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Filosofia 11

Resumo RACIONALIDADE ARGUMENTATIVA E FILOSOFIA

ARGUMENTAÇÃO E LÓGICA FORMAL


LÓGICA:

A lógica estuda condições de validade do pensamento, abstraindo-se do seu conteúdo, ou seja, procura
explicitar os princípios que estão na base do pensamento coerente. Ciência que estuda os argumentos
(encadeamentos de proposições) para estabelecer regras de pensamento válido.

Os répteis são astronautas.


Argumento Os astronautas são vegetais.
Logo, os répteis são vegetais.

LÓGICA ESPONTÂNEA:
A lógica espontânea é inata e natural ao Homem. É comum a todos nós e é fruto de elementos
culturais de cada povo. Brota do facto de o Homem seguir uma ordem incontrolável e impulsiva para
chegar ao conhecimento das coisas como são. Diz respeito ao caminho que a razão humana segue para
conhecer as coisas. Para pensarmos e comunicarmos com correção.

UTILIDADE DA LÓGICA:
› Ajuda a estruturar o pensamento de forma precisa clara e coerente, tornando o discurso mais
convincente e facilita no processo comunicativo;
› Ensina a detetar erros e ambiguidades, o que permite distinguir argumentos válidos de
argumentos não válidos;
› Proporciona o desenvolvimento das capacidades argumentativas;
› Contribui para o desenvolvimento intelectual do indivíduo ao nível do pensamento abstrato e
contribui para a formação da autoconsciência;
› Oferece-nos os recursos necessários para pensarmos a realidade e podermos conhecer;
› Disponibiliza processos úteis para a investigação científica além de poder ser aplicada a novos
domínios como a informática, robótica, etc.

PRINCÍPIOS LÓGICOS:

1. PRINCÍPIO DA IDENTIDADE:
Toda a coisa é idêntica a si mesma. Todo o ser é igual a si mesmo. Uma coisa é o que
é. Por exemplo, uma rosa é uma rosa. Este princípio obriga a que se mantenha o
significado dos termos e expressões.

2. PRINCÍPIO DA NÃO CONTRADIÇÃO:


A mesma coisa não pode ser e não ser ao mesmo tempo e segundo a mesma
perspetiva. É impossível que o mesmo atributo pertença a não pertença ao mesmo
sujeito ao mesmo tempo e segundo a mesma relação.

3. PRINCÍPIO DO TERCEIRO EXCLUÍDO:


Uma coisa deve ser. Uma coisa é ou não é. Não há uma terceira possibilidade. (por
exemplo, um proposição é verdadeira ou falsa, não há outra possibilidade).

Estes princípios são pressupostos de todo o pensamento consistente. São princípios inatos da razão, por
isso são indemonstráveis. Sem eles, nenhuma verdade pode ser pensada ou comunicada.

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CONCEITO:

Representação mental, abstrata e geral que reúne as características comuns, isto é, os traços invariantes
e fundamentais relativos a um conjunto de seres, coisas ou acontecimentos, traços estes, que os
distinguem de outros seres, coisas ou acontecimentos.

FORMAÇÃO DE CONCEITOS:
O conceito é resultado de determinadas interações, sendo, portanto, uma construção mental.
Construímos conceitos mediante operações como a abstração e a generalização.

Abstração: ato mediante o qual, dado um conjunto de objetos ou de indivíduos concretos,


isolamos e pomos de parte características particulares, próprias de cada um dos objetos, para retermos
apenas aspetos comuns a esses diversos indivíduos.

Exemplo: ‘Como se chega ao conceito ave?’


- Ter penas cinzentas?
- Ter penas?
- Alimentar-se de grãos?
- Ter bico adunco?
- Ter bico?
- Ter crista?
Características fundamentais
- Respirar através de pulmões?
- Reproduzir-se por ovos?
- Ser animal doméstico?
- Voar?
- Ter asas?

Generalização: surge como complemento da abstração, ou seja, torna extensivas a todos os


indivíduos da mesma classe as características essenciais reunidas no conceito.

Nota:
1. O conceito constitui o elemento básico do pensamento e, em si mesmo, nada afirma ou nega;
2. O conceito é um instrumento mental que serva para pensar e, através do qual, representamos
diferentes realidades, sejam materiais ou ideais.
3. É uma síntese que reúne as características comuns de uma classe de seres, coisas ou
acontecimentos.
4. Os conceitos singulares (Paulo, Torre do Clérigos, Rio Douro,…) são conceitos dos quais não
temos representações gerais, mas singulares. De qualquer modo, essas representações são
também conceitos.

REDES CONCETUAIS:
Exemplo:

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TERMO E CONCEITO:
O termo é a expressão verbal do conceito. O conceito corresponde a um conteúdo intelectual
que se expressa, na linguagem, através do termo, o termo é o significante e o conceito o significado.
Existem vários termos para o mesmo conceito: livro – libro – livre – book – buch.
O termo não se identifica só com uma palavra, podendo ser uma expressão.

