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MINHAS QUERIDAS
Nas confidências trocadas com as irmãs, por quem nutria um amor incondicional, ela
denuncia "um mundo de representação" e descreve, sem reservas, o período que viveu
"como esposa de diplomata". Ficaram marcas profundas e transformadoras na vida da
escritora, que morreu precocemente aos 57 anos, deixando um vasto legado de contos,
crônicas e romances.
Minhas Queridas reflete o período em que Clarice Lispector, dos 24 aos 40 anos, viveu
no exterior, ao lado do marido, o embaixador Maury Gurgel Valente. Foram 15 anos de
correspondência com as irmãs, que moravam no Brasil. Nas cartas, a genial escritora
expõe as lembranças e ressentimentos em relação aos pais e as consequências da
emigração forçada, durante a guerra na Ucrânia; as angústias em relação à sua
produção literária, a maternidade e o papel que representava como "mulher de
diplomata".
O texto revela uma experiência crucial na vida dessa mulher ucraniana, judia,
naturalizada brasileira, trazendo à tona reflexões inspiradoras e profundamente
humanas, capazes de emocionar os amantes da escritora e estimular o interesse de
leigos em relação à obra clariceana.
"Nossa homenagem aos 100 anos de nascimento dessa genial escritora não poderia ser
interrompida de maneira tão traumática. Por isso, mesmo sem as sessões presenciais,
longe do calor do público, decidimos retomar o espetáculo e fazer as adaptações
necessárias para resgatar parte do legado literário de Clarice, usando as ferramentas
possíveis em tempos de coronavírus. Para isso fomos buscar ajuda do talentoso diretor
Thiago Vasconcelos, da Cia. Antropofágica, para a direção de filmagem”, observa o
produtor João Luís Gomes.
Para a diretora Stella Tobar, transmitir uma narrativa tão intimista como Minhas
Queridas, em formato online, sempre será um desafio. "Estamos aprendendo como o
teatro pode dialogar com essa plataforma e a linguagem audiovisual. A filmagem
prioriza planos mais próximos e conduz o olhar do espectador para que a beleza
contida nas cartas seja transmitida com a mesma emoção e profundidade",
acrescenta.
"Entrar em contato com a intimidade de Clarice Lispector por meio de cartas tão
pessoais, as quais ela jamais imaginou que chegariam ao público é um deleite e uma
responsabilidade ao mesmo tempo, quando a proposta é adaptá-las ao teatro. O
período em que as cartas às irmãs foram escritas tem dores e delícias, e acho que o
espetáculo opta por mostrar preferencialmente o momento difícil de uma escritora em
adaptação à vida fora do país e sua dificuldade em escrever em meio
às circunstâncias. Esse recorte foi uma escolha minha, o que mais me tocou na
biografia dela nesse período", lembra a diretora.
São Paulo
Temporada online
De 19 a 28 de março
Sextas às 20h
Sábados e Domingos às 19h
Gratuito
Todo dia um bate-papo sobre Clarice Lispector, após o espetáculo
Mediação de Stella Tobar
E-mail: diversaoearte.contato@gmail.com
Ficha Técnica
Direção e Dramaturgia: Stella Tobar
Elenco: Marilene Grama e Simone Evaristo
Direção Musical Trilha Original: Sérvulo Augusto