Ferreiro, 2001 in Lerner, uma das atividades da pesquisa que pedagogicamente. Tivemos também
2007, p. 7). mencionei no início deste trabalho, de negociar permanentemente com
desenvolvi com a equipe do GECEC, o “ofício de aluno” (Perrenoud,
Nos últimos dez anos, venho no segundo semestre de 2005, com 1997). Lutamos contra o tempo,
desenvolvendo e orientando uma que rivalizava nossas pretensões
caráter exploratório, a disciplina
série de pesquisas, dissertações de dialógicas e favorecia a imposição
Didática Geral, obrigatória do Curso
de uma narrativa única. No entanto,
mestrado e teses de doutorado sobre de Pedagogia, tendo como referên- os diversos e complexos desafios com
o cotidiano escolar. É recorrente em cia e inspiração a metodologia da que nos deparamos nos reafirmaram
todos estes trabalhos a dificuldade de pesquisa-ação, que se propôs incor- na direção do caminho que estamos
se lidar com as diversas manifesta- porar a perspectiva intercultural na coletivamente construindo (Candau
ções da diferença: de gênero, étnicas, sua dinâmica. e Leite, 2007, p. 756).
de orientação sexual, de caráter físi- Do ponto de vista metodológico,
co, psicológico, geracional, regional, optamos por estruturá-la em ofi- Certamente atrever-se a procurar
etc. A cultura escolar e a cultura da cinas pedagógicas, por considerar “instrumentalizar didaticamente a
escola parecem estar concebidas que esta estratégia didática poderia escola para trabalhar as diferenças”
para uniformizar e homogeneizar. oferecer maiores possibilidades para no atual contexto da escola e dos
“Aqui são todos iguais”, é muito o desenvolvimento coerente entre a cursos de formação de educado-
180 freqüente os/as professores/as afir- perspectiva assumida teoricamente e res no nosso país supõe enfrentar
marem quando se pergunta como as atividades propostas. Cada oficina muitos desafios, tanto no plano
lidam com as diferenças; igualdade teve a duração de quatro horas, num teórico-metodológico como das