COMPREENSÃO E EXTENSÃO DE UM CONCEITO:


A compreensão de um conceito representa o conjunto de características ou notas caracterizadoras que
definem esse conceito.
A extensão de um conceito representa o conjunto de seres, coisas ou acontecimentos que são
abrangidos por esse conceito, ou seja, são elementos da classe lógica definidos pelos conceitos.

A compreensão e a extensão de um conceito variam numa relação inversa:

Ser Extensão
Ser vivo
Animal
Vertebrado
Mamífero
Cão
Labrador
Compreensão “Jolie”

JUÍZOS – PROPOSIÇÕES:

Os juízos são operações mentais que permitem estabelecer uma relação de afirmação (conveniência) ou
de negação (inconveniência) entre conceitos, que se exprimem verbalmente por proposições. A verdade
ou a falsidade de uma proposição avalia-se confrontando essa proposição com a realidade.

A relva é verde Juízo conveniente


sujeito cópula predicado Verdade
O Luís Figo não foi futebolista Juízo inconveniente
Falso

CLASSIFICAÇÃO DAS PREPOSIÇÕES QUANTO À RELAÇÃO (baseia-se na relação que se estabelece entre o
sujeito e o predicado):

 Proposições categóricas:
Aquelas que afirmam ou negam sem restrições ou condições:
As folhas são verdes.
 Proposições hipotéticas:
Aquelas que afirmam ou negam sob determinadas condições:
No outono, as folhas são amarelas.
 Proposições disjuntivas:
Aquelas que afirmam ou negam sob a forma de alternativas que se excluem:
As folhas ou são verdes ou são amarelas.

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CLASSIFICAÇÃO DAS PREPOSIÇÕES QUANTO À QUANTIDADE E À QUALIDADE:

- Afirmativo
ex: Alguns homens são poetas.
 Qualidade
- Negativo
ex: Nenhum camelo é ave.

- Universal
ex: Todos os homens são poetas./ Nenhum homem é poeta
 Quantidade
- Particular
ex: Alguns camelos são aves.

JUNTANDO QUALIDADE E QUANTIDADE:


Juntando qualidade e quantidade, as proposições podem ser classificadas da seguinte forma:

A – Universais afirmativas;
E – Universais negativas;
I - Particulares afirmativas;
O – Particulares negativas.

QUANTIFICAÇÃO DOS TERMOS DAS PROPOSIÇÕES.


Quando o termo é referenciado em toda a sua extensão (universal) ele torna-se distribuído.
Quando o termo é apenas tomado em parte da sua extensão (particular) este torna-se não
distribuído.

Proposições Distribuição do sujeito Distribuição do predicado


A Distribuído Não distribuído
I Não distribuído Não distribuído
E Distribuído Distribuído
O Não distribuído Distribuído

RACIOCÍNIO:

Operação mental através da qual o pensamento, de uma ou mais proposições dadas, conclui uma nova
proposição – a conclusão. Portanto, raciocinar é inferir.
A expressão verbal do raciocínio é o argumento.

ARGUMENTO:

Encadeamento de proposições de um modo tal que a conclusão é sempre resultado das premissas
anteriores, que funcionam como razões para tal conclusão. Nos argumentos estabelece-se um nexo de
implicação entre as premissas e a conclusão.

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Todos os Zemindanes são poderosos


Icabad é um Zemindane Válido
Logo, Icabad é poderoso.

A validade de um argumento diz respeito ao nexo lógico que se estabelece entre as premissa e a
conclusão, de forma a expressar um pensamento coerente. Portanto, a validade dos argumentos não
depende da veracidade das premissas, mas sim do nexo lógico entre elas e a conclusão.
Nota: nos raciocínios ou argumentos dedutivos, se o raciocínio for válido e as premissas verdadeiras, a
conclusão tem de ser verdadeira.

TIPOS DE ARGUMENTOS:

Raciocínio = Inferir

Mediatos Imediatos
(construídos a partir de duas ou mais proposições) (construídos a partir de uma só proposição)

 Dedutivos
 Oposição
 Indutivos
 Conversão
 Por analogia

Argumentos dedutivos:
Num argumento dedutivo, as premissas impõem a conclusão, ou seja, há uma implicação lógica
necessária entre as premissas e a conclusão. Nestes argumentos, a conclusão está implícita nas
premissas e, por isso, não contém mais informação do que aquela que já está nas premissas.

Exemplo: Todos os corvos são pretos.


Este animal é um corvo.
Logo, este animal é preto.
A vantagem deste tipo de argumento é que ele é rigoroso e útil na defesa de uma tese ou para
descobrir algo que inicialmente se desconhecia, mas se poderia inferir. Não entanto, não permite
progredir muito no campo do desconhecido.
São só únicos dotados de validade lógica.

