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Controle de contaminação dos

fluidos hidráulicos

José Roberto Piccolo e Alain Frederico


MasterClass 5
Agenda

Contaminação: tipos e origens

Principais causas de falhas referentes ao fluido hidráulico

Danos causados por partículas sólidas e água

Necessidade da filtração hidráulica

Visão geral dos principais valores característicos de filtros e elementos filtrantes

Técnicas de controle e redução de contaminantes

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Então de onde vem a contaminação?

Contaminação contida nos processos de Ingresso Externo


manufatura/produção • Raspadores dos cilindros
• Usinagem • Filtros de ar (blindagem)
• Jateamento de areia • Vedação de rolamentos
• Solda
Introduzida durante a manutenção
• Pintura
• Desmontagem e montagem
• Proteção por meio de óleo/graxa
• Reposição e abastecimento de óleo
Contaminação gerada • Contaminação pela mistura de fluidos
• Percorrendo o sistema
• Operação do Sistema
• Colapso do fluido
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Que tipo de jardineiro você é?
Você está arrancando ervas daninhas no nível da raiz ou cortando-as na superfície e
escondendo o sintoma? Temos mais para encontrar / explorar abaixo da superfície.

Problema
se repete

Desgaste
Abrasivo Problema
eliminado

O que vemos
É geralmente uma fração do que realmente é.

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Qual é a expectativa de vida do equipamento?

A experiência de projetistas e usuários


de sistemas de óleo hidráulico e de
Índice de Índice de Índice de lubrificação verificou os seguintes fatos:
Falhas Falhas Falhas
Descrescente Constante Crescente Mais de 70% de todas as falhas do sistema são
um resultado direto da contaminação!
Índice de

Índice de Falhas
Falhas

Falha
Observado O custo resultante da contaminação é
Tempo
Prematura
Falhas Randômicas
impressionante, resultante de:
“Mortalidade Desgastes
Infantil” Constantes Falhas Perda de produção (downtime)
Custo de reposição de componentes
Reposição frequente de fluido
Custo de desgaste
Tempo
Aumento geral dos custos de manutenção
Aumento da taxa de sucateamento

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Qual é a expectativa de vida do equipamento?

Programas ineficientes de controle de contaminação resultam


em um aumento no custo total de propriedade

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Os diferentes tipos de desgastes em Sistemas Hidráulicos e de Lubrificação

Desgaste Abrasivo Desgaste Erosivo


Este é o mecanismo primário de desgaste. Erosão ocorre quando partículas se impactam e danificam as
Partículas entram no espaço entre duas superfícies móveis, se superfícies dos componentes pela remoção de material.
“enterram” em uma das superfícies e atuam como ferramentas de Este desgaste ocorre usualmente em áreas onde temos uma
corte removendo material da superfície oposta. velocidade de contaminação muito alta.
Esta é a principal causa de vazamentos em válvulas hidráulicas
PARTÍCULA
de carretel.
CARGA
MUITO
GRANDE PARA
ENTRAR NA
FOLGA
Fluido Dinâmico
Espessura do Filme
(µ)
VAZÃO
PARTÍCULAS DO TAMANHDO
DA FOLGA INTERAGEM COM AS
SUPERFÍCIES CAUSANDO
DESGASTE ABRASIVO
As partículas que causam os maiores danos são aquelas que têm
tamanho igual ou ligeiramente maior do que a tolerância entre as
partes.
Para proteger faces opostas do desgaste abrasivo, partículas de
tamanho aproximado à faixa de folga dinâmica devem ser
removidas.

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Os diferentes tipos de desgastes em Sistemas Hidráulicos e de Lubrificação

Desgaste Adesivo Desgaste por Fadiga


Ocorre quando cargas excessivas acontecem. A fadiga de superfície ocorre quando partículas sólidas ficam
A espessura da película de lubrificação limite é então diminuída presas e danificam repetidamente a superfície dos componentes,
até que as duas superfícies toquem e passem por um processo de resultando em rachaduras na superfície e danos. Fragmentos são
solda a frio. então criados, o que resultará em mais sujeira dentro do sistema.

Carga Carga

Partícula cravada e entalhe criado Quebra da superfície é iniciada

Área da solda à frio Desgaste gerando detritos

FRAGMENTOS
Quando as duas superfícies que estão unidas pela solda a frio se
movem, há uma fratura, gerando uma nova partícula porém mais As quebras se espalham por ciclos repetitivos Superfície falha e libera fragmentos

dura devido ao processo de revestimento.

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Contaminação por água no fluído hidráulico

Os fluídos hidráulicos tem uma capacidade limitada


de retenção de água dissolvida e pode ser chamada
de ponto de saturação.

Água dissolvida significa que esta concentração está


dispersa como moléculas de água singulares. Quando
o ponto de saturação é ultrapassado, a concentração
de água tenderá a apresentar seu estado
emulsificado, no qual é a forma mais destrutiva de
contaminação por água no óleo. Neste estado a água
se apresenta livre e suspensos no óleo.