Educação Unisinos
Memória(s), diálogos e buscas: aprendendo e ensinando didática

condições operacionais necessárias ao mesmo tempo presente a função fessores: XIV ENDIPE. Porto Alegre,
para sua realização. A experiência da escola tanto no plano cognitivo Edipucrs, p. 234-252.
OLIVEIRA, M.R.N.S. 1993. A reconstrução
vivida evidenciou esta problemáti- quanto ético e sociopolítico, é uma
da didática: elementos teórico-metodoló-
ca e exigiu do grupo uma contínua tarefa complexa, mas alguns passos gicos. 2ª ed., Campinas, Papirus, 169 p.
busca para trabalhar a coerência já estão sendo dados nesta direção. OLIVEIRA, M.R.N.S. 2000. 20 anos de
entre a perspectiva intercultural e a Esta tem sido uma busca na qual eu ENDIPE. In: V.M. CANDAU (org.),
prática concreta da sala de aula. Foi acredito e que tem orientado muitas Didática, currículo e saberes escolares.
possível também evidenciar a pouca de minhas atividades nos últimos Rio de Janeiro, DP&A, p. 161-176.
produção da área de Didática nesta anos e para a qual convido as/os PERRENOUD. P. 1997. O ofício de aluno e
sentido do trabalho escolar. Porto, Porto
perspectiva, o que supôs, em vários colegas aqui presentes a investir.
Editora, 276 p.
momentos, a elaboração de diversos
PIMENTA. S.G. 2000. A pesquisa em Didáti-
materiais – textos, vídeos, apresenta- Referências ca 1996-1999. In: V.M. CANDAU (org.),
ções em PowerPoint, etc. – para dar Didática, currículo e saberes escolares.
suporte à disciplina. Uma questão ANDRÉ, M. 2008. Tendências da pesquisa Rio de Janeiro, DP&A, p. 78-106
revelou-se crucial: a importância e do conhecimento didático no início dos VELHO, G. 1994. Memória, identidade e
desta perspectiva ser assumida como anos 2000. In: E. EGLETT; C. TRAVER- projeto. In: G. VELHO, Projeto e me-
SINI; E. PERES; I. BONIN, Trajetórias e tamorfose: antropologia das sociedades
eixo de desenvolvimento do Curso
processos de ensinar e aprender: didática complexas. Rio de Janeiro, Jorge Zahar
de Pedagogia como um todo.
e formação de professores: XIV ENDIPE. Editor, p. 97-105.
No entanto, acredito ser este o Porto Alegre, Edipucrs, p. 487-499.
caminho a trilhar para a construção CANDAU, V.M.; LEITE, M.S. 2007. A Didá- Submetido em: 22/09/2008
de uma escola verdadeiramente tica na perspectiva Multi/Intercultural em Aceito em: 13/10/2008
democrática e justa, o que supõe ação: construindo uma proposta. Cader-
articular igualdade e diferença. A nos de Pesquisa, 27(132):731-758.
dimensão cultural é intrínseca aos CANDAU, V, M.; LEITE, M.S. 2006. Diálo-
gos entre diferença e educação. In: V. M.
processos pedagógicos, “está no
CANDAU (org.), Educação intercultural
chão da escola” e potencia processos e cotidiano escolar, Rio de Janeiro, 7
de aprendizagem mais significativos Letras, p. 121-139.
e produtivos, na medida em que GALEANO, E. 1993. Las palabras andantes.
reconhece e valoriza a cada um dos Madrid, Siglo XXI, 328 p.
sujeitos neles implicados, combate GIMENO SACRISTÁN, J. 2002. A constru-
todas as formas de silenciamento, ção do discurso sobre a diversidade e suas
práticas. In: R. ALCUDIA et al. (org.),
invisibilização e/ou subalternização
Atenção à diversidade. Porto Alegre,
de determinados sujeitos sociocul-
ArtMed, p.123-142.
turais, favorecendo a construção de LERNER, D. 2007. Enseñar en la diversi-
identidades culturais abertas e de dad. In: PRIMERAS JORNADAS DE
sujeitos de direito, assim como a EDUCACIÓN INTERCULTURAL DE
valorização do outro, do diferente, LA PROVINCIA DE BUENOS AIRES:
e o diálogo intercultural. “GÉNERO, GENERACIONES Y ET-
Para concluir, reitero que memó- NICIDADES EN LOS MAPAS ESCO-
LARES CONTEMPORÁNEOS”, I, La
rias, diálogos e buscas se entrelaçam
Plata, 2007. Anais... La Plata. Dirección
neste exercício cotidiano, meu e de de Modalidad de Educación Intercultural.
muitos e muitas dos/as presentes, de La Plata Argentina, 20 p. [mimeo].
aprender e ensinar Didática . LIBÂNEO, J.C. 2000. Produção de saberes
A escola pode ser concebida na escola: suspeitas e apostas. In: V.M.
como um lócus em que diferentes CANDAU (org.), Didática, currículo e
sujeitos, conhecimentos, valores, saberes escolares. Rio de Janeiro, DP&A,
culturas se entrelaçam. Reconhecer p. 11-45.
LIBÂNEO, J.C. 2008. O campo teórico e Vera Candau
esta pluralidade, favorecer um diálo-
profissional da Didática hoje: entre Ítaca Pontifícia Universidade Católica do
go crítico entre seus atores, romper
com o caráter monocultural da esco-
e o canto das sereias. In: E. EGLETT; C.
TRAVERSINI; E. PERES; I. BONIN,
Rio de Janeiro
Rua Marquês de São Vicente, 225 181
Gávea, 22453-900, Rio de Janeiro,
la, que invisibiliza identidades, sa- Trajetórias e processos de ensinar e RJ, Brasil
beres, tradições e crenças, tendo-se aprender: didática e formação de pro-

volume 12, número 3, setembro • dezembro 2008

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