Argumentos indutivos:
A relação que se estabelece entre as premissas e a conclusão é apenas de apoio ou suporte.
Nestes argumentos, o facto de as premissas serem verdadeiras, não garante a veracidade da conclusão,
pois esta engloba mais informação do que a que está contida nas premissas. Pode-se afirmar que a
conclusão será provavelmente verdadeira.
Considera-se, ainda, que a indução não tem validade formal, porque se verifica um salto abusivo entre as
premissas e a conclusão, concluindo-se da parte para o geral.
A vantagem deste argumento é que ele permita avançar no desconhecido e, portanto, ampliar o
conhecimento. No entanto, ele não é totalmente rigoroso.

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Exemplo: Este corvo é preto.


Aquele corvo é preto.
Logo, todos os corvos são pretos.

Argumento por analogia:


O raciocínio por analogia consiste em partir de certas semelhanças ou relações existentes entre
dois objetos ou duas realidades e concluir novas semelhanças que podem não existir. Nos argumentos
por analogia nunca se pode garantir que de premissas verdadeiras se obtenha uma conclusão
verdadeira. A conclusão é provável, mas o grau de falibilidade é muito grande e, por isso, é necessário
não tirar conclusões de semelhanças superficiais e não desprezar as diferenças. A força deste raciocínio
aumenta com o aumento de semelhanças.

Exemplo: Marte possui atmosfera com a Terra.


A Terra tem seres vivos.
Logo, é suposto que existam seres vivos em Marte.

SILOGISMOS (RACIOCÍNIOS DEDUTIVOS):

Termos de um raciocínio: Exemplo:

› Termo Maior (T) Os insetos(M) são invertebrados(T).


› Termo Menor (t) As abelhas(t) são insetos(M).
› Termo Médio (M) Logo, as abelhas(t) são invertebradas(T).

Regras dos Silogismos:

1ª. Um silogismo só pode conter três termos diferentes;


2ª. O termo médio não pode entrar na conclusão;
3ª. O termo médio tem de estar, pelo menos numa das premissas, tomado em toda a sua extensão;
4ª. Nenhum termo pode ter mais extensão na conclusão do que tem nas premissas;

5ª. De duas premissas afirmativas, não se pode inferir uma conclusão negativa;
6ª. De duas premissas negativas nada se pode concluir;
7ª. De duas premissas particulares nada se pode concluir;
8ª. Se uma das premissas for particular (ou negativa), a conclusão tem de ser particular (ou
negativa).

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Modo e Figura dos Silogismos:

Modo Figura
A Todo A é B
2ª Figura (o termo médio está nos predicados das
E Nenhum C é B
premissas)
E Logo, nenhum A é C

O Modo diz respeito ao tipo de premissa (A, I, E ou O) e a Figura à posição do termo médio nas
premissas.

Mnemónica das figuras:


SUPER 1ªFig.
PEPE 2ªFig.
SOUSA 3ªFig.
PS 4ªFig.

INFERÊNCIAS IMEDIATAS: A OPOSIÇÃO E A CONVERSÃO:

Inferências por Oposição:


Inferir por oposição significa concluir novas muda qualidade
proposições a partir de uma, chamada
primitiva, fazendo transformações na
A contrárias E
qualidade, na quantidade ou em ambas
simultaneamente.

Conclui-se, assim, que as preposições que


são: muda qual / quan
muda subal contr subal
a) Contrárias, ambas universais, diferem na aditór
quant terna terna
qualidade;
idade s ias s
b) Subcontrárias, ambas particulares, contraditórias
diferem na qualidade;
c) Subalternas, diferem na quantidade;
d) Contraditóras, diferem na qualidade e na
quantidade. (note-se que nas preposições
contraditórias, como são a negação uma I subcontrárias O
da outra, se uma for verdadeira a outra é
falsa.)
Quadrado das Oposições |
Inferências por Conversão:
As inferências por conversão resultam da inversão da posição dos termos, isto é, o termo que é
sujeito na preposição primitiva passa a predicado na proposição conversa e vice-versa.
A conversão tem que obedecer à lei, segundo a qual os termos da nova preposição não podem
ter maior extensão (corresponde à conclusão) do que na premissa primitiva. (conversão limitada)

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E Nenhum mamífero é peixe


E Nenhum peixe é mamífero
Conversão Simples
I Alguns homens são desportistas
I Alguns desportistas são homens

A Todos os médicos são estudiosos


Conversão Limitada
I Alguns estudiosos são médicos

LÓGICA ARISTOTÉLICA VS. LÓGICA MODERNA:

Características da Lógica Aristotélica (Méritos e Limitações):


Limitações:
› A lógica aristotélica é completamente dependente da linguagem natural e da sua
gramática. Por isso não está isenta de equívocos e ambiguidades.
ex: este triângulo é desigual Conteúdo idêntico, no entanto modos diferentes, A e
este triângulo não é igual E, respetivamente.
› Por esta razão não atinge totalmente a formalização;
› Limita-se a silogismos categóricos.

Méritos:
› Tentativa de formalização e reconhecimento de que a linguagem natural é limitada
nesta tentativa.