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Como medir

O método tradicional de medição de quantidade de água no óleo é em ppm


(partes por milhão). Esse é o valor absoluto para descrever o volume ou massa de água em
relação ao óleo.

Por volume: 1ppm água = 1ml de água / 1.000l de óleo

ou

Por massa: 1ppm água = 1g de água / 1000 kg de óleo

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Ponto de saturação

Medindo ativamente os valores de ppm de água


no óleo teremos o valor absoluto de água. % Saturação vs. PPM
Porém, essa medição tem uma limitação – ela
não conta com a variação do ponto de saturação

Quantidade de Água (PPM)


do óleo.

% Saturação
O ponto de saturação de um fluído é uma função de
alguns fatores como:
A composição do fluído e seus aditivos presentes
Temperatura
Idade do fluído
Reações químicas que ocorrem por contato com
substancias no decorrer do tempo de uso deste
fluído. Temperatura

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Ponto de saturação

Ponto de saturação

Margem para
Fluído Hidráulico: X
ponto de
Temperatura: 70ºC
saturação
Ponto de saturação: 500 ppm

Quantidade de água atual: 200 ppm

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Ponto de saturação

Ponto de saturação antigo

Fluído Hidráulico: X
Novo ponto de saturação
Temperatura: 40ºC
Margem para ponto
de saturação Ponto de saturação: 300 ppm

Quantidade de água atual: 200 ppm

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Ponto de saturação

Fluído Hidráulico: X
Ponto de saturação antigo Temperatura: 20ºC

Ponto de saturação: 150 ppm


água livre
Quantidade de água atual: 200 ppm
Novo ponto de saturação

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Ponto de saturação – Atividade de água

Atividade de água é a quantidade de água em uma substância em relação à quantidade total


que ela pode absorver, ou seja, a atividade de água vai se alterar em função do ponto de
saturação atual do fluído, que é, água entrando ou água saindo e as condições do fluído. A
atividade de água sempre fornece a indicação verdadeira da margem para o ponto de
saturação.

O ponto de saturação é medido em


porcentagem, de 0 a 100%.
A atividade de água é medida de 0 a 1.

Existem diversos sensores de água que podem ser móveis ou in-line.

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Ponto de saturação – Atividade de água

16 Este gráfico representa uma análise real.


Ponto de saturação – Atividade de água

17 Este gráfico representa uma análise real.


Ponto de saturação – Atividade de água

A recomendação de monitoramento para o valor de saturação é conforme


abaixo:
Há água livre no sistema

Alto risco

Desitratação recomendada

ATENÇÃO!
Risco médio A água passa para o estado emulsionado
(água livre) muito mais rápido que para se
Pouco risco dissolver no fluído novamente.
Valor típico do novo fluido

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Contaminação por água no fluído hidráulico

A medição do valor de saturação é mais rápido e possível in loco, porém este nunca
substituirá a importância da medição do valor absoluto de água (ppm).

O valor absoluto de água tem um fator de danos nos equipamentos hidráulicos considerável.

Para o monitoramento do sistema, em parametrizar alarmes e limites, o ponto de saturação


deve ser usado conforme visto anteriormente.

Porém o valor absoluto de água irá impactar o tempo de serviço/expectativa de vida dos
equipamentos hidráulicos.

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Contaminação por água no fluído hidráulico

% Expectativa de vida

% Água no óleo
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Contaminação de água vs. vida do rolamento
Contaminação por água no fluído hidráulico

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Quais são os tamanhos de partículas que estamos falando?

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Como podemos quantificar com precisão esta contaminação?
Existem diferentes normas:
50-100
Classe NAS 1638 (oficialmente Faixa de Tamanhos 5-15 µm 15-25 µm 25-50 µm
µm
>100 µm
descontinuada em 2001) 00 125 22 4 1 0

nos limites máximos de contaminação, partículas por 100 ml)


Classe SAE AS4059 e Classe ISO 0 250 44 8 2 0
4406 1 500 89 16 3 1
2 1 000 178 32 6 1
NAS 1638 3 2 000 356 63 11 2
Desenvolvido para componentes de 4 4 000 712 126 22 4
aeronaves dos EUA em 1964. Foi o 5 8 000 1 425 253 45 8
primeiro sistema de codificação de 6 16 000 2 850 506 90 16
limpeza que foi desenvolvido e foi 7 32 000 5 700 1 012 180 32
assim adotado e aplicado para sistemas 8 64 000 11 400 2 025 360 64
completos. 9 128 000 22 800 4 050 720 128
“Inativo para novos projetos após 30 10 256 000 45 600 8 100 1 440 256
de maio de 2001, consulte AS4059C” 11 512 000 91 000 16 200 2 880 512
e “6.1.3 Este padrão não deve ser
usado com a Contagem Automática
de Partículas”
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Como podemos quantificar com precisão esta contaminação?