Superação das limitações da Lógica Aristotélica pela Lógica Moderna:


› A lógica moderna usa símbolos assentes numa linguagem artificial que permite o cálculo e reduz
equívocos e a ambiguidade da linguagem natural.
ex: Ser ou não ser, eis a questão, passa a:
(p V ~p)  q p- ser
q- questão

› Analisa as proposições como um todo, desvalorizando os termos;


› Permite a aplicação da lógica a novos domínios – científicos e tecnológicos.

ARGUMENTAÇÃO:

Diariamente somos emissores e recetores de discursos argumentativos.


A argumentação está relacionada com a vertente social do Homem, ela torna-se um processo
comunicativo.
Como ato de comunicação, a argumentação implica:
- Orador / Emissor;
- Auditório / Recetor;
- Mensagem.

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Argumentação e Demonstração:
A racionalidade humana não se esgota na validade formal, pois a maior parte dos problemas
com que nos deparamos não dependem de critérios formais rígidos, mas sim de critérios que se
prendem mais com a força persuasiva, a relevância e a pertinência dos argumentos e das premissas
desencadeadas a partir de opiniões geralmente aceites.
Entramos, assim, no domínio da argumentação ou “dedução dialética”, nas palavras de
Aristóteles, (ver exemplo 1) que é diferente da demonstração (ver exemplo 2).
A demonstração é constringente, não discutível, enquanto a argumentação pressupõe premissas
plausíveis e passiveis de serem discutíveis e até, refutadas.

Se o mar Y for água, é H2O.


Exemplo 1 O mar Y é água. Demonstração
Logo, o mar Y é H2O.

Se os animais não têm deveres, não têm direitos.


Exemplo 2 Os animais não têm deveres. Argumentação
Logo, os animais não têm direitos.

Demonstração: processo lógico-discursivo que, partindo de premissas consideradas verdadeiras, nos


leva a inferir uma conclusão verdadeira. As provas apresentadas são constringentes.

Argumentação: discurso que visa persuadir um auditório acerca do valor de uma tese que se está a
defender. Argumentar é fornecer razões a favor, ou contra, de uma tese provocando adesão do
auditório.

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Demonstração Vs. Argumentação

Ponto de partida: proposições indiscutíveis que Ponto de partida: proposições discutíveis. Ideias
são consideradas verdadeiras ou capazes de gerar controvérsia.
hipoteticamente verdadeiras.

Tipo de lógica: regida sobre a lógica forma. Tipo de lógica: regida sobre a lógica informal. Os
Impera o rigor, não há lugar para a discussão. critérios desta lógica são a pertinência, a
Interessa apenas o encadeamento do raciocínio. relevância e a força persuasiva dos argumentos.

Relação premissas-conclusão: relação de Relação premissas-conclusão: as premissas são


necessidade entre as premissas e a conclusão. discutíveis e pode-se não chegar a nenhuma
Domínio do constringente. conclusão, pois esta depende da adesão do
auditório. É do domínio do preferível e do
plausível.

Relação com o contexto: é independente do Relação com o contexto: a argumentação tem de


contexto. A validade não depende nem do ser contextualizada, porque tem que haver uma
tempo, nem do sujeito que faz a demonstração. proximidade entre o orador e o auditório. Por
O discurso é impessoal. essa razão, torna-se pessoal., pois quem
argumenta deve adaptar o seu discurso ao
auditório.

Linguagem: reina a linguagem artificial, rigorosa, Linguagem: supõe diálogo, discussão usando a
quase matemática e desprovida de linguagem natural, com todas as suas
ambiguidades; reduz-se a um cálculo lógico e ambiguidades. Apresenta razões pró ou contra
permite uma única interpretação. uma tese. Permite uma pluralidade de
interpretações.

Grau de certeza: há rigidez de soluções; a Grau de certeza: a aceitação de uma tese


solução apresenta-se como evidente, depende da aprovação do auditório; uma tese
independentemente da aceitação do auditório. pode ser contestada a qualquer momento; pode-
Domina a autoridade da lógica. se admitir mais que uma solução, onde domina a
intersubjetividade.

Aplicação: ciências lógico-dedutivas Aplicação: ciências sociais e humana (direito,


política e filosofia) e em situações de vida
corrente.

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O que fazer para conseguir a adesão do auditório? (Que características deve ter a situação comunicativa
da argumentação?)
› O emissor deve mostrar abertura de pensamento, aceitando a discussão sobre o tema,
mostrando disponibilidade para ouvir.
› O orador deve dirigir-se ao homem total; um ser racional, que pensa pro si próprio, provido
de emoções, portador de uma cultura e que tem interesses e motivações. O auditório é
também livre de aceitar ou refutar a tese.
› O orador tem de adaptar a sua linguagem e estratégias ao auditório.
› O emissor deve estar atento às reações do auditório.
Em resumo, deve haver uma adaptação às características sociais, culturais e psicológicas do auditório.

Vertentes do discurso argumentativo:


 Ethos: personalidade do orador com características (honestidade, humildade, calma,
amabilidade, …) que confiram credibilidade à mensagem.
 Pathos: refere-se às emoções despertadas no auditório e consiste na recetividade com que
escutam o orador. Capacidade de suscitar emoções no auditório para que ele fique predisposto
a aceitar a tese apresentada.
 Logos: diz respeito à mensagem em si. Deve ser cuidada e clara, recheada de argumentos e
conectores que confiram organização ao texto. Por vezes pode implicar o uso de falácias.

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Tipos de argumentos:

1. Dedutivos
indutivos
por analogia
exemplos
2. Não dedutivos
contra-exemplos
entimema
argumento de autoridade

Raciocínio por analogia:


Requisitos de credibilidade:
› Não extrair conclusões a partir de semelhanças raras.
› Não desprezar as diferenças significativas existentes.

Exemplo:
Consiste em citar com a oportunidade um exemplo, ou vários, para produzir no auditório a convicção
de que eles ilustram um princípio geral.
ex: Outrora as mulheres casavam muito cedo (tese)
Na Idade Média, 13 anos era a idade normal de casamento para uma rapariga judia.
(exemplo)

Contra-exemplo:
Caso que se presta a apoiar o contrário da tese que se defende.
ex: se se argumentar contra os malefícios do tabaco, o senhor Manuel que viveu até aos 90
anos e foi sempre fumador é um contra-exemplo.

Entimema:
Silogismo em que uma das premissas está omissa.
ex: Todas as estrelas têm luz própria. Falta a premissa: A lua não tem luz própria
Logo, a lua não é uma estrela.

Argumento de Autoridade:
Apoia-se na opinião ou testemunhos de uma pessoa ou instituição com autoridade na matéria para
sustentar a tese que se está a defender.
Requisitos de credibilidade:
› Fontes qualificadas, “especialistas” no assunto em discussão.
› Fontes devem ser imparciais.
› Dever haver consenso entre os especialistas da mesma área.
FALÁCIAS:

Falácias Formais: erros de raciocínio derivadas do incumprimento das regras lógicas. Dizem
respeito apenas à forma como o argumento está construído.
› Falácia do Termo Médio (M não está distribuído)
› Ilícita do Termo Maior (T tem mais extensão na conclusão que nas premissas)
› Ilícita do Termo Menor (t tem mais extensão na conclusão que nas premissas)

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Falácias Informais: erros de raciocínio que resultam de lacunas no discurso.

› Falácia da Bola de Neve: um acontecimento leva a outro


› Falácia contra o Homem: não se ataca o argumento, mas sim a pessoa que faz
o argumento. Descredibilizar o produtor do argumento.
› Falácia do Apelo à Força: recorre-se a ameaças.
› Falácia da Misericórdia: “choradinho”, comove-se o outro levando-o a ter pena.
› Falácia Post Hoc Ergo Propta Hoc: falsa causa e acontece porque há uma
confusão entre a temporalidade e a causalidade (concomitância).
› Falácia do Apelo à Autoridade: quando se invoca a autoridade de um
especialista ou de uma personalidade credível que não é perito na matéria em
discussão. (ex: Dr. House recomenda-lhe que compre um carro híbrido.).
› Falácia do Falso Dilema: são apresentadas duas alternativas que se excluem
uma a outra e que escondem outras possíveis alternativas. (ex: ou está
comigo, ou estás contra mim.)
› Falácia da Petição de Princípio (ou ciclo vicioso): a conclusão repete a
premissa. Dá-se por provado o que se deve provar. (ex: O Sol gira em torno da
Terra, porque ela está parada no Universo.).
› Falácia do Espantalho: deturpam-se as palavras do adversário de modo a
terem outro significado.
› Falácia do Apelo à Ignorância: defende-se que o enunciado é falso porque não
foi provado. (Nunca se provou a existência dos ET’s, logo não existem.).
› Falácia da Pergunta Complexa (ou pergunta ardilosa): (‘Já deixaste de beber?’;
‘Continuas egoísta como eras?’). A resposta “sim” ou ”não” implica admitir um
comportamento que não é muito recomendável. A pergunta complexa dá-se
quando se introduz uma pergunta cuja resposta implica um comprometimento
com a posição que o autor da pergunta quer promover e constitui um
desconforto para o interlocutor.

A SABER: ESTRUTURA DO TEXTO ARGUMENTATIVO.

RETÓRICA:

Em que contexto surge a retórica?

A retórica surge no contexto de persuadir nas cidades-estado democráticas gregas do séc. VI a.C..
Aparece ligada à vivência democráticas nessas organizações políticas (cidades-estado) sobretudo pelas
exigências das assembleias políticas e ligada ao funcionamento dos tribunais. Nestas estruturas, os
cidadãos eram incentivados a intervir na vida pública e existia igualdade dos cidadãos perante a lei.

O que é a retórica?

É entendida com a arte de bem falar e convencer o auditório. Liga-se à capacidade de apresentar bons
argumentos.

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Democracia Regime que consagra a igualdade de direitos entre os cidadãos. (isonomia)

- Sociedade de homens livres, onde há liberdade de eleger e de ser eleito.