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Como podemos quantificar com precisão esta contaminação?
Qtde. de partículas / 100ml Código ISO
A ISO 4406 conta TODAS as partículas De: a:
≥ 4µm(c), ≥ 6µm(c) und ≥ 14µm(c) 1.000.000 2.000.000 21
500.000 1.000.000 20
Exemplo: 250.000 500.000 19
190.000 partículas ≥ 4µm(c) / 100 ml 130.000 250.000 18
58.600 partículas ≥ 6µm(c) / 100 ml 64.000 130.000 17
32.000 64.000 16
1.525 partículas ≥ 14µm(c) / 100 ml 16.000 32.000 15
8.000 16.000 14
=> Resultado: Classe ISO 18 / 16 / 11 4.000 8.000 13
2.000 4.000 12
1.000 2.000 11
500 1.000 10
250 500 9
130 250 8
64 130 7
32 64 6
16 32 5
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Como podemos quantificar com precisão esta contaminação?

Comparação entre ISO 4406, NAS 1638 e SAE 4059

ISO 4406 NAS 1638 SAE 4059 ISO 4406 NAS 1638 SAE 4059
23/21/18 12 16/14/11 5 2
22/20/17 11
15/13/10 4 1
21/19/16 10
14/12/9 3 0
20/18/15 9 6
13/11/8 2
19/17/14 8 5
18/16/13 7 4 12/10/7 1
17/15/12 6 3 11/9/6 0

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Fotos com ampliação (50x) dos níveis típicos de limpeza média
em sistemas hidráulicos
Nível de limpeza médio
Óleo NOVO em barris Óleo NOVO fornecido em Óleo NOVO em recipientes requerido em modernos sistemas
caminhões tanque plásticos 20l
hidráulicos

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Nível de Contaminação na prática

20

18

16

14 ISO 20/17/14

12
ISOMTD mg/l

10

6 250 l/min 250 l/min


ISO 21/18 ISO 14/11
4
(Trabalhando 365/24/7) (Trabalhando 365/24/7)
2 2 628 kg de contaminantes 25 kg de contaminantes
passam através da bomba a passam através da bomba a
0
ISO ISO ISO ISO ISO ISO ISO
cada ano (106 sacos de cada ano (1 saco de 25kg).
15/12 16/13 17/14 18/15 19/16 20/16 21/18 25kg). Expectativa da vida Expectativa da vida útil da
útil da bomba de 2 anos bomba é de mais de 14 anos
Código ISO

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Níveis de limpeza ISO e seus efeitos na confiabilidade dos equipamentos

Classe de Limpeza Objetivo Objetivo Objetivo Objetivo


24 / 22 / 19 21 / 19 / 16 20 / 18 / 15 19 / 17 / 14 18 / 16 / 13
23 / 21 / 18 20 / 18 / 15 19 / 17 / 14 18 / 16 / 13 17 / 15 / 12
22 / 20 / 17 19 / 17 / 14 18 / 16 / 13 17 / 15 / 12 16 / 14 / 11
21 / 19 / 16 18 / 16 / 13 17 / 15 / 12 16 / 14 / 11 15 / 13 / 10
20 / 18 / 15 17 / 15 / 12 16 / 14 / 11 15 / 13 / 10 14 / 12 / 9
19 / 17 / 14 16 / 14 / 11 15 / 13 / 10 14 / 12 / 9 13 / 11 / 8
Aumento de
Confiabilidade
2x 3x 4x 5x

Estima-se que o custo do controle de contaminação é aproximadamente 8% do Custo Total de Propriedade


(TCO) quando não há um controle de contaminaçao efetivo.
Você está INVESTINDO em PROTEÇÃO DAS TOLERÂNCIAS DINÂMICAS
e MELHORIA DA CONFIABILIDADE

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Como Dimensionar e Escolher um Filtro

Quando estamos dimensionando um filtro necessitamos levar em conta os


seguintes parâmetros em consideração:
• Nível de contaminação ISO requerido
• Micragem do elemento requerida
• Posição e tipo de filtro
• Max. vazão através do filtro (se retorno, considerar a relação de
área dos cilindros)
• Max. pressão no filtro
• Tipo de fluido e viscosidade
• Temperaturas do fluido
• Temperatura de Partida à Frio (Quão frequente isto ocorre)
• Temperatura de Operação
• Temperatura Máxima
• Tipo de Indicação Requerida
• Máxima pressão diferencial permitida
http://filterselect.boschrexroth.com/rexfilter/
• Tipo e tamanho das conexões
30
Diretriz ISO 12669 de como determinar os níveis de limpeza ISO 4406

31
A importância da localização dos Filtros

A localização dos filtros dependem muito da aplicação e da filosofia de manutenção

1. Filtro de Retorno de Topo de Tanque


2. Filtro de Preenchimento
3. Respiro / Bocal de preenchimento
4. Filtro de Sucção
5. Bomba (Off-line)
6. Trocador de Calor
7. Bomba Principal
8. Filtro de Linha de Alta Pressão
9. Filtro Off-line
10. Vacuostato
32
Dúvidas

?
Controle de contaminação dos
fluidos hidráulicos

José Roberto Piccolo e Alain Frederico


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