- Liberdade de discussão.
isto permite - O poder assenta na força persuasiva da palavra.

Raízes da Retórica
Ligação às instituições políticas e judiciárias e à vida quotidiana dos
cidadãos:

a) assembleia de cidadãos (discussão dos problemas e decisões)


b) tribunais (onde havia p direito da defesa e o júri escutava as partes em
litígio)
c) praça pública / mercado (onde se discutia os mais diversos assuntos)

Ensino dos sofistas:

Quem são os sofistas?

Professores itinerantes que andavam de cidades democráticas em cidades democráticas a


venderem o seu conhecimento. Surgem quando se desenvolve a “democracia cara-a-cara” e é essencial,
para haver discussão conhecer a retórica e saber argumentar. Introduziram novos métodos (antologia:
apresentar uma tese, sabendo defendê-la e passa a poder desconstruí-la) e conhecimento enciclopédico
(de várias área).

Defendiam o relativismo tanto dos valores como do conhecimento e achavam as leis


convencionais, ou seja mutáveis.

Sofistas

Surgem para responder a uma necessidade sociopolítica nova: preparação dos jovens para as
disputas políticas e jurídicas.

Objetivo: formar cidadãos intervenientes na vida pública. O ensino centra-se no domínio da palavra
(gramática, retórica, antilogia) e num saber enciclopédico.

Conceções filosóficas marcadas pelo relativismo e ceticismo. (o seu ensino articula-se com as conceções
filosóficas)

Conflito entre sofistas e filósofos:

Sofistas (retores) Filósofos


 Ideal de vida prático (visava a ação);  Ideal de vida contemplativo;
 Era marcada pela intensão de preparar os jovens  A contemplação vista como um meio de busca
para a disputa política e jurídica (formação de da verdade e de aperfeiçoamento do ser humano
cidadãos); (orientação da ação. A teoria precedia a prática);
 Preocupavam-se com as competências  Valorização de virtudes como a moderação e a
argumentativas; temperança;
 Valorização da palavra e do discurso eloquente;  Desenvolveram e valorizaram a dialética como
 Valorização do poder e do sucesso; método de descoberta da verdade;
 A retórica visava a eficácia do discurso (não  A filosofia visava o esclarecimento e a
isento de manipulação); compreensão;
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 A retórica era uma arma de conquista do poder;  Defendiam que os valores e as verdades era
 Defendiam o relativismo do conhecimento e dos absolutas.
valores e o convencionalismo das leis.

Contexto histórico – declínio e reabilitação da retórica:

A partir dos fins do século IV a.C., a retórica entrou em declínio e só viria a ser reabilitada na atualidade.

Muitos fatores contribuíram para o declínio da retórica:

- O declínio das instituições democráticas, no Período Helenístico e no Período do Império Romano.


- A força e o prestígio da Igreja Católica na Idade Média, que impôs parâmetros de verdade não
compatíveis com a utilização credível de estratégias argumentativas.
- O ideal da racionalidade da Época Moderna moldado pelo paradigma científico.

Na Época Contemporânea, a crise do conceito clássico da racionalidade, por um lado, e, por outro, a
valorização das instituições democráticas, o reconhecimento da igualdade de todos os cidadãos perante
a lei, bem como o poder detido pelos meios de comunicação, vieram criar condições favoráveis à
reabilitação da retórica.

As Dimensões da Retórica: a Persuasão e a Manipulação:

Faça a vontade à sua mulher.


Compre uma casa nova já! Manipulação
(a antiga pode ser vendida nos próximos três anos)

Beba leite.
O leite enriquece os ossos! Persuasão

Persuasão:

› Reclama-se a participação do outro na avaliação das ideias, ou seja, é um convite ao debate.


› O outro é encarado como um ser racional capaz de tomar as suas próprias decisões;
pressupões liberdade e respeito pelo outro.
› O centro da argumentação é colocado no Logos e nas boas razões.
› A persuasão comporta o bom uso da retórica, ou retórica branca, o que implica um discurso
persuasivo sensato.

Manipulação:

› Consiste em levar alguém a fazer algo, impedindo-o de avaliar a situação criticamente. Faz-se
um uso indevido da argumentação com vista em levar o interlocutor a aderir de forma acrítica às
propostas do emissor.
› Não valoriza a autonomia e a capacidade crítica do interlocutor, pois o orador impões as suas
ideias; não respeita o interesse, a inteligência ou a liberdade do outro; tende a suprimir os
problemas.
› A retórica é colocada no Pathos uma vez que se apela aos afetos, desperta-se o desejo,
sugestiona-se e faz-se promessas.

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› Mau uso da retórica (retórica negra) quando a argumentação procura enganar o auditório em
função dos interesses de quem produz a argumentação, o que implica um discurso persuasivo
sedutor.

Estratégias Manipuladoras:

 Discurso publicitário comercial (recorre-se à estetização da mensagem);


 Relação imaginária que se estabelece entre o consumidor e o produto (costuma-se fazer passar a
ideia que o produto é indispensável);
 Uso da imposição (vendas agressivas).

Como enfrentar as estratégias manipuladoras?

 Estar informado e fazer juízos críticos;


 Avaliar a consistência dos argumentos e questionar as suas implicações;
 Questionar as ideias feitas e as posições dogmáticas;
 Desenvolver, através da educação, competências argumentativas e a capacidade de desmontar
falácias;
 Deve haver, da parte dos cidadãos, empenho na vida sócio-política.

ARGUMENTAÇÃO, VERDADE E SER:

Modelo Clássico da Racionalidade:

O modelo da racionalidade é um modelo científico. Este modelo considera que as verdades são absolutas
e intemporais; a partir do momento em que são construídas não podem ser contestadas.

Novo Modelo da Racionalidade Clássica:

(ver livro)

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Filosofia 11
Resumo RACIONALIDADE ARGUMENTATIVA E FILOSOFIA

PERSPETIVA FENOMENOLÓGICA DO CONHECIMENTO:

Tipos de Conhecimento:

O conhecimento é sempre uma relação daquele que conhece (o sujeito) com o que é conhecido (o
objeto). Com base no tipo de objeto, encontramos três tipos de conhecimento:

› Conhecimento prático: diz respeito ao saber fazer (domínio da uma técnica, por ex.)
› Conhecimento de contacto: é do domínio do conhecimento de pessoas, objetos, locais, …
› Conhecimento proposicional: conhecimento apoiado em proposições (o que se aprende na
escola, por ex.)

Análise Fenomenológica do Conhecimento:

Elementos do ato de conhecer: sujeito (é geral e acontece em todas as consciências); objeto e relação
que se estabelece entre o sujeito e o objeto da qual resulta o conhecimento.

Sujeito
Objeto Duas entidades separadas uma da outra, conetadas pelo ato de conhecer.

Relação entre S/O – é uma correlação, ou seja, um só existe porque o outro também existe. Esta relação
é irreversível, isto é, não se pode permutar, num ato de pensamento, a função do objeto e a função do
sujeito. A função do sujeito é conhecer o objeto. A função do objeto é ser conhecido pelo sujeito (este
último é o elemento ativo).

Movimentos que a consciência tem de fazer para conhecer:

Com esta perspetiva, conhecer é representar na mente as características


fundamentais de um objeto.

O ato de apreender ocorre em três fases:

O sujeito capta as O sujeito sai de si  O sujeito deu conta que existe


determinações/características um objeto novo a conhecer
 O sujeito está fora de si
do objeto.
O sujeito regressa a si

Regressa a si para construir o


conhecimento. Formação da
imagem do conceito. (como o
conhecimento é subjetivo, a
representação pode ter erros.)

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Resumo RACIONALIDADE ARGUMENTATIVA E FILOSOFIA

1º sai de si

SUJEITO OBJETO 2º está fora de si

3º regressa a si

 O sujeito estabelece uma relação de oposição com o objeto;


 O objeto e o sujeito estabelecem entre si uma correlação;
 A relação entre eles é irreversível;
 O objeto modifica o sujeito;
 O sujeito representa o objeto.

O sujeito forma uma imagem do objeto que é manente (dentro dele), objetiva com alguns salpicos de
subjetividade, uma representação mental.

QUESTÕES GNOSIOLÓGICAS:

A questão da POSSIBILIDADE DO CONHECIMENTO:

Esta questão baseia-se no facto de o sujeito, ao apreender, experimentar o erro; daí: “sujeito apreende
realmente o objeto?”

Dogmatismo: (posição otimista) Sim, apreende; o conhecimento é possível.

› Dogmatismo ingénuo: crença do Homem comum que não é abalada pela


desconfiança. Conhece o Mundo como é. Há uma confiança absoluta no
conhecimento.
› Dogmatismo filosófico/crítico: é possível submeter o conhecimento à dúvida.
Desde que a razão siga o método certo é possível encontrar verdades
inabaláveis.

Ceticismo: duvida acerca do Homem poder conhecer.

› Ceticismo radical: nega a possibilidade de o Homem poder conhecer. Pode-se


chegar a duas verdades que se opõem sobre o mesmo assunto. É preciso
abster-se de fazer juízos. Não serve ao desenvolvimento humano e é inútil à
ciência. Crítica: ao afirmar-se que não se pode conhece e chegar a verdades,
já se está a afirmar uma verdade, logo contradiz-se.

› Ceticismo moderado: defende que é possível conhecer, mas de uma forma


aproximada, não absoluta. Há verdades aproximadas. É importante à ciência,
uma vez que a atitude crítica é benéfica para encontrar erros nas verdades
instaladas e chegar a verdades questionáveis.

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Resumo RACIONALIDADE ARGUMENTATIVA E FILOSOFIA

Criticismo: (Kant) é possível conhecer e chegar a verdades sólidas e universais, mas o


conhecimento permanece limitado. Só se conhece algumas coisas que a nossa estrutura
cognitiva nos deixa apreender. É necessário fazer uma crítica ao conhecimento e detetar quais
as nossas possibilidades de conhecer.

A questão da ORIGEM DO CONHECIMENTO:

Como o Homem se apresenta tanto como um ser sensível e racional, deixa uma questão: “A origem do
conhecimento está nos sentidos ou na razão?”

Empirismo: A fonte do conhecimento é a experiência. Antes da experiência a nossa mente está


em branco e a experiência vem pincelá-la. Não há ideias inatas e razão trabalha sobre os
sentidos. Os empiristas tendem para o ceticismo, no que diz respeito à metafísica.

Racionalismo: a fonte do conhecimento é a razão, o que confere às verdades um caráter


universal e necessário (não é contraditório). Há conhecimento dos sentidos, mas está em
segundo plano; este não é a base do conhecimento científico, pois é ilusório. O sujeito estrutura
a realidade a partir das ideias. Descartes defende mesmo a existência de ideias inatas (figuras
matemáticas; Deus; a dimensionalidade das coisas; cógito) fundamentais para o conhecimento.
Os racionalistas caem no dogmatismo.

Apriorismo: (Kant) As fontes do conhecimento são duas: a sensibilidade e a razão; Kant defende
que o conhecimento surge com experiência, mas não se reduz a ela Considera que o sujeito é
dotado de estruturas A priori, que são um património da razão, estruturas, estas, que são
preenchidas pela experiência. Ou seja, as estruturas A priori têm a função de enquadrar e
organizar os dados da experiência. (exemplo do supermercado)

A questão da NATUREZA DO CONHECIMENTO:

Esta questão surge para se saber “Qual dos polos, sujeito ou objeto, é que tem o papel determinante
no ato de conhecer?”

Realismo: quem é determinante é o objeto.

› Realismo ingénuo: típico do senso comum. Não há diferença entre a


realidade e o conhecimento que nós temos do real.
› Realismo crítico: considera que é preciso distinguirmos objetos do real as
suas propriedades objetivas (o que pode ser medido: tamanho, …) das suas
propriedades subjetivas (cor, cheiro, …).

Idealismo: (Kant) o polo fundamental é o sujeito. É solidário do criticismo. Parte do princípio que
o nosso conhecimento é limitado, então, “eu só conheço o que se deixa apreender pela minha
estrutura cognitiva”; a realidade é muito mais densa que aquilo que posso apreender dela. Só
conhecemos facetas dessa realidade. Está relacionado com o conhecimento das ideias que se
faz acerca das coisas. O polo determinante é o sujeito porque o conhecimento é uma construção
sua, a partir do que ele conseguiu apreender, do que lhe foi permitido.
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O PROBLEMA DO CONHECIMENTO EM DESCARTES:

Descartes tinha influências matemáticas nas suas perspetivas filosóficas. O ceticismo foi importante no
percurso de Descartes, mas ele não se manteve cético até ao fim dos seus dias. Foi educado á sombra
da escolástica: era necessário reformar o conhecimento.

Descartes começa com uma atitude dubitativa (que se revela apenas como uma metodologia para chegar
a conhecimentos sólidos); duvida de todas as matérias, menos da Igreja.

Razões que levaram Descartes a duvidar:

› Duvida dos sentidos, porque estes nos enganam. Duvida do conhecimento sensorial.
› Há quem se engane no domínio matemático, logo passa a duvidar do conhecimento racional
matemático.
› Não há critério seguro que distinga o estado de vigília do estado de sono.
› Descartes alarga a dúvida e coloca a hipótese do génio maligno, entidade que induziria
propositadamente, o Homem em erro, pondo em causa o critério de evidencia racional.

Qual o papel da dúvida?

A dúvida é importante ao conhecimento, pois permita duvidar das verdades feitas, questionar o que já
está instalado e assim abrir portas para novas verdades e hipóteses.

Características da dúvida Cartesiana:

› É metódica, pois é uma estratégia de que Descartes se serva para pôr à prova a validade de
todo o conhecimento e, portanto, distinguir o verdadeiro do falso.
› É provisoria, porque parte da dúvida para chegar a certezas.
› É hiperbólica, porque, ao colocar a hipótese do génio maligno, Descartes radicaliza a dúvida,
pondo em causa o critério da evidência.
› É progressiva, porque se aplica a todos os campos do conhecimento, menos à Igreja.

Descartes seria cético?

Não, porque começa duvidoso para quebrar os erros que podem “sujar” o conhecimento. Utiliza a dúvida
para chegar a certezas, ou seja, é como que um ceticismo provisório, puramente metodológico.

A questão do cógito:

Regras de método: primeiro e fundamental: tornar o que é verdadeiro claro e evidente.

1ª verdade: a base da sua filosofia é atingida por via racional.


Ideias Inatas
2ª verdade: temos a ideia do perfeito: mas donde virá isto? De seres imperfeitos, como
o Homem? Logo não podemos produzir a ideia do perfeito. Do Nada? Não. A ideia
inicial é inata e foi-nos posta por Deus, um ser perfeito que vai salvar o critério da
evidência.

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